Uma caminhada de quase 14 anos confere a Luisão o estatuto de símbolo na equipa de futebol do Benfica, quando está prestes a completar 500 jogos pelas 'águias', apenas atrás de nomes como Nené, Veloso e Coluna.
Anderson Luís de Sousa, mais conhecido como Luisão e muitas vezes designado de ‘capitão’, ‘líder’ ou ‘girafa’ – em alusão aos seus 1,92 metros -, prepara-se para ser o quarto futebolista, em 113 anos da história do clube, a ultrapassar a barreira do meio milhar de jogos.
Um feito só alcançado por Nené, o goleador que ‘nunca sujava os calções’ (575 jogos, em 18 épocas), o lateral Veloso (538, em 15) e o ‘capitão’ e bicampeão europeu Mário Coluna (525, em 16).
Longe vão os tempos em que o jogador proveniente do Cruzeiro (Belo Horizonte) chegou à Luz, aos 22 anos, pela mão do então pelo responsável pelo futebol, o atual presidente Luís Filipe Vieira, como reforço para o treinador espanhol Jose Antonio Camacho.
O início não foi fácil, na sua primeira e única experiência na Europa, apesar da amizade que tinha com o também brasileiro Geovanni, que já estava no Benfica, também tinha jogado no Cruzeiro e muitos viam como um ‘pai’ para o central.
“A primeira temporada do Luisão foi muito difícil, ele teve muitas lesões, ‘machucou-se’ bastante, pensou em ir embora e tivemos de o acalmar, pois era um jogador para o futuro. Ele também entendeu que jogar na Europa no primeiro ano é muito difícil (...). Na segunda temporada, foi titular absoluto, da espinha dorsal da equipa, já era um líder”, revelou Argel, que jogou essa época com Luisão.
Em 14 anos de Benfica, foram muitos os jogadores que fizeram dupla com o ‘capitão’ dos ‘encarnados’, de Argel a Hélder, atual treinador da equipa B, passando por Ricardo Rocha, entre outros, que chegaram e partiram.
Defesas centrais como Alcides, Amoreirinha, Anderson, David Luiz, Edcarlos, Marc Zoro, Sidnei, Miguel Vítor, Roderick Miranda, Garay ou Steven Vitória fizeram companhia a Luisão, com fazem hoje Jardel, Lindelöf ou Lisandro López, com o croata Kalaica à espreita.
Uma longa ‘caminhada’ que deu muitos momentos ao jogador: uns tristes, como a morte fulminante do companheiro Fehér em pleno relvado (2004), de paragem cardiorrespiratória, ou a de Eusébio (2014), e outros bons, nomeadamente o primeiro título de campeão (2005), com influência decisiva do jogador.
Foi um golo do central, na Luz, ao Sporting (1-0), que deixou o Benfica no caminho do título de campeão que lhe fugia desde 1993/94, num lance que simboliza a capacidade goleadora do defesa que tem 45 golos de ‘águia’ ao peito.
As últimas sete épocas foram as de maior sucesso para Luisão, primeiro com o treinador Jorge Jesus (três títulos de campeão) e depois já com o atual técnico Rui Vitória, novamente campeão, num palmarés a que junta supertaças (2), Taças de Portugal (2) e Taças da Liga (7), além do título com o italiano Trapattoni, em 2005.
No caminho viveu também duas finais europeias, ambas na Liga Europa, perdidas para os ingleses do Chelsea, em 2012/13 (2-1), e os espanhóis do Sevilha, em 2013/14, num jogo decidido no desempate por grandes penalidades (0-0, 4-2).
Nas últimas épocas, Luisão teve também alguns dos piores momentos: em 2012, um empurrão a um árbitro alemão, num jogo particular com o Fortuna Dusseldorf, valeu-lhe dois meses de suspensão e, em 2015, uma lesão afastou-o seis meses dos relvados.
Hoje, no dia em que completa 36 anos, o futuro, após os rumores de início de época de que poderia sair, está em cima da mesa, com a possibilidade de Luisão – que termina contrato no final da atual época – poder assinar por mais uma temporada e continuar a bater recordes ao serviço do Benfica.
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