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MANTORRAS continua em branco – já está quase há dois meses sem marcar golos –, mas continua a ser preponderante no ataque do Benfica. Durante o período de seca, descobriu uma nova vocação: a de assistente de luxo. Neste momento, depois de ter estado na origem dos primeiros dois golos do Benfica na Maia, contra o Infesta, já tem mais passes decisivos (sete) que golos marcados (cinco). E, além de encabeçar as listas de melhor marcador e melhor assistente do Benfica, tem ainda a consolação de ter participado em mais de metade dos tentos da equipa de Toni (doze em 22).
Algumas das características de Mantorras (força no arranque, drible imprevisível), aliadas ao progressivo apagamento de Zahovic e Sokota, ambos lesionados, transformaram o angolano na maior referência para a condução do jogo ofensivo encarnado. No início da época, quando Zahovic e Sokota ainda preenchiam o espaço nas costas do ponta-de-lança, Mantorras podia concentrar-se mais na marcação de golos. Neste momento, sem os dois colegas de ataque, teve de mudar de vocação e passar a servir mais os colegas. Podemos vê-lo recuar com frequência para lançar os extremos, que por isso também ganharam importância na equipa. E a verdade é que, nos cinco jogos sem Sokota e com Zahovic entre a bancada e o relvado, mas em sub-rendimento, Mantorras não marcou mas esteve na origem de quatro dos oito golos conseguidos pelo Benfica. O que levanta a questão: qual o melhor ambiente para o prodígio angolano? A área em permanência ou o espaço nas costas de um ponta-de-lança?
Neste momento, o plantel do Benfica não está em condições de responder a esta questão, mas passará a estar após a reabertura das inscrições, quando aumentar a competitividade para os lugares no centro da área e no comando do ataque. É que também aí o Benfica tem revelado algumas carências. Zahovic assumiu muita importância na equipa pela condução de jogo e pelos golos marcados, mas faltam-lhe os passes decisivos. Aliás, no Benfica 2001-02, a origem dos golos tem sido muito previsível: embora os 22 tenham sido apontados por dez jogadores diferentes (onze, se contarmos o infestense Marcelo), foram apenas cinco os futebolistas a contribuírem com passes decisivos. Além de Mantorras (sete assistências), só Drulovic, Simão, Meira e Cabral (este com uma, na Maia) deram golos a marcar numa equipa onde se acentua a tendência para que os golos surjam em jogadas pelo lado direito.