"Não me deixo ir abaixo" - Zahovic

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www.abola.pt
Como está Zahovic? Esta será uma pergunta que todos os benfiquistas andarão a fazer há semanas. A BOLA entrevistou o internacional esloveno e ficou a saber que ele, estando triste, está também confiante num regresso em pleno para muito breve. Para mostrar a todos que a sua categoria e vontade de vencer mantêm-se intactas para justificar a confiança que o Benfica depositou nele quando o contratou. Foi uma das contratações mais sonantes. Os benfiquistas esperavam que ele fosse para a sua equipa aquilo que um maestro é para uma orquestra. E o que é certo é que começou com o pé direito no Campeonato, a rasgar horizontes de promessas. Mas, depois, entrou em cena uma arreliadora lesão e seguiu-se um entra e sai da equipa, ou seja, começou a ser utilizado pouco minutos. E os benfiquistas ficaram à espera daquele Zahovic que, com incontestável categoria encantou Portugal quando ao serviço do F. C. Porto, obrigando alguns clubes grandes da Europa a ficarem de olho nele. E à espera continuam... — Está tranquilo depois desta arreliadora lesão? — Não há razão para o não estar. Mas não escondo que também me sinto muito triste, porque estou a passar por dias que não esperava. A minha cara não mostra a tristeza que me invade, é uma questão de personalidade, de carácter, mas reconheço que estou muito triste. Não sou, porém, pessoa para me deixar ir abaixo facilmente. «Nunca tivera problemas físicos» — E está desanimado? — Nem pensar! Além do mais, tenho a certeza de ter motivos para sorrir nos próximos dias. O pior já está para trás. — Já tinha passado por alguma fase destas? — Não. Até aqui nunca tivera problemas físicos, o que me deixava muito feliz. Acontece, porém, que o meu problema não é grande... problema. Vai ser fácil resolvê-lo. — O médico da selecção da Eslovénia falou, referindo-se ao seu caso, de uma pubalgia crónica. Sabe disso, não sabe? — Lesão crónica? Há lesões bem piores que a minha. Aliás, na linguagem médica a palavra crónica não possui, tanto quanto sei, o mesmo significado que as pessoas, na generalidade, lhe dão. Quando o médico utilizou essa palavra não estava a falar de uma lesão incurável. Nada disso. Em todos os clubes, até mesmo no Benfica, há lesões mais graves que a minha e não são diagnosticadas como crónicas. «Continuo a ser um dos melhores...» — Está desiludido com a sua presença no Benfica? — Penso que entrei muito bem no Campeonato. Marquei dois golos, dei dois a marcar, ainda à procura da melhor forma. Mas, depois, lesionei-me. Não tenho culpa de que tal me tenha acontecido. — Esta sua ausência da equipa acabou por suscitar leituras várias. Chegou a dizer-se que o Zahovic não veio para o Benfica nas melhores condições físicas... — O Benfica está a atravessar uma vida nova, está em plena fase de transição, é o mais difícil que pode acontecer a um clube, até porque, quando existe uma realidade assim, há lobbies que querem logo tirar dela proveito, dela aproveitarem-se, soltando, no caso, uma energia negativa. Eu já esperava isto porque sou um profundo conhecedor do futebol português. Trata-se de uma situação que não me surpreende nem me preocupa. Vou mostrar que continuo a ser um dos melhores jogadores que estão em Portugal. — Tem a percepção de que a sua categoria pode estar em causa? — Quando começam a inventar é difícil de parar. É assim em tudo na vida. E sei que essas dúvidas e desconfianças só vão parar quando estiver noventa minutos em campo. «Nunca fiz pressão sobre o treinador» — Entrar em campo e só participar nos jogos durante alguns minutos, como várias vezes lhe aconteceu, poderá não lhe ter favorecido a imagem. Concorda? — Naturalmente que essa situação nunca me interessou. Mas eu nunca fiz, porque não essa a minha maneira de estar no futebol, qualquer pressão sobre o treinador para ser titular. O mister tinha confiança em mim, colocava-me a jogar e eu fazia o que me era possível fazer. Este quadro é igual para todos os jogadores no Benfica. Não há facilitismos e nem favoritismos para quem quer que seja. A equipa técnica vai ter em consideração, estou certo disso, o facto de eu voltar a jogar só quando estiver operacional. — Falou há pouco de lobbies. Estava a particularizar a questão ao Benfica? — Os lobbies já fazem parte da sociedade em que vivemos. — Mas quando os referiu não estava a falar do seu actual clube? — Há lobbies fora do Benfica mas também dentro dele. É a primeira vez que estou num clube que está a passar por uma fase de transição. Trata-se de um esforço muito grande para muita gente, mas há também gente a remar contra, a não querer o clube a andar para a frente. «Vai valer a pena esperar por mim» — Para quando, então, o seu regresso? — Esta semana já vou começar a trabalhar normalmente. Depois... depende do treinador. — Como se encontra fisicamente? — Tenho trabalhado muito bem. Faltar-me-á um pouco de ritmo, mas sou psicologicamente forte. Vou regressar rapidamente e sinto que vai valer a pena estar por mim. — Vai regressar no jogo com o Sporting? — Espero já estar operacional para o jogo da Taça de Portugal, com o Marítimo, no próximo dia 12. O Benfica quer também ganhar a Taça e eu quero ajudá-lo nesse objectivo. — A sua lesão, portanto, é assunto encerrado? — Estou convencido disso. Não há mais a dizer sobre isso.