Fonte
A Bola
Finalmente, Nuno Gomes sentiu a gota de água e o copo transbordou. O internacional português não aguenta mais a imoral instabilidade que se tem vivido na Fiorentina (salários permanentemente em atraso, dividas acumuladas quanto a prémios e luvas, inúmeros conflitos desportivos e directivos) e tomou a decisão de pedir a rescisão do seu contrato, assinado no verão de 2000 e válido até 2005. Contactado por A BOLA, Nuno Gomes recusou fazer comentários; apenas confirmou a sua acção.
O pedido de Nuno Gomes (ontem muito contestado, como se esperava, pelos responsáveis do clube de Florença) vai agora ser analisado pelo Colégio Arbitral da Liga italiana. Mas A BOLA apurou que a decisão final não será conhecida antes de 8 de Fevereiro (uma sexta-feira). Se for dada razão ao jogador português, então ficará livre para negociar um novo vínculo sem qualquer contrapartida financeira para a Fiorentina; caso contrário, Nuno Gomes será evidentemente forçado a permanecer em Florença. A esperança do jogador vai (é óbvio) no sentido de ficar livre, de acordo com os conselhos do seu advogado e empresário. Até lá, tem de continuar a treinar-se no clube, sabendo que não jogará.
Liverpool interessado
Mas a 8 de Fevereiro Nuno Gomes tem apenas um destino possível: o futebol inglês, no qual o mercado está aberto durante toda a época, ao contrário, como se sabe, de Portugal (inscrições encerradas a 15 de Janeiro), Espanha e Itália (a 31 de Janeiro). Assim sendo, e se vier a confirmar-se a razão do internacional português, Nuno Gomes terá de aceitar jogar em Inglaterra, pelo menos até final de época, tendo em vista a indispensável actividade para ganhar um lugar entre os eleitos da Selecção para o Campeonato do Mundo.
A BOLA sabe que Liverpool, em particular, mas também Chelsea e Arsenal são clubes que já manifestaram (de forma mais ou menos directa) interesse no avançado. Ontem mesmo, já depois de contratado Abel Xavier, se ouviu nos bastidores do Liverpool o nome de Nuno Gomes. O clube deseja Nuno Gomes já desde o último Verão.
Claro que falta concretizar a rescisão do seu contrato com a Fiorentina. Posto isso, Nuno Gomes tem, por outro lado, duas opções: procurar contrato com um novo clube apenas nos poucos meses que falta de temporada (conseguindo assim modo de se libertar e, quem sabe, regressar a Portugal logo a seguir ao Mundial) ou aceitar um novo contrato de maior duração, apostando na aventura inglesa.
Regressar a Portugal
Não é nova a intenção de Nuno Gomes regressar ao futebol português. Sem nunca o ter sido confirmado oficialmente, A BOLA soube (e anunciou-o oportunamente) que o Benfica tentou reaver o jogador (no período de reabertura das transferências no nosso país) e que Nuno Gomes via com muito bons olhos o seu regresso à Luz. O acordo não foi possível pela elevada quantia que a Fiorentina exigia (de acordo, aliás, com o investimento de 14 milhões de euros, ou 2,8 milhões de contos, que fez no jogador em 2000).
Tendo isso em conta, bem pode Nuno Gomes negociar a sua ida para Inglaterra (Liverpool?) já no pressuposto de vestir de novo a camisola da águia portuguesa em 2002/2003. Como? Ou conseguindo, pura e simplesmente, um contrato até Junho, ou conseguindo uma cláusula num acordo de maior duração que lhe permita saír a troco de uma determinada verba no caso específico de lhe surgir a possibilidade de voltar a jogar na Liga portuguesa.
Muito dinheiro em dívida
É muito o dinheiro que a Fiorentina deve a Nuno Gomes, apurou A BOLA. Desde logo, verbas relativas às vulgarmente designadas luvas (prémio de contrato, superior, ao que julgamos saber, a um milhão de euros), mas também verbas correspondentes a salários e prémios, que chegaram a estar três meses em atraso e não totalmente pagas mesmo quando a Fiorentina procurou, em Dezembro, satisfazer (e satisfez em parte) os seus compromissos de Agosto, Setembro e Outubro.
A Fiorentina tem vivido num caos. E mesmo acarinhado pelos adeptos, que reconhecem nele a única figura actual da equipa (depois de Chiesa se ter lesionado), Nuno Gomes parece ter sido implacavelmente levado a explodir.
Espera-se hoje uma reacção pública do jogador em especial por consideração aos adeptos.