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"Se não optasse por Jankauskas também ficaria aborrecido"
O presidente do FC Porto historiou a contratação do lituano, que diz ser escolha de Mourinho, e acusou o Benfica de também ter deixado escapar Enke, admitindo ter feito uma proposta ao alemão. Mantendo um discurso crítico, falou da Liga para dizer estanhar que Luís Filipe Vieira esteja "mais preocupado" em ganhar estas eleições do que manter jogadores no plantel
IRENEU RIBEIRO
O presidente portista mostrou-se vulcânico na festa da delegação de Lisboa. Num discurso corrosivo deslindou a contratação de Jankauskas, explicou a aproximação a Enke, lamentou, com factos, a falta de democracia na Liga de clubes e, principalmente, visou o clube da Luz por, considerou, estar mais interessado no poder do que construir uma equipa de futebol. Assuntos que apenas servem de aperitivo a uma conversa lúcida e longa no balanço que fez do futebol português. Pinto da Costa foi homenageado pelos 20 anos de presidência e pelos 40 enquanto dirigente na festa do 32ª aniversário da Delegação de Lisboa. Uma comemoração que enterneceu o líder portista numa tarde que se espraiou por horas a fio. Um ensejo para falar às cerca de três centenas de adeptos presentes e à Comunicação Social.
Optamos por separar as águas, que é como dizer vamos por partes e começámos com a contratação de Jankauskas. Pinto da Costa não vê argumentos para se falar em "vingança".
"A indicação dos jogadores é dada pelo treinador e depois, dentro das opções possíveis, concretizamos. O técnico já se havia reunido comigo e com Reinaldo Teles e, dentro da política de dois jogadores por posição, com a excepção do guarda-redes e do ponta-de-lança, tinha-me dado vários nomes e qualquer um satisfazia". Um dos quais era... Jankauskas. "Só foi possível porque o Benfica teve até ao dia 30 de Maio o direito de opção e não o fez. A partir desse momento, contactámos a Real Sociedade que nos disse que sim. Havia três partes interessadas na mesma finalidade e em 24 horas foi possível concretizar a transferência. Teve que ser resolvido logo porque o jogador queria ir de férias e foi... depois de tudo devidamente assinado".
Uma contratação que não serviu para "picar" o Benfica. "Não vejo por que motivos. Se o jogador não fosse bom não iria contratá-lo. Tinha um convite de Itália, mas não queria ir e facilitou-nos a tarefa. Se não optasse por um jogador deste valor, também era capaz de ficar aborrecido, mas, se não se optou, depois já não adianta chorar".
"Enke só não interessou ao Benfica"
Aventou-se a possibilidade de Enke ingressar nas fileiras do FC Porto. João Malheiro, director de comunicação do Benfica, rotulou a não contratação do alemão como uma derrota "azul e branca". A resposta: "Li umas declarações não sei de que papagaio a dizer que foi uma derrota do FC Porto. Realmente acho isso uma imbecilidade. O Enke foi jogador-chave do Benfica, acabou por ir para um dos clubes de Barcelona e o FC Porto é que saiu derrotado? Fico muito contente por saber que, enquanto continuarem com esse tipo de linguagem, vão enganando os sócios e nós vamos prosseguindo num trabalho com seriedade. Não temos papagaios, mas sim quem se preocupe com a formação e com a construção das nossas equipas de formação, que até vão todas em primeiro lugar nas respectivas fases finais".
Não escamoteando a autenticidade dos factos, Pinto da Costa explica. "Há uns dias uma empresa de empresários de futebol contactou-me para saber se o Enke poderia interessar. É evidente que o Enke só não interessou ao Benfica, porque, de resto, interessa a qualquer equipa do Mundo. Essa empresa enviou uma proposta ao empresário do jogador de dois milhões de euros por dois anos de contrato, e não dois milhões de euros por ano como disse um papagaio qualquer. Se ele aceitasse, o que nos parecia improvável pelos valores que estavam em cima da mesa, é evidente que nos interessava. Mas não estamos preocupados por ter optado por outro rumo, porque tomara outros estarem servidos de guarda-redes como nós. O Benfica perde o seu guarda-redes e o FC Porto é que sai derrotado. Est* bem...".