Vestiu o Manto Sagrado durante cinco anos. De 1996 a 2001, escreveu a sua história no Clube com presença em 141 jogos e cinco golos marcados. No último sábado, Ronaldo Guiaro foi um dos 54 706 espectadores no Benfica-Gil Vicente no Estádio da Luz – e tomou as suas notas.
A tratar de assuntos pessoais na Europa, o antigo central brasileiro das águias, que entretanto enveredou pela carreira de treinador, passou por Lisboa e cuidou de assistir à partida dos encarnados na 5.ª jornada da Liga NOS, que redundou num triunfo por 2-0.
Em declarações exclusivas ao Site Oficial do SL Benfica, Ronaldo falou da equipa, dos centrais, dos laterais, de Taarabt, do Inferno da Luz e do desafio que se segue na agenda benfiquista: o duelo com o Leipzig, às 20h00 de terça-feira, na 1.ª jornada do Grupo G da Liga dos Campeões.
"Rúben e Ferro estão bem ligados"
O Benfica voltou a competir após quase duas semanas de paragem na Liga devido ao calendário das seleções nacionais. Alcançou o objetivo, que era ganhar ao Gil Vicente, mas vimos diversas grandes equipas na Europa (Manchester City, PSG, Real Madrid, Inter, Atlético de Madrid, etc.) em apuros. É um clássico, a retoma é sempre difícil?
Pela minha experiência do tempo de jogador posso dizer que as paragens quebram sempre o ritmo. A equipa está numa determinada sequência de trabalho, começa a ganhar corpo e de repente há uma interrupção. O grupo perde jogadores, não é o mesmo, torna-se impossível dar continuidade ao que vinha de trás. Os regressos às equipas acontecem muito em cima dos jogos, facto que muitas vezes dificulta a engrenagem e o andamento.
Uma pergunta para quem conhece profundamente a posição: que leitura faz da dupla de centrais formada por Rúben e Ferro, que vem sendo utilizada regularmente no Benfica?
São bons jogadores, jovens, que já atuam juntos há algum tempo. Pelo que vi ontem [sábado] no Estádio da Luz, estão bem ligados, um a fazer a cobertura do outro e ainda procuram sair a jogar. Tiveram pela frente três jogadores adversários muito interessantes. Gostei do ataque do Gil Vicente, muito rápido, mas Rúben e Ferro deram uma resposta muito boa. Têm tudo para crescer a cada jogo.
"André Almeida pode passar muita coisa para os mais novos"
Como treinador que agora é, que análise faz ao desempenho dos laterais André Almeida e Grimaldo na partida com o Gil Vicente? O primeiro cruzou para o 1-0, o segundo bateu o canto para o 2-0...
Uma equipa como o Benfica precisa de laterais assim. As equipas têm de criar espaços em campo, ainda mais contra adversários que apostam mais numa toada defensiva. Quando se joga contra um adversário que se preocupa essencialmente em defender bem e sair em contra-ataque, uma equipa como a do Benfica tem de criar opções e soluções pelos corredores laterais. Gostei muito do desempenho de Grimaldo, tem uma qualidade imensa; é muito bom tecnicamente e rápido. Também apreciei a exibição de André Almeida, um jogador mais experiente.
No plantel do Benfica, André Almeida é justamente o jogador que vestiu o Manto Sagrado em mais jogos oficiais, já vai em 252...
A experiência é muito importante, ajuda o coletivo. André Almeida pode passar muita coisa para os mais novos, o seu papel é muito importante. Num plantel de equipa grande tem de haver sempre três, quatro jogadores experientes para dividir responsabilidades com os jovens e poder orientá-los. É um aspeto muito importante num grupo.
"Não sofrer golos é sinal de que a equipa trabalha bem"
A equipa treinada por Bruno Lage não sofreu golos em cinco dos seis jogos oficiais disputados em 2019/20. Que avaliação faz a este indicador?
Não sofrer golos é sinal de que a equipa está a trabalhar bem, que está no caminho correto, que a preparação está a ser a melhor. Há um modelo tático que está a ser executado. Não é só o sector defensivo, o meio-campo e o ataque também são partes importantes neste contexto.
Adel Taarabt foi o Man of the Match. Gostou do que viu?
Foi um dos destaques da partida, sem dúvida. É um jogador muito forte no plano físico, corre constantemente, está sempre a marcar e tentou infiltrações na área em três ou quatro situações. Na minha visão, ele e Grimaldo foram os melhores do Benfica. Taarabt está a renascer, a ressurgir. O futebol é um trabalho meio complexo, porque num dia podemos estar muito bem e noutro não. Eu bato palmas a quem tem esta capacidade de ressurgir, porque esse processo envolve muitas coisas, ainda mais quando um jogador tem 30 anos e faz parte de uma equipa grande como o Benfica, que tem sempre jogadores de qualidade.
"Eu bato palmas a quem ressurge como Taarabt"
O Benfica inicia na terça-feira a 10.ª participação consecutiva na fase de grupos da Liga dos Campeões, registo que só é acompanhado por clubes como Barcelona, Real Madrid e Bayern Munique. O jogo com o Leipzig pede um grande ambiente no Inferno da Luz...
Sem dúvida, os adeptos são importantes em todos os jogos! Entrar no Estádio da Luz e ver as bancadas cheias é algo que dá um "boost" tremendo aos jogadores. Já na partida com o Gil Vicente estiveram quase 55 mil pessoas... Num jogo da Champions vai estar "full", acredito, e espero que a energia dos adeptos seja transferida para dentro de campo, para que os jogadores recebam e sintam o tal "boost" e alcancem um resultado positivo.
"Jogo com o Leipzig é difícil, mas espero que o Benfica ganhe"
O Leipzig é uma equipa com uma história muito particular, em crescimento e desenvolvimento na Alemanha. Acaba de empatar 1-1 com o Bayern Munique e lidera a Bundesliga. Perspetiva-se um jogo de grande nível...
Sim, vai ser um jogo muito difícil. O Benfica vai defrontar uma equipa que é forte defensivamente e muito ágil no ataque. Tem uma transição ofensiva muito rápida. Não vou arriscar um prognóstico porque um jogo de Champions League é sempre uma incógnita. Mas espero que o Benfica consiga a vitória, é sempre bom começar a fase de grupos a ganhar. Espero que faça um grande jogo e saia vitorioso.
Texto: João Sanches
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