Fonte
www.record.pt
Sokota está confiante. Já não usa o discurso pessimista que o assolou nos dias que se seguiram à operação. Os meses foram passando, começou a correr, voltou a dar uns toques na bola e a moral foi levantando.
Depois do que ouviu ontem do dr. Heinz Widmer, reforça a certeza de que voltará a ser opção. É quase uma questão de orgulho. "Passei por muito ao longo de todo este tempo. Sei aquilo que valo, tenho consciência do que posso fazer e, por isso, quero voltar a dar tudo", prometeu. O avançado croata tem consciência de como se sente. Diz que está "diferente". E, assim, já não pensa na possibilidade de não voltar a jogar futebol. "Tenho de olhar sempre pela positiva."
E pensar positivo é ter a certeza que poderá jogar ainda este ano? "Sim, claro. Espero que sim. Tenho essa convicção e todos aqueles que me acompanham também. Na época passada, quando cheguei ao Benfica, nem dez jogos fiz. Nunca estive noventa minutos em campo, mas deu sempre para perceber todo o carinho que as pessoas tinham por mim. Agora, está na altura de ser eu a retribuir."
Português já não é língua difícil
Estávamos nós a meio da conversa com Sokota, quando surgiu a pergunta. Então, já fala português? Geralmente, quem vem de Leste ou dos Balcãs não tem grandes dificuldades para aprender. Para mais se já estiver há um ano em Portugal. Sokota não ficou nada incomodado. Começou a desbobinar o idioma de Camões como poucos o sabem fazer. Apenas emperrava quando lhe faltava uma expressão. E, então recorria ao inglês.
"Costumo fazer várias coisas para ocupar os tempos livres. Se bem que agora, com dois treinos por dia, tudo fica um pouco mais difícil. Mas sempre vou fazendo as minhas leituras", explicou-nos. Para quem pensa que os futebolistas só jogam à bola e pouco mais, fiquem ainda a saber que Sokota, para além dos livros, recorre à pesca. "Para descontrair e relaxar."
Uma 'muleta' com o nome de Ivan
Ronda os cinquenta anos, anda sempre pela Suíça. Este croata, que tem quase idade para ser pai de Sokota, tem sido a principal "muleta" do jogador do Benfica, sempre que tem de regressar aquele hospital de Basileia. O programa é sempre o mesmo: Sokota aterra e Ivan está lá, à espera. Para lhe dar boleia mas, acima de tudo, para servir de companhia.
"Escusa de falar com ele... não percebe nada de inglês", ajudou-nos Sokota. Depois, explicou-nos que é um homem com "muitos conhecimentos", que "está sempre a ajudar muitos atletas, não só futebolistas", que passam pelas mais diversas dificuldades. Mas o que era mais curioso no "amigo Ivan" é que, mesmo não percebendo nada de inglês, ia sempre agitando a cabeça, concordando com tudo o que o dr. Widmer ou Sokota diziam. E estes só falaram.... inglês!
«Quero ter atenção logo que regresse»
A viagem de Sokota foi apenas mais uma. Conhece os caminhos, as pessoas, só não estava à espera dos jornalistas. "O que vocês estão a fazer não acontece todos os dias. Quando voltar a jogar também quero a vossa atenção", disse-nos à gargalhada. Lá está. Sokota tem a certeza que voltará à competição.