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Anderson Talisca, jogador do Benfica que vem brilhando em Portugal, teve sua infância difícil na Bahia. O meia que conseguiu superar a falta de energia e de luz para chegar à seleção, e usou a música e a capoeira para se manter longe das drogas.
Quando AndersonTalisca entrou na Arena Pantanal com a seleção olimpica do Brasil para enfrentar a Bolívia, muitos amigos de Feira de Santana pararam para assistir. Afinal ele estava com a camisa 11, um herói de um local cheio de problemas, o bairro do Aviário.
" Um garoto que não tinha nenhuma expectativa de vida, nenhum caminho traçado pra ser simplesmente sse atleta que é hoje. E hoje nós temos orgulho de dizer que fazemos parte da família Talisca" afirma o professor de futebol da Fazenda do Menor, Wagner.
O carinho existe porque o menino saiu dos times daqui da fazendo de apoio ao menor, uma instituição que está abandonada ha mais de cinco anos. Está sem água, sem energia elétrica e vive de sonhos e da teimosia de alguns como do professor Wagner que foi tirado da marginalidade aqui dentro mesmo. "Perdi muitos colegas meus que não escolheram o caminho certo, graças a Deus eu escolhi", lembra Wagner.
Como o professor, Talisca foi um dos que o futebol, a música e a capoeira salvaram do destino trágico. Quem conta como começou a carreira de Doda é o conselheiro Antonio Lopes que levou o menino com o grupo que foi representar o Brasil em um festival na Suíça. "Tinha que criar um critério, quem for bom de bola, jogar bem capoeira e tocar três instrumentos. E o Doda, que é chamado de Talisca hoje, ele foi indicado nestes critérios, foi selecionado e foi para a Suiça", comenta Antonio Lopes.
E o menino Anderson, conhecido aqui como Doda, era bom de música, como a turma que mora no mesmo bairro onde ele cresceu sob os cuidados da mãe e da tia Rosa. " È muito querido, todo mundo gosta dele aqui no aviário. É um menino que nunca se viciou com nada, não é porque é meu sobrinho não mas é um menino excelente mesmo. Ninguém tem o que dizer dele, é bom menino", afirma a tia de Talisca.
Até hoje o professor Wagner guarda a primeira medalha conquistada por Doda, que virou Talisca quando foi parar no Bahia. O apelido veio das pernas finas.
A fazenda de poio ao menor que mantinha o time chamado Astro chegou a ter verba pública, chegou a fazer parte do projeto Segundo Tempo do gorverno Federal. E agora quando a fazenda das crianças pobres estava agonizando, sem água, sem luz, sem dinheiro, eis que surge um milagre. O dinheiro da venda de Talisca para o Bem Fica de Portugal rendeu ao time do Astro R$850 mil reais líquidos, e adiretoria voltou a trabalhar pelas crianças desamparadas de Feira de Santana.
Agora todos falam do projeto "Nascendo Mil Taliscas". Já estão arrumando o campo e sonhando com a reativação de todas as instalações da fazenda.