Vieira abre a porta a saídas em Janeiro

Submetida por Andris em
O Benfica fez um grande esforço financeiro no Verão para manter os melhores jogadores no seio do plantel encarnado, contudo, a inesperada eliminação na fase de grupos da "Champions" deverá obrigar Luís Filipe Vieira a vender jogadores nesta reabertura de mercado, como o próprio confirma. "No Verão fizemos um grande esforço e mantivemos todo o grupo, a eliminação da 'Champions' foi, evidentemente, um duro golpe desportiva e economicamente, o que nos vai obrigar a analisar as propostas que chegarem. Não creio poder conseguir repetir o esforço que fizemos no Verão", confessou, em entrevista ao jornal "A Bola". No último defeso, mesmo tendo o técnico perdido todas as competições em que esteve envolvido, Luís Filipe Vieira decidiu manter Jorge Jesus na Luz e não se arrepende da decisão, uma vez que continua a ver o treinador como uma parte da solução. "Temos beneficiado com a estabilidade da equipa técnica. É evidente que esperava ter mais títulos conquistados nestes anos, mas precipitar uma decisão pode significar destruir um longo caminho que foi construído até aqui", atirou. Afinal, o presidente do Benfica realçou o crescimento que o Benfica que teve com Jorge Jesus para justificar a renovação de contrato com o técnico, mesmo nas circunstâncias complicadas em que ela foi feita. "Que gestor, analisando o que tinha sido feito nos últimos quatro anos, tomaria uma opção diferente? Houve uma avaliação séria ao trabalho de Jesus. Este foi o primeiro ano em que, no actual formato da 'Champions' estivemos no pote 1. No primeiro ano do Jesus, o Benfica era 23º do ranking europeu, na época passada acabámos em 5º, atrás do Bayern de Munique, do Dortmund, Chelsea e Real Madrid... Isto são factos. Em quatro anos, estivemos numa meia-final e numa final europeia... Quando se lidera um clube como o Benfica há muitas vezes a tentação de gerir com o coração e isso é o pior que podemos fazer. Jesus cresceu e evoluiu ao longo destes quatro anos, mas o Benfica também evoluiu e cresceu com ele", considerou. Aposta na formação é incontornável Depois de grandes investimentos, é certo que o Benfica irá passar a apostar cada vez mais na formação, ainda que Luís Filipe Vieira reconheça que é um processo que levará tempo. "Temos de ter calma, a formação é um projecto de sete a dez anos, como sempre o assumimos, e os frutos começam a aparecer, mas não podemos querer que de um momento para o outro haja cinco, seis jovens da formação na equipa principal. Há etapas que não devem ser queimadas, há uma maturidade que se tem de ganhar com paciência. As oportunidades já surgiram e vão continuar a aparecer...", explicou. O passivo encarnado, neste momento, ronda os 450 milhões de euros, mas Luís Filipe Vieira não se mostra preocupado e explica porquê: "É uma situação controlada, que alguns têm querido empolar. Mais, somos o único clube a consolidar as suas contas, portanto, quando aparecem, de vez em quando, contas comparadas com outros clubes, não o podem fazer, ou pelo menos não deviam, porque são realidades completamente diferentes. Desses 450 milhões de euros, há 50 milhões que não são exigíveis. O restante é um valor alto, mas, como disse atrás, seria muito inferior ao activo se pudéssemos reconhecer o real valor do nosso plantel. Os nossos parceiros financeiros e os nossos auditores acompanham regularmente a situação do Benfica e, conforme é público, mantém total confiança na gestão. Há uma coisa que posso garantir, não estamos a negociar qualquer perdão da dívida", disse. Benfica começou abaixo do zero É inegável que o Benfica está muito longe da qualidade exibicional patenteada em inúmeras fases da temporada transacta e Luís Filipe Vieira teve mesmo a curiosa confissão de que as águias começaram este campeonato "abaixo do zero". "Acho que efectivamente durante demasiado tempo não nos conseguimos desligar desse final de época. Não começámos o campeonato com zero pontos, começámos muito abaixo do zero, porque efectivamente foi traumático, mas creio que passados estes meses esse capítulo já está fechado. Porventura ainda não estamos a jogar o que jogámos no ano passado, mas vamos lá chegar, estou convencido disso", salientou. As ambições, essas, continuam elevadas e o líder encarnado reconheceu que o título nacional é a principal prioridade: "O que para mim é prioritário é ganhar o título nacional, mas é evidente que nas restantes competições temos de ter a ambição de as ganhar, pensando jogo a jogo, com humildade, mas com determinação, quer seja na Taça da Liga, na Taça de Portugal ou na Liga Europa", finalizou, ao jornal "A Bola".