Vilarinho de consciencia tranquila

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O presidente do Benfica inaugurou ontem mais duas Casas, em Vila Viçosa e Reguengos de Monsaraz. No périplo por terras alentejanas, Vilarinho fez um apelo a todos os benfiquistas, por forma a se deixarem de "egoísmos" e apoiarem desinteressadamente o clube. Da sua parte, diz que tem feito tudo pela causa encarnada, preocupando-se em lançar as bases para o futuro. Acabou por regressar à pressa a Lisboa por solicitação de Luís Filipe Vieira CONTINUA o discurso baseado em recados para a massa benfiquista. Para Manuel Vilarinho, a receita para o clube voltar aos sucessos do passado depende daquilo que os adeptos podem dar e não do que esperam receber. Mais uma vez, foi esta a tónica essencial do discurso do líder dos encarnados, ontem na inauguração das Casas de Vila Viçosa e de Reguengos de Monsaraz. Aparentemente desiludido com alguns "egoísmos" que dificultam a manutenção dos valores do passado – "solidariedade, amizade e união" –, Manuel Vilarinho dirigiu-se à família benfiquista. "Temos de voltar às origens. Vejam o exemplo do velho estádio, em que cada um deu o que tinha para levantar aquela obra. São esses princípios que temos de retomar", disse, prosseguindo de forma bastante mais dura. "Vejo muito poucos a darem sem querer receber. A 'casa-mãe' tem de ser ajudada. Temos de ter humildade... o homem poderoso que não for humilde é uma trampa", proclamou. Manuel Vilarinho não individualizou o recado. Garantiu que se dirigia a todos os benfiquistas, assumindo depois a defesa da actual gestão. "Não me perguntem quando vamos ser campeões. Perguntem-me se estamos a criar as bases para sermos campeões no futuro. E eu digo que estamos a trabalhar para isso. Quando pegarmos no primeiro título teremos vários", garantiu, reforçando depois a ideia. "Se nunca for campeão no meu mandato, tenho a consciência tranquila de que deixamos uma base para o futuro. É preciso trabalho, dedicação e bom senso, e os dirigentes actuais têm isso." Relativamente à recuperação do Benfica, Manuel Vilarinho enunciou três objectivos essenciais. "A reestruturação do clube, a resolução do passivo e o fortalecimento do futebol." São os princípios necessários para o regresso aos títulos, embora, como explicou, estes "apenas se alcancem se os dirigentes não agirem de forma megalómana". Nesta fase, Manuel Vilarinho pareceu ter um alvo mais definido nas suas palavras, mas acabou sempre por generalizar as ideias. Para os adeptos que foram acompanhando Manuel Vilarinho, tanto em Vila Viçosa como em Reguengos, aos habituais discursos sempre eufóricos dos líderes locais seguiu-se, com alguma surpresa, o realismo e a dureza das palavras do presidente do clube. Diga-se que, neste capítulo, Vilarinho foi ajudado por José Augusto, vedeta também presente no périplo alentejano e que alertou para a necessidade de "regresso aos valores do passado". O presidente do Benfica acabou por sair à pressa de Reguengos devido a um telefonema inesperado de Luís Filipe Vieira. O gestor do futebol necessitava da presença de Manuel Vilarinho em Lisboa com urgência até às 23 horas. «O meu dia mais benfiquista» O dia de ontem foi cansativo para Manuel Vilarinho mas o presidente do Benfica não se importou e considerou-o "o dia mais benfiquista" desde que está no cargo. Vilarinho arrancou de Lisboa cedo e fez a primeira paragem em Vendas Novas, onde tomou café na Casa do Benfica local. De seguida, foi para Vila Viçosa, fez a inauguração da Casa e almoçou. Depois de assistir à largada de um falcão, fez 30 quilómetros até Reguengos. Outra inauguração, desta vez com banda filarmónica, à qual se seguiu a caminhada até aon quartel dos bombeiros, onde decorreu o jantar. Vilarinho partiu para Lisboa já de noite. Vieira em Lisboa Luís Filipe Vieira, ao contrário do que estava previsto, acabou por não se deslocar com Manuel Vilarinho às inaugurações de ontem no Alentejo. Isto porque o gestor do futebol profissional ficou em Lisboa a tratar de assuntos da gestão do Benfica. De resto, uma razão que também forçará o dirigente a não integrar o grupo que parte quinta-feira para a digressão aos EUA. António Simões, director-geral da SAD, será o chefe da comitiva. Barbosa ausente Ausência notada durante a inauguração das Casas do Benfica de Vila Viçosa e de Reguengos de Monsaraz foi, precisamente, a do responsável pelo pelouro, Manoel Barbosa. Não foi avançada qualquer justificação oficial para a situação mas, segundo tudo indica, o elemento que faz a ligação às Casas do clube está na iminência de deixar o seu cargo. Com Manuel Vilarinho, além de três funcionários do Benfica, esteve João Salgado, chefe do gabinete da presidência.