«Lucky Me» e Poborsky são destaque na carta de Fordham, segundo o «Record».

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No documento enviado ao advogado de defesa de Vale, Fordham refere-se a reuniões para o financiamento da aquisição de Poborsky. Não se lembra, mas admite que se tenha falado em Bossio, Rushfeldt e no “Lucky Me”

DAVID Fordham confirma, na carta que enviou a José António Barreiros, advogado de Vale e Azevedo, que conversou sobre jogadores de futebol e sobre barcos numa série de reuniões que manteve com o arguido há cerca de quatro anos. Não se lembra de ter negociado Rushfeldt ou Bossio, mas admite que seja verdade. Não afirma que é dono do “Lucky Me” mas diz que aconselhou Vale a formar uma empresa para a sua aquisição.

“Fui apresentado a Vale e Azevedo por Steve Archibald (n.d.r.: consultor para as relações internacionais do Benfica na altura). Nessa época, eu era director em Londres do Banque International à Luxembourg (BIL) e era responsável do departamento que lidava com empréstimos e actividades bancárias da área desportiva”, começa por afirmar num documento de três páginas, datado de 20 de Junho e enviado ao advogado de Vale e Azevedo.

“Foi-nos pedido para estudar a possibilidade de emprestar a curto prazo (...) verbas que preencheriam necessidades urgentes do clube (...). Após uma série de reuniões que duravam sempre até altas horas da noite, Vale e Azevedo mostrou-se disposto a dar bens pessoais como garantia do empréstimo”, continua.

As alusões a jogadores e barcos vêm a seguir: “O empréstimo relacionava-se com o financiamento da transferência de Poborsky. E lembro-me que se colocou a hipótese de o dinheiro da transferência de Brian Deane poder vir a servir de reembolso do empréstimo. Outros jogadores foram falados – Vale disse-me que Bossio e Rushfeldt foram mencionados e não tenho razão para não acreditar nele (...)”.

“Noutra ocasião falámos de iates. Vale pediu-me para confirmar esta conversa. Ele mostrou-se interessado nas actividades de navegação do BIL. Posso confirmar que disse a Vale para ele pedir à Havelet Trust para formar uma empresa para comprar um barco, que se chamaria “Lucky Me”. Fordham negou-se, na edição de sábado de Record, a confirmar se o iate é seu ou não. Na carta também não esclarece.

\\\\\\\"Não estou disponível para depor\\\\\\\"

David Fordham mantém a disposição firme de não falar sobre o julgamento de Vale e Azevedo. Na carta enviada a José António Barreiros, advogado de defesa, o financeiro usa um discurso cauteloso, desculpa-se com a falta de memória em diversas ocasiões e termina demonstrando indisponibilidade para se deslocar a Portugal ou para prestar esclarecimentos às autoridades.

“Não faço seguramente nenhuma intenção de me submeter à justiça portuguesa ou a um qualquer inquérito sobtre a matéria”, refere no documento. E mais: “Se a minha carta for útil ao senhor Vale e Azevedo, que seja. Contudo, se ele ou a investigação necessitarem de mais confirmações, receio que não possa colaborar”

Fordham alega também deveres de confidencialidade bancária para com os seus clientes – “que não posso quebrar” – para não fazer qualquer tipo de esclarecimento adicional.

Finalmente, explica que todos os factos relatados na missiva são feitos apenas com base “na memória e em conversas telefónicas recentes com o sr. Vale e Azevedo”. “Não confirmei nada com gravações. Isto não é um depoimento sob juramento”.

Fordham tem 42 anos e é licenciado em direito pela universidade Queen Mary, de Londres. Trabalhou na firma Norton Rose e no Banco Paribas, antes de passar para o Banco International à Luxembourg, de onde saiu em Março de 2000. É também investigador, tendo participado em conferências sobre lei financeira. Como terá já confidenciado a um elemento ligado ao processo, foi sempre um assalariado sem posses para comprar barcos.

Texto: www.record.pt