Ferreira Queimado (Presidente)

José Ferreira Queimado

Nome completo
José Ferreira Queimado
Posição
Presidente
Data de nascimento
23 Dezembro 1913
Data de morte
23 Dezembro 2007 (94 anos)
País
Portugal
Período na presidencia
-
-

Mandatos

Direcção

1º - Presidente (17 Jun 1966 / 3 Jul 1967)
Direcção de José Ferreira Queimado
2º - Presidente (26 Maio 1977 / 10 Maio 1979)
Direcção de José Ferreira Queimado
3º - Presidente (10 Maio 1979 / 29 Maio 1981)
Direcção de José Ferreira Queimado


Por administrador a Sábado, 4 Novembro 2023

AG

Nome Completo: José FERREIRA QUEIMADO
Nacionalidade: Português
Data de Nascimento: 23-12-1913
Data de Falecimento: 23-12-2007
Cargo: Presidente
Eleito: 1º Mandato - 16-06-1966 / 03-07-1967
           2º Mandato - 26-05-1977 / 10-05-1979
           3º Mandato - 10-05-1979 / 29-05-1981

Bulk

Estão a começar a abrir os tópicos dos Presidentes e ando também a revirar alguns livro que aqui tinha em casa sobre a história do Benfica.

Quanto a datas de mandatos tou aqui a ver que diferem ligeiramente:
17-06-1966 / 03-07-1967
26-05-1977 / 29-05-1981

Fonte: Sport Lisboa e Benfica - 100 Gloriosos Anos - A História 2 (A Bola, 2004)

Rodolfo Dias


Fonte: jornal "A Bola" de 10 de Março de 2000.

Mishkin

Faleceu no dia em que completava 94 anos. Que estranha coincidência.

Obrigado por tudo Senhor Presidente.  :bow2:  :bow2:  :bow2:  :bow2:   

Saïd Old Roof


Fonte: "SLB Campeão - Volume II", colecção editada pelo jornal "A Bola".

Diz que as eleições do terceiro mandato foram a 10 de Maio de 1979. Não sei se, naquela altura, os mandatos ainda começavam no dia da eleição, mas...

AG

Normalmente, pelo que vejo em jornais dos anos 80 eram uma semana depois. Mas para evitar confusões, prefiro por a data de eleição.

God LetKo

Não conhecia!!!

Obrigado pela informação O0

Saïd Old Roof

Primeiro mandato.


Fonte: "Diário de Lisboa" de 17 de Junho de 1966.

Saïd Old Roof

Segundo mandato.


Fonte: "Diário de Lisboa" de 27 de Maio de 1977.

AG

Não foi muito feliz no 2º e 3º mandatos, campeão só em 1980/1981. Curiosamente perdeu esse acto eleitoral, logo depois dessa época.

Elvis the Pelvis

Grande Senhor o Ferreira Queimado.

Cheguei a ir com o meu Pai à casa dele no Estoril. O meu Pai era Director-Geral de uma agência de viagens detida pelo Ferreira Queimado. Com isso conheci o filho dele que jogou rugby no Benfica, por sinal um grande jogador no seu tempo.

JoséTorres


diableimage

Citação de: Mishkin em 26 de Abril de 2011, 16:24
Faleceu no dia em que completava 94 anos. Que estranha coincidência.

Obrigado por tudo Senhor Presidente.  :bow2:  :bow2:  :bow2:  :bow2:   

94... em 94 começava a quase morte do Benfica.

AG

Por ocasião do Centenário do Benfica, entrevista ao Record.

José Ferreira Queimado: «Antes existia mais amor ao Benfica»
ANTIGO LÍDER DAS ÁGUIAS EM ENTREVISTA
Domingo, 22 fevereiro de 2004 | 01:04
Autor: LUÍS MILHANO
   
RECORD - Aos 12 anos já era sócio do Benfica. Que razão o levou a inscrever-se num clube com pouco mais de 20 anos e ainda sem a grandeza actual?
JOSÉ FERREIRA QUEIMADO - Os meus pais vieram para Lisboa quando eu tinha apenas oito anos. Depois, desde muito novo vivi virado para o Desporto. Por outro lado, o Benfica foi um clube com o qual simpatizei desde logo por influência do meu irmão Joaquim. Daí a fazer-me sócio foi um passo. E, este ano, já vou receber a placa comemorativa dos 75 anos de associado.

R - A simpatia pelo clube foi tal que, em 1966, concorre à presidência do Benfica e é eleito. Recorda-se qual era a conjuntura?
JFQ - Bem, devo dizer que integrei vários órgãos sociais. Fiz parte da Assembleia de Representantes em 1958 e 1959 e presidi à Comissão Central em 1965. Por essa altura, havia uma série de amigos, já quase todos falecidos - ver desaparecer os amigos é o problema de quem tem 90 anos... - os quais empurraram-me para presidente e eu aceitei...

R - E até ganhou a eleição com um recorde de 59,5 por cento dos votos...
JFQ - Pois, mas essa marca já foi ultrapassada.

R - Mas na altura era um recorde. Lembra-se quem eram os outros candidatos?
JFQ - Já não. Sabe eu não guardo memória de muitas coisas, inclusivamente algumas que se passaram no Benfica. Lembro-me apenas que sempre tive o apoio do benfiquista anónimo, de quem tenho as melhores recordações.

R - Mas, para além do apoio dos amigos, o que o motivou, afinal, a ser presidente?
JFQ - Sabe, eu corri Mundo devido à minha actividade profissional. E não havia sítio algum onde não se falasse do Benfica, às vezes do Benfica e do Eusébio e outras do Benfica, do Eusébio e da Amália. No estrangeiro, Portugal era sinónimo destes três nomes, mas o Benfica era muito mais citado. Dos outros clubes, então, nem havia conhecimento. Uma vez estava num hotel, em Bucareste, na Roménia, que ficava defronte a uma grande praça. Quando fui à janela, vejo um miúdo dos seus 14/15 anos a jogar à bola. De repente, ele começa a festejar um golo com aquele salto típico que o Eusébio fazia. Fiquei surpreendido e fui perguntar-lhe por que estava a celebrar o golo daquela maneira e ele confirmou que era, de facto, para imitar o Eusébio. É claro que, para uma pessoa activa como eu, esse reconhecimento do clube estimulou-me ao ponto de ser presidente.

R - De qualquer modo, esse seu primeiro mandato apenas durou um ano. O que correu mal?
JFQ - Nessa altura, os mandatos eram precisamente de um ano. É claro que nas eleições seguintes podia voltar a concorrer e a ganhar a presidência. Mas um dos grandes males do Benfica é que nunca deixavam que alguém cumprisse a sua missão. Um ano era realmente pouco tempo e era impossível fazer mais. Como disse, sempre fui muito estimado pelos sócios. Se tiver razão de queixa é mais de alguns dirigentes do que dos adeptos. O primeiro mandato até correu bem, mas depois aparecia sempre alguém a oferecer dinheiro e quintas e os adeptos entusiasmavam-se com essas promessas. Ainda hoje isso acontece...

R - Está a referir-se a alguém em especial.
JFQ - Sabe, isso são coisas que não interessam na história de um clube como o Benfica. Se alguém se reconhecer nesta análise que enfie a carapuça. Mas eu não tenho feitio para dizer mal ou bem deste ou daquele. Nem sequer gosto de falar de mim. Por isso é que nunca dei muitas entrevistas. Prefiro que as pessoas vejam o que cada um fez e tirem as suas conclusões. Não preciso de me gabar de ter feito determinadas coisas em benefício do Benfica, porque elas ficaram lá para o clube, que é o mais importante.

R - Em 1977 volta a ser presidente. Porquê tanto tempo depois?
JFQ - Tinha os meus negócios. Mas estive sempre ligado ao clube, até que em 1977, as coisas proporcionaram-se novamente para concorrer à presidência, mais uma vez empurrado por amigos.

R - E dessa vez ficou mais tempo.
JFQ - Sim, até 1981. Iniciámos a construção do pavilhão, comprámos a sede, recuperámos o campo n.º 3, que estava abandonado. Deixei vários empreendimentos nas redondezas do estádio...

R - É no seu segundo mandato que se abrem pela primeira vez as portas da equipa a jogadores estrangeiros. Foi uma decisão a pensar no futuro?
JFQ - Muitas vezes as pessoas fazem uma grande confusão com isso. Até já me chamaram traidor. A única vez que rasguei um jornal foi quando vi isso escrito.

R - De qualquer modo, a decisão de contratar jogadores estrangeiros nem foi da sua exclusiva responsabilidade. Houve uma Assembleia Geral Extraordinária, em 1978, para alterar os estatutos do Benfica nesse sentido...
JFQ - Sim, é verdade. Mas muitos dizem que o César foi o primeiro estrangeiro, o que não é verdade.

R - Pois não. O primeiro foi o Jorge Gomes. Certo é que foi no seu mandato...
JFQ - Foi comigo? Não me lembro de o ter contratado. Mas se foi em 1979, era eu o presidente. Tenho de consultar os meus arquivos porque, realmente, não me lembro de ter contratado o Jorge Gomes. O César sim, fui eu que o levei para o Benfica, embora o assunto tivesse sido tratado na minha ausência.

R - Na sua ausência?
JFQ - Estava eu em Paris quando me telefonaram a falar do assunto. Era preciso um ponta-de-lança e eu fui ao Brasil buscá-lo. Olhe, até me lembro que fui no Concorde, foi a primeira vez que andei nesse avião. Não compreendo é que ainda hoje se faça disso um grande caso.

R - É por ser um marco histórico. Mais tarde ou mais cedo isso teria de acontecer. Tentava era perceber as suas motivações, porque isso revela um espírito de abertura muito grande da sua parte...
JFQ - Pois, está bem. Mas quando fui eu que levei jogadores para o Benfica como o Humberto Coelho, o Nené, o José Henrique, o João Alves, o Veloso, o Jaime Graça, o Carlos Manuel ou o Vítor Martins, entre tantos outros, é uma desilusão que apenas se destaque a questão dos estrangeiros. Não vejo qualquer problema em ter sido o primeiro a contratar estrangeiros. Agora nem 8, nem 80. No tempo do Vale e Azevedo, houve um jogo em que o João Pinto era o único português em campo. Isso é que foi preocupante.

R - Quais são, então, as principais diferenças das suas direcções com as de agora?
JFQ - Bem, hoje, como sabe, existem as SAD. Sempre fui contra este modelo. É claro que elas agora estão implementadas e já não há nada a fazer. De qualquer modo, defendo que os vicepresidentes façam parte das várias SAD do clube. Porque, repare, o que é o sócio do Benfica? Ele é sócio do clube, mas não é accionista da SAD, só que o seu dinheiro vai para as SAD. Ora, há aqui qualquer coisa que não bate certo. Sempre defendi que o nome "Benfica" tem condições para vingar por si próprio, pelo "marketing". As SAD eram desnecessárias.

R - E o que falhou para o Benfica ter perdido o predomínio do futebol nacional?
JFQ - Se formos a ver, o Benfica tem excelentes jogadores. O modelo de gestão é que é diferente. Aliás, a grande diferença é que, antes, existia mais amor ao clube. Isto diz tudo e prefiro não fazer mais considerações.

R - O Benfica do seu tempo ganhava mais coisas do que agora. A diferença está apenas no maior amor ao clube no passado?
JFQ - É verdade que temos vindo a perder o predomínio, mas tenho esperanças que voltemos um pouco àquilo que já fomos. Não podemos esquecer que o Benfica tem milhões de adeptos, muito mais do que qualquer outro clube em Portugal, levando atrás de si as maiores multidões.

R - E o que é preciso para que assim seja no futuro?
JFQ - É preciso é que o Benfica estabilize em toda a sua organização. E estou certo que depois disso recupere o predomínio do futebol português. Nos últimos 20 anos foram feitas muitas asneiras, mas tenho impressão que os dirigentes actuais estão no bom caminho. Que tenham sucesso.

"Ser do Benfica é para o bem e para o mal"

R - O que faz hoje?
JFQ - Vou a caminho dos 91 anos e agora quero viver tranquilo na minha casa. Desfiz-me de quase tudo, embora mantenha algumas pequenas empresas e herdades.

R - Mas já foi um dos maiores empresários portugueses...
JFQ - O meu negócio principal era a cortiça, mas também tinha interesses na navegação e no turismo.

R - Ficou também famosa a sua coragem em manter negócios com vários países do Leste europeu, numa altura (antes do 25 de Abril) em que, muitas vezes, bastava ter um contacto nesses países para receber uma "visita" da PIDE. Chegou a ter problemas?
JFQ - Não. Nunca tive problemas. Nem cá nem nesses países.

R - Por o Governo o conhecer e respeitar a sua independência ou por estar ligado ao Benfica?
JFQ - Todos me conheciam e sabiam que não havia qualquer tipo de problemas. É verdade que ser presidente do Benfica também foi importante. Mas isso para o bem e para o mal. Há uns anos, havia uns ambientalistas que não estavam de acordo com umas obras que fiz numa das minhas herdades e colocaram um cartaz a dizer "um bom nome, para um bom exemplo". Está a ver, estar ligado ao Benfica ajuda, mas também pode prejudicar uma pessoa. Embora, claro está, facilite mais do que prejudica.

R - É a "marca" Benfica...
JFQ - É isso que eu digo. O Benfica, nos últimos 20 anos, não soube explorar bem a sua "marca". Mas tenho esperança que isso mude nos próximos tempos.

Dandy

Citação de: Slb-Ag em 02 de Abril de 2012, 15:20
Não foi muito feliz no 2º e 3º mandatos, campeão só em 1980/1981. Curiosamente perdeu esse acto eleitoral, logo depois dessa época.




   Coincidiu com um escandaloso bi-campeonato do Porto... algo que, antes disso, só acontecera na década de 30.

   Além disso, era a primeira vez, desde 1954, que o Benfica ficava 3 anos sem vencer o campeonato.

   Muito mau, realmente, para os padrões da época.

   Hoje seria algo corriqueiro.