Jogador "formado localmente"

johncleese

Algumas duvidas se levantavam sobre as novas regras da Liga de Clubes, que obrigarão os clubes a ter no seu plantel um determinado numero de jogadores formados no clube, ou "formados localmente" como a Liga lhe chama.
Este artigo do jornal Record explica bem as regras e os conceitos que entrarão em vigor já na proxima época:

"A Liga vai obrigar cada clube a ter, no seu plantel da próxima época, 6 jogadores formados localmente, sendo que esse número sobe para 8 na época seguinte. O conceito de atleta formado localmente implica que um jogador some pelo menos três inscrições na FPF entre os seus 15 e 21 anos.

A UEFA tem também exigências neste capítulo. Em 2008/09, impõe-se que cada clube que participe nas provas europeias tenha no lote de 25 atletas inscritos pelo menos quatro jogadores formados no clube e outros quatro que tenham feito o seu percurso num emblema da mesma Federação.
"

Filipe F

Acho uma boa lei, obriga assim os clubes a insvestirem mais nos seu produtos, evitando assim ir buscar tantos jogadores ao estrangeiro, por época.

johncleese

Temos que começar a pensar seriamente neste assunto, até porque neste momento apenas temos Moreira, Pedro Correia, Joao Coimbra e Rui Costa nestas condições, sendo que em relação ao Rui Costa nem sequer é um dado garantido a sua continuidade no clube.
Outra duvida que tenho é em relação a essas 3 inscrições na FPF. Será preciso fazer uma época completa para se considerar uma inscrição? Pegando no caso do Milan Jeremic, por exemplo. Foi contratado em Janeiro de 2005, fez a 2ª parte da temporada 2004/2005 nos Juvenis A; foi emprestado em 2005/2006 a um clube do seu país e regressou esta época para cumprir o 2º ano de Junior. Para a próxima época, se continuasse no Benfica, faria a sua 3ª inscrição na FPF e contaria como jogador formado localmente, ou só no fim da próxima época teria esse estatuto?

Filipe F

Provavelmente só contaria no final da época...

Menino Do Rio

Eu acho que em Portugal estão a entender mal o conceito de jogador formado localmente. O jogador formado localmente, é o jogador que, entre os 15 e 21, foi inscrito em pelo menos 3 anos por equipas da Federação.

Por exemplo, um moçambicano inscrito pelo Real Massamá nos Juvenis B, nos Juvenis A e emprestado a um clube no seu primeiro ano de júnior, ingressando no Benfica no segundo, será considerado formado localmente, mesmo que não seja português e mesmo que não tenha cumprido as três épocas uma atrás da outra no mesmo clube. É considerado formado localmente porque cumpriu três épocas na sua formação inscrito em determinada Federação.

Jogadores formados localmente no plantel sénior, temos aos montes: Quim, Moreira, Nélson, Pedro Correia, Miguelito, Petit, João Coimbra, Nuno Assis, Rui Costa, Simão, Nuno Gomes, Mantorras, Paulo Jorge e Manú. O Mantorras é considerado formado localmente porque teve mais de 3 inscrições em equipas portuguesas entre os seus 15 e 21 anos.

Um jogador formado pelo clube, é aquele que, entre os 15 e os 21 anos, cumpre pelo menos 3 épocas no mesmo clube. Por exemplo, o Moreira, que chegou ao Benfica no seu primeiro ano de júnior. É considerado formado pelo Benfica porque entre os 15 e os 21, cumpriu mais de 3 épocas inscrito pelo Benfica.

Neste momento, temos apenas 4 jogadores formados pelo clube: Moreira, Pedro Correia, João Coimbra e Rui Costa.

A UEFA determinou, para esta época, que cada plantel inscrito deve ter pelo menos 2 jogadores formados localmente, mais 2 formados pelo clube, medida que também foi adoptada esta época pela FPF. Neste momento, temos 10 jogadores formados localmente, mais 4 formados pelo clube (conseqüentemente pela Federação também).

Na próxima época, de acordo com a UEFA, cada plantel terá que ter pelo menos 3 jogadores formados localmente + 3 jogadores formados pelo clube. Ou seja, não teremos assim tantos problemas. Em 2008/09, terão que ser 4 + 4, ou seja, 4 formados localmente + 4 formados pelo clube.

Não há necessidade de se preocupar tanto assim com a quantidade de jogadores formados que nós temos.

johncleese

Menino do Rio, estás enganado. O conceito em Portugal é o mesmo da UEFA. Na UEFA há esses 2 conceitos: jogador formado localmente e jogador com 3 anos de inscrição na Federação do país.
Cá em Portugal, o jogador formado localmente é o jogador que tem 3 anos de inscrição na FPF estando contratualmente ligado ao clube. Assim, só jogadores que tenham estado no Benfica durante 3 anos no periodo entre os 15 e os 21 anos têm esse estatuto

Rendufas

Parece-me ser uma boa medida. A formação de jogadores tem de ser o caminho, e se os clubes não tomam a iniciativa alguém tem de tomar.

Chega de gastar dinheiro com estrangeiros da treta.

Menino Do Rio

Citação de: johncleese em 26 de Março de 2007, 21:26
Menino do Rio, estás enganado. O conceito em Portugal é o mesmo da UEFA. Na UEFA há esses 2 conceitos: jogador formado localmente e jogador com 3 anos de inscrição na Federação do país.
Cá em Portugal, o jogador formado localmente é o jogador que tem 3 anos de inscrição na FPF estando contratualmente ligado ao clube. Assim, só jogadores que tenham estado no Benfica durante 3 anos no periodo entre os 15 e os 21 anos têm esse estatuto

John, o jogador formado localmente é o jogador formado pela Federação. Isso é explícito no texto da UEFA. O jogador formado pelo clube é o jogador que faz as inscrições sempre pelo clube.

Formação local é um termo muito vago para se referir aos clubes.

Eu lembro que o sistema da UEFA era de 2+2 (2 jogadores formados localmente e mais 2 formados pelo clube), para evoluir para o 3+3 e depois o 4+4, a ser aplicado em 2008/09. Nunca a UEFA poderá obrigar os clubes a ter 8 jogadores formados no clube, embora seja o ideal.

Tanto que quase nenhuma das equipas do campeonato está a ter problemas com isso. Vês na Naval tantos jogadores assim formados na Naval? Vês no Estrela tantos jogadores assim formados no Estrela? Eu duvido que hajam 4 jogadores da formação nessas equipas. E em muitas outras também.

O ideal era nem estarmos a discutir isso, e que os jogadores da formação fossem sempre primeiras opções no reforço do plantel. Mas infelizmente não é assim e esperemos que este tipo de medidas, que eu ainda acho muito leve, ajude a fomentar novamente a aposta na formação como meio de fortalecimento dos clubes e selecções.

Rui Costa

Parecia-me que na UEFA eram dois anos consecutivos, SEM interrupção para ser considerado formado no clube... tenho que procurar isso, mas tenho quase a certeza.

Rui Costa

O que diz a UEFA:

Definição: Um jogador formado localmente é um jogador formado no clube ou formado pela associação (à qual pertence o clube em questão).


Um jogador formado no clube é um jogador que, independentemente da nacionalidade e da idade, esteve inscrito pelo clube ao qual actualmente pertence durante 3 ÉPOCAS COMPLETAS, continuas ou não, ou 38 meses entre os seus 15 anos (época em que completa 15 anos) e os seus 21 anos (época em que completa 21 anos).

Um jogador formado pela associação responde aos mesmos critérios. A única diferencia é que o jogador esteve inscrito na mesma associação, mas num ou em mais outro(s) clube(s).


Ou seja, se bem entendi... no nosso caso, o Jeremic apenas completa(rá) uma época em Junho. As meias épocas nada valem.

As consequências na Lista A de 25 jogadores que cada clube tem de enviar à UEFA quando disputa as suas competições são as seguintes:

Cada clube tem direito a uma primeira lista de 25 jogadores. Nesses 25, estão reservadas 4 (numero que irá aumentando com o decorrer dos anos) vagas (posições 22 a 25 na lista... lol, os gajos são mesmo estritos) para jogadores formados localmente. O clube que não dispõe de jogadores que reúnem essas condições, deixa essas vagas em branco ficando assim a sua lista reduzida. Inscrever jogadores formados localmente não é uma obrigação que fique bem claro!

Ainda relativamente aos jogadores formados localmente na Lista A, 2 têm de ser jogadores formados no clube (=mínimo) e 2 têm se ser formados pela associação (=máximo). Estes números também irão aumentar com o decorrer do tempo. Não há obrigação nenhuma de ser 2/2, há várias combinações possíveis... sendo que os números indicados apenas correspondem ao máximo e ao mínimo de cada 'categoria' (4 formados no clube e 0 formados na associação é uma possibilidade como tantas outras). Se o clube não tiver mais jogadores para inscrever nessas condições então a sua lista fica reduzida do mesmo numero de jogadores que não conseguiu inscrever.


Paralelamente à Lista A, há uma Lista B. As inscrições nesta lista são ilimitadas, os jogadores apenas têm de preencher dois requisitos:
- o jogador completará no máximo o seu 22° aniversario no ano em que se desenrola a final da competição em questão (espero ser claro... eles dizem expressamente o ano de nascença, o resultado pratico é o que anunciei)
- e o jogador esteve inscrito pelo clube ao qual pertence durante um período de 2 ANOS SEM INTERRUPÇÃO desde os seus 15 anos. Voltado ao exemplo do Jeremic, ao ficar no plantel na próxima época, à partir de Janeiro 2008 estaria nestas condições.


Se a Lista B continuar nestes moldes não me parece muito difícil contornar os regulamentos. Um jogador pode ser num primeiro tempo ser inscrito na Lista B, e um ano depois na Lista A nas vagas dos jogadores formados localmente. Para uma clara aposta nos jovens, acharia melhor uma idade limite para poder contar como jogador formado localmente... mas também não seria muito correcto obrigar os jogadores a lançar jovens.

johncleese

Resumindo então, para a próxima época temos que ter um minimo de 6 jogadores que tenham estado no Benfica durante 3 épocas completas entre os 15 e os 21 anos na lista de 26 jogadores que se pode inscrever na Liga e um minimo de 4 jogadores na Lista de 25 que se podem inscrever na UEFA.
Neste momento temos nessas condições o Moreira, o Pedro Correia, o João Coimbra e o Rui Costa. Uma hipótese seria o Bruno Costa avançar como 3º GR numa eventual venda do Moretto. O Tiago Gomes (Estrela da Amadora) está também nessas condições e quem sabe não poderia estar aqui um bom negócio a todos os niveis. Para 4º central, embora eu preferisse o Fonte, há o Amoreirinha e o Nuno Ferreira, que até poderiam fazer a pré-época. Numa hipótese menos provável, poderiamos promover um dos Juniores de 1º ano (Miguel Victor, Romeu Ribeiro ou André Carvalhas)...

Menino Do Rio

Não John. O que o texto diz claramente é que na próxima época devemos ter no mínimo 6 jogadores formados localmente. No mínimo 3 formados pelo clube. Ou seja, não temos que por força apostar em jovens.

Temos que ter pelo menos 3 formados pelo Benfica. Temos, neste momento, Moreira, Pedro Correia, João Coimbra e Rui Costa. Mais, pelo menos, 3 formados na associação, no caso a FPF. Para isto temos vários jogadores.


Rui Costa

Parece-me que vão ser 6 jogadores formados localmente tanto no campeonato como na UEFA. Provavelmente que a Liga decidiu-se por se alinhar nas normas europeias, o que não muda grande coisa para os clubes que disputam as provas da UEFA.

Este ano na Liga podia-se inscrever 28 jogadores (nós fizemos isso), não acredito que voltem atrás... finalmente até acredito, estas coisas são possíveis em Portugal.

Em nenhum dos casos, inscrever jogadores formados localmente é obrigatório... é apenas aconselhável para poder ter o mesmo numero de opções que os outros clubes. Quem não quer (ou não pode) inscrever jogadores formados localmente apresenta uma lista mais curta só isso.


Jogadores formados na associação é fácil de obter, 'basta' (ou quase) serem jogadores da mesma nacionalidade que o clube que representam. Neste momento temos 14 (mais os emprestados) nós. Jogadores formados no clube também não é uma coisa de outro mundo, aposto que todos os clubes portugueses têm pelo menos três jogadores nessas condições, uma vez que é indiferente o jogador ter 22 ou 35 anos.

johncleese

Tens razão Menino do Rio. Á tarde quando li o artigo do Rui Costa fi-lo um pouco á pressa e tirei conclusões erradas.
As medidas são então exactamente as mesma da UEFA e os conceitos também. Os tais 3 jogadores formados no clube e 3 formados localmente teremos facilidade em assegurar.
Resumindo e concluindo, esta medida será mais a pensar nos clubes como o Maritimo, que todas as semanas jogam com 10 estrangeiros e um português. Não deixa de ser positivo, mas na minha opinião ainda não é o suficiente para "obrigar" os clubes a apostar mais nos jovens da formação. Outro dia o Luis Castro, coordenador do futebol de formação do Porto dizia que formar um jovem é caro. Ora se é caro o lógico é fazer render o investimento lançando-o na equipa principal. O que sai caro é formar um jogador e desaproveitá-lo

Menino Do Rio

Concordo com o que dizes, mas não acho que esta medida seja eficaz. Criar uma estrutura de lançamento de jogadores vai muito além da simples utilização dos mesmos. Ora vejas, se a cada ano as equipas inscrevem 5, 6 jogadores provenientes da formação, mas não os utiliza e depois no final do ano dispensa-os, está-se mesmo a formar um jogador? Quando se libera o mercado até nas camadas jovens, está-se mesmo a favorecer a formação daquela associação? Acho que não.

Para mim, a abertura de mercado deveria ser apenas no futebol sénior profissional. Ou seja, na SuperLiga e na Liga de Honra. Mas isso são outros quinhentos e não tem nada a ver com a questão aqui colocada.

Uma estrutura de formação em Portugal, inclui regras de utilização de jogadores provenientes da Formação, inclui cursos e palestras da FPF para dirigentes e técnicos no sentido de incentivar as camadas jovens, inclui melhor preparação dos nossos jovens, para que possam estar ainda em idade de júnior preparados para o futebol sénior, tem que ser incentivado financeiramente pela FPF, tem que ser apoiado massivamente pelos adeptos, etc. Infelizmente não possuímos quase nada disso, a não ser a matéria-prima.

Por isso que não acredito nessas políticas de incentivo à formação. Aliás, cada uma é pior que a outra.