Competições Nacionais Femininas 2021/2022



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#349
Ex-leoa Raquel Fernandes punida com dois jogos de suspensão

Tem 30 anos, joga na Ferroviária, no Brasil natal, e foi suspensa por dois jogos pela Secção Não Profissional do Conselho de Disciplina da FPF em acórdão divulgado esta sexta-feira.

Raquel Fernandes, atacante que na época passada representou o Sporting, foi punida no processo disciplinar n.º 121, na sequência da reunião do passado dia 8, de que resultou um documento de 37 páginas.



A internacional brasileira viu confirmada a acusação de exibição de mensagens não autorizadas nos jogos com o Famalicão, a 21 de março, e o Torreense, a 27 do mesmo mês, nos festejos dos golos apontados nesses encontros – com as famalicenses exibiu uma camisola interior com a inscrição "Amo a minha família", frente à equipa de Torres Vedras com "Eu tenho a marca da promessa" (já antes, porém, como a foto documenta, exibira outra mensagem, no final do jogo com o Braga, a 3 de março, na meia-final da Taça da Liga, em que não marcara, tal como o Lado F deu conta, em momento oportuno).

A participação disciplinar feita pelo Benfica resultou, assim, na aplicação, em cúmulo material, da sanção de suspensão por 2 (dois) jogos e a sanção de multa fixada em 1 UC, isto é, € 102,00 (cento e dois euros) à jogadora que já não atua em Portugal.

Resta referir que os processos decorrentes a árbitros, assistentes e delegados (Sílvia Andreia Rosa Domingos, Vanessa Alexandra Dias Gomes, Ana Luís Carneiro Amorim Morgado Afonso, Ana Paula Costa Teixeira, Tatiana Maria Santos Martins, Mitchell George Lourenço Galvão, Carlota Sá Pires Neves Silva, Luís Miguel Alves Vaz, André Pascoal e Eduardo Cruz) foram arquivados.

https://ladof.pt/ex-leoa-raquel-fernandes-punida-com-dois-jogos-de-suspensao/

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Dos zero aos 8 mil euros. Há jogadoras a recibo verde e poucas têm bons contratos

O DN investigou a realidade contratual em Portugal do ponto de vista das jogadoras, treinadores, clubes e empresários. Sindicato quer acordo coletivo de trabalho para acabar com discrepâncias salariais. Número de profissionais tem crescido de ano para ano. Na Liga BPI são 125, mas a maioria ainda está em situação precária. Só Benfica, Sporting e Sp. Braga têm plantéis 100% profissionais.


A história do futebol feminino em Portugal já conta com alguns dérbis lisboetas.

A jogadora mais bem paga da Liga BPI ganha cerca de 8 mil euros limpos/mês e joga no campeão Benfica. É uma das 125 atletas com contrato profissional no campeonato principal de futebol feminino. Uma competição onde o amadorismo ainda é a marca dominante - o que se reflete no desempenho das jogadoras, equipas, no trabalho dos treinadores e onde muitos clubes são obrigados a recorrer a esquemas e estratégias para pagar "alguma coisa" às jogadoras sem estrangularem as finanças. Em alguns casos, a própria existência. Benfica, Sporting e Sp. Braga são um caso à parte, num mundo onde já há alguns bons contratos.

Já lá vai o tempo em que as mulheres jogavam por um sumo e uma sandes. Mas, segundo o Sindicato de Jogadores, a maior parte das futebolistas ainda está em "situação precária", com contratos de prestação de serviços a recibos verdes e ajudas de custo. O sonho de poder viver do futebol faz muitas delas aceitar jogar na base da promessa de algo melhor e maior, como um salário condigno com a profissão de jogador de futebol (sem género). E a verdade é que o número de profissionais não pára de crescer e isso também diz muito da evolução da modalidade. Segundo a Federação, só do ano passado para este, o número de jogadoras com contrato passou de 75 para 125! Há quatro anos eram 22!

Segundo a investigação do DN, as assimetrias e discrepância entre o amadorismo puro, o profissionalismo e um plano intermédio refletem-se nos ordenados mensais que vão desde os 665 euros do salário mínimo obrigatório até aos 8000 euros. Das 125 profissionais, só cerca de um quarto supera os 3500 euros. Se a mais bem paga do Benfica recebe 8000 euros, a melhor paga do Sporting aufere 4500 euros limpos, por exemplo. No Sp. Braga, a média contratual ronda os 1500 euros/mês, embora haja atletas a receber acima disso.

Das 16 equipas da Liga BPI só três têm o plantel 100% profissional: Benfica, Sporting e Sp. Braga (nenhum quis falar ao DN sobre o assunto). Depois há o caso do Famalicão, que tem meio plantel profissional, e mais meia dúzia de emblemas que tem quatro, cinco ou seis jogadoras profissionais a receber entre o ordenado mínimo e os 1000 euros. Existem ainda pelo menos seis equipas sem qualquer profissional.

E já há vítimas da chamada profissionalização. O histórico Fofó (Futebol Benfica, um dos nove clubes que já foram campeões) viu o plantel decepado, nos últimos anos, por emblemas que podiam pagar mais e acabou por descer de divisão em 2020. Tem hoje apenas uma jogadora profissional, uma estrangeira a quem paga 1100 euros por mês, mais casa.

A jogadora estrangeira é por norma mais bem paga que a portuguesa. Além do ordenado têm direito a casa e carro. Mas há forma de contornar a coisa. Contratam-se jogadoras - alunas Erasmus, estrangeiras que têm o visto de residência garantido por serem estudantes, e não precisam de um visto de trabalho, logo também não precisam de um contrato como manda a lei.

Ajudas de custo e recibos

Há contratos do tipo amador e profissional. E depois há o chamado "falso amadorismo" ou "semi-profissionalismo", que "reflete a incapacidade dos clubes suportarem os impostos associados ou simplesmente pouparem alguns trocos e não terem o fisco à perna", como revelou ao DN o presidente de um clubes da Liga BPI que optou pelo anonimato.

Os contratos profissionais têm claúsulas, prémios e objetivos como os do futebol masculino. Aliás, há clubes que, talvez por usarem as minutas do masculino, expressam que o contrato fica válido depois de registado na Liga Portugal... quando o futebol feminino é amador e da responsabilidade da Federação Portuguesa de Futebol - a entidade também optou por não reagir.

Quando se fala em dinheiro, o silêncio impera, ainda mais quando se admite recorrer a estratégias para fintar a lei sem fazer falta, claro. Há atletas que fazem do futebol a sua fonte de rendimento principal ou exclusiva, mas subscrevem acordos para pagamento de ajudas de custo - despesas de alojamento, alimentação ou deslocação mediante apresentação de despesas/faturas.

Outras assinam contratos qualificados como de prestação de serviços, onde em alguns casos lhes é requerida a emissão de recibos verdes entre os 300 e os 600 euros. No caso específico das ajudas de custo, as verbas são geralmente inferiores, mas tudo depende do acordo verbal. Os valores nunca são iguais dois meses seguidos, exatamente para evitar que seja visto com um ordenado encapotado de ajuda de custo. Também há clubes que fazem contratos e pagam na mesma ajudas de custo fora parte. Desta formas, os clubes poupam com taxa de IRS e Segurança Social.

"É habitual os clubes recorrerem aos recibos verdes na altura do primeiro vínculo", revelou uma jogadora da Liga BPI ao DN, explicando que a atleta abre atividade de desportista, passa recibo e fica isenta de descontos durante um ano. Por isso há tantos contratos de uma só época. Depois, se continuar, os valores são revistos e geralmente incluem o pagamento da Segurança Social, o que, por vezes, leva a diferendos e até a rescisões por serem acordos verbais e não estar clarificado quem deve fazer os descontos.

Uma outra jogadora em situação precária confessou que o contrato de prestação de serviço as deixa à mercê de uma dispensa. Ou seja, o clube pode decidir que não precisa do seu serviço. Juridicamente é mais complexo e há vários casos em tribunal que mostram a necessidade de um modelo contratual único.

Contrato coletivo de trabalho

Criar condições estruturais para salvaguardar os direitos das jogadoras de forma igual, sabendo que jogam em circunstâncias diferentes, é uma missão quase impossível. Por isso, o Sindicato de Jogadores, liderado por Joaquim Evangelista, quer "a celebração de um acordo coletivo de trabalho para o futebol feminino, que mantenha todas as garantias e direitos dos profissionais de futebol, mas tenha como objetivo regular na especificidade determinadas matérias: salários mínimos para a competição, prémios por objetivos e antiguidade, regime da gravidez, estágios e férias, carreiras duais, medidas de proteção e regras para prevenir e reagir ao assédio laboral e sexual, etc..."

Segundo Evangelista, "além da profissionalização da Liga BPI justificar este passo, é importante garantir os direitos gerais das profissionais de futebol e regular a especificidade das matérias que possam gerar dúvidas legais". Porque "fiscalizar e sensibilizar pode não ser suficiente".

O Sindicato tem desde 2012 um departamento só para o futebol feminino, liderado por Carla Couto (considerada a melhor jogadora da história do futebol feminino português). E criou recentemente uma comissão para pensar a modalidade e propor soluções políticas e regulamentares, que trabalha numa proposta de acordo coletivo de trabalho para as jogadoras que participem nas competições nacionais.

Além disso urge olhar para a questão da gravidez. A FIFA já avançou com regras específicas, que impedem o despedimento ou despromoção salarial, e também para os efeitos da menstruação no rendimento desportivo e saúde e contratualizá-los.

O exemplo do Albergaria

Do ponto de vista dos emblemas ditos pequenos, mas com muita tradição no futebol feminino, caso do Clube de Albergaria "é óbvio que não será possível acompanhar os clubes grandes". Desde logo pela falta de condições financeiras, que levam "à dificuldade em angariar recursos humanos necessários para competir em pé de igualdade", segundo o coordenador do emblema fundado em 1890, José Carlos Bastos. E também "pela falta de instalações dignas e horários adequados que possam ser atrativos para jogadoras com qualidade".

O Albergaria tem atualmente cinco profissionais no plantel sénior. Todas com contrato celebrado segundo a minuta disponibilizada pela FPF e com o valor do salário mínimo nacional (665 euros). Quem não tem contrato profissional recebe apoios para deslocação e alimentação.

José Carlos tem "a perfeita noção que competir contra os clubes profissionais é uma tarefa difícil" e leva o clube à tarefa hercúlea e inglória até de redefinir os objetivos época a época. Apesar disso, no ano passado foram a sensação da prova. Ficaram em 5.º lugar, atrás de Benfica, Sporting, Sp. Braga e Famalicão: "O segredo foi a competência da equipa técnica liderada pela Paula Pinho, profunda conhecedora do futebol feminino em Portugal e da sua evolução, conjugada com a qualidade de um plantel bastante homogéneo, ambicioso e solidário, tendo na retaguarda uma estrutura que procurou, dentro de todas as limitações - financeiras, recursos humanos e deficientes instalações para a prática da modalidade -, dar o apoio necessário para obtenção de resultados positivos."


José Carlos Bastos é o coordenador do futebol feminino do Clube de Albergaria, sensação do último campeonato, que tem cinco profissionais.

Segundo este responsável, a falta de instalações e horários adequados para treinos são um enorme entrave na evolução do futebol feminino. Além disso, a "primazia" do futebol masculino em detrimento do género feminino "é um exemplo da desigualdade de tratamento entre os géneros, assim como as questões financeiras".

E tendo em conta que não se fazem campeonatos sem equipas, nem equipas sem jogadoras, o atual formato do campeonato também não serve os interesses dos ditos clubes pequenos: "A Federação tudo tem feito para que clubes como o nosso acabem por sair da Liga BPI para dar oportunidade a clubes profissionais. O facto mais evidente e relevante é o modelo competitivo instituído para a Liga BPI na época 2021-22." O campeonato está dividido em Zona Norte e Zona Sul, cada uma com oito equipas. Na segunda fase, as quatro primeiras de cada série lutam pelo título de campeão e as outras para não descer.

Para José Carlos, "o futebol feminino em Portugal está a caminhar apressadamente e sem qualquer planeamento estratégico para o profissionalismo". Culpa de "quem procura subir o ranking das seleções nacionais, com a entrada dos clubes chamados grandes na modalidade", e acima de tudo, "com a entrada em cena dos chamados agentes de jogadoras, que sem qualquer escrúpulos, alguns vendem ilusões às jogadoras, inflacionando o mercado".

Apesar de não haver transferências pagas - à exceção de Ana Borges, do Chelsea para o Sporting, por 30 mil euros, e Milena do Famalicão para a China, por 50 mil euros -, essa é uma área em franco crescimento em Portugal e ainda no mês passado foi criada uma agência apenas para o segmento feminino (a Teammate Football Management de Raquel Sampaio, antiga jogadora e ex-responsável do Sporting).

Uma das agentes mais ativas e que representa mais atletas de topo é Estrela Paulo (ver entrevista na pág. seguinte). Tem jogadoras profissionais em sete equipas da Liga BPI, incluindo as três atuais capitãs da seleção nacional, que são também as capitãs do Sp.Braga (Dolores Silva), Sporting (Ana Borges) e Benfica (Sílvia Rebelo). A campeã europeia e vice-campeã mundial, a holandesa Anouk Dekker, também faz parte das suas atletas agenciadas.

Contratos não jogam...

E como é treinar uma equipa onde umas recebem para correr e marcar golos e outras não? "Já treinei equipa amadoras, semi-profissionais e profissionais a 100%, e costumo dizer às jogadoras que ninguém é obrigado a fazer o que não quer. Se uma jogadora amadora assume o compromisso de jogar numa equipa profissional, eu como treinador vou exigir dela o mesmo. Eu tenho o direito de exigir o máximo dela, recebendo ou não. Também o exigi a mim mesmo quando trabalhei sem receber em alguns clubes. O investimento no treino é depois recompensado com o jogar ou não, não com o recebe ou não", justificou ao DN o treinador Nuno Cristóvão, do Racing Power.

Isso não impede o cinco vezes campeão nacional de considerar que "não faz sentido haver na mesma equipa jogadoras que recebem e outras não". E defende que os clube deviam pagar a todas, mesmo que fosse o ordenado mínimo, para ele e os outros técnicos "terem argumentos" para exigir outro tipo de rendimento e empenhamento.

O técnico orgulha-se de dizer o que, segundo ele, tem de ser dito sem medo de ficar sem emprego:"Temos o campeonato das equipas profissionais e o das equipas não profissionais. E dentro das não profissionais há equipas que conseguem bater o pé às profissionais, como o Albergaria no ano passado."

Para Nuno Cristóvão, é "complicado" quando a questão do treino e do jogo nada tem a ver com a bola. "Quando não sou um treinador à inglesa, com a gestão do orçamento, não quero nem saber a condição contratual das jogadoras, mas por vezes elas pedem ajuda e tenho de me envolver. No Torreense aconteceu uma vez e tive de pressionar a direção para pagar uma verba em atraso depois das capitãs falarem comigo", revelou o antigo selecionador nacional (2000-2004).

Segundo Nuno Cristóvão é cada vez mais difícil ter jogadoras numa equipa "sem contrapartidas financeiras". Mas a igualdade salarial que a América discute (e já conseguiu ao nível das seleções), em Portugal nem se vislumbra. "Tem a ver com a mentalidade dos dirigentes e a capacidade dos clubes lá chegarem", segundo o atual treinador do Racing Power Football Club (Seixal), equipa da segunda liga feminina, que tem um orçamento superior a algumas equipas masculinas da Liga 3 e que dava para gerir umas cinco equipas da Liga BPI.

Um contrato de 15 mil euros

No ano passado a Federação tentou incluir um limite orçamental no regulamento da Liga BPI. A medida foi considerada discriminatória em função do género e levou à criação do movimento Futebol Sem Género, assinado por mais de 200 atletas, que obrigou o organismo a recuar. Uma dessas jogadoras contou ao DN, que a ideia do chamado teto salarial surgiu depois de ser registado na Federação um contrato de 15 mil euros. Temendo que se abrisse um fosso entre os ricos e os pobres o organismo propôs um limite orçamental para criar mais equilíbrio entre plantéis, mas as jogadoras uniram-se porque viram na proposta um teto salarial encapotado e discriminatório, que serviria para os clubes se desculparem com contratos inferiores.

O organismo federativo abandonou a ideia e atualmente os orçamentos da Liga BPI são tão díspares quanto a realidade contratual. Vão desde os 100 mil euros aos dois milhões de euros. A competição ainda é amadora e a Federação paga aos clubes um prémio de participação de nove mil euros e mais 4900 euros (máximo anual) mediante determinados requisitos ligados à formação. E há ainda compensações para quem começar o jogo com pelo menos oito jogadoras portuguesas e quem apresentar 14 jogadoras nacionais na ficha de jogo. O prémio por vitória é de 500 euros e aí os grandes/profissionais também amealham mais alguns milhares de euros.

https://www.dn.pt/desporto/dos-zero-aos-8-mil-euros-ha-jogadoras-a-recibo-verde-e-poucas-tem-bons-contratos-14227637.html

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"Há jogadoras com melhores contratos do que alguns futebolistas da I Liga"

Há uma década que faz negócios no futebol feminino e defende um salário para todas as atletas. Já fez contratos de centenas de milhares de euros, acredita num futuro de transferências pagas e elogia os clubes que fazem grande esforço para ter profissionais.



Como entrou no negócio do futebol feminino?

Há mais de uma década que trabalho com o futebol feminino. Ainda não se falava de agentes e eu já colaborava com uma agência conceituada, numa perspetiva de ajudar o futebol feminino a crescer. Em 2016 entendi que deveria ter a minha agência, com a minha filosofia de trabalho e que fosse especializada nesta área. Oficializei-me enquanto agente e tenho vindo a trabalhar no sentido de continuar a ajudar as atletas e à evolução do futebol feminino.

Quantas atletas representa?

Para cima de 30, um número que considero razoável para atender a todas. A ideia é sempre representar as melhores e a esse respeito tenho a honra de agenciar grandes jogadoras, que reúnem as competências do perfil que tenho definido para ser atleta da TopBaller Sports Management.

Qual foi o valor da maior contrato que já fez?

Sem querer avançar com um número exato, posso dizer que já fiz contratos de centenas de milhares de euros...

Qual é o contrato típico? Que cláusulas os clube impõem?

Existem diferentes contratos. O mais seguro para todas as partes é o contrato de trabalho desportivo, vulgarmente chamado contrato profissional. Geralmente são acordos standarizados do masculino, em que variam as cláusulas de rescisão. Curiosamente há clubes cujos contratos chegam a ter quase 20 páginas e outros que resolvem o assunto em sete ou oito. A diferença está nas cláusulas de proteção para o clube, a todos os níveis possíveis e imaginários.

O que acha dos valores envolvidos nos contratos? Estão longe da igualdade tão em voga...

Estão dentro do possível para a realidade nacional. Há jogadoras com melhores contratos do que alguns futebolistas da I Liga. Obviamente que isso não é sinónimo de acomodação, mas deve ser motivo de satisfação. É verdade que estamos muito longe da maioria dos valores do futebol masculino, mas também estamos a falar de realidades distintas. Há todo um processo de crescimento natural e inerente àquilo que é a própria sociedade e da qual não nos podemos dissociar. O futebol feminino teve de passar por etapas que o masculino nunca passou, por exemplo na mudança de mentalidades, para que os pais de hoje permitam que as meninas joguem à bola. Atualmente existem outras dores de crescimento. Acredito que a médio prazo se consiga evoluir para outro patamar, mas para isso também é preciso que as entidades competentes não usem a igualdade apenas como bandeira, mas que atuem em conformidade.

Porque não há transferências pagas?

Nos campeonatos de topo da Europa já começa a ser comum. Em Portugal já aconteceu, mas falamos de valores irrisórios quando estamos dentro de uma modalidade que é uma autêntica indústria que gera milhões. Tem muito a ver com a duração dos contratos. Num passado recente e ainda em alguns casos atuais, era muito comum que os contratos tivessem a duração de uma época desportiva e isso automaticamente deixava a jogadora livre no final do mesmo. Nesta altura já estamos a assistir a renovações de 3/4 anos, eu inclusive já fiz a renovação do contrato de uma jogadora por cinco anos. Acredito que se ela continuar a evidenciar a qualidade que tem demonstrado possam surgir propostas de transferência. Os próprios clubes, na altura de renovar, já começam a ter esse pensamento.

Não havendo transferências pagas, como se paga aos empresários? E qual a percentagem?

O pagamento é feito através de comissões pagas pelos clubes, à semelhança do que acontece no futebol masculino. A percentagem pode variar e é acertada com o clube, mas geralmente fixa-se nos 10% sobre o valor do vencimento líquido auferido pela atleta.

Cerca de 80 jogadoras profissionais... O que diz isto do futebol feminino em Portugal?

Diz que continuamos a ter uma liga amadora com algumas equipas profissionais e algumas jogadoras profissionais em equipas amadoras, mas por agora é inevitável que assim seja. Não estão criadas condições para profissionalizar a Liga. Há passos que precisam de ser dados, nomeadamente a criação de garantias para que todas as jogadoras tenham um valor mínimo mensal. A verdade é que isso não se faz de um dia para o outro. Há clubes a fazerem grandes esforços para terem algumas profissionais e esses têm de se valorizar tanto como aqueles que conseguem ter um plantel 100% profissional. Acredito que os passos vão ser dados, porque são inevitáveis.

https://www.dn.pt/desporto/ha-jogadoras-com-melhores-contratos-do-que-alguns-futebolistas-da-i-liga-14227640.html

JMiguel23

CitaçãoSegundo a investigação do DN, as assimetrias e discrepância entre o amadorismo puro, o profissionalismo e um plano intermédio refletem-se nos ordenados mensais que vão desde os 665 euros do salário mínimo obrigatório até aos 8000 euros. Das 125 profissionais, só cerca de um quarto supera os 3500 euros. Se a mais bem paga do Benfica recebe 8000 euros, a melhor paga do Sporting aufere 4500 euros limpos, por exemplo. No Sp. Braga, a média contratual ronda os 1500 euros/mês, embora haja atletas a receber acima disso.
8000€ limpos no Benfica. Cloe?
Não se dizia por aqui que o tecto no Benfica (no inicio do projecto) não ultrapassava os 2000€ limpos?

TeamRocket37

#353
Citação de: JMiguel23 em 17 de Outubro de 2021, 21:23
CitaçãoSegundo a investigação do DN, as assimetrias e discrepância entre o amadorismo puro, o profissionalismo e um plano intermédio refletem-se nos ordenados mensais que vão desde os 665 euros do salário mínimo obrigatório até aos 8000 euros. Das 125 profissionais, só cerca de um quarto supera os 3500 euros. Se a mais bem paga do Benfica recebe 8000 euros, a melhor paga do Sporting aufere 4500 euros limpos, por exemplo. No Sp. Braga, a média contratual ronda os 1500 euros/mês, embora haja atletas a receber acima disso.
8000€ limpos no Benfica. Cloe?
Não se dizia por aqui que o tecto no Benfica (no inicio do projecto) não ultrapassava os 2000€ limpos?

Isso dá 16mil brutos...Lol
Tem de inventar menos.

Eu sei intenção desse artigo, a merda do tecto salarial vai voltar a baila novamente, estão todos preocupados com o dinheiro que Benfica esta a ganhar na Champions e dar uma machada total no futebol feminino, transformando num Lyon em Portugal, os agentes desportivos a cabeça a FPF não quer isso.



JMiguel23

A ser verdade é um valor já bastante alto para a nossa realidade. Não estava à espera que alguem já recebesse esse tipo de valores na nossa liga.

TeamRocket37

Citação de: JMiguel23 em 17 de Outubro de 2021, 21:32
A ser verdade é um valor já bastante alto para a nossa realidade. Não estava à espera que alguem já recebesse esse tipo de valores na nossa liga.

A Cloe não ganha 16 mil euros brutos.
Quem escreveu esse artigo tem 2ª intenções.

JMiguel23

#356
Acho muito estranho aquele valor. Se fosse um valor bruto, ai sim diria que seria normal e mais realista.
O artigo até não fala se são limpos ou brutos, apenas diz que é o valor mais alto.

TeamRocket37

Citação de: JMiguel23 em 17 de Outubro de 2021, 21:39
Acho muito estranho aquele valor. Se fosse um valor bruto, ai sim diria que seria normal e mais realista.


Porque o nosso valor não está discriminado se é bruto ou limpo? no artigo? E do Sporting é? Não achas estranho?

JMiguel23

Citação de: TeamRocket37 em 17 de Outubro de 2021, 21:40
Citação de: JMiguel23 em 17 de Outubro de 2021, 21:39
Acho muito estranho aquele valor. Se fosse um valor bruto, ai sim diria que seria normal e mais realista.


Porque o nosso valor não está discriminado se é bruto ou limpo? no artigo? E do Sporting é? Não achas estranho?
Exacto esta a escrever isso. Algo não bate certo.

ccm

Citação de: JMiguel23 em 17 de Outubro de 2021, 21:41
Citação de: TeamRocket37 em 17 de Outubro de 2021, 21:40
Citação de: JMiguel23 em 17 de Outubro de 2021, 21:39
Acho muito estranho aquele valor. Se fosse um valor bruto, ai sim diria que seria normal e mais realista.


Porque o nosso valor não está discriminado se é bruto ou limpo? no artigo? E do Sporting é? Não achas estranho?
Exacto esta a escrever isso. Algo não bate certo.

Está discriminado. 8 mil limpos no Benfica, 4,5mil limpos no sporting.

Mas é preferível dar 16 mil à Cloe para ser campeão e andar na liga dos Campeões a pontuar, do que pagar a 9 mil a uma sapa para não ganhar nada.