Decifrando imagens do passado

Ft.johИИ


RedVC

#46
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Futebol e touros



Futebol e touros? Falemos de Jayme Cadete...

Bandarilheiro amador e futebolista. Uma combinação curiosa durante as primeiras décadas do século XX.



Mas, o que teve este homem a ver com o Sport Lisboa e Benfica?

Em boa verdade teve mais a ver com o SCP do que com o SLB. Jayme Cadete para além de ilustrar os tempos pitorescos do princípio do nosso futebol esteve envolvido num episódio da crescente polémica entre os eternos rivais de Lisboa nas primeiras décadas do século XX.

Nascido em 30 de Dezembro de 1899, Jayme Cadete iniciou-se nas segundas categorias do Império tendo a partir de 1910/11 sido jogador da primeira categoria do SCP durante quatro épocas.

Apesar dos dois maiores clubes serem o Benfica e o CIF, já nessa época a rivalidade com o Sporting vinha num crescendo. O problema? Como sempre a inveja assente nos resultados desportivos e na popularidade do primeiro e da falta delas no segundo. Antes como agora. O SLB tinha sucedido aos Ingleses do Carcavellos no domínio do futebol regional de Lisboa e mesmo com parcos recursos e com a falta de campo próprio, conseguia formar novos craques sendo frequente ganhar os campeonatos das diversas categorias. Afigurava-se pois que o sucesso tinha vindo para durar. Por outro lado o clube dos chás dançantes perdia, desistia, perdia e voltava a desistir. Quase passada uma década desde a sua fundação, títulos nem vê-los. A inveja vestia-se de verde...

Apesar dos acontecimentos de 1907, ia sendo respeitado um acordo de cavalheiros entre clubes, o que fez com que o nosso clube tenha recusado a inscrição de Jayme Cadete e de Sebastião Campos, atletas do SCP que tinham manifestado intenção de jogarem no SLB.

Ora, em 1914/15, farto de perder (e por diversas vezes de desistir a meio das provas para não assumir as derrotas...) o SCP decide desrespeitar o acordo e fazer mais uma incursão para rapinar jogadores no tricampeão regional. Objectivo: fragilizar o rival e atenuar as suas próprias debilidades internas.

Na sequência dessas contratações, Jayme Cadete é informado pelos dirigentes leoninos que passará a jogar na segunda categoria. Recusando baixar de categoria consegue obter autorização dos dirigentes para se transferir para outro clube. O diabo é que só mais tarde se apercebem que o destino é o SLB...

Jayme Cadete tornou-se assim o primeiro jogador (de que eu tenha conhecimento) a fazer o percurso SCP ---> SLB, ou seja o percurso inverso ao que foi feito anteriormente por (estimo eu) nada menos do que dezasseis jogadores e dirigentes:

1907 - Henrique Costa, Cândido Rosa Rodrigues, António Rosa Rodrigues, José da Cruz Viegas, Daniel Queiroz dos Santos, Emílio de Carvalho, António do Couto, Albano dos Santos. Acrescem a estes nomes de dirigentes tais como José Rosa Rodrigues, Januário Barreto e o emigrante regressado Francisco dos Santos.

1912 - Jorge Rosa Rodrigues. O quarto último dos Catataus a desertar. Guarda redes com pouca (e infeliz) actividade na primeira categoria.

1913 – Francisco Viegas. Antigo jogador do Sport União Belenense. Esteve no Benfica durante duas épocas.

1915 – Artur José Pereira, Boaventura Silva e Augusto Paiva Simões.



Assim sendo, a motivação de Jayme Cadete não terá sido certamente dinheiro tanto mais que Cosme Damião era inflexível nesse aspecto, defendendo o amadorismo. A motivação de Cadete terá sido a vontade de continuar a jogar em primeiras categorias.

Essas "contratações" vieram de facto a beneficiar o SCP pois em particular Artur José Pereira e nisso todos os testemunhos concordam, era realmente um jogador de eleição e que fazia a diferença. Esse facto, acrescido de um conjunto de circunstâncias infelizes, fez com que no último jogo da época o Benfica viesse a perder o jogo decisivo com o SCP e com isso o título regional.

Nessa época Cadete jogou seis dos dez jogos do campeonato regional mas o que é facto é que na época seguinte regressou às origens ou seja ao Império onde terá jogado ainda por mais duas épocas. Curioso, com essa única época de águia ao peito Cadete perdeu a oportunidade de se sagrar campeão regional. O SCP só voltaria a ser campeão regional em 1918/19.

Mas voltando aos touros e apesar de amador, em Fevereiro de 1908 Jayme fez o seu debute no Campo Pequeno e parece que o fez com sucesso:



Resta dizer que Jayme era filho de Jorge Cadete, um famoso bandarilheiro que em 1914 foi homenageado com uma tourada:



Ah.... e sabemos ainda que era proprietário da "Taberninha Taurina". Tempos pitorescos.




Olé!



RedVC

#47
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Um regresso feliz.

No seguimento de considerandos feitos a propósito da história de Jayme Cadete, poder-se-á dizer que numa outra perspectiva o primeiro homem a fazer o tal percurso SCP --> SLB foi na verdade um desertor:

Henrique Costa



Henrique Costa saiu em Maio de 1907 do Sport Lisboa para o SCP mas ao fim de uma época (e em boa hora) decidiu regressar.

Foi um dedicado e excelente defesa podendo também a actuar a... avançado. Chegou a ser capitão da nossa equipa quando Cosme abandonou. Sairia mais tarde para ajudar a fundar o CFB mas já em fim de carreira. Essa saída ocorreu num contexto diferente, tendo Henrique sido arrastado pela força das circunstâncias e pela nostalgia dos tempos gloriosos do nascimento em Belém do Sport Lisboa. Mas isso são outras histórias. E de facto, há imagens para decifrar e muito que contar acerca deste homem. Um dia destes falarei sobre ele.

Ainda assim, Jayme Cadete fica como o primeiro que sem passado Benfiquista trocou o SCP pelo Glorioso. Durou pouco mas foi o primeiro.

Reed

Bom tesourinho este Red. O primeiro a ter juízo!

P.S: Bela bigodaça que ele tinha  :smokin:

RedVC

Muito bom que este tópico tenha sido movido para uma secção mais ajustada ao seu conteúdo. Obrigado aos administradores.

RedVC

#50
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Nos areais de Belém



Um grupo de futebolistas posando num areal de Belém perto de onde hoje se localiza o padrão dos descobrimentos.
Vê-se o Torreão do Mosteiro de Santa Maria de Belém ou Jerónimos.
Fotografia de data incerta, talvez de 1903-1904.

Olhando de perto nem todos são desconhecidos... Há ali um rosto conhecido: Henrique Costa.

Henrique Costa, futuro mestre cordoeiro e talvez o primeiro grande defesa Português.

A fotografia capta para a eternidade um momento de convívio entre dois grupos de futebolistas, posando em conjunto como era prática comum nessa época. Ao todo contam-se 20 jogadores, 10 com calças brancas e 10 com calças escuras.
Um jogador está diferenciado por se apresentar todo de branco: talvez o guarda-redes de um dos grupos. As equipas não estão identificadas na fotografia mas é possível que uma delas – talvez a das calças brancas ou até talvez as duas – fosse a designada em algumas notícias da época como Clube Naval. Seis dos elementos de calças brancas têm chapéus de marinheiro. Henrique Costa tem calças brancas. Terá pois sido marinheiro e possivelmente estes foram alguns dos seus companheiros de armas.


Cordoaria nacional onde se produzia o cordame, velas, tecidos e bandeiras para os numerosos navios do reino, muitos dos quais inundavam positivamente o Tejo lisboeta.


Cais da Ribeira de Lisboa - 1893

Faluas no Tejo, 1900

Henrique Costa foi também um dos rapazes que por volta de 1903-1904, partilharam uns chutos na bola com o grupo dos Catataus nos areais de Belém. Sempre Belém.

Mais tarde Henrique viria a ser um futebolista de grande presença e categoria, com contribuição longa e consistente nesses tempos pioneiros do futebol Português.

Apesar de não ter sido um dos fundadores, em Novembro de 1906 fixou-se na primeira categoria do Sport Lisboa.
Antes, jogou no Club Campo de Ourique e também no Futebol Cruz Negra. Um tempo em que era possível a um jogador representar um clube numa semana e outro na semana seguinte.

Pouco depois, em Maio de 1907 foi um dos oito jogadores que atraídos pelo dinheiro e pelos chás dançantes desertou para o SCP. Assim durante um ano jogou nas elegantes instalações da quinta das Mouras mas no final dessa época de 1907/1908 decide sair.

Decide regressar ao Sport Lisboa, entretanto transformado em Sport Lisboa e Benfica.
Razões? Inadaptação a um clube elitista? Saudosismo dos dias felizes de camaradagem em Belém e das vitórias do Sport Lisboa? A amizade que o unia a Cosme Damião? Se calhar todas essas e mais algumas que não sabemos. Talvez os finíssimos chás não fossem a bebida ideal para um calejado marinheiro. Talvez que no clube das Mouras se diferenciassem jogadores consoante o seu berço.

Em meu entender este rápido regresso poderá também indiciar que quando saiu para o SCP estaria convencido que o Sport Lisboa estava condenado. Verificada a continuidade e a vitalidade do SLB, Henrique terá decidido com o coração. Apesar de pressionado para ficar no SCP (penso ter lido – infelizmente esqueci a fonte - que os dirigentes do SCP chegaram a oferecer-lhe um relógio valioso para ficar) decide regressar. Em boa hora o fez. Com isso, Henrique veio a tornar-se um dos grandes pilares desportivos do nosso clube.

Jogou quase sempre de águia ao peito. Jogou muito e pelo que sabemos bem. Em Portugal e no estrangeiro. Foi seleccionado de forma recorrente para as equipas da Associação Futebol Lisboa, tendo integrado o grupo que fez digressão no Brasil em 1913.

Ao seu lado, no sector defensivo, evoluíram outros grandes jogadores. Senão vejamos: numa primeira fase foi companheiro de José da Cruz Viegas e Emílio de Carvalho. Mais tarde teve parcerias com Leopoldo Mocho, Carlos Homem de Figueiredo e Francisco Belas. Tudo craques, tudo nomes hoje algo esquecidos mas de grande relevância na época. Se calhar tornaram-se ainda mais craques por jogarem ao seu lado.


Três aspectos de jogo envolvendo Henrique Costa e um companheiro da defesa.
A – 1906/07 com Emílio de Carvalho (SL vs CIF); B - 1910, com Leopoldo Mocho (SLB vs SCP); C – 1912 com Carlos Homem Figueiredo (SLB vs Carcavellos).


Sobre ele, atentemos nas palavras do temperamental e genial Artur José Pereira (talvez o maior talento do futebol Português até à chegada de Coluna e Eusébio): Combativo ao máximo, velocíssimo, pontapé regular com ambos os pés, engano fácil, o que fazia dele um avançado perigoso, lugar que ocupava excelentemente quando era necessário (...).

Em Dezembro de 1917 faz o seu último jogo pelo Benfica. Pouco tempo depois tentou mediar os conflitos que opuseram o contingente de jogadores Benfiquistas oriundos de Belém e a Direcção do Sport Lisboa e Benfica. Em causa a contratação de Alberto Rio pelo SCP. Rio estava suspenso no SLB e as turbulências entre clubes e mesmo dentro do SCP ditaram uma rápida e pouco feliz passagem pelo Campo Grande. Mas havia uma outra causa mais profunda. Essa guerra tripartida entre SLB, SCP e alguns jogadores está directamente ligada à génese de um outro grande clube: o Clube de Futebol os Belenenses. Por isso também no lado do SCP aconteciam factos importantes. Um nome chave neste episódio foi uma vez mais Artur José Pereira. Carregado de nostalgia e da vontade de criar um grande clube representativo das gentes de Belém, Artur José Pereira consegue desligar-se do SCP. Pouco depois propõe aos seus antigos companheiros a fundação desse novo clube. Depois do Sport Lisboa, do Ajudense Futebol Clube e do Sport União Belenense fundava-se assim o CFB. Ora, Belém não era apenas um dos berços do futebol Português, era também uma das maiores fontes de recrutamento do SLB nas suas duas décadas iniciais. A sua perda teve consequências graves na competitividade do nosso clube. Mais detalhes, aqui:

http://cantoazulaosul.blogspot.pt/2005/09/inevitvel-impulso.html

Ali se lê que Henrique Costa terá sido o único que inicialmente resistiu. Tentou ainda mediar o conflito mas ao ver-se impotente para alterar posições extremadas acabou por finalmente juntar-se aos seus companheiros e contribuir para a aventura da fundação do CFB.

O seu nome era respeitado entre os seus companheiros, e assim se compreende que Artur José Pereira o tenha proposto para sócio nº 1 do CFB. Um indubitável gesto de reconhecimento das qualidades humanas e desportivas de Henrique. E foi ainda de Henrique Costa a proposta vencedora para a escolha das cores iniciais do CFB: camisola azul com a Cruz de Cristo e calções negros.




Dada a sua veterania, Henrique jogou pouco de Cruz de Cristo ao peito. Terá jogado em alguns particulares tendo assumido funções de treinador e recusado o cargo de Capitão-Geral (em favor de Carlos Sobral).
 

em idade mais avançada

Faleceu em Março de 1953 já depois de ter visto partir muitos amigos e antigos companheiros, em particular AJP (1945) e Cosme (1947).

Henrique Costa foi um grande nome do futebol Português e do universo Benfiquista e Belenense. Merece ser lembrado e reconhecido pelos Benfiquistas e Belenenses pela sua contribuição para o futebol Português e para a implantação desses dois grandes e populares clubes. Do que sei e de como interpreto a sua contribuição aqui fica a minha homenagem.

RedVC

#51
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Uma imagem rara



Uma imagem rara: João Alves e Vítor Martins na mesma equipa.

Tentando a identificação:
Em cima: ?, Malta da Silva, Carlos Marques, ?, Rui Rodrigues, Vítor Martins,  Zeca.
Em baixo: Barros, Franque?, Diamantino, Néné?, João Alves, Fonseca.

RedVC

#52
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Um Stromp à Benfica

Uma curiosidade interessante para Benfiquistas e... sportinguistas.


Fonte: Tiro e Sport, Lisboa 20 de Maio 1908.

1908. Competidores da Marathona. Maratona embora a corrida fosse entre Cascais e Algés num percurso de 24 Km.

A figura mais notável é Francisco Lázaro alinhou pelo Velo Club de Lisboa. Em 1911 Lázaro alinharia pelo Sport Lisboa e Benfica: http://serbenfiquista.com/forum/saudade/francisco-lazaro-(atletismo)-o-eterno-maratonista/

Mas o outro detalhe interessante é atentar na equipa do Grupo Sport Benfica, aqui designado por Grupo do Sport Club de Benfica. Esse mesmo que fundindo-se com o Sport Lisboa faria surgir o Sport Lisboa e Benfica.

Vejamos: António Fernandes, Carlos Marques e... José Stromp.
Um Stromp à Benfica? Sim.

José Stromp era o mais velho dos Stromps, um dos dissidentes do Campo Grande Football Club, e um dos fundadores principais do SCP. Outros tempos.


Ah, e a prova foi vencida por Francisco Lázaro.

faneca_slb4ever


RedVC

#54
Sim, é interessante.

Um grande Benfiquista enviou-me a fotografia da direita (apesar de não o nomear aqui fica um agradecimento) com o seguinte comentário: "Como tudo muda. Só o Benfica é eterno".



Não poderia concordar mais.



RedVC

#56
Não se trata de material novo. Já foi publicado em Junho deste ano mas achei que faz mais sentido estar aqui por isso vou transferi-lo com ligeiras alterações. Um texto que gostei de fazer. Espero não existirem objeções por parte dos moderadores.

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O António das Caldeiradas



Alguém conhece? Alguém ouviu falar?


Fonte: AML, Eduardo Portugal

Situado na Rua Vieira Portuense na Belém antiga foi um importante lugar para a génese do Sport Lisboa (e Benfica). Mas lá iremos.


Rua Vieira Portuense panorâmica

A partir das considerações de Fialho de Almeida (7/05/1857-4/03/1911) sobre a culinária, e em particular sobre a caldeirada, sabemos que a mais emblemática da sua época era a do António da "Barbuda", cuja casa se situava para os lados de Belém, mais precisamente na Rua do Cais de Belém, local que desapareceu com a Exposição do Mundo Português, em 1940. O nome de António da Barbuda terá ficado a dever-se ao buço da mãe... (1).

Também Rafael Bordalo Pinheiro (21/03/1846-23/01/1905) apreciador de patuscadas, caldeiradas incluídas, mencionou o "António das Caldeiradas", tendo-o apresentado sob a forma de Zé Povinho travestido de anjo, em gravura publicada in António Maria de 19.07.1883, pg. 230 (2).



E o que terá esta antiga casa de pasto a ver com a pré-história do nosso clube?

Bem para isso vamos à fonte mais credível. Vamos a uma transcrição de uma passagem de uma célebre entrevista de um dos nossos fundadores, Cosme Damião ao jornal "A Bola" (3):

"...Veio o primeiro treino, realizado num domingo, compareceram talvez uns 24 jogadores. Formaram-se dois grupos e não houve lugar para todos... Ao segundo treino, no domingo imediato, marcado, como todos, para o Hipódromo, compareceram apenas 18 ou 19. Já não foi possível arranjar dois «teams»... No terceiro domingo, o número desceu para 12 ou 13.



Quando os treinos findaram, os que podiam reuniam-se em almoço, na casa do António das Caldeiradas, à esquina do Largo de Belém.

Os teinos, os almoços, tudo isto se foi tornando conhecido a pouco e pouco, em Belém.

E começou a aparecer gente a ver os nossos treinos. Foi num dos domingos do Hipódromo que se travou conhecimento com o José Trabucho, antigo mestre do hiate real, e que acompanhava o grupo dos rapazes de Belém. E foi ali também que conhecemos um outro rapaz, o Manuel Gourlade"


O resto é história (ver o tópico de Manuel Gourlade)



Rua Vieira Portuense, ilustração de Roque Gameiro

Esse restaurante foi pois um lugar central no convívio entre os dois grupos de rapazes que esteve na base da ideia da junção de forças e talentos. Foi um dos lugares chave para o convívio entre rapazes pobres e remediados, mistura de classes e experiências de vida, congregação de vontades e talentos. Reunidos pelo amor ao futebol, construindo uma ideia de clube apologista da defesa dos valores e da saudável competição mas já com o desejo indómito de ganhar. Uma construção do povo e para o povo. De espírito Português com desejo de se estender pelo país e pelo mundo.

De Belém para o mundo com passagem e morada em Benfica: Sport Lisboa e Benfica!


Rua Vieira Portuense nos dias de hoje.

Da próxima vez que lá forem não se esqueçam de parar numa esplanada e brindar aos nossos fundadores. Afinal eles são os responsáveis por uma parte importante da nossa vida.

Ah, e já agora para os que desconhecem. O terreno à frente desse restaurante foi também o local do primeiro campo do Clube de Futebol "os Belenenses". A sede era um prédio bem ao lado do António das Caldeiradas.

"Os Belenenses", clube fundado por grandes ex-futebolistas do Benfica numa tentativa de recuperar o ideal e bairrismo de Belém. Local onde nasceu o Sport Lisboa mas também o Sport União Belenense e o Ajudense Futebol Clube, clubes de existência efémera mas todos demonstrativos da vitalidade e paixão que nesses tempos pioneiros se viveram em Belém e nos seus grandes descampados.


Campo do Pau do fio. O primeiro campo do CFB.

Em segundo plano lá está o António das Caldeiradas. Ao lado vê-se a bandeira do CFB hasteada na primeira sede que este clube teve.

Belém foi um local seminal em tantas épocas da nossa história. Porque não haveria também de o ter sido para o futebol?


Referências:
(1)   João Reboredo in http://www.gazetacaldas.com/24865/caldeiradas/
(2)   http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/OAntonioMaria/OAntonioMaria.htm
(3)   http://tudoportibenfica.blogspot.pt/2013/02/entrevista-cosme-damiao-ii.html



Fake Blood

Craque.
É sempre um prazer ver que existe material novo neste tópico.
Um excelente trabalho de pesquisa, tudo organizado, é um verdadeiro gosto ver a história ser tão bem tratada. Muito obrigado pela partilha.

PS: Foto do "Pau do fio" é espectáculo.

RedVC


Manel dos Anzois