As Finanças do Benfica

Flirt4ever

Confesso-me leigo no que as pormenores financeiros diz respeito, mas tenho a dizer que, pela primeira vez, acho que fizemos quase tudo bem nos últimos 2 mercados e que teremos um excelente resultado final, quer desportivo quer financeiro, no final desta época.

ramalho1

Citação de: DB4700 em 01 de Março de 2023, 11:52Uns pontos sobre o R&C Semestral

- o EBITDA é mais uma vez positivo (o ano passado não foi). Ou seja, aquilo que o Benfica faz a vender bilhetes, transmissões televisivas, patrocinios, dá para pagar os salários e os restantes custos do clube.

- É positivo não porque os salários diminuiram. Na verdade até subiram 1 milhão por semestre e estamos a caminho de gastar 120 milhões em salários esta época. É positivo porque estamos a fazer mais dinheiro com a televisão e prémios UEFA, mais 1 milhão em patrocinios e mais 5 milhões a vender bilhetes (isto comparado com o igual período 1 de Julho a 31 de Dezembro do ano passado).

- Fizemos mais 10 milhões em transmissões televisivas do que no ano passado que também passámos da Fase de Grupos. Isto deve-se, não só mas também, porque o ano passado fizemos 2V 2E e 2D, e este ano fizemos 4V e 2E. Logo aí vamos buscar mais 6-7 milhões. O resto creio que se deve a termos subido no ranking e isso também nos dar mais uns milhões no market pool do prémio da UEFA por estarmos na Fase de Grupos.

- A parte má é que a massa salarial não baixou. Se formos ver a nota 16 do R&C, as remunerações fixas baixaram um milhão, as variáveis subiram um milhão e meio e as indemnizações subiram um milhão. Estamos a caminho para ter 120 milhões em massa salarial. O FCPorto e o Sporting também apresentaram os seus R&C semestrais. O FCP está a gastar 51 milhões (ou seja a caminho para gastar 102 milhões na época) e o Sporting está a gastar 38 milhões, ou seja, a caminho para gastar 76 milhões na época, 44 milhões a menos do que nós.

- São 44 milhões a menos, e também são 15 pontos de distância e a andar na Champions League em vez da Liga Europa. Mas há o outro lado da moeda também. O Benfica sem a super Champions League que fez teria EBITDA negativo outra vez. E EBITDA negativo significa vender jogadores no final da época ao preço que o mercado oferecer porque precisamos de vender para pagar a diferença do que produzimos e o que gastamos.

- do EBITDA positivo de 9 milhões soma-se ainda mais quase 6 milhões com as transações de atletas, e isso dá-nos um EBITDA global do semestre de 15 milhões. Depois vêm as amortizações e os juros que pagamos, e isso torna o semestre negativo nos tais 13 milhões falados.

- as amortizações são o seguinte: quando contratamos um jogador, o valor dele é capitalizado e depois é subtraido contabilisticamente anualmente pelo número de anos de contrato que lhe damos. Ou seja, imaginemos que contratamos o Manel por 20 milhões com um contrato de 5 anos. Os 20 milhões do Manel entram no nosso activo mas não aparecem nos cálculos do apuramento do lucro nesse ano. Em vez disso, o Manel anualmente vai depreciar 4 milhões e a cada ano vão cair 4 milhões no apuramento do lucro. Ou seja, após um ano de Benfica, o valor do Manel no Activo vai estar 16 milhões (20 - 4) e nas amortizações vão estar 4 milhões. Ao final de dois anos, o Manel está 12 milhões no activo e caem mais 4 milhões no apuramento do lucro. Estes 4 milhões são as amortizações. O Benfica nos últimos 5 anos gastou mais de 200 milhões em reforços, naturalmente, estão a cair 40 milhões em amortizações por ano. Isto não é um custo real para o Benfica. É um custo que o clube teve e que em vez de ser contabilizado todo no momento da contratação, é contabilizado anualmente até que o jogador saia. Imaginemos que o Manel é um jovem de 20 anos muito promissor, como é hábito, não dura mais de um ano no Benfica, logo vai ser vendido no final do primeiro ano, onde contabilisticamente valia 16 milhões. O Benfica vende-o por 50 milhões. O Manel vai gerar uma mais-valia de 34 milhões (50-16). E o Manel vai sair do Activo do Benfica e vai deixar de "custar" 4 milhões anualmente em amortizações. Mas o Weigl ainda amortiza, o Gabriel amortiza, o Meite amortiza, o Otamendi amortiza, o Lucas amortiza, o Vlachodimos amortiza, os reforços desta época amortizam, e isso tudo "custou" quase 23 milhões neste semestre. O Rafa, o Grimaldo e os miúdos da formação amortizam, mas muito pouco porque como já vão no segundo contrato ou como não se teve que pagar a ninguém para virem para o clube, apenas amortizam os prémios que receberam na renovação.

- O Yaremchuk já não amortiza. Foi vendido e gerou um ganho de 1.21 milhões (foi vendido por 16+3 milhões (dos quais 1 milhão já foi concretizado), mas tinha custado no total 18 milhões e depois tivemos que pagar mais 3 milhões pelos 25% que o Gent tinha direito. Dos 21 milhões que nos custou, amortizou 4.25 milhões. Gerando a tal mais valia de 1.2 milhões

- o João Ferreira foi vendido por 2.5 milhões e gerou uma mais valia de 1.85 milhões e o Benfica tem 10% de uma mais-valia de uma venda. O Darwin gerou mais 5 milhões e o Everton mais 1 milhão pelos prémios. Desses 6 milhões, recebemos apenas 4.367 milhões que foram para terceiros, intermediários e solidariedade.

- O Carlos Vinícius, Nuno Santos e Úmaro Embaló foram vendidos e geraram um total de 6.7 milhões, mais 0.7 milhões em objectivos. 5M dizem respeito ao Vinicius. Temos ainda direito a 50% da venda do Vinicius, e 50% da mais valia Nuno Santos e do Úmaro.

- o ano passado, creio que foi neste R&C Semestral, que ficámos a saber que alguns jogadores tinham renovado automaticamente por mais um ano (Everton, Weigl, Darwin). Este ano não há qualquer menção a renovações automáticas. Não tenho a certeza se foi neste R&C ou no do final do ano.

- o Benfica não divulgou quanto gastou com o Enzo e o valor que já vi por aí não é totalmente correcto. Os 16 milhões são a soma de quanto o Enzo custou e 50% do montante variável que teria que pagar. Logo a pergunta se tínhamos que pagar os outros 4 milhões de variáveis que ficaram por cumprir, continua por responder. O presidente do River diz que sim

- a rúbrica de fornecimentos e serviços externos continua a subir. a gestão operacional com o Estádio voltou a subir 2 milhões e estamos a gastar mais 1.6 milhões em deslocações e estadias do que o ano passado.

- o Activo Corrente é de 123 milhões. O passivo corrente é de 220 milhões. São 97 milhões de diferença que o Benfica terá que arranjar. Desses 97, há 20 milhões que não são um custo real, são o adiantamento da NOS. Os outros 77 milhões são 50 milhões do empréstimo obrigacionista que vence este ano, e 34.5 milhões de empréstimos bancários novos que temos com o Montepio (1.5M), Novo Banco (17M) e OLB Bank (16M). A novidade aqui é o OLB Bank, um banco alemão que nos está a financiar a uma taxa mais baixa que os próprios empréstimos obrigacionistas. Estes 77 milhões terão que vir de algum lado. Ou vamos emitir um novo EO, ou vamos antecipar o Enzo e fazer outra venda no verão (Ramos provavelmente).


No global foi um belo semestre para o Benfica do ponto de vista financeiro. Há uma ameaça que é o aumento dos valores de empréstimos. Creio que este verão podemos reduzir uma bela fatia disso se vendermos mais um jogador. E há a outra ameaça que é a capacidade de ser autosustentável. O Benfica com uma super Champions foi autosustentável este semestre e mesmo assim acho que não vai dar para ser autosustentável durate o ano, porque no segundo semestre, os custos quase sempre multiplicam por dois, e as receitas não, porque o grosso do prémio da Champions é na fase de grupos e só se chegarmos às meias é que nos aproximamos do prémio da fase de grupos. Isto não é autosustentável para o clube e obriga o clube sempre a ter que vender um jogador no final da época. Este ano já vendemos o Enzo. Mas mesmo depois de vendermos o Enzo e de uma Super Champions, provavelmente vamos ter um lucro de 15-30 milhões (40 milhões foram para amortizações). A massa salarial continua explosiva. É imperativo diminui-la de forma muito significativa. Eu estava a espera que isso tivesse acontecido neste semestre, mas não aconteceu.

Muito obrigado pela explicação técnica que deste. Isto é serviço Benfiquista para a comunidade e deve-te ter dado um grande trabalho de análise e de posterior explicação detalhada. Mais uma vez. Obrigado

Savicevic

Atenção que, passando aos quartos-de-final da Champions, além da venda do Enzo faltarão contabilizar 2 receitas de bilheteira e quase 20M€ em prémios da UEFA. Acredito que com o pagamento de prémios de performance desportiva (título nacional + quartos da Champions) a folha salarial se mantenha mais ou menos igual (os 6.2M do prémio de assinatura não irão dobrar para o segundo semestre, mas os prémios irão certamente cobrir isso), daí que só se deverá perceber melhor a diminuição do valor das remunerações fixas no 1º semestre de 23/24.

Por fim, há uma nota de preocupação que tem que ver com o desequilíbrio exagerado na tesouraria que se criou com os desmandos do Vieira para ganhar eleições e que ainda não foi corrigido.

Temos um passivo corrente de 220M€ para um ativo corrente de 120M€ (ambos os rivais têm uma situação de desequilíbrio mas para pior). Há uns anos tínhamos isto muito mais bem controlado e é outra coisa que temos que inverter a curto prazo, porque a tesouraria também pressiona a venda de jogadores.

Savicevic

#83778
Citação de: DB4700 em 01 de Março de 2023, 11:52Uns pontos sobre o R&C Semestral

- o EBITDA é mais uma vez positivo (o ano passado não foi). Ou seja, aquilo que o Benfica faz a vender bilhetes, transmissões televisivas, patrocinios, dá para pagar os salários e os restantes custos do clube.

- É positivo não porque os salários diminuiram. Na verdade até subiram 1 milhão por semestre e estamos a caminho de gastar 120 milhões em salários esta época. É positivo porque estamos a fazer mais dinheiro com a televisão e prémios UEFA, mais 1 milhão em patrocinios e mais 5 milhões a vender bilhetes (isto comparado com o igual período 1 de Julho a 31 de Dezembro do ano passado).

- Fizemos mais 10 milhões em transmissões televisivas do que no ano passado que também passámos da Fase de Grupos. Isto deve-se, não só mas também, porque o ano passado fizemos 2V 2E e 2D, e este ano fizemos 4V e 2E. Logo aí vamos buscar mais 6-7 milhões. O resto creio que se deve a termos subido no ranking e isso também nos dar mais uns milhões no market pool do prémio da UEFA por estarmos na Fase de Grupos.

- A parte má é que a massa salarial não baixou. Se formos ver a nota 16 do R&C, as remunerações fixas baixaram um milhão, as variáveis subiram um milhão e meio e as indemnizações subiram um milhão. Estamos a caminho para ter 120 milhões em massa salarial. O FCPorto e o Sporting também apresentaram os seus R&C semestrais. O FCP está a gastar 51 milhões (ou seja a caminho para gastar 102 milhões na época) e o Sporting está a gastar 38 milhões, ou seja, a caminho para gastar 76 milhões na época, 44 milhões a menos do que nós.

- São 44 milhões a menos, e também são 15 pontos de distância e a andar na Champions League em vez da Liga Europa. Mas há o outro lado da moeda também. O Benfica sem a super Champions League que fez teria EBITDA negativo outra vez. E EBITDA negativo significa vender jogadores no final da época ao preço que o mercado oferecer porque precisamos de vender para pagar a diferença do que produzimos e o que gastamos.

- do EBITDA positivo de 9 milhões soma-se ainda mais quase 6 milhões com as transações de atletas, e isso dá-nos um EBITDA global do semestre de 15 milhões. Depois vêm as amortizações e os juros que pagamos, e isso torna o semestre negativo nos tais 13 milhões falados.

- as amortizações são o seguinte: quando contratamos um jogador, o valor dele é capitalizado e depois é subtraido contabilisticamente anualmente pelo número de anos de contrato que lhe damos. Ou seja, imaginemos que contratamos o Manel por 20 milhões com um contrato de 5 anos. Os 20 milhões do Manel entram no nosso activo mas não aparecem nos cálculos do apuramento do lucro nesse ano. Em vez disso, o Manel anualmente vai depreciar 4 milhões e a cada ano vão cair 4 milhões no apuramento do lucro. Ou seja, após um ano de Benfica, o valor do Manel no Activo vai estar 16 milhões (20 - 4) e nas amortizações vão estar 4 milhões. Ao final de dois anos, o Manel está 12 milhões no activo e caem mais 4 milhões no apuramento do lucro. Estes 4 milhões são as amortizações. O Benfica nos últimos 5 anos gastou mais de 200 milhões em reforços, naturalmente, estão a cair 40 milhões em amortizações por ano. Isto não é um custo real para o Benfica. É um custo que o clube teve e que em vez de ser contabilizado todo no momento da contratação, é contabilizado anualmente até que o jogador saia. Imaginemos que o Manel é um jovem de 20 anos muito promissor, como é hábito, não dura mais de um ano no Benfica, logo vai ser vendido no final do primeiro ano, onde contabilisticamente valia 16 milhões. O Benfica vende-o por 50 milhões. O Manel vai gerar uma mais-valia de 34 milhões (50-16). E o Manel vai sair do Activo do Benfica e vai deixar de "custar" 4 milhões anualmente em amortizações. Mas o Weigl ainda amortiza, o Gabriel amortiza, o Meite amortiza, o Otamendi amortiza, o Lucas amortiza, o Vlachodimos amortiza, os reforços desta época amortizam, e isso tudo "custou" quase 23 milhões neste semestre. O Rafa, o Grimaldo e os miúdos da formação amortizam, mas muito pouco porque como já vão no segundo contrato ou como não se teve que pagar a ninguém para virem para o clube, apenas amortizam os prémios que receberam na renovação.

- O Yaremchuk já não amortiza. Foi vendido e gerou um ganho de 1.21 milhões (foi vendido por 16+3 milhões (dos quais 1 milhão já foi concretizado), mas tinha custado no total 18 milhões e depois tivemos que pagar mais 3 milhões pelos 25% que o Gent tinha direito. Dos 21 milhões que nos custou, amortizou 4.25 milhões. Gerando a tal mais valia de 1.2 milhões

- o João Ferreira foi vendido por 2.5 milhões e gerou uma mais valia de 1.85 milhões e o Benfica tem 10% de uma mais-valia de uma venda. O Darwin gerou mais 5 milhões e o Everton mais 1 milhão pelos prémios. Desses 6 milhões, recebemos apenas 4.367 milhões que foram para terceiros, intermediários e solidariedade.

- O Carlos Vinícius, Nuno Santos e Úmaro Embaló foram vendidos e geraram um total de 6.7 milhões, mais 0.7 milhões em objectivos. 5M dizem respeito ao Vinicius. Temos ainda direito a 50% da venda do Vinicius, e 50% da mais valia Nuno Santos e do Úmaro.

- o ano passado, creio que foi neste R&C Semestral, que ficámos a saber que alguns jogadores tinham renovado automaticamente por mais um ano (Everton, Weigl, Darwin). Este ano não há qualquer menção a renovações automáticas. Não tenho a certeza se foi neste R&C ou no do final do ano.

- o Benfica não divulgou quanto gastou com o Enzo e o valor que já vi por aí não é totalmente correcto. Os 16 milhões são a soma de quanto o Enzo custou e 50% do montante variável que teria que pagar. Logo a pergunta se tínhamos que pagar os outros 4 milhões de variáveis que ficaram por cumprir, continua por responder. O presidente do River diz que sim

- a rúbrica de fornecimentos e serviços externos continua a subir. a gestão operacional com o Estádio voltou a subir 2 milhões e estamos a gastar mais 1.6 milhões em deslocações e estadias do que o ano passado.

- o Activo Corrente é de 123 milhões. O passivo corrente é de 220 milhões. São 97 milhões de diferença que o Benfica terá que arranjar. Desses 97, há 20 milhões que não são um custo real, são o adiantamento da NOS. Os outros 77 milhões são 50 milhões do empréstimo obrigacionista que vence este ano, e 34.5 milhões de empréstimos bancários novos que temos com o Montepio (1.5M), Novo Banco (17M) e OLB Bank (16M). A novidade aqui é o OLB Bank, um banco alemão que nos está a financiar a uma taxa mais baixa que os próprios empréstimos obrigacionistas. Estes 77 milhões terão que vir de algum lado. Ou vamos emitir um novo EO, ou vamos antecipar o Enzo e fazer outra venda no verão (Ramos provavelmente).


No global foi um belo semestre para o Benfica do ponto de vista financeiro. Há uma ameaça que é o aumento dos valores de empréstimos. Creio que este verão podemos reduzir uma bela fatia disso se vendermos mais um jogador. E há a outra ameaça que é a capacidade de ser autosustentável. O Benfica com uma super Champions foi autosustentável este semestre e mesmo assim acho que não vai dar para ser autosustentável durate o ano, porque no segundo semestre, os custos quase sempre multiplicam por dois, e as receitas não, porque o grosso do prémio da Champions é na fase de grupos e só se chegarmos às meias é que nos aproximamos do prémio da fase de grupos. Isto não é autosustentável para o clube e obriga o clube sempre a ter que vender um jogador no final da época. Este ano já vendemos o Enzo. Mas mesmo depois de vendermos o Enzo e de uma Super Champions, provavelmente vamos ter um lucro de 15-30 milhões (40 milhões foram para amortizações). A massa salarial continua explosiva. É imperativo diminui-la de forma muito significativa. Eu estava a espera que isso tivesse acontecido neste semestre, mas não aconteceu.

Isso está explicado nas notas introdutórias. Foram registados prémios de assinatura de 6.2M€ e houve custos que foram para aí (acordos de rescisão, etc). A componente de remunerações fixas baixou, simplesmente tivemos que pagar para resolver problemas.

"Os gastos com pessoal ascendem a 60 milhões de euros, o que significa um crescimento de 1,6% face ao período homólogo, sendo esta variação principalmente explicada pelo aumento das remunerações variáveis, em consequência do desempenho desportivo da equipa principal de futebol, e das indemnizações associadas às rescisões acordadas no início da época. De referir que, apesar da diminuição verificada nas remunerações fixas, esse decréscimo não reflete a efetiva redução que ocorreu na massa salarial, dado que (i) foi reconhecido neste semestre um gasto de 6,2 milhões de euros associado a prémios de assinatura e (ii) este semestre ainda tem o impacto de alguns vencimentos de jogadores com peso na massa salarial que foram saindo do plantel do Benfica ao longo da época."

Quando desaparecer isto tudo, em princípio, dará para perceber a redução da massa salarial.

Edit: tinha lido mal e interpretado que era um prémio de assinatura de 6.2M€, mas afinal é associado a "prémios" (plural). Assim sendo já não me parece que seja uma despesa fora do normal, mas nesse caso também não compreendo bem a menção específica.

Shoky

#83779
O Benfica despachou, EM DEFINITIVO, e apenas em meses os seguintes "jogadores":

Svilar
Helton Leite
André Almeida
Vertonghen
Ferro
Lazaro
Weigl
Pizzi
Gedson Fernandes
Taarabt
Meité
Diogo Gonçalves
Gil Dias
Waldschmidt
Everton Cebolinha
Radonjic
Seferovic
Rodrigo Pinho
Vinicius


Weigl e Seferovic sendo os únicos por empréstimo. Mas que serão vendidos por muito ou pouco, facilmente.

Trabalho surreal e que não pensava possível. O nosso plantel era uma merda tão grande que rivalizava quase com o do Porto deste ano, exceptuando Rafa, João Mário, Grimaldo, Darwin, Otamendi, Lucas, Morato e Ramos.

Shoky

Citação de: Savicevic em 01 de Março de 2023, 12:03Atenção que, passando aos quartos-de-final da Champions, além da venda do Enzo faltarão contabilizar 2 receitas de bilheteira e quase 20M€ em prémios da UEFA. Acredito que com o pagamento de prémios de performance desportiva (título nacional + quartos da Champions) a folha salarial se mantenha mais ou menos igual (os 6.2M do prémio de assinatura não irão dobrar para o segundo semestre, mas os prémios irão certamente cobrir isso), daí que só se deverá perceber melhor a diminuição do valor das remunerações fixas no 1º semestre de 23/24.

Por fim, há uma nota de preocupação que tem que ver com o desequilíbrio exagerado na tesouraria que se criou com os desmandos do Vieira para ganhar eleições e que ainda não foi corrigido.

Temos um passivo corrente de 220M€ para um ativo corrente de 120M€ (ambos os rivais têm uma situação de desequilíbrio mas para pior). Há uns anos tínhamos isto muito mais bem controlado e é outra coisa que temos que inverter a curto prazo, porque a tesouraria também pressiona a venda de jogadores.

Umas eventuais meias-finais da LC seriam um bolo inacreditável.

zefo

Citação de: Shoky em 01 de Março de 2023, 12:13O Benfica despachou, EM DEFINITIVO, e apenas em meses os seguintes "jogadores":

Svilar
Helton Leite
André Almeida
Vertonghen
Ferro
Lazaro
Weigl
Pizzi
Gedson Fernandes
Taarabt
Meité
Diogo Gonçalves
Gil Dias
Waldschmidt
Everton Cebolinha
Radonjic
Seferovic
Rodrigo Pinho
Vinicius


Weigl e Seferovic sendo os únicos por empréstimo. Mas que serão vendidos por muito ou pouco, facilmente.

Trabalho surreal e que não pensava possível. O nosso plantel era uma merda tão grande que rivalizava quase com o do Porto deste ano, exceptuando Rafa, João Mário, Grimaldo, Darwin, Otamendi, Lucas, Morato e Ramos.
O Meite foi despachado???

Mercurio_10

Citação de: Polygraph em 01 de Março de 2023, 11:30
Citação de: iloy em 01 de Março de 2023, 11:03Acho isso preocupante porque com esta gestão simplesmente o Benfica não tem qualquer margem se não vende um jogador com grandes valores.
O ano passado não fomos campeões mas mesmo que assim fomos longe na LDC que permitiu um encaixe de 70 milhões!!
Com 20 milhões de vendas em jogadores ainda temos prejuízo de 13 milhões?
FDS mas o Benfica precisa de fazer cada ano mais de 100 milhões de receitas extraordinárias para estar com um saldo minimamente positivo?

Como já alguém disse aí, sim, precisas.

O modelo do Benfica só é sustentável com vendas, ponto.

Se queres deixar de vender, deixarás de ter capacidade de atrair talentos que já não aceitam vir para a Europa por uma sandes de chouriço.

É preciso fazer uma escolha:
- Ou queremos baixar custos e aí baixará, naturalmente, a qualidade do plantel. Ficará para consumo interno e, quando o rei faz anos, uma gracinha na Europa (como os Brugge ou Salzburgos desta vida).
- Ou queremos continuar a atrair qualidade (os Enzos, Darwins, Aursnes etc.) e, para isso, temos que vender todos os anos.

São decisões. Eu prefiro a segunda, mas é legítimo que se prefira a primeira.

Vender é inevitável, porque a Liga Portuguesa é infelizmente uma Liga de passagem, e por muito relevante que o Benfica seja historicamente, há um momento em que os jogadores querem ir para o patamar dos tubarões.

Importante é que se consiga reter o talento o mais possível, ter cá os grandes jogadores dois ou três anos, ter os bons jogadores que não são tão excitantes para os tubarões durante mais tempo, eu aqui estou a pensar num perfil 'Aursnes', vender bem e caro e não à primeira oportunidade. Manter uma base e pensar em bons plantéis com ajustes anualmente e não revoluções. E aproveitar para regressos tipo Guedes, boas oportunidades de jogadores ainda em muito boa idade, que gostam do Benfica e que num momento certo consigam regressar, não vai dar com muitos, mas de vez em quando é possível.

J_PN

Citação de: Flirt4ever em 01 de Março de 2023, 11:59Confesso-me leigo no que as pormenores financeiros diz respeito, mas tenho a dizer que, pela primeira vez, acho que fizemos quase tudo bem nos últimos 2 mercados e que teremos um excelente resultado final, quer desportivo quer financeiro, no final desta época.

Não é num ano que se reverte as megalomanias de JJ. Vai demorar, mas estamos no caminho certo.

Polygraph

Citação de: Mercurio_10 em 01 de Março de 2023, 12:25
Citação de: Polygraph em 01 de Março de 2023, 11:30
Citação de: iloy em 01 de Março de 2023, 11:03Acho isso preocupante porque com esta gestão simplesmente o Benfica não tem qualquer margem se não vende um jogador com grandes valores.
O ano passado não fomos campeões mas mesmo que assim fomos longe na LDC que permitiu um encaixe de 70 milhões!!
Com 20 milhões de vendas em jogadores ainda temos prejuízo de 13 milhões?
FDS mas o Benfica precisa de fazer cada ano mais de 100 milhões de receitas extraordinárias para estar com um saldo minimamente positivo?

Como já alguém disse aí, sim, precisas.

O modelo do Benfica só é sustentável com vendas, ponto.

Se queres deixar de vender, deixarás de ter capacidade de atrair talentos que já não aceitam vir para a Europa por uma sandes de chouriço.

É preciso fazer uma escolha:
- Ou queremos baixar custos e aí baixará, naturalmente, a qualidade do plantel. Ficará para consumo interno e, quando o rei faz anos, uma gracinha na Europa (como os Brugge ou Salzburgos desta vida).
- Ou queremos continuar a atrair qualidade (os Enzos, Darwins, Aursnes etc.) e, para isso, temos que vender todos os anos.

São decisões. Eu prefiro a segunda, mas é legítimo que se prefira a primeira.

Vender é inevitável, porque a Liga Portuguesa é infelizmente uma Liga de passagem, e por muito relevante que o Benfica seja historicamente, há um momento em que os jogadores querem ir para o patamar dos tubarões.

Importante é que se consiga reter o talento o mais possível, ter cá os grandes jogadores dois ou três anos, ter os bons jogadores que não são tão excitantes para os tubarões durante mais tempo, eu aqui estou a pensar num perfil 'Aursnes', vender bem e caro e não à primeira oportunidade. Manter uma base e pensar em bons plantéis com ajustes anualmente e não revoluções. E aproveitar para regressos tipo Guedes, boas oportunidades de jogadores ainda em muito boa idade, que gostam do Benfica e que num momento certo consigam regressar, não vai dar com muitos, mas de vez em quando é possível.

Mas para teres cá os grandes jogadores por dois ou três anos, tens que lhes pagar (contando que eles quereriam cá ficar).

E se lhes queres pagar para os segurar, tens que vender grandes jogadores.

É a chamada pescadinha de rabo na boca.

Bekambol

Citação de: Savicevic em 01 de Março de 2023, 12:03Atenção que, passando aos quartos-de-final da Champions, além da venda do Enzo faltarão contabilizar 2 receitas de bilheteira e quase 20M€ em prémios da UEFA. Acredito que com o pagamento de prémios de performance desportiva (título nacional + quartos da Champions) a folha salarial se mantenha mais ou menos igual (os 6.2M do prémio de assinatura não irão dobrar para o segundo semestre, mas os prémios irão certamente cobrir isso), daí que só se deverá perceber melhor a diminuição do valor das remunerações fixas no 1º semestre de 23/24.

Por fim, há uma nota de preocupação que tem que ver com o desequilíbrio exagerado na tesouraria que se criou com os desmandos do Vieira para ganhar eleições e que ainda não foi corrigido.

Temos um passivo corrente de 220M€ para um ativo corrente de 120M€ (ambos os rivais têm uma situação de desequilíbrio mas para pior). Há uns anos tínhamos isto muito mais bem controlado e é outra coisa que temos que inverter a curto prazo, porque a tesouraria também pressiona a venda de jogadores.

Sim, é verdade. Temos de tentar fazer as tais vendas de jogadores, se bem que sejam bem calculadas e geridas, Também,  para bem do plantel.

L1968

Citação de: DB4700 em 01 de Março de 2023, 11:52Uns pontos sobre o R&C Semestral

- o EBITDA é mais uma vez positivo (o ano passado não foi). Ou seja, aquilo que o Benfica faz a vender bilhetes, transmissões televisivas, patrocinios, dá para pagar os salários e os restantes custos do clube.

- É positivo não porque os salários diminuiram. Na verdade até subiram 1 milhão por semestre e estamos a caminho de gastar 120 milhões em salários esta época. É positivo porque estamos a fazer mais dinheiro com a televisão e prémios UEFA, mais 1 milhão em patrocinios e mais 5 milhões a vender bilhetes (isto comparado com o igual período 1 de Julho a 31 de Dezembro do ano passado).

- Fizemos mais 10 milhões em transmissões televisivas do que no ano passado que também passámos da Fase de Grupos. Isto deve-se, não só mas também, porque o ano passado fizemos 2V 2E e 2D, e este ano fizemos 4V e 2E. Logo aí vamos buscar mais 6-7 milhões. O resto creio que se deve a termos subido no ranking e isso também nos dar mais uns milhões no market pool do prémio da UEFA por estarmos na Fase de Grupos.

- A parte má é que a massa salarial não baixou. Se formos ver a nota 16 do R&C, as remunerações fixas baixaram um milhão, as variáveis subiram um milhão e meio e as indemnizações subiram um milhão. Estamos a caminho para ter 120 milhões em massa salarial. O FCPorto e o Sporting também apresentaram os seus R&C semestrais. O FCP está a gastar 51 milhões (ou seja a caminho para gastar 102 milhões na época) e o Sporting está a gastar 38 milhões, ou seja, a caminho para gastar 76 milhões na época, 44 milhões a menos do que nós.

- São 44 milhões a menos, e também são 15 pontos de distância e a andar na Champions League em vez da Liga Europa. Mas há o outro lado da moeda também. O Benfica sem a super Champions League que fez teria EBITDA negativo outra vez. E EBITDA negativo significa vender jogadores no final da época ao preço que o mercado oferecer porque precisamos de vender para pagar a diferença do que produzimos e o que gastamos.

- do EBITDA positivo de 9 milhões soma-se ainda mais quase 6 milhões com as transações de atletas, e isso dá-nos um EBITDA global do semestre de 15 milhões. Depois vêm as amortizações e os juros que pagamos, e isso torna o semestre negativo nos tais 13 milhões falados.

- as amortizações são o seguinte: quando contratamos um jogador, o valor dele é capitalizado e depois é subtraido contabilisticamente anualmente pelo número de anos de contrato que lhe damos. Ou seja, imaginemos que contratamos o Manel por 20 milhões com um contrato de 5 anos. Os 20 milhões do Manel entram no nosso activo mas não aparecem nos cálculos do apuramento do lucro nesse ano. Em vez disso, o Manel anualmente vai depreciar 4 milhões e a cada ano vão cair 4 milhões no apuramento do lucro. Ou seja, após um ano de Benfica, o valor do Manel no Activo vai estar 16 milhões (20 - 4) e nas amortizações vão estar 4 milhões. Ao final de dois anos, o Manel está 12 milhões no activo e caem mais 4 milhões no apuramento do lucro. Estes 4 milhões são as amortizações. O Benfica nos últimos 5 anos gastou mais de 200 milhões em reforços, naturalmente, estão a cair 40 milhões em amortizações por ano. Isto não é um custo real para o Benfica. É um custo que o clube teve e que em vez de ser contabilizado todo no momento da contratação, é contabilizado anualmente até que o jogador saia. Imaginemos que o Manel é um jovem de 20 anos muito promissor, como é hábito, não dura mais de um ano no Benfica, logo vai ser vendido no final do primeiro ano, onde contabilisticamente valia 16 milhões. O Benfica vende-o por 50 milhões. O Manel vai gerar uma mais-valia de 34 milhões (50-16). E o Manel vai sair do Activo do Benfica e vai deixar de "custar" 4 milhões anualmente em amortizações. Mas o Weigl ainda amortiza, o Gabriel amortiza, o Meite amortiza, o Otamendi amortiza, o Lucas amortiza, o Vlachodimos amortiza, os reforços desta época amortizam, e isso tudo "custou" quase 23 milhões neste semestre. O Rafa, o Grimaldo e os miúdos da formação amortizam, mas muito pouco porque como já vão no segundo contrato ou como não se teve que pagar a ninguém para virem para o clube, apenas amortizam os prémios que receberam na renovação.

- O Yaremchuk já não amortiza. Foi vendido e gerou um ganho de 1.21 milhões (foi vendido por 16+3 milhões (dos quais 1 milhão já foi concretizado), mas tinha custado no total 18 milhões e depois tivemos que pagar mais 3 milhões pelos 25% que o Gent tinha direito. Dos 21 milhões que nos custou, amortizou 4.25 milhões. Gerando a tal mais valia de 1.2 milhões

- o João Ferreira foi vendido por 2.5 milhões e gerou uma mais valia de 1.85 milhões e o Benfica tem 10% de uma mais-valia de uma venda. O Darwin gerou mais 5 milhões e o Everton mais 1 milhão pelos prémios. Desses 6 milhões, recebemos apenas 4.367 milhões que foram para terceiros, intermediários e solidariedade.

- O Carlos Vinícius, Nuno Santos e Úmaro Embaló foram vendidos e geraram um total de 6.7 milhões, mais 0.7 milhões em objectivos. 5M dizem respeito ao Vinicius. Temos ainda direito a 50% da venda do Vinicius, e 50% da mais valia Nuno Santos e do Úmaro.

- o ano passado, creio que foi neste R&C Semestral, que ficámos a saber que alguns jogadores tinham renovado automaticamente por mais um ano (Everton, Weigl, Darwin). Este ano não há qualquer menção a renovações automáticas. Não tenho a certeza se foi neste R&C ou no do final do ano.

- o Benfica não divulgou quanto gastou com o Enzo e o valor que já vi por aí não é totalmente correcto. Os 16 milhões são a soma de quanto o Enzo custou e 50% do montante variável que teria que pagar. Logo a pergunta se tínhamos que pagar os outros 4 milhões de variáveis que ficaram por cumprir, continua por responder. O presidente do River diz que sim

- a rúbrica de fornecimentos e serviços externos continua a subir. a gestão operacional com o Estádio voltou a subir 2 milhões e estamos a gastar mais 1.6 milhões em deslocações e estadias do que o ano passado.

- o Activo Corrente é de 123 milhões. O passivo corrente é de 220 milhões. São 97 milhões de diferença que o Benfica terá que arranjar. Desses 97, há 20 milhões que não são um custo real, são o adiantamento da NOS. Os outros 77 milhões são 50 milhões do empréstimo obrigacionista que vence este ano, e 34.5 milhões de empréstimos bancários novos que temos com o Montepio (1.5M), Novo Banco (17M) e OLB Bank (16M). A novidade aqui é o OLB Bank, um banco alemão que nos está a financiar a uma taxa mais baixa que os próprios empréstimos obrigacionistas. Estes 77 milhões terão que vir de algum lado. Ou vamos emitir um novo EO, ou vamos antecipar o Enzo e fazer outra venda no verão (Ramos provavelmente).


No global foi um belo semestre para o Benfica do ponto de vista financeiro. Há uma ameaça que é o aumento dos valores de empréstimos. Creio que este verão podemos reduzir uma bela fatia disso se vendermos mais um jogador. E há a outra ameaça que é a capacidade de ser autosustentável. O Benfica com uma super Champions foi autosustentável este semestre e mesmo assim acho que não vai dar para ser autosustentável durate o ano, porque no segundo semestre, os custos quase sempre multiplicam por dois, e as receitas não, porque o grosso do prémio da Champions é na fase de grupos e só se chegarmos às meias é que nos aproximamos do prémio da fase de grupos. Isto não é autosustentável para o clube e obriga o clube sempre a ter que vender um jogador no final da época. Este ano já vendemos o Enzo. Mas mesmo depois de vendermos o Enzo e de uma Super Champions, provavelmente vamos ter um lucro de 15-30 milhões (40 milhões foram para amortizações). A massa salarial continua explosiva. É imperativo diminui-la de forma muito significativa. Eu estava a espera que isso tivesse acontecido neste semestre, mas não aconteceu.

Muito obrigado pela excelente explicação.

GiiB_10

Citação de: Shoky em 01 de Março de 2023, 12:13O Benfica despachou, EM DEFINITIVO, e apenas em meses os seguintes "jogadores":

Svilar
Helton Leite
André Almeida
Vertonghen
Ferro
Lazaro
Weigl
Pizzi
Gedson Fernandes
Taarabt
Meité
Diogo Gonçalves
Gil Dias
Waldschmidt
Everton Cebolinha
Radonjic
Seferovic
Rodrigo Pinho
Vinicius


Weigl e Seferovic sendo os únicos por empréstimo. Mas que serão vendidos por muito ou pouco, facilmente.

Trabalho surreal e que não pensava possível. O nosso plantel era uma merda tão grande que rivalizava quase com o do Porto deste ano, exceptuando Rafa, João Mário, Grimaldo, Darwin, Otamendi, Lucas, Morato e Ramos.
O Meite está emprestado.

Bem como o Gabriel, que regressará agora em Junho.

São os 4 casos mais graves, atualmente. Meite, Gabriel, Weigl e Seferovic. A juntar a estes, a saída do Draxler, são mais de 20 milhões em vencimentos.

Bekambol

Citação de: L1968 em 01 de Março de 2023, 12:40
Citação de: DB4700 em 01 de Março de 2023, 11:52Uns pontos sobre o R&C Semestral

- o EBITDA é mais uma vez positivo (o ano passado não foi). Ou seja, aquilo que o Benfica faz a vender bilhetes, transmissões televisivas, patrocinios, dá para pagar os salários e os restantes custos do clube.

- É positivo não porque os salários diminuiram. Na verdade até subiram 1 milhão por semestre e estamos a caminho de gastar 120 milhões em salários esta época. É positivo porque estamos a fazer mais dinheiro com a televisão e prémios UEFA, mais 1 milhão em patrocinios e mais 5 milhões a vender bilhetes (isto comparado com o igual período 1 de Julho a 31 de Dezembro do ano passado).

- Fizemos mais 10 milhões em transmissões televisivas do que no ano passado que também passámos da Fase de Grupos. Isto deve-se, não só mas também, porque o ano passado fizemos 2V 2E e 2D, e este ano fizemos 4V e 2E. Logo aí vamos buscar mais 6-7 milhões. O resto creio que se deve a termos subido no ranking e isso também nos dar mais uns milhões no market pool do prémio da UEFA por estarmos na Fase de Grupos.

- A parte má é que a massa salarial não baixou. Se formos ver a nota 16 do R&C, as remunerações fixas baixaram um milhão, as variáveis subiram um milhão e meio e as indemnizações subiram um milhão. Estamos a caminho para ter 120 milhões em massa salarial. O FCPorto e o Sporting também apresentaram os seus R&C semestrais. O FCP está a gastar 51 milhões (ou seja a caminho para gastar 102 milhões na época) e o Sporting está a gastar 38 milhões, ou seja, a caminho para gastar 76 milhões na época, 44 milhões a menos do que nós.

- São 44 milhões a menos, e também são 15 pontos de distância e a andar na Champions League em vez da Liga Europa. Mas há o outro lado da moeda também. O Benfica sem a super Champions League que fez teria EBITDA negativo outra vez. E EBITDA negativo significa vender jogadores no final da época ao preço que o mercado oferecer porque precisamos de vender para pagar a diferença do que produzimos e o que gastamos.

- do EBITDA positivo de 9 milhões soma-se ainda mais quase 6 milhões com as transações de atletas, e isso dá-nos um EBITDA global do semestre de 15 milhões. Depois vêm as amortizações e os juros que pagamos, e isso torna o semestre negativo nos tais 13 milhões falados.

- as amortizações são o seguinte: quando contratamos um jogador, o valor dele é capitalizado e depois é subtraido contabilisticamente anualmente pelo número de anos de contrato que lhe damos. Ou seja, imaginemos que contratamos o Manel por 20 milhões com um contrato de 5 anos. Os 20 milhões do Manel entram no nosso activo mas não aparecem nos cálculos do apuramento do lucro nesse ano. Em vez disso, o Manel anualmente vai depreciar 4 milhões e a cada ano vão cair 4 milhões no apuramento do lucro. Ou seja, após um ano de Benfica, o valor do Manel no Activo vai estar 16 milhões (20 - 4) e nas amortizações vão estar 4 milhões. Ao final de dois anos, o Manel está 12 milhões no activo e caem mais 4 milhões no apuramento do lucro. Estes 4 milhões são as amortizações. O Benfica nos últimos 5 anos gastou mais de 200 milhões em reforços, naturalmente, estão a cair 40 milhões em amortizações por ano. Isto não é um custo real para o Benfica. É um custo que o clube teve e que em vez de ser contabilizado todo no momento da contratação, é contabilizado anualmente até que o jogador saia. Imaginemos que o Manel é um jovem de 20 anos muito promissor, como é hábito, não dura mais de um ano no Benfica, logo vai ser vendido no final do primeiro ano, onde contabilisticamente valia 16 milhões. O Benfica vende-o por 50 milhões. O Manel vai gerar uma mais-valia de 34 milhões (50-16). E o Manel vai sair do Activo do Benfica e vai deixar de "custar" 4 milhões anualmente em amortizações. Mas o Weigl ainda amortiza, o Gabriel amortiza, o Meite amortiza, o Otamendi amortiza, o Lucas amortiza, o Vlachodimos amortiza, os reforços desta época amortizam, e isso tudo "custou" quase 23 milhões neste semestre. O Rafa, o Grimaldo e os miúdos da formação amortizam, mas muito pouco porque como já vão no segundo contrato ou como não se teve que pagar a ninguém para virem para o clube, apenas amortizam os prémios que receberam na renovação.

- O Yaremchuk já não amortiza. Foi vendido e gerou um ganho de 1.21 milhões (foi vendido por 16+3 milhões (dos quais 1 milhão já foi concretizado), mas tinha custado no total 18 milhões e depois tivemos que pagar mais 3 milhões pelos 25% que o Gent tinha direito. Dos 21 milhões que nos custou, amortizou 4.25 milhões. Gerando a tal mais valia de 1.2 milhões

- o João Ferreira foi vendido por 2.5 milhões e gerou uma mais valia de 1.85 milhões e o Benfica tem 10% de uma mais-valia de uma venda. O Darwin gerou mais 5 milhões e o Everton mais 1 milhão pelos prémios. Desses 6 milhões, recebemos apenas 4.367 milhões que foram para terceiros, intermediários e solidariedade.

- O Carlos Vinícius, Nuno Santos e Úmaro Embaló foram vendidos e geraram um total de 6.7 milhões, mais 0.7 milhões em objectivos. 5M dizem respeito ao Vinicius. Temos ainda direito a 50% da venda do Vinicius, e 50% da mais valia Nuno Santos e do Úmaro.

- o ano passado, creio que foi neste R&C Semestral, que ficámos a saber que alguns jogadores tinham renovado automaticamente por mais um ano (Everton, Weigl, Darwin). Este ano não há qualquer menção a renovações automáticas. Não tenho a certeza se foi neste R&C ou no do final do ano.

- o Benfica não divulgou quanto gastou com o Enzo e o valor que já vi por aí não é totalmente correcto. Os 16 milhões são a soma de quanto o Enzo custou e 50% do montante variável que teria que pagar. Logo a pergunta se tínhamos que pagar os outros 4 milhões de variáveis que ficaram por cumprir, continua por responder. O presidente do River diz que sim

- a rúbrica de fornecimentos e serviços externos continua a subir. a gestão operacional com o Estádio voltou a subir 2 milhões e estamos a gastar mais 1.6 milhões em deslocações e estadias do que o ano passado.

- o Activo Corrente é de 123 milhões. O passivo corrente é de 220 milhões. São 97 milhões de diferença que o Benfica terá que arranjar. Desses 97, há 20 milhões que não são um custo real, são o adiantamento da NOS. Os outros 77 milhões são 50 milhões do empréstimo obrigacionista que vence este ano, e 34.5 milhões de empréstimos bancários novos que temos com o Montepio (1.5M), Novo Banco (17M) e OLB Bank (16M). A novidade aqui é o OLB Bank, um banco alemão que nos está a financiar a uma taxa mais baixa que os próprios empréstimos obrigacionistas. Estes 77 milhões terão que vir de algum lado. Ou vamos emitir um novo EO, ou vamos antecipar o Enzo e fazer outra venda no verão (Ramos provavelmente).


No global foi um belo semestre para o Benfica do ponto de vista financeiro. Há uma ameaça que é o aumento dos valores de empréstimos. Creio que este verão podemos reduzir uma bela fatia disso se vendermos mais um jogador. E há a outra ameaça que é a capacidade de ser autosustentável. O Benfica com uma super Champions foi autosustentável este semestre e mesmo assim acho que não vai dar para ser autosustentável durate o ano, porque no segundo semestre, os custos quase sempre multiplicam por dois, e as receitas não, porque o grosso do prémio da Champions é na fase de grupos e só se chegarmos às meias é que nos aproximamos do prémio da fase de grupos. Isto não é autosustentável para o clube e obriga o clube sempre a ter que vender um jogador no final da época. Este ano já vendemos o Enzo. Mas mesmo depois de vendermos o Enzo e de uma Super Champions, provavelmente vamos ter um lucro de 15-30 milhões (40 milhões foram para amortizações). A massa salarial continua explosiva. É imperativo diminui-la de forma muito significativa. Eu estava a espera que isso tivesse acontecido neste semestre, mas não aconteceu.

Muito obrigado pela excelente explicação.

Concordo, Muito boa..!!!

Edgar_SLB

#83789
Citação de: Polygraph em 01 de Março de 2023, 12:28
Citação de: Mercurio_10 em 01 de Março de 2023, 12:25
Citação de: Polygraph em 01 de Março de 2023, 11:30
Citação de: iloy em 01 de Março de 2023, 11:03Acho isso preocupante porque com esta gestão simplesmente o Benfica não tem qualquer margem se não vende um jogador com grandes valores.
O ano passado não fomos campeões mas mesmo que assim fomos longe na LDC que permitiu um encaixe de 70 milhões!!
Com 20 milhões de vendas em jogadores ainda temos prejuízo de 13 milhões?
FDS mas o Benfica precisa de fazer cada ano mais de 100 milhões de receitas extraordinárias para estar com um saldo minimamente positivo?

Como já alguém disse aí, sim, precisas.

O modelo do Benfica só é sustentável com vendas, ponto.

Se queres deixar de vender, deixarás de ter capacidade de atrair talentos que já não aceitam vir para a Europa por uma sandes de chouriço.

É preciso fazer uma escolha:
- Ou queremos baixar custos e aí baixará, naturalmente, a qualidade do plantel. Ficará para consumo interno e, quando o rei faz anos, uma gracinha na Europa (como os Brugge ou Salzburgos desta vida).
- Ou queremos continuar a atrair qualidade (os Enzos, Darwins, Aursnes etc.) e, para isso, temos que vender todos os anos.

São decisões. Eu prefiro a segunda, mas é legítimo que se prefira a primeira.

Vender é inevitável, porque a Liga Portuguesa é infelizmente uma Liga de passagem, e por muito relevante que o Benfica seja historicamente, há um momento em que os jogadores querem ir para o patamar dos tubarões.

Importante é que se consiga reter o talento o mais possível, ter cá os grandes jogadores dois ou três anos, ter os bons jogadores que não são tão excitantes para os tubarões durante mais tempo, eu aqui estou a pensar num perfil 'Aursnes', vender bem e caro e não à primeira oportunidade. Manter uma base e pensar em bons plantéis com ajustes anualmente e não revoluções. E aproveitar para regressos tipo Guedes, boas oportunidades de jogadores ainda em muito boa idade, que gostam do Benfica e que num momento certo consigam regressar, não vai dar com muitos, mas de vez em quando é possível.

Mas para teres cá os grandes jogadores por dois ou três anos, tens que lhes pagar (contando que eles quereriam cá ficar).

E se lhes queres pagar para os segurar, tens que vender grandes jogadores.

É a chamada pescadinha de rabo na boca.
Depende. Se conseguirmos arranjar forma de aumentar as receitas, isso inverte.

Temos 2 formas de o fazer e uma está dependente da outra.

A 1ª é melhorar a performance desportiva na Europa, com constante chegada aos 4°s de final da Champions (com uma gracinha de vez em quando). Isto gerará mais visibilidade internacional e, consequentemente (se for bem aproveitada) mais convites para digressões internaciois, mais seguidores e mais peso do merchandising internacional (temos de nos conseguir inserir no mercado asiático).

A 2ª é potenciar os nossos patrocínios. O que só acontecerá se a 1ª premissa acontecer com mais frequência.

Temos, cada vez mais, de ser um clube global para atrair mais visibilidade e, consequentemente, mais patrocínios e investimento.

Há ainda uma 3ª opção, para mim completamente válida, que nos traria um aumento de receita passiva, mas que implica grande investimento nas infraestruturas, mas que nos tornaria mais fortes e sustentáveis. Essa opção é uma intervenção de fundo no nosso estádio que torne possível a sua utilização para todo o tipo de eventos desportivos, culturais, etc. Acho que há muito dinheiro para fazer por aí. O real conseguiu uma concessão por 25 anos por 400M ano com as novas obras. Acho que nós poderíamos conseguir valores entre os 100M ou os 200M ano, ou até mesmo valores próximos dos do real. E eu explico porquê. Não se trata de ser o real ou outro clube qualquer. Trata-se da exploração da maior sala de espetáculos do país, uma das maiores da Europa e do mundo, numa das mais bem cotadas cidades do mundo com eventos semanais, ou até mais, durante todo o ano (concertos, espetáculos, nba, basebol, tudo o que se puder imaginar e que ficaria ao encargo do promotor).

Há um caminho a percorrer. Mas tem de haver visão e, acima de tudo, globalização porque essa será sempre a única forma de aumentarmos as nossas receitas de forma a termos plantéis cada vez mais competitivos em todas as competições e de conseguirmos reter durante mais tempo o talento.