Eusébio, o Pantera Negra

Avançado, (1942-01-25 - 2014-01-05),
Portugal
Equipa Principal: 15 épocas (1961-1975), 450 jogos (38623 minutos), 480 golos

Títulos: Campeonato Nacional (11), Taça de Portugal (5), Taça dos Campeões Europeus (1), AF Lisboa Taça de Honra 1ª Divisão (5)

Foka

Que falta que nos fazem pessoas como este senhor...


pcssousa


Mestre30

"O Eusébio que outros nunca tiveram. A grandeza que outros nunca terão.

Lavoisier disse que na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.
Não se perdeu Eusébio, transformou-se a lenda viva numa grandeza absolutamente inalcançável do Sport Lisboa e Benfica.
É comum vermos na rua o cruzar de cães. Normalmente, o rafeiro (pequeno, frágil e sem pedigree) ladra ao gigante. O tom peixeiro do pequeno rafeiro, em nada aflige o maior, o cão gigante, dono do seu estatuto e conhecedor da sua dimensão.
Foi o que aconteceu nestes dias. Alguns clubes que se julgam grandes (os tais rafeiros), questionaram a razão de tamanha homenagem ao King.
O Benfica fez-se o maior (e não apenas grande) por viver para dentro de si e para fora de Portugal. Não dedicou espaços em museus a jogadores que marcaram golos ao maior rival. Essa pequenez não é para o Benfica.
Alguns clubes, vivem a maior angústia da vida deles. Uma espécie de novo-riquismo do futebol. Ganham, vendem, voltam a ganhar e voltam a vender, mas falta o mais importante. Falta o reconhecimento. O reconhecimento de Old Trafford de pé a aplaudir o King. O reconhecimento do Santiago Bernabéu a recordar em vídeo o King. O reconhecimento do actual melhor jogador do mundo a dedicar-lhe 2 golos. O reconhecimento da maior lenda viva do futebol, Pelé, a dizer que perdeu o irmão.
E por falar em Pelé, é normal que um clube que tem um cântico em que diz que o Deco é melhor que o tri-campeão mundial Pelé esteja carente de lucidez e clareza futebolística que os permita descer à terra e perceber que são um clube jeitoso, mas pequeno. Poder-se-ia adjectivar o clube com esta ou aquela palavra negativa, mas não. São simplesmente pequenos. Regionais.
O legado de Eusébio ainda mal começou. Era o Eusébio que acompanhava a selecção, não era o Gomes ou o João Pinto. No aeroporto, não se pedia os passaportes quando o Benfica ia em digressão. Perguntava-se quem eram os acompanhantes do Senhor Eusébio, para deixá-los passar.
Eusébio foi um senhor. Nunca precisou de se atirar aos rivais para cair nas graças dos adeptos. O King foi um senhor nas relações e hoje tentam desvalorizar o que ele fez, pois o Figo e o Cristiano Ronaldo também levaram Portugal às meias-finais de um mundial. Para esses ignorantes, provavelmente o Pedro Álvares Cabral terá tanto valor como um capitão da TAP que ontem desembarcou no Brasil de avião. Afinal, ambos conseguiram chegar ao Brasil. Será esta a lógica ou é mais uma tentativa de esconder o gigante complexo de inferioridade?
Portugal já foi o Eusébio. Eusébio já foi Portugal.
Nos próximos anos, alguns clubes regionais poderão duplicar os títulos, que faltar-lhe-à sempre o mesmo: o reconhecimento além fronteiras. O reconhecimento de quem reconhece o esforço, o mérito e a grandeza nas vitórias.
Este complexo de inferioridade, de quem se opõe a uma estátua de Cosme Damião por 50 mil euros mas não questiona compras de 17,8 milhões, distancia um clube gigante de um pequeno. Ou regional. Adeptos e jogadores são responsáveis pela grandeza de um clube, porém, há clubes que vivem para tentar deitar abaixo o gigante (nunca conseguirão). Existe um jogador num clube que pode falhar 50 passes num jogo e 20 remates á baliza, que é sempre aplaudido. apenas porque marcou um golo no final de um jogo contra o Gigante Benfica. Tenho em mente que se os adeptos desse clube apanhassem a mulher na cama com esse mesmo jogador, ainda batiam palmas e perguntariam se queria repetir. É este o espírito de exigência dos adeptos desses clubes pequenos.
Serão assim os adeptos futuros dos clubes rafeiros, ensinados a odiar o Benfica antes mesmo de amar o seu clube.
É esta a diferença que engrandece o Benfica... uns miúdos choram desalmadamente pelo golo do Benfica (http://www.youtube.com/watch?v=PfHUU8vyquk) enquanto que outros dizem, na apresentação de um jogador, que só quer que ele marque golos ao "f***** da ****" dos lampiões (http://www.youtube.com/watch?v=rhNGECTdYDo).
A definição de hoje para o Rugby, um desporto de selvagens jogado por cavalheiros, era o de outrora no futebol. E o King foi um cavalheiro, o que aplaudia as grandes defesas dos guarda-redes aos seus remates, o que preferia a camisola do Di Stefano à taça acabada de conquistar.
É nas pequenas coisas intangíveis que o King foi o melhor e continuará a ser uma lenda. Para sempre. Uma lenda que outros jamais terão. Jamais.
E é por isso que o Benfica é, com orgulho, um clube do povo. Um clube que não chama de "atraso mental" um portador de uma deficiência acarinhado e empregado pelo maior rival de Lisboa. Um clube que recebe cordialmente um clube que, apesar da rivalidade, vem prestar ao estádio rival uma última homenagem ao King, ao invés de outros que nem um representante oficial enviam. Vimos em tempos, os adeptos do Arsenal com uma tarja provocatória a dizer "Podem comprar tudo, menos classe". Hoje, poderemos também dizer a alguns clubezitos de Portugal: podem comprar tudo (inclusivamente árbitros), mas nunca conseguirão comprar GRANDEZA.
Até sempre King!"

BlankFile

A dor vai desaparecendo aos poucos, mas ainda custa a acreditar que já não está entre nós o nosso Rei Eusébio.

Zlatan

Mistura de sangues

Quando o mundo se encontrava mergulhado na mais hedionda guerra de sempre, nasceu Eusébio. 25 de janeiro de 1942, segunda-feira, para que conste. Se pudesse escolher, decerto daria de barato qualquer dia de semana, mas do dia 13 não iria abdicar. O seu número de sorte.

Eusébio da Silva Ferreira, por decisão paterna, assim foi crismado pouco depois. Ao Bairro de Xipamanine, na Mafalala, em Lourenço Marques (hoje Maputo), capital da antiga colónia portuguesa de Moçambique, chegaria esse ano a notícia da inauguração do aeroporto da Portela. E outras poderiam ter sido concebidas, mesmo que a num povo submetido ao jugo colonial de pouco adiantassem. E que Camus editou o «Estrangeiro», esse mesmo intelectual que escreveu «o que finalmente sei de mais seguro da moral e das obrigações dos homens é ao futebol que o devo». Pura coincidência, mas já menos, Manoel de Oliveira ter realizado «Aniki-Bobó» e, por crianças lembrar, ainda no ano da graça de 42, surge o brinquedo «Lego». Não foi com certeza Eusébio quem ficou a ganhar, ele que também jamais pilotou carros-miniaturas, jamais se recreou com soldadinhos de chumbo.

Eusébio poderia ter sido, na versão laurentina, um dos «Esteiros» de Soeiro ou um dos «Capitães da Areia» de Jorge Amado, com uma «Vida Violenta» como os putos de Pasolini.

O pai, Laurindo António da Silva Ferreira, era angolano. «Angolano e branco», precisa, como quem desvenda um segredo. Morreu de tétano aos 35 anos, após duros trabalhos nos caminhos de ferro moçambicanos, para onde foi transferido da sua Angola. Do progenitor herdou Eusébio o gosto pela bola, inspirado pelos méritos do centrocampista que ainda viu jogar antes dos 8 anos, altura em que perdeu os carinhos paternos.

A mãe, Elisa Anissabene, «era preta, alta, com mais de 1 metro e 70 de altura, forte e de bonitos olhos castanhos», descreve Eusébio, com um misto de emoção e ternura, mais ainda quando recorda a sua condição de órfão, desde 77, altura em que a matriarca da família não estava longe de abraçar a condição de septuagenária.

Cedo viúva, a senhora não se poupou a sacrifícios para criar a prole. Bem o poderiam dizer, por ordem etária, Jaime, Alberto, Adelino, Eusébio, Lucília e, num segundo matrimónio, Gilberto, Inocência e Fernando.

A família Ferreira experimentava naturais dificuldades, ainda que «não faltasse o essencial», recorda, garbosamente, Eusébio. Sempre havia mais do que a singeleza do pão para a mesa. Até vizinhos se saciavam amiúde na casa de madeira e zinco, administrada de forma competente e solidária por D. Elisa. Não tardou que Eusébio, «o filho que à mãe mais puxou», se entregasse, ninho fora, às tropelias do bairro da Mafalala.


Por João Malheiro

pcssousa

Por falar na Dona Elisa...




Já lhe agradeceram? Façam-no, por favor.

parras_bs


joker17

Ainda não acredito que já não está fisicamente entre nós.

Continuo completamente seguro de que, mais tarde ou mais cedo, vai acabar por aparecer sentado na Luz ao lado do LFV ou a dar uma entrevista cheia de Benfiquismo.

Espero encontrá-lo no Marquês, Senhor Eusébio!

Bekambol

Obrigado, O Mundo inteiro, te chora, recorda e vive.!!!!

Ruud

Estava para aqui eu a fazer um trabalho pro arquivo e eis que encontrei esta pérola:

http://www.zerozero.pt/jogo.php?id=13858

:bow2: :bow2: :bow2: :bow2:

parras_bs

Gostava tanto de ganhar o campeonato para dedicar ao King.

flavioslb


Ermporshe

Ruud Gullit bem encontrado ,já não tinha presente este poker do grande king contra os lagartos.
Será eternamente lembrado.

Joaquim Ferreira Bogalho

Citação de: Ruud Gullit em 15 de Março de 2014, 18:05
Estava para aqui eu a fazer um trabalho pro arquivo e eis que encontrei esta pérola:

http://www.zerozero.pt/jogo.php?id=13858

:bow2: :bow2: :bow2: :bow2:

Vi o resumo desse jogo outro dia...o último golo é soberbo.