(actualizado) Memorial Benfica, Glórias

ednilson

Lajos Czeizler. Heres, Húngria. 5 de Outubro de 1893.
Épocas no Benfica: 1 (63/64). Jogos: 41, 33 vitórias, 6 empates e 2 derrotas. Títulos: 1 (Campeonato Nacional) e 1 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Udinese, Faenza (Itália), Lázio, IFK Norrköping, AC Milan, Podova, Selecção Italiana, Sampdoria e Fiorentina.



Contabiliza em toda a sua carreira 11 grandes títulos, Lajos Czeizler  permanece como um dos treinadores de maior sucesso de todos os tempos.

Começou a sua carreira de treinador no fim dos anos 20, em Itália, mas a imortalidade conseguiu-a na Suécia, onde teve o seu grande sucesso com o IFK Norrköping, onde conseguiu o recorde de cinco campeonatos (1943, 45, 46, 47, 48) e duas Taças (1943, 45). Quando liderou o Norrköping ao titulo de 1948 tornou-se o treinador mais velho a consegui-lo, uma honra especial que mantém até à data. Tinha 54 anos, 8 meses e 1 dia.

Depois da passagem pela Suécia, retornou a Itália para liderar o AC Milan, em 1951, onde conquistou um campeonato italiano. Treinou também a Selecção Italiana, a qual levou ao Mundial de 54. Em 1961 venceu outro título em Itália, quando a sua Fiorentina venceu a Lázio (2-0) na final da Taça.
Chegou ao Benfica, para apenas uma temporada, 63/64. Lajos Czeizler, já com alguma idade e, por isso, com uma experiência e conhecimentos muito grandes, liderou o Benfica à dobradinha, com seis pontos de avanço sobre o segundo classificado e derrotando o mesmo (FC Porto), na final da Taça por 6-2. Segundo José Augusto " o seu relacionamento com os jogadores era extraordinário e estava bem acompanhado pelo Fernando Caiado".

Na Europa, não foi capaz de reeditar as finais dos anos anteriores, tendo caído na 2ª eliminatória, perante o Borussia Dortmund (2-1 em casa, 5-0 fora). "Não há nenhuma equipa imbatível. A regra é haver um descalabro e foi isso que se passou em Dortmund".

Lajos Czeizler fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 20 de Outubro de 1963, numa vitória sobre o Vitória de Setúbal (5-2), na Luz, tendo disputado o último jogo, a 5 de Julho de 1964, numa vitória frente ao FC Porto (6-2), no Jamor.

ednilson

Elek Schwartz. Timisoara, Roménia. 23 de Outubro de 1908.
Épocas no Benfica: 1 (64/65). Jogos: 46, 33 vitórias, 7 empates e 6 derrotas. Títulos: 1 (Campeonato Nacional).
Outros clubes: Tomesvar (Roménia), Ripensia (Roménia), Mónaco, Cannes, Le Havre, Draguinan e Duisburgo (RDA), Rot Eissen (RFA), Selecção Holandesa, Eintracht Frankfurt, FC Porto, 1860 Munich, Estrasburgo e SR Haguenau.

 

Aconselhado pelo antecessor Lajos Czeizler, mudou-se para Lisboa e para a Luz em 64.

Com um currículo sem títulos como treinador, embora já com uma razoável experiência internacional, vindo da Selecção holandesa, o novo técnico apresentava-se, assim, sem grandes credenciais numa equipa que tentava voltar à ribalta europeia. Natural, por isso, algum cepticismo em redor da sua contratação. Incertezas que, depressa, se dissiparam, acabando até por ter sucesso.

Na altura, era o que dava treinar Coluna, Eusébio, Torres, José Augusto, Simões, Costa Pereira, Cavém... Como diria Mário Wilson: "Quem treina o Benfica, arrisca-se a ser campeão". E foi mesmo, com seis pontos de avanço sobre o FC Porto, oito sobre a CUF e onze sobre o Sporting, quinto classificado! Era o primeiro "tri" da história do Benfica no campeonato. Em contrapartida, perdeu as finais da Taça de Portugal (1-3 com Vitória de Setúbal) e da Taça dos Campeões (0-1 com o Inter, naquele célebre jogo em San Siro, com "frango" de Costa Pereira).

A par dele, só Sven-Goran Eriksson em 83, repetiu o feito de chegar tão longe nas citadas três provas. Otto Glória, em 55, também o conseguiu, se considerarmos a Taça Latina como antecessora da Taça dos Campeões.

Saiu no Verão de 65, cedendo o lugar ao mago Béla Guttmann.

Elek Schwartz fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 10 de Outubro de 1964, numa vitória sobre o Lusitano de Évora (5-0), na Luz, tendo disputado o último jogo, a 4 de Julho de 1965, numa derrota frente ao Vitória de Setúbal (1-3), no Jamor.

ednilson

Fernando Cabrita. Lagos. 1 de Maio de 1923.
Épocas no Benfica: 2 (67/68 e 73/74). Jogos: 53, 37 vitórias, 8 empates e 8 derrotas. Títulos: 1 (Campeonato Nacional).
Outros clubes: Covilhã, Portimonense, Estrela de Unhais da Serra, União de Tomar, Boavista, Beira Mar, Rio Ave, Académico de Viseu, Penafiel, Estrela da Amadora, Raja de Casablanca, Esperança de Lagos e liderou a comissão técnica da Selecção Nacional no Europeu 84.



Fernando Cabrita distinguiu-se como jogador ao serviço do Olhanense, do Sporting da Covilhã e do Portimonense. Na Selecção Nacional ficou famoso por ter marcado, no Jamor, o gigante Okcwirk, grande estrela da selecção austríaca que tinha esmagado (1-9) Portugal no Pratter.

Chegou a treinador principal do Benfica, na temporada de 67/68, substituindo à 7ª jornada Fernando Riera, acabando por vir a ter o mesmo destino que o chileno à 22ª jornada, entrando para o seu lugar Otto Glória. O Benfica acabaria por vencer o campeonato nacional, entrando desta forma Fernando Cabrita para o lote de treinadores campeões ao serviço do Benfica.

O mesmo acabaria por acontecer na temporada de 73/74, já que substituiu Jimmy Hagan à 4ª jornada, terminando o campeonato em segundo lugar, a dois pontos do campeão Sporting e perdendo para o mesmo rival a final da Taça de Portugal (2-1, após prolongamento).

Em 1983, Otto Glória, com quem já havia trabalhado no Benfica,  chamou-o para seu adjunto na Selecção Nacional. Duas goleadas consecutivas (0-5 com a URSS e 0-4 com o Brasil) ditaram a saída de Otto Glória. Fernando Cabrita substitui-o e, com uma equipa técnica reforçada, da qual faziam parte José Augusto, Toni e António Morais, conseguiu apurar Portugal para o Campeonato da Europa, fazendo um final de apuramento impressionante, com três vitórias, sobre Finlândia, Polónia e URSS, sem sofrer qualquer golo. Durante a fase final do Euro 84, os poderes de Fernando Cabrita diluíram-se e o quarteto de treinadores assumiu as suas divergências.

Fernando Cabrita fez o primeiro jogo como treinador principal do Benfica a 5 de Dezembro de 1967, numa vitória sobre a CUF (3-1), na Luz, tendo disputado o último jogo, a 9 de Junho de 1974, numa derrota frente ao Sporting (1-2), no Jamor.

Bola7

Riera...o homem que recusou a marcação individual ao Pelé na Luz pq era crime de lesa majestada...depois levamos uma abada...

fish

Tenho a honra de ser amigo do Sr. Fernando Cabrita.
Ainda está com uma frescura física invejável.

ednilson

Jimmy Hagan. Washington, Inglaterra. 21 de Janeira de 1918.
Épocas no Benfica: 4 (70/74). Jogos: 120, 94 vitórias, 14 empates e 12 derrotas. Títulos: 3 (Campeonato Nacional) e 1 (Taça de Portugal).
Outros Clubes: Peterborough United, West Bromwich Albion, Sporting, Estoril, Boavista, Vitória de Setúbal, Belenenses.



Como jogador, Jimmy Hagan contabilizou apenas uma internacionalização pela Selecção inglesa, não lhe fazendo justiça, já que foi considerado um dos mais talentosos jogadores ingleses da sua época. A sua carreira como futebolista foi interrompida pela 2ª Guerra Mundial, mas permaneceu como uma lenda para o fans do Sheffield United, clube que serviu durante cerca de 20 anos.

Começou a sua carreira de treinador no Peterborough United, onde esteve entre 1958 e 1962. Seguiu-se o West Bromwich Albion em 1963, onde conquistou a Taça da Liga Inglesa em 1966.

Jimmy Hagan chegou ao Benfica em 1970. De 1970 a 1973 liderou a equipa a três vitórias consecutivas no Campeonato e a uma Taça de Portugal, um recorde que nenhum outro treinador desde então conseguiu repetir ao serviço do Benfica. Neste período, enquanto treinador do Benfica, também chamou a atenção da Europa, quando a equipa chegou às meias-finais da Taças dos Campeões Europeus, sendo apenas afastado pelo lendário Ajax daquela era.

Com sorriso fechado e ar sisudo, Hagan celebrizou-se também pela expressão "no comments", que, afinal, definia todo o seu carácter frio e distante. Tinha ainda o hábito de treinar nos dias dos jogos e sempre "a doer", com subidas e descidas constantes das bancadas do estádio, em passo de corrida.

Em 1972/1973, com Jimmy Hagan, o Benfica tornou-se o único clube português a terminar o campeonato sem derrotas, contabilizando 28 vitórias – 23 consecutivas – em 30 jogos, empatando dois. Nesse mesmo ano, Eusébio foi o melhor marcador europeu com 40 golos, naquela que foi a sua penúltima época como jogador do Benfica. A equipa marcou 101 golos, ultrapassando a marca dos 100 apenas pela segunda vez na sua história.

Jimmy Hagan saiu do Benfica, em Setembro de 1973. Na festa de despedida de Eusébio, colocou toda a gente a correr à volta do campo e, às tantas, Humberto Coelho, Toni e Nélinho atrasaram-se dos restantes elementos e encurtaram distância, fazendo corta-mato. O colérico Hagan ameaçou multá-los com mil escudos e obrigá-los a treinar à tarde, deles prescindindo para o jogo da noite entre o Benfica e o Resto da Europa. Depois de meditar, perdoou a multa e o treino da tarde, mas manteve o castigo para a noite. O presidente Borges Coutinho tomou então o partido dos jogadores e ordenou que se fossem equipar, algo que Hagan não admitiu. Bateu com a porta do balneário. No dia seguinte, Hagan apresentou a sua carta de demissão. Um adeus abrupto para um homem de repentes e com um tri no bolso.

Desde os tempos em que treinou o Benfica, Jimmy Hagan manteve uma relação de grande amizade com Eusébio, que o descreveu como "forte disciplinador". "Todos os jogadores pensaram que os seu treinos eram bastante penalizadores e fisicamente extenuantes, após a primeira semana de treinos. Mas passado pouco tempo, a equipa começou a vencer jogos e todos concluíram que tinha valido a pena. Ele deu-nos uma força extra e a ele se deve o facto Benfica ter vencido três campeonatos consecutivos".

Jimmy Hagan fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 13 de Setembro de 1970, numa vitória sobre a CUF (1-0), na Jamor, tendo disputado o último jogo, a 23 de Setembro de 1973, numa vitória frente ao Belenenses (2-1), em Lisboa.

MANOCAS37

Incrivel como passo tanto tempo no forum e só hoje encontrei este topico
Parabens Ednilson
Acho que um dia se tiver um filho mal ele nasça vou o obrigar a ler isto para saber o que é verdadeiramente o Benfica se não souber ler hade aprender logo

ednilson

Milorad Pavic. Valjevo. Sérvia (ex-Jugoslávia). 11 de Novembro de 1921.
Épocas no Benfica: 1 (74/75). Jogos: 41, 27 vitórias, 10 empates e 4 derrotas. Títulos: 1 (Campeonato Nacional).
Outros Clubes: Estrela Vermelha de Belgrado, FK Vojvodina, Club Brugge, Standard Liege, RFC Liege, Sporting, Athletic Bilbao, CD Málaga e Celta de Vigo.



Como jogador, Milorad Pavic defendeu as cores do Estrela Vermelha de Belgrado, clube no qual iniciou a sua carreira de treinador, vencendo três campeonatos e três taças. Em sete temporadas, de 1957 a 1964, liderou a equipa em 216 jogos oficiais (113 vitórias, 52 empates e 51 derrotas).

Na sua carreira, seguiu-se o Standard Liege (64/67) e o Club Brugge (67/69), conquistando duas taças da Bélgica pelo primeiro destes clubes. Em 1972 assumiu o comando do Athletic Bilbao, conquistando a Copa do Rei em 1973.

Milorad Pavic, chegou ao Benfica para a temporada 1974/1975. Nesta temporada o Benfica recuperou o titulo de campeão, naquela que foi a época de despedida de Simões, de malas feitas para o futebol norte-americano. Depois de uma pré-época agitada mas a todos os títulos brilhante, com jogos no México, no Brasil, nos EUA, na Bélgica, em Espanha e novamente no Brasil, o Benfica acabaria por vencer o campeonato com cinco ponto de avanço sobre o segundo classificado, o FC Porto. A dobradinha, Milorad Pavic não foi capaz de dar ao Benfica, já demissionário, o Benfica perdeu a final, em Alvalade, frente ao Boavista por 2-1.

Na Taça das Taças, um momento único com a passagem aos quartos-de-final pela regra dos golos fora frente ao Carl Zeiss Jena. Depois o cenário mudou: o PSV empatou em casa e ganhou na Luz, quando os encarnados não perdiam em casa desde 1969 (1-3 com Ajax). Foi este o percurso europeu de Milorad Pavic à frente do Benfica, o "Cavalheiro com Luvas de Ferro", como ficou conhecido por essa Europa fora.

Milorad Pavic ficou também na história do Benfica, como um dos grandes responsáveis pela contratação de Fernando Chalana ao Barreirense, quando não hesitou em mandar entregar nos cofres do Barreirense 750 contos, quando Chalana apenas tinha realizado 6 jogos pelos seniores, senda ainda juvenil.

Milorad Pavic fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 11 de Setembro de 1974, numa vitória sobre o Belenenses (4-0), na Luz, tendo disputado o último jogo, a 15 de Junho de 1975, numa derrota frente ao Boavista (1-2), em Alvalade.

ednilson

#263
Mário Wilson. Lourenço Marques, Moçambique. 17 de Outubro de 1929.
Épocas no Benfica: 3 (75/76, 79/80 e 95/96). Jogos: 125, 83 vitórias, 22 empates e 20 derrotas. Títulos: 1 (Campeonato Nacional) e 2 (Taça de Portugal).
Outros Clubes: Académica, Belenenses, Vitória de Guimarães, Boavista, Estoril, Cova da Piedade, Louletano, Torreense, Olhanense, Águeda, FAR Rabat e Alverca. Seleccionador Nacional 78/80.

 

Além de grande jogador, actuou no Sporting como avançado e na Académica como defesa, Mário Wilson foi um treinador carismático e uma referência para o Benfica em situações de aperto.

Dono de frases que ficaram na história, como "quem treina o Benfica, arrisca-se a ser campeão" ou "se não confiasse no Benfica, ia vender preservativos para o Rossio", Mário Wilson cumpriu o primeiro período de treinador em 66/67, logrando um inédito segundo lugar para a Académica.

Chegou ao Benfica em 75/76 para fazer a transição entre Milorad Pavic e John Mortimore. Uma época rendeu-lhe o titulo numa acérrima e inesperada disputa com o Boavista, que ficou a dois pontos. Seria o bi do Benfica, numa época marcada pelo aparecimento, ainda que fugaz, de Chalana. Na equipa de Wilson, figuram os dois melhores marcadores do Nacional: Jordão (30) e Nené (29), que, juntos, facturam mais que 13 das restantes 15 equipas, incluindo o Sporting!!

Em 1978, atingiu o ponto mais alto da sua carreira, na selecção nacional. Em Setembro de 79, convocou nove portistas para o particular com a Espanha, em Vigo, a oito dias do AC Milan - FC Porto, da segundo eliminatória da Taça dos Campeões. Ganhou dois inimigos de peso (José Maria Pedroto e Pinto da Costa), mas não foi por isso que trocou Portugal por Marrocos, para treinar o FAR Rabat.

Regressou ao Benfica na época 79/80, época histórica para o Benfica. A 1 de Julho de 1979, numa Assembleia Geral extraordinária, presidida por Adriano Afonso, e que durou oito horas, foi aprovada por maioria a utilização de jogadores estrangeiros. O resultado foi a contratação do brasileiro Jorge Gomes ao Boavista, que assim se tornou no primeiro estrangeiro do Benfica. A época, essa, não correu de feição. No campeonato, terceiro lugar, o que não acontecia desde 1962. Na Taça UEFA, eliminação prematura na ronda inicial, frente aos gregos do Aris de Salónica. Salvou-se a conquista da Taça de Portugal, com a eliminação do Sporting nos oitavos, e FC Porto na final.

Depois de muitas experiências em variadíssimos clubes, seria chamado para o Benfica por Artur Jorge, que (coincidência) Wilson fora buscar para a Académica dos juniores do FC Porto. Com a saída de Artur Jorge, tomou conta da equipa e levantou a Taça, repetindo o feito de 80, aquando da segunda passagem pelos encarnados.

Mário Wilson fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 10 de Setembro de 1975, num empate com o Boavista (0-0), na Luz, tendo disputado o último jogo, a 18 de Maio de 1996, numa vitória frente ao Sporting (3-1), no Jamor.

AG

 :bow2:
Grande Mário Wilson, o "velho capitão"... Pode dizer-se que este senhor fez-me orgulho em ser benfiquista quando ganhámos a Taça 95/96, apesar do very light... Tinha 9 anos, e foi a primeira alegria como benfiquista "a sério".
Falta dizer que ainda fez um jogo em 96/97, na transição entre Autuori e Manuel José (derrota contra o Belenenses,em casa, por 1-2), e em 97/98, entre a saída de Manuel José e a entrada de Souness, 4 jogos, 2 vitórias e 2 empates. O último jogo dele foi: Chaves 0-1 Benfica.
Obrigado Mário Wilson!
:clap1:

ednilson

#265
John Henry Mortimore. Farborgough, Inglaterra. 17 de Outubro de 1934.
Épocas no Benfica: 5 (76/79, e 85/87). Jogos: 203, 140 vitórias, 41 empates e 22 derrotas. Títulos: 2 (Campeonato Nacional), 2 (Taça de Portugal) e 1 (Supertaça).
Outros Clubes: Ethnikos (Grécia), Southampton e Belenenses.



Mesmo sem currículo, Borges Coutinho arriscou em Mortimore para a época 76/77. Trabalhador, sério e bastante organizado, o ex-técnico do Southampton teve o mérito de agarrar numa equipa em mudança, lançar os "putos" Chalana e Nelinho e... ser campeão nacional, com nove pontos de avanço sobre o Sporting e dez sobre o FC Porto! Era o tri para o Benfica.

Nas duas épocas seguintes, o Benfica não ganhou nenhum titulo, o que já não acontecia desde 1948. Com a inacreditável  particularidade de em 77/78, o Benfica não ter perdido um único jogo (21 vitórias e 9 empates)! O FC Porto venceu por diferença de golos (mais 15). Em pontos (51) e no confronto directo (0-0 na Luz e 1-1 nas Antas), tudo empatado.

John Mortimore, voltou a Inglaterra e ao seu Southampton. Mas não demorou muito para uma visita à Luz. Aconteceu a 26 de Fevereiro, por ocasião do 76º aniversário dos benfiquistas, e os "Saints" perderam 4-0.

Em 85, foi a vez de Fernando Martins ir buscar Mortimore. E este não defraudou, conquistando a Taça e a Supertaça em 85/86, o campeonato e a Taça em 86/87, na nona e última dobradinha de sempre dos benfiquistas. Nesse dia de festa, já tem a ideia definida de abandonar o clube, devido a divergências com a Direcção, entretanto representada por João Santos. "Não desejo continuar a trabalhar num clube onde não me querem, nem quero continuar a trabalhar com quem não deseja trabalhar comigo".

Para a história, ficou um treinador com conhecimentos profundos de preparação física, o que explica a ausência de lesões musculares no seu tempo, já para nem falar dos resultados desportivos, que se situaram sempre acima da média.

John Mortimore fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 4 de Setembro de 1976, numa derrota com o Sporting (3-0), em Alvalade, tendo disputado o último jogo, a 7 de Julho de 1987, numa vitória frente ao Sporting (2-1), no Jamor.

ednilson

Lajos Baroti. Szeged, Hungria. 19 de Agosto de 1914.
Épocas no Benfica: 2 (80/82). Jogos: 93, 63 vitórias, 17 empates e 13 derrotas. Títulos: 1 (Campeonato Nacional), 1 (Taça de Portugal) e 1 (Supertaça).
Outros Clubes: Gyor (Hungria), Postas (Hungria), Ujpest Dosza (Hungria), Vasas Budapeste (Hungria), SSW Innsbruck (Hungria). Seleccionador Nacional da Hungria e Peru.



À procura de inovação, o Benfica recebeu mais um ilustre visitante da credenciada escola húngara. Membro do Conselho Técnico da UEFA e com carreira feita na selecção húngara (participou nos mundiais de 58, 62, 66 e 78) e em clubes de sucesso como o Ujpest Dosza e o Vasas Budapeste, Lajos Baroti aventurou-se em Portugal, sucedendo a Mário Wilson. Baroti levou os magiares à conquista da medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Roma em 1960 e no Europeu de futebol de 1964, disputado em Espanha.

Com 66 anos, aterrou em Lisboa para ser o treinador mais bem sucedido de sempre no Benfica, numa só época. Aconteceu logo na estreia em 80/81, quando venceu as três provas nacionais: campeonato (dois pontos de avanço sobre o FC Porto e 13 sobre o Sporting), Taça (3-1 ao FC Porto) e Supertaça (2-2 e 2-1 ao Sporting). Na Taça das Taças, ficou-se pelas meias-finais, aos pés do Carl Zeiss Jena.

Na época seguinte, as coisas já não correram tão bem, com o segundo lugar no campeonato, atrás do Sporting, e as eliminações prematuras na Taça de Portugal (Braga nas meias-finais) e na Taça dos Campeões (Bayern Munique na segunda eliminatória).

Cansado, desmotivado e sem o apoio da Direcção, optou pela saída, regressando à base. Aqui fica o registo de Nené sobre Baroti: "Era um verdadeiro 'gentleman'. Dava gosto falar e ser treinado por ele. Nas palestras, antes das partidas, dizia sempre a mesma frase: 'Eu ter muito medo deste jogo'"

Lajos Baroti faleceu em 2005, com 91 anos, tendo o presidente da Federação húngara, na altura, a seguinte expressão: "o melhor treinador da nossa história". Como jogador, foi também internacional, mas para o presidente da federação o que o tornava verdadeiramente especial era "o seu amor pelo jogo".

Lajos Baroti fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 24 de Agosto de 1980, numa vitória com o Boavista (1-0), no Bessa, tendo disputado o último jogo, a 23 de Maio de 1982, numa vitória frente ao Boavista (2-0), na Luz.

ednilson

Sven-Goran Eriksson. Torsby, Suécia. 5 de Fevereiro de 1948.
Épocas no Benfica: 5 (82/84, e 89/92). Jogos: 233, 159 vitórias, 47 empates e 27 derrotas. Títulos: 3 (Campeonato Nacional), 1 (Taça de Portugal) e 1 (Supertaça).
Outros Clubes: Degefors, IFK Gotemburgo, Roma, Fiorentina, Sampdória, Lázio, Manchester City. Seleccionador Inglês entre 2001 e 2006.



Chegou, viu e venceu. Ambicioso, metódico e extremamente simpático nas relações humanas com os jogadores, jornalistas e adeptos, Eriksson cativou logo o povo português mal chegou a Lisboa. Tinha 32 anos e acabara de se sagrar vencedor da Taça UEFA pelo IFK Gotemburgo.

Fascinado pela criatividade e pelo golo, detestava o antifutebol. "Não admito que joguemos para o 0-0. O futebol tem de ser algo mais que estar hora e meia a não deixar jogar", referiu no dia do primeiro treino na Luz, depois de ficar espantado por saber que Bento era uns meses mais velho que ele. A sua palavra-chave era profissionalismo. E Alves sentiu isso na pele, quando chegou atrasado a um treino e foi recambiado para o banco na decisão da Taça UEFA, com o Anderlecht, em 83. Esse duelo permitiu a Eriksson ser o primeiro treinador de sempre a disputar duas finais das competições europeias por clubes diferentes. Os belgas ganharam e, enquanto o presidente Fernando Martins acusava o árbitro, Eriksson mantinha a sua pose de cavalheiro, atribuindo a derrota à falta de sorte.

Na sua primeira época, 82/83, conquistou o campeonato, jogando um futebol ofensivo, eficiente e espectacular e que rendeu nesse ano 51 pontos, contra 47 do FC porto. No seu segundo ano, o titulo de campeão foi conseguido ainda com mais pontos (52) e marcaram-se mais golos (86 contra 67). Treinador de grande carácter e sobriedade,  também conquistou a Taça de Portugal de 82/83.

Conquistado o bicampeonato nacional, tentou a sorte em Itália. Treinou a Roma, 84/89, e a  Fiorentina, 87/89, conquistando a Taça de Itália ao serviço dos romanos em 86.

Voltou ao Benfica em 89, com João Santos. Em três anos, foi campeão nacional no célebre triunfo nas Antas, com bis de César Brito, venceu a Supertaça de 89/90 e perdeu a outra final europeia (1-0 com AC Milan).

Na sua segunda passagem pelo futebol italiano, treinou a Sampdória entre 92 e 97, conquistando a Taça de Itália em 94, e a Lázio entre 97 e 2001, conquistando duas Taças de Itália (98 e 2000), duas Supertaças italianas (98 e 2000), uma Taça das Taças (99), uma Supertaça europeia (99) e um campeonato de Itália (2000). Um curriculum invejável.

Em 2001 assumiu o comando da Selecção inglesa, tornando-se no primeiro treinador estrangeiro a assumir a liderança dos britânicos. Qualificou os ingleses para os Mundiais de 2002 e 2006 e para o Europeu de 2004. Depois de problemas com a exigente e maldosa imprensa britânica, acabou por sair logo após o Mundial de 2006.

Em 2007/2008 assumiu o comando do Manchester City, onde se mantém actualmente.

Continua a passar férias em Portugal, encantado com o sol de Cascais e o peixe grelhado.

Eriksson fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 22 de Agosto de 1982, numa vitória com o Espinho (1-0), em São João da Madeira, tendo disputado o último jogo, a 17 de Maio de 1992, num empate frente ao Salgueiros (1-1), na Luz.

JoMi¹¹

Citação de: ednilson em 24 de Abril de 2008, 22:39
Béla Guttmann. Budapeste, Hungria. 26 de Janeiro de 1905.
Épocas no Benfica: 4 (59/62 e 65/66). Jogos: 162, 113 vitórias, 27 empates e 22 derrotas. Títulos: 2 (Campeonato Nacional), 1 (Taça de Portugal) e 2 (Taça dos Clubes Campeões Europeus).
Outros clubes: SC Hakoah Wien, FC Twente, Ujpest, Vasas, Ciokanul, Ujpest, Kispest, Pádova, Triestina, AC Milan, Lanerossi Vicenza, Peñarol, São Paulo, F.C.Porto, Selecção Austríaca, APOEL, Áustria Viena, Servette e Panathinaikos.



Chamaram-lhe de tudo. Feiticeiro, bruxo, mago... Este húngaro naturalizado austríaco é um nome incontornável no futebol português. O FC Porto foi a sua primeira equipa em Portugal. Conquistado o titulo de campeão nacional, foi para o Benfica, com exigências impensáveis para a época!: 400 contos líquidos por ano, 150 pelo titulo nacional, 50 pela Taça de Portugal e... 200 pela Taça dos Campeões. 200 não! Um dirigente bem disposto e, pelos vistos, nada crente, encorajou-o a subir a parada para 300 e foi o que se viu. O Benfica venceu duas Taças dos Campeões, em 61 e 62, e só Guttmann recebeu mais que toda a equipa junta.

Na ocasião do bicampeonato, foi recebido por Américo Tomás e António Salazar e nomeado comendador, tal como os jogadores. À saída de São Bento, virou-se para Fezas Vital, que substituíra Maurício Vieira de Brito na presidência, e segredou-lhe que se iria demitir. "Não posso treinar 14 comendattori". Todos julgavam que era bluff, mas não. Guttmann saiu mesmo e até deixou uma frase maldita no ar, que ainda perdura. "Nem daqui a cem anos uma equipa portuguesa será bicampeã europeia e o Benfica sem mim jamais ganhará uma Taça dos Campeões". Sem ele, nunca mais ganhou, de facto, apesar de ter estado em mais cinco finais. A última (1990), em Viena, bem perto do cemitério judeu onde Guttmann está sepultado. Na véspera da final com o AC Milan, Eusébio foi ao túmulo rezar pela alma do técnico e pediu aos deuses que desfizessem a maldição. Em vão...

Foi o treinador campeão por excelência, com uma notável influência psicológica sobre os jogadores, com grande experiência internacional e profundos conhecimentos que tinha das tácticas e técnicas do jogo. Guttmann tinha uma concepção de futebol de ataque, que encontrou, naquele inicio dos anos sessenta, intérpretes privilegiados nos jogadores do Benfica. Costa Pereira explicou, muitos anos depois, qual era o segredo da defesa de Béla Guttmann: "A nossa marcação à zona era feita com um sentido objectivo de antecipação". Mas essa não era a marca do estilo do treinador húngaro: "não me importa sofrer três ou quatro golos por jogo, se marcar sempre mais um", disse uma vez, respondendo às críticas de que a linha defensiva do Benfica não era muito segura.

Béla Guttmann fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 20 de Setembro de 1959, numa vitória sobre o Vitória de Setúbal (4-1), na Luz, tendo disputado o último jogo, a 1 de Maio de 1966, numa vitória frente ao Belenenses (3-1), no Restelo.


Já Li :ashamed:

Mestre

Grandes Mortimer, Baroti e Erikson. Tive o prazer e o orgulho de ver o Glorioso liderado por estes senhores e foram épocas onde, mesmo nas que não ganhámos nada, nos batiamos de cabeça erguida, honrando a camisola.