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Passado => De Águia ao Peito => Tópico começado por: ednilson em 13 de Janeiro de 2008, 21:48

Título: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: ednilson em 13 de Janeiro de 2008, 21:48
Bem tendo em conta os tempos que estamos a passar, nada melhor que recordar a história que fez do Nosso clube, um clube Glorioso, o Glorioso Sport Lisboa e Benfica.

Ofereceram-me pelo Natal o livro, Memorial Benfica, 100 Glórias (de João Malheiro)................que vou tentar colocar aqui, neste post na sua totalidade, para que todos a ele tenham acesso e possamos recordar fantásticos homens que envergaram a nossa camisola. Começo por Adolfo.


Adolfo António da Cruz Calisto. Barreiro. 1 de Janeiro de 1944. Defesa
Épocas no Benfica: 9 (66/75). Jogos: 205. Golos: 5. Titulos: 6 (CN) e 3 (TP)
Outros Clubes: Barreirense, Portimonense e Seixal. Internacionalizações: 15.

(http://fotos.sapo.pt/brettsinclair/pic/001aezyh/s340x255)(http://img246.imageshack.us/img246/5809/benfica19671968ho0.jpg)
                                                         Equipa 1967/1968

Pôs o pé no patamar da glória. Wembley foi a janela escolhida. Adolfo, em meteórico ascenso, parecia uma ilha, só que rodeada de craques por todo o lado. Até se mostrou desembruxado. Pior foi aquele prolongamento, mais George Best, aqui-d'el-rei, o Benfica perdeu a Taça dos Campeões, com o Manchester United, no Maio de 68, que era de festa no outro lado da Mancha.

Mais um produto do vivaz do campo de recrutamento do Barreiro. Luta e futebol, o binómio decisivo. Por isso deu Félix, deu Moreira, deu José Augusto, deu Mário João. Daria Chalana. Como deu Adolfo já no Benfica, para a primeira de 9 temporadas.

Dianteiro nas camadas juvenis, começou a ganhar expressão no posto de lateral direito, apenas se fixando no flanco contrário, depois de Cruz ter renunciado. Adolfo entrou a vencer, ele que havia jogado apenas no Barreirense e no Seixal. Na mega equipa de Eusébio, Coluna, José Augusto, Torres e Simões foi uma limpeza. Uma colecção farta de honrarias. Seis campeonatos e três taças de Portugal haveria Adolfo de fazer constar no cardápios da bola.

Era um lateral do jogo moderno. Versátil, subia no corredor sem constrangimentos tácticos. Com ele, como que vingou un novo fundamento no exercicio da função. A linha divisória da intermediária já não estabelecia a diferença que vai da acção defensiva para a exploração atacante. Foi assim com Adolfo. Um revolucionário.

Na selecção nacional defendeu as cores por 15 vezes. Numa altura em que o vermelho pátrio esmagava o verde e quase fazia inexistir outras tonalidades, Adolfo encontrou na Minicopa, em 1972, no Brasil, o espaço de maior notoriedade. Deixou cartel, como cartel deixaria na campanha europeia que culminou nas meias finais da Taça dos Campeões, com o Ajax, na época a única esquadra suceptivel de barrar a excelência do futebol benfiquista. Eram os tempos de José Henrique e Fonseca; de Artur, Malta da Silva, Humberto Coelho, Rui Rodrigues, Messias, Zeca e Adolfo; Vitor Martins, Jaime Graça, Toni e Simões; de Nené, Eusébio, Artur Jorge, Vitor Baptista, Jordão e Diamantino. Mais, bem mais, que uma selecção Nacional. Como diria o eterno Pinhão, aí que saudades, aí, aí!

Adolfo jogou pela derradeira vez no clube a poucas horas de cair o pano daquele histórico 1974. Deixou quinhão, deixou mérito, deixou responsabilidade, numa das melhores gestações de sempre. E assim justificou o Benfica.


Por favor comentem, apenas se tiverem alguma história de algum dos intervenientes...............vão ser 100 Glórias................depois perde-se o fio á meada.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Adolfo
Mensagem de: Pedro Neto em 13 de Janeiro de 2008, 22:06
Só para dizer que também tenho o livro mas da versão anterior, com capa preta.
O João Malheiro escreve muito bem.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Adolfo
Mensagem de: pcssousa em 14 de Janeiro de 2008, 11:58
Gostava que este tópico ficasse inamovível! é importante fazê-lo para divulgar a história do Benfica!
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Adolfo
Mensagem de: ednilson em 14 de Janeiro de 2008, 21:53
Alberto Gomes Fonseca Júnior. Bissau. Guiné-Bissau. 28 de Agosto de 1956. Defesa.
Épocas no Benfica: 6 (76/81). Jogos: 123. Golos: 1. Titulos: 1 (CN) e 1 (TP)
Outros Clubes: Belenenses. Internacionalizações: 9.

(http://img172.imageshack.us/img172/1500/alberto1em3.jpg)(http://img520.imageshack.us/img520/9828/alberto2mk1.jpg)
                                                                                   Equipa 1974/1975

Quando o ex-júnior Alberto começou a ser utilizado pelo inglês John Mortimore, os benfiquistas ficaram apoderados de um sentimento dubitativo. Com 19 anos acabados de fazer, o defesa lateral, de origem guineense, aparecia no território de Artur, Bastos Lopes, Barros e Pietra, todos internacionais e personagens respeitados no tabuleiro da Luz. Coração e pulmão garantiram-lhe um lugar ao sol, cedo se transformando num dos ai-jesus da catedral vermelha.

Naquela segunda metade de 1977, confinou-se a um jogo da Taça de Portugal, em casa, ante o Riopele (3-0), compondo a retaguarda ao lado de Artur, Alhinho e Barros. Já no inicio do novo ano, numa tarde pardacenta de Inverno, estreou-se nas Antas, com a vitória (1-0), sobre o FC Porto, valendo o golo solitário de Chalana, no primeiro jogo para o campeonato. Em crescendo de produção, titularidade garantida, dele ficou importante préstimo na revalidação do titulo nacional (77/78).

Alberto era um puro sangue, uma força da natureza. "Pode jogar, mantendo os mesmos padrões exibicionais, dia sim, dia não; ou até dia sim, dia sim", garantiu, por essa altura, o então seleccionador nacional, Mário Wilson, no alto da sua cátedra. Impetuoso, sólido a defender, perspicaz a atacar, o jovem africano fazia as delicias dos mais exigentes adeptos e provocava a ira nos mais sectários apoiantes de outros símbolos.

Cedo chegou à equipa nacional. Na trajectória, entretanto frustrada, para o Europeu de 80, marcou mesmo dois golos consecutivos. Na Áustria e em Lisboa, frente à Escócia. Atingiu 9 internacionalizações, numa altura em que se afirmava como melhor lateral-esquerdo da bola indígena. Ainda no Benfica, esteve na espantosa série de 56 jogos sem perder para o campeonato, registo apenas superado pelo Celtic (62), Saint-Gilloise  (60) e Milan (58), na mais que secular história do futebol europeu. Duro, reagiu com sorrisos desportivos a sucessivas catilinárias, sobretudo depois de ter partido uma perna ao já sportinguista Rui Jordão, num lance marcado pelo infortúnio.

De resto, vitima maior ele seria. A 7 de Junho de 1980, abandonou a final do Jamor, que o Benfica arrebataria ao FC Porto, com golo do brasileiro César. Perónio partido ao décimo minuto de jogo, na discussão de um lance com Frasco, cedeu o lugar a Frederico. Pior, muito pior, mergulhou num suplicio. Durante anos, já sem vinculo ao clube, tentou desesperadamente voltar à normalidade. Jogaria ainda no Belenenses, mas longe do fulgor que o havia caracterizado.

Atleta cool no consulado britânico de Mortimore, mais tarde no de Mário Wilson, para trás ficavam 4 temporadas, 123 jogos, um triunfo no Campeonato e outro na Taça de Portugal. Com 24 anos apenas, o Benfica perdeu, de forma imprevista, aquele que se arriscava a ser o melhor dos laterais-esquerdos, pelo menos até ao jubileu do Centenário.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Alberto (actualizado)
Mensagem de: VanBasten em 14 de Janeiro de 2008, 22:13
Não é nenhuma história, mas tenho a final da Taça 72, em VHS...aquele Adolfo era qualquer coisa de sobrenatural. Sinceramente, nem estou a ver nenhum jogador na actualidade, que possa servir de termo de comparação...
Era um lateral que arrastava consigo, o medio ala e o defesa lateral adversário, nas inumeras incursões ofensivas que realizava. O extremo benfiquista (naquele jogo, Diamantino Costa), servia só como ponto de referencia, para flectir para o meio. Ganhamos 3-2...3 golos de Eusébio.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Alberto (actualizado)
Mensagem de: Corrosivo em 15 de Janeiro de 2008, 09:25
Acho que era o Adolfo que diziam que quando chegou ao Benfica era um tosco e o treinador obrigava-o a ficar a seguir aos treinos a treinar cruzamentos e carrinhos. E acabou por ser um dos grandes laterais da nossa história
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Alberto (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 15 de Janeiro de 2008, 22:08
Alberto João Augusto. Lisboa. 31 de Julho de 1898-1973. Avançado.
Épocas no Benfica: 7 (17/24). Jogos: 39. Golos: 9. Títulos: 2 (Campeonato de Lisboa)
Outros Clubes: Sporting de Braga. Internacionalizações: 4.

(http://www.fpf.pt/portal/page/portal/PORTAL_FUTEBOL/FEDERACAO/Fotos/alberto_augusto.jpg)

Numa hipotética bolsa de apostas, Batatinha seria alcunha atribuível a um artista de circo, decerto palhaço, bem à cabeça das preferências. Já jogador de futebol não entraria, provavelmente, nas cogitações. Mas era mesmo. Pelo menos Alberto Augusto, o Batatinha, vá lá saber-se porquê, o avançado do Benfica, de 1917 a 1924. Dele se recordarão apenas os adeptos de muito provecta idade ou os estudiosos da bola, sobretudo na variante benfiquista.

Nasceu ainda no século XIX, no mesmo ano de Ferreira de Castro, Garcia Lorca ou Serguei Eisenstein. Nasceu mesmo antes do jogo, no que a Portugal diz respeito. Do jogo de futebol, importado da Inglaterra, que só na primeira década do século XX começou a organizar-se. Alberto Augusto vestiu a camisola do Benfica durante sete anos.

Foi na idade-bebé da bola que despontou. Viviam-se os rudimentos do jogo. Mas no bê-á-bá começou a impor-se. De estatura mediana, rezam as crónicas da época que se transformou num avançada empreendedor, versátil. Parecia até antecipar uma nova era.

Alberto João Augusto, de seu nome completo, venceu dois Campeonatos de Lisboa, apontando golos decisivos. As suas qualidades ajudaram a ganhar adeptos para a causa, então embrionária, do futebol e do Benfica. Com o estatuto de intocável, obteve a consagração máxima na primeira convocatória da Selecção Nacional. Acompanhado pelos também benfiquistas Vítor Gonçalves e Ribeiro dos Reis, no longínquo 18 de Dezembro de 1921, defrontou a Espanha, em Madrid, no primeiro jogo internacional de Portugal. Alberto Augusto, o Batatinha, marcou de grande penalidade ao lendário Zamora, mas não evitou o desaire (3-1) da nossa equipa. Ainda nesse jogo histórico, actuou ao lado do irmão, Artur Augusto, do FC Porto, que pouco tempo depois haveria de se transferir para o Benfica. Em mais três ocasiões, Alberto Augusto voltaria a envergar a camisola das quinas, a última das quais já em representação do Sporting de Braga.

Eclético, foi também praticante de atletismo, ainda que não tenha atingido grande expressão nessa modalidade. No Minho, em final de carreira, a jogar chegou na posição de guarda-redes (!), alardeando uma polivalência que, por esses anos, nada tinha de anormal.

Se Vítor Silva (1927-19369) é unanimemente considerado o primeiro grande avançado do Benfica, Alberto Augusto terá sido o mais brilhante e destacado dos seus antecessores. Daí a sua presença, intransferível e singular, no arquivo benfiquista.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Alberto Augusto
Mensagem de: ednilson em 16 de Janeiro de 2008, 19:53
Francisco Alves Albino. Tortosendo. 2 de Novembro de 1912-1993. Médio.
Épocas no Benfica: 13 (32/45). Jogos: 343. Golos: 20. Títulos: 6 (Campeonato Nacional), 2 (Campeonato de Lisboa), 1 (Campeonato de Portugal) e 3 (Taça de Portugal). Internacionalizações: 10.

(http://fotos.sapo.pt/brettsinclair/pic/000d728x/s340x255)(http://img507.imageshack.us/img507/3488/193435fw7.jpg)
Equipa 1934/1935

Poucos serão já aqueles que nos álbum de memórias encontraram referências a Francisco Alves Albino. E a verdade é que foi um dos maiores baluartes da sempre propalada mística do Benfica. Nasceu em Tortosendo, bem próximo da Serra da Estrela. Foi lisboeta por adopção, benfiquista por paixão, futebolista por opção. Fez a passagem das décadas de 30 e 40, na liderança do meio-campo encarnado. Era um jogador nuclear. Era pau para toda a colher. Era general e soldado. Patrão e operário.

Albino chegou ao clube dos seus afectos por indicação do treinador Artur John. Começou no escalão infantil (hoje, júnior) e passou, sucessivamente, da terceira à segunda e desta à primeira categoria, num trajecto que soube pisar e a pulso subir.

Com o beneplácito de Ribeiro dos Reis, subiu pela primeira vez ao palco principal, a 26 de Dezembro de 1932, num jogo particular, em Braga, no Campo do Raio, com uma selecção da cidade. Não muito mais tarde era campeão de Lisboa.

A época 34/35 constituiu um marco para Albino. Consagrou-se em definitivo. Chegou até à Selecção Nacional para disputar um amistoso com a  Espanha (3-3), no Lumiar. Revelava-se insubstituível no Benfica e na equipa das quinas. Garantiu, esse ano, o primeiro de seis Campeonatos. Ademais, à guisa de reconhecimento, foi eleito Sócio de Mérito e Águia de Prata.

Sempre em competição, prosseguiu na senda vitoriosa, garantindo o estrelato e conferindo ao clube um lugar de primazia no contexto do futebol nacional.

Era conhecido pelo Tempero. Financeiramente desprendido, já que nunca regateou na assinatura de um contrato, nem por isso deixava de pugnar por um prémio de jogo, pequeno que fosse, susceptível de recompensa fazer ao seu esforço e ao dos seus companheiros. "Quando é que vem o tempero?", foi a frase, amiúde, proferida.

Fez 13 temporadas no Benfica. Disputou 462 jogos, 343 dos quais de carácter oficial. Venceu seis Campeonatos Nacionais, dois Campeonatos de Lisboa, um Campeonato de Portugal e três Taças de Portugal. Dos 17 aos 32 anos, sentiu a águia na camisola. Nunca quis outra.

Atleta extraordinário, avançado no tempo, era até franzino, com pernas que de alicate mais pareciam. Só que era um assombro de personalidade, de carácter, de genica. Albino tinha uma grande auto-estima e contagiava os companheiros, com humildade extrema e até bonomia. Fiel intérprete das mística, reforçá-la soube e transmiti-la melhor ainda. Na sua era, Albino é que era o homem do grito à Benfica.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Albino (actualizado)
Mensagem de: Bola7 em 17 de Janeiro de 2008, 16:37
maravilhoso tópico...se a administração for inteligente mete -o como inamovivel no geral...talvez assim as sondagens sobre os jogadores do Benfica deixem de conter os disparates do costume...
Ednilson... :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2:
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Albino (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 17 de Janeiro de 2008, 19:45
Aldair Nascimentos dos Santos. Ilhéus, Brasil. 30 de Novembro de 1965. Defesa.
Épocas no Benfica: 1 (89/90). Jogos: 33. Golos: 6. Títulos: 1 (Supertaça).
Outros clubes: Flamengo e Roma. Internacionalizações: Brasil.

(http://bp0.blogger.com/_4nTdjjwwT3U/RtNRMqN1Q_I/AAAAAAAABC0/mvJ9wBoCRRM/s400/212.jpg)(http://img170.imageshack.us/img170/1335/benfica19891990ag4.jpg)
Equipa 1989/1990

Primeiro, chegou Mozer, um dos melhores do Mundo na sua posição. Depois, Ricardo Gomes, para compor a mais imperial dupla de sempre. Por fim, Aldair, uma promessa de nível internacional. Aos três centrais brasileiros muito ficou a dever o Benfica, nas transição das décadas de 80 e 90.

As insistentes abordagens de algibeira cheia não poderiam deixar os responsáveis benfiquistas indiferentes. Mozer partiu para Marselha, Ricardo foi considerado inegociável. Duo desfeito, baterias apontadas para o inesgotável filão brasileiro. O alvo era Aldair, central do Flamengo, de 24 anos, já internacional canarinho. Apresentou-se ao serviço, consumado o enlace, disposto a mitigar as saudades de Mozer. Sólido e correlativo foi o dueto que então formou com Ricardo, naquela época de 89/90.

Eriksson estava de regresso, após cinco anos de suspiro pela águia, relegando o campeão Toni para técnico adjunto. O Nacional discutia-se a duas vozes. Mais alto cantou o FC Porto, através de quatro pontos à melhor na hora do acerto de contas. A Supertaça Cândido de Oliveira, essa, não escapou, com a devida vénia ao vencido, o Belenenses. A nível internacional, o Benfica, como dois anos atrás, atingiu a final dos Campeões. Para a trajectória imaculada muito contribuiu Aldair, ausente apenas um jogo, por razões clínicas. Que não o da meia-final, com o Marselha, na Luz, esse mesmo da mão de (Deus) Vata.

A 23 de Maio, no Estádio Prater, em Viena, o Benfica repetia a final de 62/63, com o AC Milan. Pela frente tinha a melhor equipa do Mundo a nível de clubes, com os holandeses Gullit, Van Basten, e Rijkaard no topo das carreiras. Aldair e Ricardo estiveram quase insuperáveis, contrariando os tiques ofensivos do antagonista. O jogo foi equilibrado e revelador do receio mútuo das duas formações. Mais feliz, o Milan, por intermédio de Rijkaard coloriu o marcador. De nada valeram as preces de Eusébio na sepultura de Guttmann. A maldição continuava. Aldair não seria campeão da Europa.

Para começo de viagem, o ano apresentava resultados favoráveis. O jogador exibiu-se nas montras principais. Tecnicamente equipado. Tacticamente calçado. Emocionalmente agasalhado. E não era saldo, antes produto de primeira qualidade. Por isso, valeu cerca de um milhão de contos ao Benfica, quando transaccionado para a Roma.

Uma só época jogou Aldair na Luz. Ele que viria, como prova de afeição, a ultrapassar dez anos de permanência na capital italiana. Poderia ter sido assim no Benfica, não ditasse lei o dinheiro. Mas sempre ficou a imagem, a saudade mesmo, de um jogador diletante.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Aldair
Mensagem de: ednilson em 18 de Janeiro de 2008, 19:18
Alfredo Saúl Abrantes Abreu. Lisboa. 19 de Abril de 1929. Médio.
Épocas no Benfica: 6 (54/60). Jogos: 140. Golos: 1. Títulos: 3 (Campeonato Nacional) e 3 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Oriental. Internacionalizações: 1.

(http://img263.imageshack.us/img263/4301/alfredoif7.jpg)(http://img444.imageshack.us/img444/5860/195455dy3.jpg)
Equipa 1954/1955

Tão perfeito e rápido era na execução do desarme que a dúvida persistia. Qual foi o pé utilizado? Ganhou, por isso, alcunha. Três Pés lhe chamaram. Era lisonja. E Alfredo gostava. Nasceu na Lisboa popular, na Lisboa pobre. No Oriental começou a luzir, lá por Marvila. Alfredo era extremo-direito, naquela tendência juvenil para viver mais intimamente ligado ao golo. O Sporting namorou-o. Ainda se treinou de verde, por uma única vez. Agradou, rogaram-lhe que ficasse, usou expediente adequado. O pai não autorizava. Era mentira, era vermelho o coração. Do Benfica.

Já sénior, já defesa, investiram, então, o Belenenses e o FC Porto. Debalde também. Só poderia ser outro, o caminho. Finalmente aberto, pouco depois. A paciência deu lugar à impaciência. Benfiquista de alma, agora também de ficha. Queria apresentar-se ao serviço.

O desvairo iniciou-se em 54/55. Era mesmo para alucinar. Campeonato e Taça no bornal. Com as impressões digitais de Costa Pereira, Jacinto, Artur Santos, Coluna, Caiado, Ângelo, Palmeiro, José Águas, Arsénio. Também já as de Alfredo. Parecia fácil jogar ao lado de campeões. Continuava a destacar-se na leveza com que desarmava os oponentes. Frugal, perseverante, eficaz, ficavam-lhe bem os adjectivos.

Viveu mais quatro anos em alta. Antes do Mundial da Suécia de 58, numa entrevista, considerou "aquele interior do Santos, chamado Pelé, o jogador mais difícil de marcar". Tinha olho vivo. De José Águas, ainda militava no Oriental, havia dito algo semelhante. Também não se equivocou. Águas, agora, companheiro de equipa ou uma enxaqueca a menos. Com ele, com os outros, ganhou três Campeonatos e três Taças de Portugal. Até ouviu A Portuguesa, inamovível e trajado a rigor, em jogo internacional.

A despedida bem poderia ter sido na temporada de 59/60. Nos arrebaldes de Lisboa, no Jamor, com cartaz de pompa. Era a final da Taça. Pela primeira vez, um Chefe de Estado desceu ao relvado. Cumprimentou Américo Tomás. Poderia também ter cumprimentado uma gigantesca onda vermelha. Seria o adeus em apoteose.

Alfredo prosseguiu mais uma época no Benfica. Tão-só para um jogo fazer. Madrasto, o tempo, já não era o mesmo Três Pés. Mas assim ficou, com justiça, na selecta benfiquista.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Alfredo (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 19 de Janeiro de 2008, 18:17
Carlos Alexandre Alhinho. São Vicente. Cabo Verde. 10 de Janeiro de 1949. Defesa
Épocas no Benfica: 4 (76/80). Jogos: 90. Golos: 2. Títulos: 2 (Campeonato Nacional) e 2 (Taça de Portugal) e 1 (Supertaça).
Outros Clubes: Académica, FC Porto, Sporting e Portimonense. Internacionalizações: 15.

(http://www.merda-de-testes.blogger.com.br/7980.jpg)(http://img524.imageshack.us/img524/222/benfica197879cu4.jpg)
Equipa 1978/1979

A meio da década de 70, a cadeia de comando do sector defensivo do Benfica desmoronou-se com a saída de Humberto Coelho. Ainda assim, na ausência do líder carismático (75-77), nem por isso o clube deixou de saborear dois títulos nacionais. Uma escrupulosa colecção de centrais foi a terapêutica em boa hora perfilhada. António Bastos Lopes (também lateral-direito), Eurico, Messias, Alhinho e Barros (também lateral-esquerdo) integraram o plantel naquela temporada de 76/77. A novidade era o internacional de origem cabo-verdiana, então com 27 anos, já campeão nacional pelo Sporting, oriundo do Bétis de Sevilha.

Carlos Alhinho era a experiência acumulada. Dotado de excelente sentido posicional, consistente no jogo aéreo, firme na marcação. Capaz de sair a jogar com autoridade, forte no contexto emocional, logo se tornou um bem-avindo na retaguarda benfiquista. Reencontrou o sucesso com o título de campeão e sucessivas chamadas à equipa nacional. De tal sorte que uma irresgatável proposta do Racing White, da Bélgica, o conduziu a nova aventura, em 77/78, data do regresso apoteótico de Humberto Coelho.

No ano seguinte, então sim, novamente na Luz, contrato assinado por três temporadas, fez dupla com o capitão, seguramente a melhor e mais harmoniosa da época. Em todo o caso, o desenlace não correspondeu ás expectativas, quedando-se o Benfica pela segunda posição, mesmo que a um só ponto do campeão FC Porto. Nessa prova, o triunfo folgado (5-0) sobre o Sporting, com todos os golos obtidos na metade inaugural, constituiu o marco mais saliente da prestação encarnada.

Voltou a penar na temporada seguinte, com o Sporting a impor-se, já João Laranjeira, por coincidência velho companheiro das sagas de Alvalade, engrossava o lote de centrais do Benfica. A final da Taça lenitivo foi, com triunfo arrancado ao FC Porto, graças a um golo solitário do brasileiro César.

O regresso às vitórias estava aprazado para o ano imediato. Com Lajos Baroti, deu Campeonato, deu Taça, deu Supertaça, deu até meias-finais da Taça das Taças. Mas já deu menos Alhinho, inferiorizado por lesões várias e numa idade em que a recuperação se apresentava mais penosa. Adivinhava-se o adeus.

Não desmereceu a passagem pelo clube. Carlos Alhinho, prolongamento da legião africana de futebolistas com generosidade e arte, ajudou, no seu tempo, à criação de sinergias num Benfica em fase de adaptação aos novos tempos.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Alhinho
Mensagem de: ednilson em 20 de Janeiro de 2008, 17:54
Álvaro Monteiro Guimarães. Lamego. 3 de Janeiro de 1961. Defesa
Épocas no Benfica: 9 (81/90). Jogos: 263. Golos: 9. Títulos: 4 (Campeonato Nacional) 4 (Taça de Portugal) e 1 (Supertaça).
Outros Clubes: Cracks de Lamego, Académica, Estrela da Amadora e Leixões. Internacionalizações: 20.

(http://bp1.blogger.com/_4nTdjjwwT3U/R216GqUk1PI/AAAAAAAABkc/6KTo0YsjrW4/s400/229.jpg)(http://img443.imageshack.us/img443/7466/198719882qe4.jpg)

Não deixa de ser intrigante ler o nome do Cracks de Lamego na lista de títulos nacionais de futebol juvenil. Era lá que jogava, ainda menino, o raçudo Álvaro. Está talvez explicado. Como explicado está o sucesso que teve na Académica, já sénior, ao ponto de suscitar a cobiça dos mais prestigiados emblemas desportivos da nossa praça. Ganhou o Benfica a corrida. E ganhou também um jogador modelar. Sério e combativo. Que não era nenhum prodígio. Sabia-o bem. Como sabia até onde poderia ir. Optimizou os seus recursos. Marcou território. E fez história.

Começou a vestir a farda vermelha na época 81/82. Veloso e Pietra tinham, nessa altura, o grosso das despesas defensivas nas laterais. Tarefa assaz difícil, a de Álvaro, perante dois companheiros tão experimentados. Nos dois primeiros anos, jogou de forma algo descontinua, mas raramente deixava de integrar as convocatórias. Sempre paciente e abnegado.

Em 83/84, protagonizou a sua mais sensacional temporada. Foi o único totalista da equipa nos jogos do Nacional, que o Benfica ganhou de forma categórica. A asa canhota, com Álvaro e Chalana, aos adversários não dava nunca sinais de misericórdia. Era um Benfica à esquerda, um pouco coxo até, tão grande era o pesos dos dois jogadores no edifício táctico. Assim foi também na Selecção Nacional, no Europeu de França, desse mesmo ano. À boleia de Chalana, mas com muito mérito pessoal, Álvaro colheu a preferência de muitos jornalistas internacionais que o reputaram como sendo o melhor lateral-esquerdo do Velho Continente.

Manteve-se no auge até ao final de 1988. De permeio, jogou o Mundial do México, no flanco dextro da cortina defensiva, relegando o portista João Pinto para o banco de suplentes. No Benfica foi campeão nacional quatro vezes, conquistou outras tantas Taças de Portugal e uma Supertaça Cândido de Oliveira.

Anos mais tarde, como treinador adjunto, marcou a retoma alvi-rubra, com a Taça (2003/2004, ao lado de Camacho) e o Nacional (2004/2005, junto a Trapattoni).

Para além da final da Taça UEFA, disputou o embate decisivo dos Campeões, em 1988, frente ao PSV, mas já não marcaria presença, dois anos depois, na discussão do título europeu com o Milan. Foi quando Eriksson optou pelo defesa central Samuel, colocando-o à canhota, com Álvaro, Fernando Mendes e Fonseca, todos defesas esquerdos, no plantel. "Não ter jogado essa partida foi um dos momentos mais tristes da minha carreira", reconhece.

Despediu-se no termo da época 89/90, com o Belenenses, no Estádio da Luz. Dele ficaram vestígios, mais de uma década depois reforçados, do seu amor à camisola.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Álvaro (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 21 de Janeiro de 2008, 22:05
Álvaro Gaspar. Lisboa. 10 de Maio de 1889-1915. Avançado
Épocas no Benfica: 3 (11/14). Jogos: 16. Golos: 18. Títulos: 3 (Campeonato de Lisboa).

(http://img227.imageshack.us/img227/7895/lvarogasparbt7.jpg)
(http://img177.imageshack.us/img177/4475/1112ur5ti2.jpg)
Plantel Época 1911/1912

Rezam as crónicas que no primeiro de Janeiro de 1905, o então Sport Lisboa disputou o jogo inaugural de uma caminhada que talvez ninguém vaticinasse no mínimo centenária. Foi frente ao Campo de Ourique, nas Salésias (em Belém), com triunfo 1-0. Já depois da fusão (13 de Setembro de 1908) com o Grupo Sport Benfica, mais tarde Sport Clube de Benfica, da qual resultou o actual Sport Lisboa e Benfica, o Campeonato de Lisboa era a prova dominante. Assim, foi até quase à década de 30.

A temporada de 1913/1914, no inicio da I Guerra Mundial, ficou na história do novel clube. O Benfica venceu a edição em todas as categorias, quatro eram. Fez o pleno. Ainda que grosseira a comparação, seria um tanto como na actualidade garantir a conquista, no mesmo ano, dos Nacionais de infantis, iniciados, juvenis, juniores e seniores.

Nesse longínquo 1914, um jogador sobressaiu aos demais. Álvaro Gaspar era o seu nome. De alcunha Chacha, avançado de posição. Com Paiva Simões, Homem de Figueiredo, Henrique Costa, Cosme Damião e Artur José Pereira, todos integrantes da Selecção de Lisboa que, um anos antes, havia digressionado pelo Brasil. Viviam-se tempos de futebol casto. Insipiente.

Álvaro Gaspar actuou três anos com o emblema do Benfica. Outras tantas vezes venceu o Campeonato de Lisboa. Reputavam-no executante fantástico, já tecnicamente perfumado, com sentido de organização, temível a finalizar. Havia ingressado nas fileiras do clube pouco depois da fundação. Assistiu apenas ao primeiro desafio oficial, a 4 de Novembro de 1906, frente ao Carcavelos, a melhor equipa do ano, com derrota por 3-1. Ele que se iniciou no patamar inferior, na terceira categoria, sempre em espiral, até à turma de honra.

Em Março de 1913, relatos na época mencionam que aos ombros havia sido levado, até aos balneários pelos componentes de uma equipa inglesa, o New Cruzaders, maravilhados com os seus atributos de índole técnica. Numa espécie de paleolítico superior, naqueles pré-história do futebol aborígene, o Chacha parecia de outro estádio de desenvolvimento. A  melhor exibição, pelo menos a mais produtiva, realizou-a em Dezembro de 1913. O Benfica aturdiu (9-0) o Cruz Quebrada, com cinco golos de Álvaro Gaspar. Sempre na presença do tutor Cosme Damião, lenda benfiquista, fundador, jogador, técnico, dirigente.  Aquele que "fez do Benfica o maior clube português", segundo o mestre Cândido de Oliveira.

Álvaro Gaspar contribuiu, embrionariamente, para o estatuto singular e não menos invejável do clube. Com aura popular. Ainda na casa dos 20 anos, adoeceu e deixou de jogar. Mesmo desaconselhado pelos médicos, não perdia pitada dos jogos da sua equipa de afeição. Minado pelo infortúnio, morreu a 3 de Setembro de 1915, foi sepultado no cemitério da Ajuda. Uma bandeira do Benfica cobriu-lhe o caixão, tal como havia pedido a Ribeiro dos Reis. Era a bandeira do futuro.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Álvaro Gaspar
Mensagem de: LuigiSLB83 em 21 de Janeiro de 2008, 22:23
ednilson Não tenho palavras

:bow2: :bow2: :bow2:

Administração do Forum, de que é que estão à espera para colocar no Inamovível? :tickedoff:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Álvaro Gaspar
Mensagem de: ednilson em 22 de Janeiro de 2008, 21:47
António José Bastos Lopes. Lisboa. 19 de Novembro de 1953. Defesa
Épocas no Benfica: 15 (72/87). Jogos: 390. Golos: 4. Titulos: 7 (Campeonato Nacional), 5 (Taça de Portugal) e 2 (Supertaça).
Internacionalizações: 10.

(http://photos1.blogger.com/x/blogger/8149/1203/320/853360/AntBastosLopes.jpg)

(http://img84.imageshack.us/img84/5132/benfica19821983if0.jpg)
Equipa 1982/1983

A primeira vez que António Bastos Lopes concedeu uma entrevista de página inteira ao jornal "A Bola" caminhava, inexoravelmente, para a veterania. Ele que tantas vezes poderia ter sido noticia, enquanto filha da actualidade. Era daqueles que não davam muito nas vistas. Era, afinal, um cultor da sobriedade. Tal como no campo, também aos media passava um tanto despercebido. Só que ninguém lhe tira o mérito da eficácia, em quase vinte anos de afeição à mesma camisola, à mesma divisa.

Foi descoberto em Odivelas, pelo então seleccionador do futebol juvenil, David Sequerra, que o convocou para a equipa nacional. O Tó Lopes, como era conhecido nessa altura, não perdeu o merecimento, suscitando mesmo a cobiça dos maiores do burgo. Meses depois, estacionava na Luz, ainda na década de 60. Assim foi até1986!

(http://bp0.blogger.com/_zO60f9DvDlE/Rl3vKCF5d6I/AAAAAAAAAnQ/oZoGZca9zHA/s320/Bastos+Lopes.jpg)
António Bastos Lopes à direita, com o seu irmão Alberto

Com tudo de verdade, surgiu na Antas, no dia dos enganos, corria a temporada de 72/73. Eram outras as portas que Abril abriu. As da equipa principal. Numa época que aos anais passaria. Um Benfica invicto, apenas com dois empates (FC Porto e Atlético) cedidos, no melhor registo de que há memória. Era a equipa maravilha de Hagan, na qual Bastos Lopes se foi paulatinamente integrando.


Só a partir de 75/76, começou a jogar com regularidade. Nessa época, com Mário Wilson no comando técnico, foi quase sempre utilizado a lateral-esquerdo, ocupando Artur o lado oposto da cortina defensiva. Ele que havia sido avançado e médio nos escalões juvenis, recuava em termos tácticos, passando a lateral-direito, sobretudo a partir da saída de Artur para o Sporting. Em 81/82, com Baroti, depois com Eriksson e nos consulados técnicos posteriores, estabeleceu-se a central, formando dupla de prestigio com o capitão Humberto Coelho.

Jogou 14 anos consecutivos na equipa sénior. Disputou quase 400 jogos oficiais, tornando-se 11º futebolista mais utilizado de sempre no Benfica. Conquistou sete Nacionais, cinco Taças e duas Supertaças. Por uma dezena de vezes vestiu a camisola nacional, numa altura em que gigante era a concorrência para o seu posto.

Impassível na função, seguro a intervir, corajoso a lutar, sempre mentalmente forte, António Bastos Lopes marcou uma época no Benfica. De ouro e de prata foi.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Álvaro Gaspar
Mensagem de: Bola7 em 23 de Janeiro de 2008, 10:02
Citação de: LuigiSLB83 em 21 de Janeiro de 2008, 22:23
ednilson Não tenho palavras

:bow2: :bow2: :bow2:

Administração do Forum, de que é que estão à espera para colocar no Inamovível? :tickedoff:
e no geral...
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - António Bastos Lopes (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 23 de Janeiro de 2008, 22:23
Ângelo Gaspar Martins. Porto. 19 de Abril de 1930. Defesa.
Épocas no Benfica: 13 (52/65). Jogos: 284. Golos: 4. Títulos: 7 (Campeonato Nacional), 5 (Taças de Portugal) e 2 (Taças dos Campeões).
Outros Clubes: Académico do Porto. Internacionalizações: 20.

(http://img171.imageshack.us/img171/1711/ngeloco9.jpg)

(http://img171.imageshack.us/img171/5703/benfica19591960lv9.jpg)
Equipa 1959/1960

Do prelo de Ângelo Martins saíram algumas das melhores criações do Benfica. Ele era um burilador de diamantes, criador de craques. Mostrou sempre cartão vermelho à incompetência. As suas impressões digitais podiam ver-se em Humberto Coelho ou Nené, Alves ou Jordão, Artur ou Shéu, Vítor Martins ou Chalana. E tantos, tantos outros. Se benficómetro houvesse, atingiria o limite dessa ardência que vida fora o acompanhou. Ele foi também jogador brioso, na combinação da técnica com a velocidade, da força com a resistência. Ele que ganhou todas as competições possíveis a nível de clubes. Todas? "Excepção feita à Taça Intercontinental, que se me escapou, para mal dos meus pecados", confessa, assim como quem pede remissão.

O pai era sapateiro, numa travessa das Antas. Ângelo caracterizava-se por uma irrequietude sem limites e pelo apego à trapeira. Já exibia dotes apreciáveis, quando gritava "sou do Benfica", sempre que o confrontavam com a hipótese de fazer carreira no FC Porto. Ainda garoto, jogou no Académico. Três anos depois do debute seria irradiado. Funcionou a cruel justiça federativa, já que havia assinado duas fichas, uma pelo Académico e outra pelo FC Porto. "Foi um dirigente portista que me enganou, dizendo que tinha tudo tratado com o meu clube". Ingénuo foi.

Já não sonhava com os terraços da bola, quando cumpria serviço militar em Santarém. Tinha 20 anos, mas dele se falava ainda. O Benfica manifestou interesse em recrutá-lo, comprometendo-se a diligenciar o levantamento da irradiação. Demorou alguns meses, mas as instâncias superiores condescenderam. Era jogador do Benfica, do clube da sua devoção.

Na época de 52/53, provou que jamais poderia ser um dissidente dos jogo, ao lado de Artur, Moreira, Caiado, Rogério, Félix, Arsénio, Águas e Corona. Com esse e outros companheiros muito contribuiu para por termo ao reinado dos Cinco Violinos do Sporting. A tarefa foi árdua, mas a soma de onze indómitas vontades, domingo a domingo, a tanto conduziu. E esse Benfica, o Benfica dos anos 50, lançavam as sementes que germinariam na década seguinte, a década da glória, do mítico clube da águia.

"Como espero jogar ainda muitos anos, é possível que possa enriquecer bastante o meu álbum", dizia Ângelo, em 1957. Premonitoriamente. Aprendeu muito com Otto Glória, mas com Bela Guttmann chegaria ao cume. Era já lateral, sobretudo na faixa canhota, ele que havia começado a médio, quase indistintamente à direita ou à esquerda. "Rompe-se todo e morde a relva em sinal de alegria ou de desespero", retratavam-no à época.

Foi bicampeão da Europa, venceu sete Campeonatos e cinco Taças de Portugal. Despediu-se em Guimarães, frente ao Vitória local, em Maio de 1965, após 13 temporadas consecutivas no Benfica.

(http://img153.imageshack.us/img153/8382/angelobz9.jpg)
Final da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1961 frente ao FC Barcelona, Ângelo tira uma bola da linha de golo

A dedicação ao clube, o irreplicável profissionalismo e os conhecimentos adquiridos conduziram-no à estrutura técnica do futebol juvenil. Montou a sua oficina com o jeito dos predestinados, deu-lhe o cunho dos dotados, o prazer dos apaixonados e a glória dos jubilados. Venceu sete Campeonatos Nacionais de juniores, seis de juvenis e dois de iniciados.

A loja do mestre Ângelo fabricou talentos em série, passe o contraditório. "Claro que sinto um enorme orgulho por ter trabalhado com muitos miúdos que garantiram um lugar ao sol no panorama do futebol português e até internacional. Não se pense, porém, que o mérito foi meu. Muitos contribuíram, desde logo eles próprios, mas é o Benfica e só o Benfica a justificar os louros".

As camisolas berrantes das últimas gerações devem muito a Ângelo. Ao seu exemplo. Ao seu esforço. À sua competência. Por isso também garantiu um lugar cativo, lugar destacado, na historiografia benfiquista.

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Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Ângelo
Mensagem de: Bola7 em 24 de Janeiro de 2008, 09:30
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Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Ângelo
Mensagem de: 46Rossi em 24 de Janeiro de 2008, 11:35
Fantástico trabalho ednilson :bow2: :bow2: :bow2:

Fico deliciado a ler estas estórias...
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Ângelo
Mensagem de: ednilson em 24 de Janeiro de 2008, 22:15
Arsénio Trindade Duarte. Barreiro. 16 de Outubro de 1925-1986. Avançado.
Épocas no Benfica: 12 (43/55). Jogos: 298. Golos: 220. Títulos: 3 (Campeonato Nacional), 6 (Taças de Portugal) e 1 (Taça Latina).
Outros Clubes: Barreirense, CUF, Montijo e Cova da Piedade. Internacionalizações: 2.

(http://img159.imageshack.us/img159/6323/arsnio1es3.png)

(http://img120.imageshack.us/img120/1449/arsnio2du0.jpg)
Equipa vencedora da Taça Latina 18.08.1950

Deu-se Arsénio a descobrir com a inocência comparável aos pés desnudados gozando com a bola de trapos. Era o brinquedo dos pobres. Também no Barreiro. Sobretudo no Barreiro, terra de operários, de gente laboriosa, mas com vida inclemente. A dos pais dos "homens que nunca foram meninos", no retrato de Soeiro Pereira Gomes.

Menino não foi Arsénio, o Pinga para os amigos das traquinices e das pelejas nos areais. Na década de 30, Pinga (que era o seu ídolo) era o mais cobiçado dos elogios, já que o jogador do FC Porto, nascido no Funchal resplandecia nos primitivos recintos da bola lusitana.

No inicio da adolescência deu-se o sortilégio. Ofereceram-lhe o palco. No Barreirense se estreou. Foi perante o Sporting, na festa do adeus a Francisco Câmara. "Ainda não tinha 16 anos e quem me marcou foi o Aníbal Paciência. Ao principio estava um pouco enervado, mas, depois, serenei e perdi o respeito ao valoroso jogador do Sporting". Arsénio viria a sagrar-se esse ano, campeão nacional da II Divisão, consumado o triunfo (6-1) sobre a Sanjoanense, nas Amoreiras, com gente ilustre do Benfica atenta ao desenrolar do encontro.

Na companhia de Moreira, o conhecido Pai Natal, Arsénio ainda tentou a sorte no mais reputado Vitória de Setúbal, mas do reputadíssimo Benfica chegou a proposta. Recebeu seis contos pela assinatura e 750 escudos mensais daí para a frente. Mas continuou a trabalhar como aprendiz de serralheiro, mais tarde oficial, na CUF. De cacilheiro viajava, com toque madrugador, às 5.45 horas. Era assim três vezes por semana. Treinava-se pela manhã, trabalhava à tarde. Foi assim durante anos. In illo tempore.

Com apenas 18 anos, a 19 de Dezembro de 1943, Arsénio envergou pela primeira vez a camisola do Benfica. Logo aos cinco minutos, disse ao que ia, apontando o primeiro golo. Foi no Campo Grande, nesse triunfo (5-1), ante o Vitória de Guimarães. Titularidade garantida, a ouro fechou a temporada, através da conquista da Taça de Portugal, na maior goleada (8-0) de sempre, com o Estoril Praia.

Actualmente, Arsénio seria número 10. Nesses tempos, actuava como interior-direito. De baixa estatura, era rápido, driblava bem e tinha apurado instinto de golo. Em 446 jogos pelo Benfica marcou 350 golos. Trezentos e cinquenta que a imponência merece escrita por extenso. Até aos nossos dias, só Eusébio, José Águas e Nené mais golos fizeram. Sempre a dissertar na sua linguagem favorita, ganhou a idolatria das massas, o carinho dos companheiros, o respeito dos antagonistas. Um dia, frente ao Estoril Praia, na vitória (7-0), fez seis golos. Melhor ainda, em plena festa de inauguração do Estádio das Antas, marcou cinco, fazendo os nortenhos......perder o Norte!

(http://img159.imageshack.us/img159/6527/arsnio3im6.jpg)

Numa dúzia de temporadas, venceu três Campeonatos e seis Taças de Portugal, quatro delas consecutivas. Mentalmente forte, adepto dos grandes ambientes e decisões, nunca perdeu uma Taça. Que o digam o Sporting (duas vezes), o Estoril, o Atlético, a Académica e o FC Porto. E quase sempre com golos probatórios dos seus amplos recursos de finalizador. Como aquele, memorável e decisivo, que marcou ao Bordéus, na final da Taça Latina. Os franceses estavam em vantagem, por 1-0, desesperavam as hostes encarnadas, quando, a 15 segundo do fim, Arsénio restabeleceu a igualdade. Jogaram-se dois prolongamentos, até que Julinho haveria de selar o primeiro grande triunfo europeu do Benfica.

Na Selecção Nacional, por ironia, não fez mais que dois golos, ambos com a Espanha. O talentoso Manuel Vasques, grande amigo de infância no Barreiro, barrou-lhe também o lugar, numa altura em que a maleabilidade táctica vinha ainda distante. Quando o brasileiro Otto Glória ingressou no Benfica, outros ventos sopraram, os ventos do profissionalismo. Já na casa dos trinta, Arsénio optou por abandonar o clube e aderir ao projecto da CUF, empresa onde mantinha o seu posto de trabalho. Com 33 anos, para mal dos pecados dos benfiquistas, seria ainda o melhor goleador do Nacional.

Exibiu o requinte dos predestinados, naquela relação apaixonada pelo golo. Arsénio marcou mais, muito mais, que uma geração do Benfica. Arsénio marcou o Benfica.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Arsénio (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 25 de Janeiro de 2008, 22:25
Artur Manuel Soares Correia. Lisboa. 18 de Abril de 1950. Defesa.
Épocas no Benfica: 6 (71/77). Jogos: 160. Golos: 3. Títulos: 5 (Campeonato Nacional), 1 (Taças de Portugal).
Outros Clubes: Académica, Sporting e Tea Men (EUA). Internacionalizações: 35.

(http://img119.imageshack.us/img119/3449/arturcorreia3ij5.jpg)

(http://img210.imageshack.us/img210/9595/benfica19721973cu1.jpg)
Equipa 1972/1973

Tinha por código o principio sagrado mesmo, não torcer, antes quebrar. Dai que fosse alegria vê-lo em acção. O Artur, o Ruço, era fulgente. Aos confins de si próprio ia buscar sempre um fôlego mais, um fôlego derradeiro, que poderia valer o desarme providencial, a recuperação da bola, o passe decisivo, o golo. Para ele, só valia jogar nos limites, assim como quem desafia, em permanência, as leis da natureza.

Foi sempre um inconformado. Começou a ponta-de-lança e virou lateral-direito, com curtas passagens pelo meio-campo. Talvez por isso, gostava de se estender, de subir na relva, ao encontro porventura da origem. Quis sempre provar que por mais encostado que estivesse na linha, nem por isso deixava de ser um construtor, sem embargo das dominantes preocupações defensivas. Ao seu tempo, os críticos teciam loas ao "lateral moderno".

Assim foi Artur. "Provavelmente, o melhor da Europa", sentenciou Kovacs, mais que reputado técnico, vivia-se em 1972.

Ainda garoto e sem cabelo à beatle, começou a carreira no Futebol Benfica. Principiante e juvenil foi. Para o outro Benfica, o seu Benfica, logo se transferiu. Num ano de júnior, um Campeonato Nacional, com Humberto Coelho, Vítor Martins e Nené. O apelo da medicina fê-lo ingressar, depois, na Académica. Três grandes anos em Coimbra, não nos livros, mas na bola. Futebolista profissional seria, médico nunca mais. E Coimbra foi mesmo uma lição. Com Rui Rodrigues, Alhinho, Gervásio, os irmãos Campos, Manuel António, com bons treinadores, Artur continuou a progredir.

Estranho seria o Benfica não tentar o retorno. Foi o que fez. No verão de 71, triunfante, irrompeu pelo átrio principal da Luz. Sentia-se um jogador a valer, nos quadros estava de uma das melhores formações da Europa. Logo se impôs. Sem surpresa. Era, segundo Vítor Santos, "Artur, a alegria do jogo. Artur, o nervo do jogo. Artur, a classe do jogo. Artur, a serenidade do jogo. Artur, o símbolo do antimarcenarismo do jogo".

No Benfica, durante seis anos, só deixou fugir um Campeonato. Eram os tempos em que a gigantesca mancha vermelha, intensa também, reluzia em todos os parques da bola. Na conta pessoal de Artur, em 124 partidas para o Nacional, apenas dez vezes perdeu. Notável!

(http://img210.imageshack.us/img210/4977/ramoncarranza7171pz8.jpg)
Artur, à direita carregando o troféu do Torneio Ramon Carranza ganho pelo Benfica em 1971/72

A nível externo, da mesma forma, não deixou créditos por.....pés alheios. Interpretou algumas exibições memoráveis. Por um triz não jogou uma final do Campeões. Responsabilidade do Ajax, por essa altura comummente considerada a melhor esquadra europeia.

Na Selecção Nacional, pontificou no seu posto, desde Maio de 1972, mês da estreia, frente ao Chipre. Marcou presença na Minicopa do Brasil, justificando gabos da exigente e algo sobranceira imprensa brasileira. Por cá, o escritor Mário Zambujal confessava que "o que sempre mais admirei no Artur foi justamente essa personalidade do espírito de júnior. A experiência refinou as suas técnicas, aprimorou-lhe o sentido do lugar, da intercepção, do desarme, do passe. Mas no seu retrato de jogador prevalece sempre a imagem do rapaz encantado por jogar à bola".

Na última época em que serviu o Benfica, Artur carregou a cruz de uma lesão. Pleurisia era. Estava em final de contrato e nada lestos foram os responsáveis benfiquista. Esperou com impaciência. De peito aberto, esperou.....sentado. Mudou-se para o outro lado da avenida, decerto com amargura. A mesma amargura com que, incrédulos, ficaram os adeptos encarnados. Tal como Pinhão poderiam dizer nesse momento que ele "jogava-dava-e-levava, quem vai à guerra, já sabe, e era mesmo um jogador de briga, à moda antiga, ai que saudades, ai, ai!....".

Fizeram-no sócio do Benfica, tinha apenas um ano de idade, ainda não sabia quem era. "O emblema de ouro não fui receber, porque à coisas com que não concordo". E quem lhe poderá levar a mal? Foi sempre assim o Artur. Irreverente, inconformado.

Extra, Artur e o Benfiquismo:

Artur, tem histórias deliciosas como aquela de em Alvalade, ao intervalo perguntar sempre ao policia de serviço qual o resultado do Benfica, ou numa das suas raras visitas à Luz, de verde, chamar de "malandro benfiquista" ao árbitro que marcou 1 penalty sobre Chalana e este responder "não sou mais do que tu", e ele " é verdade mas eu ao menos tento disfarçar". Artur o Ruço.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Artur Correia
Mensagem de: Red skin em 26 de Janeiro de 2008, 09:56
Ednílson :bow2: :bow2: :clap1:

:slb2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Artur Correia
Mensagem de: ednilson em 26 de Janeiro de 2008, 18:00
Artur José Pereira. Lisboa. 25 de Dezembro de 1889-1943. Médio.
Épocas no Benfica: 7 (07/14). Jogos: 48. Golos: 21. Títulos: 4 (Campeonato de Lisboa).
Outros Clubes: Sporting e Belenenses.

(http://img132.imageshack.us/img132/719/arturjospereiracy1.jpg)

(http://img108.imageshack.us/img108/308/benfica19081909sr2.jpg)
Equipa 1908/1909 - Equipa do Benfica que, a 25 de Outubro de 1908, alcançou a primeira vitória sobre o Sporting. Artur José Pereira é o primeiro jogador a contar da esquerda, de pé.

Foi ainda o século XIX que viu nascer Artur José Pereira, considerado o primeiro grande jogador do futebol português. Pouco antes do Regicídio, no qual pereceram o rei D. Carlos e o príncipe D. Luís, estreou-se no Benfica, três anos após a fundação do clube. Grupo Sport Lisboa era. Para o jornalista e seleccionador nacional, Tavares da Silva, "ele que nunca estudou o jogo pelos livros ou pelo ensino do treinador, conhecia o futebol como ninguém. Foi o percursor do futebol moderno, adivinhando por intuição e instinto tudo o que dizia respeito à táctica e sua execução".

Artur José Pereira viveu na Idade da Pedra do futebol nacional. É suposto que a prática da modalidade tenha sido iniciada no ano de 1888. De acordo com Ricardo Ornelas, "em Portugal metropolitano tomou-se o ano de 1888 como o da inauguração do jogo. Guilherme e Eduardo Pinto Basto, irmãos de família ilustre, idos a educar em Inglaterra, voltaram, então, ao país e trouxeram na sua bagagem uma bola para um jogo que lá se estava a praticar muito". Era o jogo de futebol.

Quando Artur José Pereira entrou na competição, os defesas só defendiam, os avançados só atacavam e os médios, esses, quase só corriam. Emergiu, sublinhando as diferenças, segundo o grande Cândido de Oliveira: "Possuía em que nenhum outro jogador o igualou, a maior de todas definida pela atitude artística (...). Era completíssimo, perfeitamente ambidextro e com potente remate com os dois pés; jogava primorosamente de cabeça, era um driblador estupendo e tudo isto valorizado por uma combatividade e uma coragem sem limites".

Jogou sete temporadas no Benfica (de 07/08 a 13/14), arrebatando quatro Campeonatos de Lisboa. Em termos oficiais, realizou 41 partidas e apontou seis golos. "Foi um autêntico revolucionário do jogo, imaginando soluções, criando conceitos e sistemas que mais tarde haviam de chegar até nós trazidos pelos técnicos e livros estrangeiros", garantiu ainda Cândido de Oliveira, na retrospectiva da carreira do jogador.

Em 1913, com as cores da Associação de Futebol Lisboa, integrou uma digressão por terras brasileira. Dizem os jornais da época que houve quem lhe pedisse para não regressar a Portugal. À selecção não chegaria, pediu escusa, a todos contristando, com excepção daqueles, seguramente poucos, que haviam verberado a sua chamada, ao que parece por se ter estabelecido em Belém.

Artur José Pereira foi, no mínimo, um jogador indicioso. Actuou no Benfica, representou o Sporting e fundou o Belenenses. Do Glorioso, que no seu tempo ainda não era, fica a sentida divida de gratidão.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Artur José Pereira (actualizado)
Mensagem de: JM21 em 26 de Janeiro de 2008, 19:52
Grande Tópico!!!   :bow2:   :bow2:   :bow2:           
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Artur José Pereira (actualizado)
Mensagem de: Mastercard em 26 de Janeiro de 2008, 20:08
Citação de: JM21 em 26 de Janeiro de 2008, 19:52
Grande Tópico!!!   :bow2:   :bow2:   :bow2:           

O0 O0

:clap1: :clap1: :clap1:

é sempre bom para nós os mais novos aprender tudo o que ainda não sabemos sobre a "rica" história do BENFICA.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Artur José Pereira (actualizado)
Mensagem de: Elvio em 26 de Janeiro de 2008, 20:34
Grande trabalho Ednilson  :)
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Artur José Pereira (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 27 de Janeiro de 2008, 18:06
Artur Lopes do Santos. Paço de Arcos. 27 de Março de 1931. Defesa
Épocas no Benfica: 11 (50/61). Jogos: 284. Títulos: 1 (Taça dos Campeões), 4 (Campeonato Nacional) e 6 (Taça de Portugal).
Internacionalizações: 2.

(http://img168.imageshack.us/img168/2588/artursantosud4.jpg)

(http://img186.imageshack.us/img186/6311/sportlisboaebenfica1960xn0.jpg)
Equipa 1960/1961

Em Paço de Arcos nasceu, a trocar o passo aos atacantes contrários se destacou. Artur Santos, integérrimo jogador, marcou a retaguarda benfiquista ao longo da década de 50. Com estilo vigoroso, eficiente, disciplinado, impositivo, à direita ou ao centro, atravessou várias sensibilidades técnicas sem infamar. Ao percorrer a maratona da dedicação, sucessivamente avalizado foi por Ted Smith, Cândido Tavares, Alberto Zozaya, Ribeiro dos Reis, José Valdivieso, Otto Glória e Bélla Guttmann.

Começou nos Onze Unidos, ao pé da casa, mas o chamamento do Benfica não o deixou indiferente. Treinou-se à experiência no Campo Grande e logo veio a integrar a equipa júnior, orientada pelo antigo guardião Cândido Tavares. Na época subsequente à conquista da Taça Latina, subiu a sénior, estreando-se em Novembro de 50, devido à lesão de Jacinto. O Benfica venceu (7-1) o Boavista, tendo Félix, Francisco Ferreira, Rogério, Águas e Rosário, entre outros, alinhado no debute.

Em 1954, Artur Santos passou ao eixo da defensiva, com o propósito de substituir Félix Antunes, que havia sido suspenso pelo clube por provada indisciplina. A tarefa era intricada, mas a resposta afirmativa foi. Apesar do carisma de vários jogadores da época, Artur, mais do que garantir o seu espaço, transformou-se numa referência incontornável no reino da águia.

Em 11 temporadas ao serviço do Benfica, quatro Campeonatos e seis Taças de Portugal. Já no dealbar da década de 60, com o estatuto de internacional, associou o seu nome à conquista da Taça dos Campeões Europeus. Plasmava com chave de ouro uma carreira caracterizada pelo regularidade.

(http://img168.imageshack.us/img168/6892/artursantos2sg7.jpg)
Artur Santos, o primeiro central da equipa que ganharia a TCE de 1960/61

Ostentou várias vezes a braçadeira de capitão, em quase três centenas de jogos na turma principal do Benfica, prova inequívoca da sua faceta de líder e do seu comportamento exemplar. "Nunca marquei um golo, é verdade, mas os tempos, esses, eram outros, sendo que o mais importante era cumprir no plano defensivo e, nesse aspecto, acho que não desmereci". Não desmereceu mesmo. E bem mereceu também aquela festa de homenagem, a 8 de Outubro de 1961, com o Chaux-de-Fonds, da Suiça, na despedia oficial.

Com uma comovente e militante atitude benfiquista, Artur Santos, na actualidade, é das presenças mais assíduas e notadas nas múltiplas jornadas de confraternização, que amiúde ocorrem pelo país e até pelo estrangeiro. Tudo porque vive e viverá sempre para o seu Benfica.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Artur Santos
Mensagem de: Bola7 em 28 de Janeiro de 2008, 09:24
Inamovivel finalmente... O0
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Artur Santos
Mensagem de: Corrosivo em 28 de Janeiro de 2008, 09:48
Este tópico é um verdadeiro santuário  :bow2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Artur Santos
Mensagem de: moderador em 28 de Janeiro de 2008, 13:37
Com a devida vénia ao ednilson  :bow2:


http://www.serbenfiquista.com/modalidades/jogadores.php?cid=25&tipo=futebol



http://www.serbenfiquista.com/modalidades/_jogadores.php_tipo_futebol_id_1115_modulo_modalidades

http://www.serbenfiquista.com/modalidades/_jogadores.php_tipo_futebol_id_684_modulo_modalidades

http://www.serbenfiquista.com/modalidades/_jogadores.php_tipo_futebol_id_678_modulo_modalidades

http://www.serbenfiquista.com/modalidades/_jogadores.php_tipo_futebol_id_1120_modulo_modalidades
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Artur Santos
Mensagem de: ednilson em 28 de Janeiro de 2008, 20:17
Artur Jorge Braga Melo Teixeira. Porto. 13 de Fevereiro de 1946. Avançado.
Épocas no Benfica: 6 (69/75). Jogos: 130. Golos: 103. Títulos: 4 (Campeonato Nacional) e 2 (Taça de Portugal).
Outros Clubes: FC Porto, Académica, Belenenses e Ronchester Lancers. Internacionalizações: 16. Treinador do Benfica em 1994/95 e 1995/96.

(http://fotos.sapo.pt/brettsinclair/pic/001ah09t/s340x255)

(http://img244.imageshack.us/img244/6972/19721973we5.jpg)
Equipa 1972/1973 – Artur Jorge, entre Eusébio e Jordão

"Vértice de Água" escreveu. Vértice da controvérsia foi. Não como jogador, exímio da finalização, mas como técnico, daqueles que chegam com aura sebastiânica e se despedem sem glória. Incontornável é e será Artur Jorge. Filho adoptivo da família benfiquista.

Nasceu em Fevereiros de 1946, na Clínica da Lapa, no Porto. Poucos meses antes de ter sido testado com êxito um dispositivo que iria mudar as nossas vidas, o transístor, anos mais tarde responsável também pela projecção de um dos mais fies discípulos da doutrina do golo. Cedo nele se revelou insaciável o apetite pelo jogo. Que o pai, empregado comercial, até viria a estimular. Comprou-lhe mesmo uma bola de borracha, obrigando-o a exercitar o pé esquerdo, pois dextro apenas não poderia ser.

Vanguardista, Artur Jorge fundou o Centro Académico Futebol Clube, resolvendo o bicudo problema dos equipamentos com o socorro da Mocidade Portuguesa. Para trás ficavam as disciplinas de vólei e do basquetebol. Depois do Torneio Popular Juvenil do Porto, melhor jogador foi, perfilhou as insígnias do Académico, popular agremiação da Carvalhosa. Num ápice, às Antas chegou, pela mão de José Maria Pedroto. Foi campeão nacional júnior e, na Holanda, ajudou ao terceiro lugar da selecção no Torneio Internacional da UEFA.

À equipa de honra do FC Porto chegou, já com Otto Glória. Havia nele proficiência, não fosse o anátema das lesões e outro galo cantaria. Estudava à noite, com explicadores pagos pela conta-corrente azul e branca, ele que não relaxava no propósito de se licenciar. Com o ingresso de Manuel António nas Antas, Artur Jorge transferiu-se para a Lusa Atenas, fazia-se jogador da Académica, que "mais do que um clube é uma causa", haveria de escrever José Afonso.

Com livros de Descartes, Nietzsche, Kant e Sartre, debaixo do braço, outros vultos começou a estudar, aqueles que ao domingo atenuavam a perversidade do regime, dando alegria ao provo. Foi no que se tornou também. Marcou golos, muitos golos. Mais do que ele, por essa altura, só no Benfica Eusébio e Torres. Deixou a Académica em segundo lugar no Campeonato, palmo a palmo disputado, em 66/67, com o gigante da Luz. No auge da crise académica de 69, sopravam os ventos do Maio francês, Artur Jorge foi impedido de participar na final da Taça, com o argumento pateta de que  primeiro estava o serviço militar. Nesse jogo, que só politicamente preparou, por ironia o poder era.....vermelho. Ganhou o Benfica (2-1), com camadas de estudantes nas bancadas do Jamor, destemidamente exibindo cartazes contra a guerra colonial e pelas liberdades cívicas e democráticas.

Artur Jorge assinou de vermelho no inicio da temporada seguinte, após ter estabelecido um acordo informal com o Sporting. Perdeu dinheiro, mas jogar ao lado de Eusébio estimulava-lhe a alma. No primeiro ano, sentiu dificuldades para se afirmar no ninho da águia. Já históricas foram as duas temporadas seguintes (70/71 e 71/72), as da equipa-maravilha, conquistando outras tantas Bolas de Prata, troféus atribuídos por "A Bola", ao melhor artilheiro do campeonato. Tinha um jogo inteligente, de recorte elevado, talvez percursor do "pontapé de moinho", feliz classificativo para aquele seu gesto mais característico. Não raras vezes, escapava ao senso comum e aparecia numa nesga a farejar o golo. Era glamoroso.

(http://img244.imageshack.us/img244/1072/arturjorgezg6.jpg)

No final de 72, integrou a Selecção Nacional, que embaixada benfiquista mas parecia, na Minicopa, por terras brasileiras disputada. Conquistada a titularidade, protagonizou grande campanha, ao serviço de um colectivo que só morreu, mas de pé, no desafio final, perante o país organizador. "O Eusébio vai recuperar; ele não é um homem com os outros, por isso.....". Por  isso jogou, frente ao Brasil, ao lado do Pantera Negra, inferiorizado devido a uma lesão. Por isso também, se calhar não ganhou Artur Jorge importante troféu.

Atravessou o 25 de Abril no Benfica. Degenerava um tanto, futebolisticamente, porque as lesões o apoquentavam. Só a um dos joelhos foi operado cinco vezes. Um calvário que o subalternizou até à despedida da Luz. Ainda jogou no Belenenses, com o revolucionário estatuto de trabalhador-futebolista. Durante o dia, sentava-se na secretária da Direcção-Geral dos Desportos; à noite, exercitava-se no Restelo. Eram os tempos das lutas sindicais. Presidente do órgão representativo dos jogadores seria. Ouros golos marcou, em defesa da classe, da sua honradez e dignidade.

Já campeão europeu pelo FC Porto, de resto o único treinador português a garantir esse desiderato – até ser imitado por José Mourinho, quase 20 anos depois -, voltou ao Benfica, substituindo o campeão Toni, no dealbar de 94/95. A herança pesou-lhe como chumbo, erros terá cometido, ingratidões várias vitimaram-no. Não foi, longe disso, como técnico o que havia sido como atleta. Daí que o dr. Artur Jorge, grande senhor da bola, entre na história centenária pelo lado mais genial do seu poema: o golo.

Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Artur Jorge (actualizado)
Mensagem de: Bola7 em 29 de Janeiro de 2008, 15:03
olha o rei artur...bons tempos... :-X
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Artur Jorge (actualizado)
Mensagem de: Freire em 29 de Janeiro de 2008, 19:41
Volta Benfica, pleaseeeeeeeeeeeeeee.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Artur Jorge (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 29 de Janeiro de 2008, 20:10
António Monteiro Barros. Porto. 2 de Outubro de 1949. Defesa
Épocas no Benfica: 5 (70/71 e 73/77). Jogos: 106. Golos: 3. Titulos: 4 (Campeonato Nacional).
Outros Clubes: Leixões. Internacionalizações: 8.

(http://img137.imageshack.us/img137/3986/barros1eo3.jpg)   (http://img104.imageshack.us/img104/3620/barroszd1.jpg)
(http://img443.imageshack.us/img443/344/benfica19741975ni8.jpg)
Equipa 1974/1975 – Barros, entre Bento e Humberto Coelho

Duas semanas depois de Mão Tsé-Tung ter proclamado a República Popular da China, pelo ano de 1949, nascia António Barros, no coração da cidade do Porto. Nem de propósito. Mais tarde profissional de futebol, caracterizou-se por um toque revolucionário, anti-sistema, com gérmens na excentricidade. A ele sempre se associou o estigma de que poderia ter ido mais além. Sincopou o rendimento. Às vezes com soberba. Por temperamento. Áspero e agreste.

Barros adveio na localidade piscatória de Matosinhos, no Leixões. Em maré alta. De craques. Era Raul, era Jacinto, era Fonseca, era Praia. Era sustento do Benfica. Para não mudar o rumo, o mesmo embarque, as mesmas milhas. Até ao porto seguro da Luz.

Estava apostado em fazer água na boca. Afinal, já havia contribuído para fainas bem sucedidas. Em 70/71, todavia, os centrais Humberto Coelho e Zeca estiveram autoritários. Chances não deram ao jovem recruta de 21 anos. Saiu por empréstimo. Num curto hiato. Dois anos depois regressou. Era mais jogador. Mais maturado.

O ano foi verde. Hagan queria o tetracampeonato. A ilusão durou três curtas jornadas. Seguiu-se Fernando Cabrita, com o britânico fora de jogo, após litigio sério com a Direcção do clube. A um mês do final do Campeonato, o Sporting liderava com grande folga. Em Alvalade, no dia 31 de Março de 1974, Marcelo Caetano era apupado, na agonia do regime. Aplausos só para o Benfica, numa fulgurante vitória, por 5-3. Aplausos para Barros, titular no eixo recuado. Não chegou para Nacional vencer, mas ficou a evidência da superioridade benfiquista.

Na temporada imediata, terceiro jogador mais utilizado seria. Quase sempre a lateral-esquerdo, em abono da sua polivalência. O Campeonato voltou a sorrir. Sem sorrir ficaram os adeptos, no final da época, com a transferência do carismático Humberto para França. Barros aceitou o desafio de Mário Wilson. Passou a operar na jurisdição de Humberto. A contento. O titulo revalidado foi.

Novo ano, novo triunfo. Novo Barros. Novo? Antes diferente. Para pior. Menos competitivo, menos rigoroso, menos eficiente. Mais distante. Com as portas aberta para a saída. Tanto mais que havia Eurico, Bastos Lopes, o regressado Humberto. Jogou cinco anos, compaginou quatro Campeonatos, internacional se fez. Ao lado de muitos outros defesas, bola nos pés, sustenta Toni, "era coisa azeda comparada a pastéis de Belém". Fica o açúcar nas representações de Barros à Benfica.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Barros
Mensagem de: Bola7 em 30 de Janeiro de 2008, 12:29
ai o meu conterraneo Barros..que é feito de ti pah?... :ashamed:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Barros
Mensagem de: ednilson em 30 de Janeiro de 2008, 21:46
José Bastos. 17 de Outubro de 1929. Guarda-redes.
Épocas no Benfica: 11 (49/59 e 60/61). Jogos: 196. Titulos: 3 (Campeonato Nacional), 5 (Taça de Portugal) e 1 (Taça Latina).
Outros Clubes: Atlético e Beira Mar.

(http://img406.imageshack.us/img406/7559/bastos1hu2.jpg)

(http://img406.imageshack.us/img406/6351/bastosiy6.jpg)
Equipa 1950/1951

Martins havia sido o guarda-redes dos anos 40. Para o substituir, já no poente da carreira, perfilaram-se Pinto Machado e Contreiras. Revezaram a titularidade, durante duas temporadas (47/48 e 48/49). Quando no começo da década de 50, emergiu um terceiro guardião, de nome Rosa, talvez não se prognosticasse que o novel reforço Bastos pudesse ganhar a corrida. Mas assim foi. Durante jogos a fio, com Rosa, Furtado, Bráulio ou Sebastião relegados para o banco das opções.

Entrou no Benfica numa época dourada. Que o foi também pelo seu inestimável contributo. A Taça Latina passava a ser objecto de culto na sala de troféus do clube. Foi em 49/50. Com Jacinto e Fernandes; Moreira, Félix e José da Costa; Corona, Arsénio, Julinho, Rogério e Rosário. Nos tempos do WM, no seu apogeu. Houve finalíssima e tudo. Tudo? Tudo não, mais dois prolongamentos ainda. Ao minuto 134, Julinho sentenciou, fez o 2-1. Com letra pequena, escrevia-se Girondinos de Bordéus. Em caixa alta, Benfica. Era o primeiro grande titulo internacional. Bastos bravo havia sido.

Intocável no seu posto, assim percorreu os quatro anos seguintes. Com três Taças de Portugal para festa fazer. Académica (5-1), Sporting (5-4) e FC Porto (5-0), na passarela estiveram do aparatoso desfile de graça vermelha. Já o Campeonato, esse, foi-se escapando. Por algum motivo, ainda na actualidade, badalados são os méritos dos Cinco Violinos do Sporting. "O Zé era um guarda-redes muito calmo, nada o perturbava, nada lhe causava intimidação; sem grande elasticidade, era sóbrio, abominava dar espectáculo, fazer defesas para a fotografia; não me lembro de ter sofrido um golo após ressalto, ele adivinhava a trajectória da bola", no raio x do jornalista Alfredo Farinha.

Nas épocas de 54/55 e 55/56, perdeu a titularidade para o novo recruta Costa Pereira. No biénio imediato, a sub-rogação, outra vez primeiro foi. As hostes benfiquistas dividiam-se. Para uns, Bastos; para outros, Costa Pereira. Ganharia a juventude à experiência. Assim aconteceu no termo da década de 50, vivia-se o limiar das subjugantes exposições internacionais do Benfica.

José Bastos ainda hoje integra a meia centena de jogadores mais utilizados na vida do clube. Aproximou-se dos 200 jogos oficiais, com saldo de três Campeonatos, cinco Taças de Portugal e uma Taça Latina. E aquele pequeno-grande detalhe, da humildade. Que mais valorizava o aprumo e a categoria com que subiu a escadaria principal de acesso ao salão nobre das glórias benfiquista.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - José Bastos (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 31 de Janeiro de 2008, 21:53
Manuel Galrinho Bento. Golegã. 25 de Junho de 1948. Guarda-redes.
Épocas no Benfica: 18 (72/90). Jogos: 466. Títulos: 8 (Campeonato Nacional) 6 (Taça de Portugal) e 2 (Supertaça).
Outros Clubes: Riachense e Barreirense. Internacionalizações: 63.

(http://img162.imageshack.us/img162/2408/bento1as5.jpg) (http://img144.imageshack.us/img144/7114/bento2fp4.jpg)

(http://img162.imageshack.us/img162/9053/19801981zx2.jpg)
Equipa 1980/1981

De pedreiro a rei. Assim foi a vida do popular Manuel Galrinho Bento. Começou por aprendiz de uma arte que o poderia remir à pobreza. Desenvolveu outra arte que boleia lhe deu para o galarim dos famosos. Da primeira não consta que sublinhasse a diferença. Da segunda, a de guarda-redes, nela imperou, com o estatuto de intocável, durante mais de uma década.

Os espírito de sacrifício estava-lhe na massa do sangue. Quando aos 15 anos começou nas lides, ao serviço do Riachense, após longas e violentas jornas, mais de cinco quilómetros por dia de bicicleta faria, até Riachos, onde participava nos treinos, que de breu pareciam, tão tímida era a luz artificial. Passou para o Goleganense, um ano depois, formada que estava a equipa júnior da terra onde nascera.

As acrobacias na defesa das redes não causaram indiferença. O Torres Novas e o União de Tomar candidataram-se aos seus préstimos. Só que o nome Bento havia já ultrapassado as fronteiras regionais. De Lisboa, do Sporting, lançaram-lhe o repto. Durante três meses, treinou-se intensamente. Um responsável leonino mandou-o ir à Golegã, proceder à desvinculação. Possesso ficou. Essa não era maneira de tratar o clubezinho lá da terra. Mala feita, viagem de camioneta, voltava o Manel para casa, com a firme convicção de que no Sporting jamais jogaria, nem por salário superior ao do britânico Gordon Banks.

Sem que se saiba muito bem como, a noticia chegou à margem sul do Tejo. Por 15 contos apenas, corria o ano de 66, compromisso assinou pelo Barreirense, baluarte de um inesgotável viveiro de grandes promessas futebolísticas.

Em terra de guarda-redes, guarda-redes é rei. Na esteira de Azevedo e de Carlos Gomes, logo Bento se destacou. E seria memorável, para vingança consumar, a exibição que fez em Alvalade. Estávamos em 68, quando o Barreirense derrotou um Sporting, cheio de ganância do titulo conquistar. Estrondearam palmas na Luz, ganhava o Benfica esse Campeonato. Um ano volvido, mercê do quarto posto, o Barreirense habilitou-se à Taça UEFA, proclamando inegociável aquele guarda-redes de físico atípico para a função, já muito exposto às investidas benfiquistas. Na festa de homenagem a Mário Coluna, Bento teve o privilégio de substituir a Aranha Negra, o eterno Lev Yashin, num misto mundial. Desvaneceu a Luz e as juras de amor foram um ror delas. Em Agosto de 71, finalmente, preparava-se para discutir a defesa das balizas com José Henrique. No Benfica, pois então.

(http://aycu36.webshots.com/image/43915/2003985207380562540_rs.jpg)

Ao longo de 18 temporadas, Manuel Galrinho Bento carimbou de qualidade a sua passagem. Com agilidade felina, contumácia, praguejou adversários e sossegou companheiros. Chegou aos 16 títulos, distribuídos por oito Campeonatos, seis Taças e duas Supertaças. Num determinado período, manteve as redes invioladas durante 1290 minutos consecutivos. E marcou golos de penálti. Como aquele que garantiu a eliminação do Torpedo de Moscovo, na gélida capital russa. Um outro falhou, certo dia, ante o Sporting, na Luz, mas logo a seguir redimiu-se, retendo o remate de Jordão, disparado da marca dos 11 metros.

Na Selecção Nacional, também Bento não deixou de emprestar toda a sua galhardia. Ainda hoje está no top dos mais utilizados de sempre. "Homem de borracha", chamaram-lhe os jornalistas britânicos, após um empate a zero, com a Escócia, em Glasgow. E no Europeu de 84, se Chalana justifica todas as mordomias, não dá para esquecer a competência de Bento, negando, amiudadas vezes, o iminente golo da turma gaulesa.

(http://aycu17.webshots.com/image/42016/2003756518361505565_rs.jpg)

Já com idade para ser avô, Manuel Bento despediu-se. Mas para sempre ficará património do Sport Lisboa e Benfica.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - José Bastos (actualizado)
Mensagem de: 46Rossi em 31 de Janeiro de 2008, 21:54
Grande Bento :bow2: :bow2: :bow2:

:cry2: :cry2: :cry2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Manuel Bento
Mensagem de: Bola7 em 01 de Fevereiro de 2008, 09:04
curioso...nesta foto em cima estão 4 centrais... :huh:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Manuel Bento
Mensagem de: ednilson em 01 de Fevereiro de 2008, 19:55
Fernando Augusto Caiado. Leça da Palmeira. 2 de Março de 1925. Médio.
Épocas no Benfica: 7 (52/59). Jogos: 140. Golos: 22. Títulos: 2 (Campeonato Nacional) e 4 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Boavista. Internacionalizações: 16. Treinador do Benfica em 1962/63 (vitória numa Taça de Portugal).

(http://img245.imageshack.us/img245/9789/caiadoop4.png)

(http://img255.imageshack.us/img255/664/benfica19521953rq5.jpg)
Equipa 1952/1953

A têmpera do Norte também subsidiou, ao longo dos anos, o Benfica centenário. Mais especificamente até, aquele denodo característico das gentes tripeiras, em qualquer zona de intervenção, mas sempre muito saliente no futebol. A menos que tenha havido apenas coincidência, o Benfica substituiu o nortenho Francisco Ferreira, em final de carreira, por Fernando Caiado, um produto das escolas do Boavista.

Foi em Leça da Palmeira, a poucos quilómetros do Porto, que nasceu, em Março de 1925. Tal como os dois irmãos mais velhos, Fernando Caiado haveria de jogar com a camisola axadrezada, a partir da pubescência. Aos 20 anos, já na equipa sénior, destacou-se como avançado-centro, embora não deixasse de se familiarizar com outras posições. Já tido como polivalente, ouvia pela primeira vez A Portuguesa, em 1946, no Estádio Nacional, em jogo bem sucedido (3-1), com a Irlanda.

Quando rubricou um compromisso com o Benfica, rejeitada que foi a oferta do FC Porto, era um jogador experiente. Tinha efectuado 151 jogos no Boavista, marcado 64 golos e, cumulativamente, apresentava um registo de seis internacionalizações. Quis o destino que se estreasse, com 27 anos, na festa de consagração de Francisco Ferreira, para logo saborear o triunfo (1-0) sobre o FC Porto e, mais decisivo ainda, garantir um lugar na equipa orientada pelo argentino Alberto Zozaya. Passou a ombrear com jogadores da casta de Jacinto, Félix, Arsénio, Águas e Rogério.

Como in medio vertus, no meio-campo virtudes exibiu Fernando Caiado, quer no decadente WM, que já no embrionário 4-4-2, introduzido por Otto Glória. Em sete temporadas, garantiu dois títulos nacionais e quatro Taças de Portugal. Irredutível na conduta, chegou a capitão da equipa, apesar de nela coexistirem atletas com mais anos de clube. Inclusive, recebeu a Medalha de Exemplar Comportamento, galardão revelador da sua personalidade, só atribuível, na altura, a jogadores com mais de duas centenas de jogos consecutivos sem qualquer punição.

"Quero uma cerimónia de despedido recíproca entre mim e o público que sempre me acarinhou e não uma festa de homenagem", suplicou nas vésperas do adeus definitivo. Foi a 17 de Junho de 1957, tinha então 34 anos. Por sua decisão, cinquenta por cento da receita da partida com o Boavista seria atribuída à campanha de obras do Terceiro Anel. Um gesto que tocou a alma benfiquista.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Manuel Bento
Mensagem de: VitorPaneira7 em 01 de Fevereiro de 2008, 23:07
Citação de: Bola7 em 01 de Fevereiro de 2008, 09:04
curioso...nesta foto em cima estão 4 centrais... :huh:
Humberto Coelho
à esquerda de Bento  suponho que é Bastos Lopes
à direita de bento Alhinho

Não estou a ver quem será o outro. Será o larangeira o lagartão que o meu pai falava que veio apra o glorioso com tantas operaçoes ao joelho como oeusebio em resposta ao roubo do Eurico e que depois fez bons jogos pelo Benfica sendo reachamado à selecção quando supostamente estava acabado e claro foi campeão em 80-81 com jogadores vindos do Beira Mar (Veloso), Barreirense(Carlos Manuel, o meu conta uma história cuirosa diz que o expresso do Barreiro fez um jogão contra o Benfica quando estava com a vermelha do Barreiro partindo o meio campo sozinho do Benfica sendo depois contratado  e cuja força vinha de  trabalhar nos caminhos de ferros a martelar com martelos de........15 kg  :estrelas: :knuppel2:).

Já agora em relação ao Barros não foi ele que baixou as calças perantes os adeptos, uma outra história que eu ouvi devido a assobios.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Caiado (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 02 de Fevereiro de 2008, 17:32
Eduardo José Corona. Barreiro. 1 de Setembro de 1925. Avançado.
Épocas no Benfica: 7 (46/53). Jogos: 129. Golos: 60. Títulos: 1 (Taça Latina), 1 (Campeonato Nacional) e 4 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Barreirense.

(http://img159.imageshack.us/img159/7554/corona4if0.jpg)

(http://img176.imageshack.us/img176/8603/coronamelhormarcador231rg6.jpg)
Equipa 1948/1949 – Corona foi o melhor marcador com 23 golos

O que é uma Corona? Uma descarga luminosa. O que era o Corona? Uma descarga luminosa. Uma? Duas, três, muitas descargas luminosas. De vermelho-vivo. No seu posto, no seu flanco. Com a sua arte, a sua magia. Para fazer assistências, fazer golos. Dar alegrias, dar títulos.

Era mais um produto do vivificante Barreiro. Chegou ao Benfica na época 46/47, a quarta consecutiva e último da húngaro Janos Biri. Só fez cinco jogos e dois golos, que não era fácil garantir sucesso no reino da águia. No reino dos também avançados Julinho, Arsénio, Espírito Santo, Baptista, Mário Rui e Rogério. No ano seguinte, com o regresso de Lipo Herezka ao comando, passou a ser mais utilizado. Uma derrota, em casa, frente ao Elvas, inviabilizou a toma do Nacional. Venceu o Sporting, com os mesmos pontos, mas à melhor de um golo. Por isso, rotulada a prova foi de campeonato do pirolito.

Progressivamente, Corona ia garantindo a titularidade. Só que explodia de ganância por um titulo, que teimava em escapar. A música era ditada pelos Violinos do Sporting. Assim foi também em 48/49, época em que o Benfica infligiu 13-1 ao Académico de Viseu, com dois golos da sua lavra, registo apenas superado 40 anos depois, num Benfica-Riachence, para a Taça de Portugal, com Toni no banco e o nigeriano Ricky a marcar seis tentos. Valeu, então, a Taça, ganha à custa do Atlético (2-1), com Corona na abertura do activo.

(http://img339.imageshack.us/img339/8997/corona2ay5.jpg)

Sob a direcção de Ted Smith, finalmente, a consagração na magistral temporada de 49/50. Vitória no Campeonato, vitória na Taça Latina. Um golo apontou ao Bordéus, antes da finalíssima, que não prescindiu da sua presença. Mais três Taças de Portugal haveria de ganhar, frente à Académica, ao Sporting (com um golo) e ao FC Porto. Nesta última, participou no inicio do trajecto, mas não no embate decisivo. É que a descarga, essa, já não era tão luminosa.

Fez 129 partidas oficiais, tendo apontado 60 golos. Uma marca simpática, no mínimo, para um extremo. Era à direita que Corona elegia terreno propicio às suas habilidades. Escorreitas, sempre. Tratava a bola com intimidade, com subtileza, com gabarito. Era um ablutor do ataque. Na imensidão dos seus truques. Corona jamais deslustrou ao lado de Félix, de Francisco Ferreira, de Espírito Santo, de Arsénio, de Julinho, de Águas, de Rogério. Corona acrescentou. Com nível superior. Pela elementar razão de que significava continuidade ou, melhor ainda, fundada a expectativa na mudança das agulhas de um jogo. Motivo de sobra para ser incluído no género dos criativos. Daqueles que não são proscritos pela verdade centenária.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Corona
Mensagem de: ednilson em 03 de Fevereiro de 2008, 19:24
Carlos Manuel Correia Santos. Moita. 15 de Janeiro de 1958. Médio.
Épocas no Benfica: 9 (79/88). Jogos: 320. Golos: 58. Títulos: 4 (Campeonato Nacional), 5 (Taça de Portugal) e 2 (Supertaça).
Outros clubes: CUF, Barreirense, Sion, Sporting, Boavista e Estoril. Internacionalizações: 42.

(http://img182.imageshack.us/img182/8404/carlosmanuel5vk7.jpg)

(http://img339.imageshack.us/img339/9649/benfica19851986ud6.jpg)
Plantel 1985/1986

Enquanto labutava nas oficinas da CP, no seu Barreiro natal, o estridente apito dos comboios zurzia-lhe os ouvidos. Com outro timbre sonhava já Carlos Manuel, o apito de árbitro, naquelas construções mentais em que se imaginava, equipado a rigor, num recinto de futebol, alvoraçando as massas.

Depois da CUF, no início do trajecto, fixou-se no Barreirense, quentes eram ainda os ecos de Abril. Sempre a trabalhar, recorda, "nove horas por dia batendo com uma marreta de dez quilos nas rodas das locomotivas". Sporting e FC Porto ficaram para trás, mais atractiva era a proposta do Benfica. Viagem curta, até ao cacilheiro servia, com Frederico selou compromisso de águia. Era Mário Wilson o treinador, passava a época de 79/80. Aziaga, que um terceiro lugar era algo que os benfiquistas não cogitavam. Intermitente começou o moço do Barreiro, até à 11ª primeira jornada, a 25 de Novembro, data em que a equipa, desastrosamente, claudicou, em casa, frente ao Boavista (1-2).

"Esse foi o jogo da minha vida". Na mais refinada ironia. Substituído à passagem da meia hora, por Cavungi, a ira dos adeptos traduziu-se num ruído próximo do golo, só que de sinal oposto. "Se calhar, a intenção do grande Mário Wilson até era a melhor, mas estava a jogar tão bem...". Não mais perdeu a titularidade. Voz do povo, voz de Deus.

Começou a escrever quilómetros de grande futebol. Era a "Locomotiva do Barreiro", alcunha popularizada no exigente e sábio Terceiro Anel. Pouco mais tarde, com Lajos Baroti, haveria de passar por desinteligências. A asa direita restringia-o, sentia que ao centro é que era, ai sim, atingiria o zénite. E com João Alves, Shéu, Chalana, também José Luís e Stromberg, compôs um dos "miolos", nesse e nos anos seguintes, mais técnicos, mais eficientes, mas produtivos, seguramente de toda a história do clube do povo.

(http://img177.imageshack.us/img177/743/carlosmanuel3wx7.jpg)

Carlos Manuel era um daqueles exemplares da mística benfiquista, na versão anos 80. Tal como Eusébio, cerca de duas décadas antes, também ele, trabalhador insano, permanecia no pós-treino a rematar à baliza, na mais pura auto-satisfação. Fez-lhe bem. Aprumou faculdades. "É giro que, já a maioria dos colegas estava no duche, fazia eu apostas com o Eusébio, era o King treinador adjunto. Na maior parte das vezes perdia, mas os conselhos, esses, acho que os assimilava bem".

Carlos Manuel não era, não poderia ser, um goleador. Era um estratego. Fulgurante. À direita, produzia mudanças de velocidade e cirúrgicos cruzamentos, que pasmo causavam aos antagonistas. No centro, após concessão táctica de Eriksson, os seus enfeites, com maior amplitude, tornaram-se manifestações de respeito. Não deixou, porém, este repentista de proclamar o golo, umas boas dezenas de vezes.

Decisivo foi em partidas que encatarroaram milhares de gargantas nos campos ou em frente aos televisores. Como aquela final da Taça, correspondente ao ano de 83, nas Antas, após birra azul e branca, com um golo magnifico, que deixou o país em transe. À batota dos gabinetes correspondeu Carlos Manuel, subscrevendo um dos momentos mais deprimentes da vida do rival nortenho.

De quinas ao peito, lenda virou o golo de Estugarda, garantia do passaporte de Portugal, rumo ao México 86. Antes do jogo, José Torres, o seleccionador, pediu que o deixassem sonhar, enquanto Carlos Manuel dava a garantia que os jogadores iriam "comer a relva se tal fosse necessário". Generoso pressentimento. Assim foi e o jogador do Benfica, num dos mais patrióticos pontapés de sempre, colou a bola nas redes alemãs, virgens estavam em matéria de insucessos caseiros, há mais de 30 anos.

(http://img339.imageshack.us/img339/4175/carlosmanuel4uz7.jpg)

Nove temporadas ininterruptas jogou no Benfica, que até nem era o amor de infância. Frontal, com o coração uns centímetros acima do que é normal, mais ao pé da boca, Carlos Manuel praticou o culto da liberdade. Jamais aceitou, tal como no campo, as grilhetas do silêncio. Foi um rebelde, no sentido poético do termo. Por isso perdeu delicadezas nos corredores do(s) poder(es). No Benfica ou na Selecção Nacional. Noutras paragens ou noutras funções por que veio a enveredar. Igual a si próprio. Na história ficou.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Manuel Bento
Mensagem de: Bola7 em 04 de Fevereiro de 2008, 09:27
Citação de: VitorPaneira7 em 01 de Fevereiro de 2008, 23:07
Citação de: Bola7 em 01 de Fevereiro de 2008, 09:04
curioso...nesta foto em cima estão 4 centrais... :huh:
Humberto Coelho
à esquerda de Bento  suponho que é Bastos Lopes
à direita de bento Alhinho

Não estou a ver quem será o outro. Será o larangeira o lagartão que o meu pai falava que veio apra o glorioso com tantas operaçoes ao joelho como oeusebio em resposta ao roubo do Eurico e que depois fez bons jogos pelo Benfica sendo reachamado à selecção quando supostamente estava acabado e claro foi campeão em 80-81 com jogadores vindos do Beira Mar (Veloso), Barreirense(Carlos Manuel, o meu conta uma história cuirosa diz que o expresso do Barreiro fez um jogão contra o Benfica quando estava com a vermelha do Barreiro partindo o meio campo sozinho do Benfica sendo depois contratado  e cuja força vinha de  trabalhar nos caminhos de ferros a martelar com martelos de........15 kg  :estrelas: :knuppel2:).

Já agora em relação ao Barros não foi ele que baixou as calças perantes os adeptos, uma outra história que eu ouvi devido a assobios.
tu sabes... :) abração ao tu pai... ;)
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Carlos Manuel (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 04 de Fevereiro de 2008, 20:34
Domiciano Borrocal Cavém. Vila Real de Santo António. 21 de Dezembro de 1932 – 12 de Janeiro de 2005. Avançado, médio e defesa.
Épocas no Benfica: 14 (55/69). Jogos: 416. Golos: 103.
Títulos: 2 (Taça dos Campeões), 9 (Campeonato Nacional) e 5 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Celeiro, Lusitano de Vila Real de Santo António e Covilhã. Internacionalizações: 18.

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Equipa 1961/1962

Ainda não estava sequer matriculado na escola primária, quando Cavem descobriu, na singela casa da família, em Vila Real de Santo António, um retrato do pai, equipado à futebolista, com uma pose de tal ordem que o puto ficou fascinado. Na génese da paixão, como tantos outros, logo se dedicou ao muda-aos-cinco-acaba-aos-dez, afigurando-se jogador de futebol.

Norberto Cavém, assim se chamava o procriador, havia defendido os emblemas do Lusitano de Vila Real e do Olhanense, com nota acima do suficiente. Ao ponto de chegar a treinar-se no Benfica. Na capital só não ficou porque ao bucólico chamariz da terra irresistiu. De vermelho vestiria, mais tarde, o filho Domiciano, enquanto o primogénito Amílcar, no Sporting da Covilhã, assinaria também trabalho meritório.

Cavém era pouco dado ao universo dos livros. Aos 14 anos, aprovado no exame da quarta classe e já a bulir nos estaleiros navais, inscreveu-se no Celeiros. Nome bizarro esse, o do pequeno clube que arraiais assentou num espaço contíguo à estação de caminhos-de-ferro, mesmo ao pé dos armazéns de cereais. Está percebido.

Logo chamado pelo pai, quando começou a treinar o Lusitano, cujo quadro registava a baixa, entre outros, de um tal José Maria Pedroto, a caminho de Belenenses, por imperativos militares. Não obstante o concurso de Cavem, caiu o Lusitano à III Divisão e, para o adolescente, pior ainda, o incumprimento de uma promessa de emprego.

Partiu para a serra. Dois anos jogou, ao lado do irmão Amílcar, no Sporting da Covilhã. Foi interior, avançado-centro e extremo-esquerdo. Trabalho é que não, tal como no Algarve, também na Beira o prometido não parecia ser devido. Contumaz, preparou-se para representar o Vitória de Setúbal, a troco também de um lugar na Câmara Municipal da terra do poeta Bocage. Só que o Benfica foi mais veloz, mostrou o pilim, conquistou Cavém e transformou-o profissional de futebol.

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Na Luz, teve direito ao baptismo internacional, frente ao Valência. Fixou-se na equipa por mérito próprio, ainda que a lesão de Fialho abrisse uma vaga na ala esquerda do comando de ataque. De 56 a 69, o Benfica foi a sua vida. Ele que até era sportinguista, sem que saiba bem porquê, ao longo de 14 épocas incorporou o esquadrão rubro. Fez mais de 400 jogos, ultrapassou a centena de golos. Começou a extremo, médio se fez, terminou defesa, indistintamente à esquerda ou à direita, alardeando uma polivalência só ao alcance dos efectivamente dotados. "O Barrocal, como nós lhe chamávamos, era um grande colega e um jogador espectacular, do melhor que alguma vez se viu passar pelo nosso Benfica", diz Mário João, companheiro de tantas jornadas inesquecíveis. "Que mais posso eu dizer?". Se calhar, nada.

Com aquela habilidade virtuosa, Cavém deixou marcas logo no final da década de 50. Equilibradas estavam muito as forças no futebol nacional, com Benfica, FC Porto e Sporting a chegarem ao titulo ou aos títulos. A partir de 60, sempre com ele também, disparariam as águias para o mais pronunciado domínio de sempre. Teve, assim, o privilégio de actuar na era vermelha. E de a tornar possível.

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Supersticioso, conta que uma vez, num sonho, lhe apareceu uma imagem, exigindo que barba usasse em troco de triunfo certo. Pela manhã, exibiu os primeiros sinais de obediência. Dias depois, ganhou o jogo. "Ainda hoje me arrependo de não ter jogado de barba na final de Wembley, com o Inter", confessa, mergulhado numa áurea de misticismo.

Na Selecção Nacional também fez figura, entre 57 e 63. Foram seis anos em que se revelou imprescindível, começando a dar corpo a uma geração que, em Inglaterra, chegaria ao fastígio. No Mundial de 66 já não esteve. Trintão, caminhava para o final da maior aventura da sua vida. A derradeira pelo Benfica aconteceu em Setembro de 68, com o Vitória de Setúbal, na Luz, tinha já 36 anos.

Notabilizou-se ao marcar um golo ao FC Porto, com apenas 16 segundos de jogo, numa final da Taça. Hoje, recorde ainda. Por muitos anos, decerto, também.

Amarguras, essas, sobretudos as teve depois de pendurar as botas. Com carta de treinador na algibeira, feliz não foi por onde passou. E do Benfica, do Benfica apresenta as queixas de quem não viu pagar amor com amor. "Penso que por aquilo que ajudei a conquistar para o clube, merecia outro tipo de tratamento. Não tenho jeito para mendigar, nunca tive, mas não deixa de ser verdade que outros que não deram tanto prestigio ao Benfica como eu dei foram auxiliados e, quanto a mim, se calhar por não viver em Lisboa, fui esquecido".

Não foi na festa de inauguração do novo Estádio da Luz. Veio de Alcobaça. E que bom rever Cavém!
Para mais na última viagem com a bandeira da mística.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Cavém
Mensagem de: ednilson em 05 de Fevereiro de 2008, 19:21
Fernando Albino Sousa Chalana. Barreiro. 10 de Fevereiro de 1959. Avançado.
Épocas no Benfica: 12 (75/84 e 87/90). Jogos: 311. Golos: 47. Títulos: 6 (Campeonato Nacional), 3 (Taça de Portugal) e 2 (Supertaça).
Outros clubes: Barreirense, Bordéus, Belenenses e Estrela da Amadora. Internacionalizações: 27. Treinador do Benfica em 2002/2003.

(http://img139.imageshack.us/img139/6280/chalanawh2.jpg)

(http://img527.imageshack.us/img527/3324/benfica19761977vi4.jpg)
Plantel 1976/1977

Chalana e a bola. Qual axioma! A suspeita começou pouco tempo depois de abandonar o berço. A confirmação ocorreu por altura daqueles primeiros passos titubeantes. A prova, essa, encontra-se na quase totalidade das fotografias do Fernando nos tempos da infância. Chalana e a bola. Sempre! Herdeiro foi de uma casta notável de futebolistas. No Barreiro. Terra de muita(s) luta(s). Terra de Azevedo, de Carlos Gomes, de Pireza, de Félix, de Moreira, de Vasques, de José Augusto, de Adolfo. De gente grande do oficio da bola. Que marcou décadas gostosas de futebol. No Benfica ou no Sporting. Na defesa de outros emblemas. Um pouco por todo o lado.

Ainda gaiato, Chalana jogava, jogava muito, quase sempre com os mais velhos. Baixo, franzino, fazia futebol inocente, mas nele havia uma maturidade esquisita. É que já inteligia o jogo, deixando os outros, mais forte, mais altos e de mais idade, embasbacados q.b..

O tirocínio fê-lo no Jogos Juvenis do Barreiro. Enquanto suspirava pela CUF, divertiu-se no futebol de salão, alinhando pela equipa de Serpa Pinto. Arrebatou o troféu de melhor marcador, a Taça Joanina. Logo surgiu a cobiça dos Unidos e do Sporting do Lavradio, conquanto o seu segundo amor haveria de falar mais alto. No corta-mato, já pela CUF, venceu a competição de Lisboa para iniciados e, em Coimbra, averbou a quinta posição no Campeonato Nacional.

Correr sim, mas com bola, desse modo cortou a paixão pelo atletismo, bem cerce, não sem antes ter corrido quilómetros e mais quilómetros, num exercício que a vida justeza fez. Bateu à porta do departamento de futebol juvenil da CUF, com 14 anos. Como inepto o trataram. Foi rejeitado. Imperava a lei da cunha. Afinal, o que lhe sobrava em talento, aos pais, operários da actual Quimigal, faltava em influência.

Recepcioná-lo-ia o Barreirense.

Com idade de juvenil actuava já nos juniores. A pinta não dava lugar a equívocos. Logo, Juca o chamou para o seio dos mais velhos. Um puto entre homens feitos, seis jogos, apenas seis, era jogador do Benfica. Para trás ficava, entre outros, o convite do Sporting. Pouco leonino, já que oitocentas notas de mil não comoveram os responsáveis de Alvalade. Teimoso, um tal Sr. Edgar, na Luz, desfazia-se em louvores ao miúdo Fernando Albino. Tal como São Tomé, o treinador Pavic sentou-se, um belo dia, na bancada do campo do Oriental. Chalana não desmereceu. O jugoslavo ficou de olhos arregalados.

(http://img139.imageshack.us/img139/8832/chalana4fk7.jpg) (http://img165.imageshack.us/img165/3697/chalana6xf8.jpg)

A 6 de Março de 1976, o Anfiteatro da Luz como que virou pia baptismal. Lá jogava o Sporting Farense, em partida do Campeonato. Já com os ouvidos entregues aos sábios conselhos do mestre Ângelo, treinador dos juniores encarnados, Chalana escutou as indicações do britânico John Mortimore. Tinha 17 anos e 25 dias. Ao intervalo entrou para o lugar de Toni, anos mais tarde seu técnico, para quem "depois do Eusébio, foi o Chalana o mais espectacular jogador que pelo Benfica vi passar". A estreia apadrinhada foi também por Bento, Artur, Eurico, Messias, Bastos Lopes, Vítor Martins, Vítor Baptista, Nené, Jordão e Diamantino. Triunfo por 3-0, com golos de Jordão (2) e Nené. Neste mesmo mês no dealbar da Primavera, voltaria Chalana a jogar entre os consagrados, de novo na Luz, ante o Sporting de Braga que regressou ao Minho, vergado ao peso de uma derrota, por 7-1. Campeão menino se fez essa temporada. De juniores e de seniores. Despontava o Pequeno Genial da prosa escorreita de José Neves de Sousa.

No ano seguinte, inconcebível era um Benfica sem Chalana. Fez quase o pleno de jogos. O primeiro falhou. Foi o da derrota, em Alvalade, por 3-0, na abertura do pano do Nacional de 76/77. Pedagógico, dir-se-ia, o insucesso. É que depois, deu Chalana, muito Chalana, sempre Chalana. De resto, segundo melhor marcador viria a cotar-se, logo depois do eterno Nené, começando a virar hábito o tangencial 1-0 do Benfica, com ponto por ele assinalado. Foi assim na Antas, em Coimbra, na Póvoa de Varzim... E o Benfica de novo campeão se fez.

O futebol cristalino de Chalana cedo o levou também à Selecção. Ainda não tinha atingido a maioridade, que não a futebolística, já o então seleccionador, José Maria Pedroto, com ele contava para as empresas do combinado nacional. Perante a Dinamarca, com vitória difícil, por 1-0, Chalana rubricou trabalho preeminente. "Chalana é um jogador "super-sénior", que tem a visão ou a presciência de um futebol de cem metros, quer dizer, de um futebol do campo todo, que só se faz se cada um e todos os jogadores de uma equipa têm nos olhos os quatro vértices de terreno onde o jogo se pratica e são capazes de meter a bola em todos os pontos desse rectângulo", escreveu, por essa altura, mais coisa menos coisa, o jornalista Vítor Santos.

(http://img139.imageshack.us/img139/8517/chalana1mf3.jpg) (http://img181.imageshack.us/img181/2650/chalana6wj3.jpg)

O rapaz do Barreiro continuou a encantar. É verdade que, de 78 a 81, o Benfica jejuou. Foram os anos brasa da luta Norte/Sul, com o FC Porto a impor-se, por uma unha negra, em 77/78 e 78/79. Da primeira vez, o insólito aconteceu, invicto terminou a prova o Benfica, só que o goal average madrasto foi. Da segunda, um só ponto separou na pauta as duas equipas. Já no ano imediato, o Sporting conquistaria o ceptro, após a menos luzidia campanha benfiquista. Mesmo assim, Chalana fazia as despesas da alegria. Era, por essa altura, o melhor jogador português, como deixava entender Mário Wilson: "Ele é futebol da cabeça aos pés. Sim, ele é todo futebol. É senhor de intuição extraordinária para jogar à bola. Numa equipa com Chalana é simples resolver qualquer problema, porque ele é um rapaz cheio de futebol. Um rapaz capaz de solucionar qualquer problema. Além disso, não se envaidece. Por isso, Chalana é um craque".

O Europeu, de 84, em França, terá sido o palco onde o jogador mas fez refulgir o génio. Apeado dos grandes certames internacionais, desde a odisseia de 66, numa fase sabática que provocou descontentamento, eis Portugal de novo entre os grandes, pela primeira vez na fase final de um Campeonato da Europa. Nessa altura, bipartia-se a liderança do nosso futebol. Por isso, Benfica e FC Porto cederam o grosso do contingente que arraiais assentou em terras gaulesas.

Os empates com a Alemanha e a Espanha, mais o triunfo sobre a Roménia, guindaram os herdeiros dos Magriços às meias-finais da competição. Infantes os rotularam, sendo que infante maior Chalana haveria de ser. Produziu lances ornados de fantasia, com técnica superior, de bela plástica. Estatura meã, cabelos ao vento, barba farta, espírito guerreiro, concitava todas as atenções, qual Astérix na Gália. Da poção mágica não rezam as crónicas, antes do futebol enleante, provocador, eficaz.

(http://img165.imageshack.us/img165/6841/chalanaselecozo3.jpg)

Inesquecível esse despique com a França, pais organizador e campeão da prova. A poucos minutos do fim, o adversário parecia agonizar, perante a vantagem portuguesa, já em pleno prolongamento, graças às cirúrgicas assistências de Chalana ao felino Jordão, goleador de serviço. Só que Portugal sucumbiu nos derradeiros instantes. Chalana e seus pares derramaram...lágrimas de Portugal.

No começo da época subsequente, partiu para França, de novo, milionário contrato havia assinado pelo Bordéus. Uma aventura que não resultou. Lesionado gravemente, rescindiu o vinculo, perdeu muito dinheiro, ao Benfica regressou, corria o ano de 87, após calvário que se não deseja ao mais refinado inimigo.

Nem gozou a final da Taça dos Campeões, essa mesma época, frente ao PSV. Estava magoado. Era a sua sina. Dois anos volvidos, viajou com a equipa para Viena. Ficou fora da lista de convocados, já na erosão da carreira, por cruel veredicto de Eriksson. Era a segunda impossibilidade prática de vingar a derrota com o Anderlecht, na única final europeia em que interveio. Haveria de gozar, isso sim, um triunfo, mais de uma década adiante, no também único jogo que orientou na condição de treinador principal do Benfica.

Estádio da Luz, Lisboa, 30 de Novembro de 2002. Benfica, 3 – Sporting de Braga, 0. Chorou. Porque os campeões também podem ser meninos.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Chalana (actualizado)
Mensagem de: pcssousa em 05 de Fevereiro de 2008, 20:08
Grande Domiciano Cávem, foi nas 3 finais seguidas sucessivamente avançado, médio e defesa! Infelizmente acabou os seus dias a arrastar-se por Alcobaça... :disgust:
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Chalana (actualizado)
Mensagem de: Bola7 em 06 de Fevereiro de 2008, 12:26
Citação de: pcssousa em 05 de Fevereiro de 2008, 20:08
Grande Domiciano Cávem, foi nas 3 finais seguidas sucessivamente avançado, médio e defesa! Infelizmente acabou os seus dias a arrastar-se por Alcobaça... :disgust:
o homem que tinha visões antes das finais...
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Chalana (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 06 de Fevereiro de 2008, 21:48
Mário Esteves Coluna. Lourenço Marques. Moçambique. 6 de Agosto de 1935. Médio e avançado.
Épocas no Benfica: 16 (54/70). Jogos: 525. Golos: 126. Títulos: 10 (Campeonato Nacional), 7 (Taça de Portugal) e 2 (Taça dos Campeões).
Outros clubes: João Abisini, Desportivo de Lourenço Marques, Olympique de Lyon e Estrela de Portalegre. Internacionalizações: 57.

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Equipa 1961/1962

No arco-íris do futebol nacional, naquela primeira metade da década de 50, o verde era a tonalidade dominante. Vivia-se o tempo hegemónico dos Cinco Violinos (Jesus Correia, Travaços, Peyroteo, Vasques e Albano), que garantiram para o Sporting o primeiro tetracampeonato da história. No Benfica, com saudade, recordava-se o titulo de 49/50 e a vitória na Taça Latina, o primeiro grande feito do futebol lusitano.

Nessa altura, em Lourenço Marque, no bairro do Alto Mahé, onde também cresceram Matateu, Vicente e Hilário, um adolescente começava a emergir nas lides de cariz desportivo. Mário Esteves Coluna, assim crismado foi. Filho de um português da Beira Baixa, aventureiro por terras africanas, que com uma negra de nome Lúcia casaria na capital da antiga África Oriental Portuguesa. O jovem Mário era um predestinado para a cultura física. Decerto, a destreza provinha-lhe da experiência acumulada a subir árvores, ainda petiz, na procura saborosa de mangas ou de caju. "Um dia cais, partes uma perna e vais parar ao hospital", asseverava José Maria Esteves Coluna, o progenitor, que havia fundado e defendido as redes do Desportivo de Lourenço Marques, filial do Benfica.

Certo é que umas luvas de lutador, pertença de um amigo, fizeram as delicias do jovem Mário. Ainda na puberdade, experimentou o boxe, em combates pouco ortodoxos, sem regras coerentes, circunstância que bem poderá ter concorrido para o espírito combativo, matriz de toda uma vida. Por influência da trapeira, esse encanto dos pobres imberbes, foi Coluna jogar para a equipa João Albasini, albergue de muitos futebolistas de origem laurentina. Basquetebol praticou também, ainda que não tivesse passado da equipa de reservas do Desportivo. Mas foi no atletismo que Mário Coluna obteve, por essa altura, um notável registo. Para assombro de todos, estabeleceu recorde moçambicano de salto em altura, nuns muito estimáveis 1,825 metros, meio centímetro acima, pasme-se!, da marca com que Espírito Santo, outra grande figura do universo benfiquista, tinha destronado Pascoal de Almeida, na lista dos recordistas nacionais.

Ainda que a sua obsessão fosse profissionalizar-se como mecânico do automóveis, atentamente ouviu o conselhos de Severiano Correia, que nele encontrou talento suficiente para bonita carreira fazer no futebol.  É nessa altura que troca o Ferroviário pelo Desportivo, num apelo benfiquista que cedo, bem cedo, lhe havia provocado o imaginário.

Aos 17 anos, começou a jogar na equipa de honra da filial do Benfica. Todos os meses embolsava 500 escudos que, às escondidas dos pai, gastava em prazeres diversos. Nessa altura, o FC Porto ofereceu-lhe 90 contos, por um contrato de três temporadas. Reagiu o Sporting, sabedor da recusa de ingressar no grémio das Antas, adiantando a proposta de uma centena de contos, por contrato de três temporadas. A mesma oferta fez o Benfica. Respondeu com o coração, aquiesceu, de águia ao peito ficaria. Pouco tempo antes, já pontificava no Desportivo, coqueluche era, não jogou na África do Sul, que a tanto apartheid obrigava, mas vingou a derrota da sua equipa (2-1), em Lourenço Marques, num arrebatador 7-0, dia em que todos os golos marcou, como quem serve fria e até cruel vingança. Mandela, se é que soube, terá estrugido palmas. "Aterrei em Lisboa, após uma viagem que durou 34 horas. Dei a volta ao Mundo!". Mas valeu a pena o esforço. De Moçambique, com destino ao Benfica, haviam já chegado, mas de barco, dias antes, Costa Pereira e Naldo. Era um tridente das paragens coloniais, resolutamente apostado, naquela época de 54/55, em devolver o Benfica à ribalta do futebol nacional.

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Para além dos seus dois companheiros, Mário Coluna passou a trabalhar, no dia-a-dia, com Jacinto, Artur Santos, José Águas, Fernando Caiado, Francisco Calado, Ângelo, Palmeiro e Arsénio, entre outros. Ficou no Lar do Jogador, criação recente da direcção encarnada. "Mal cheguei, logo me quis ir embora. Vinha como craque, mas Otto Glória não contava comigo, não era titular. Para além disso, quiseram enganar-me no contrato. Meu pai sugeriu-me que voltasse, fiz as malas e só não regressei porque o mordomo do lar tinha ordem para me barrar a saída".

Só que a bonança não tardou. E que bem ficou no Benfica! O brasileiro Otto apercebendo-se da incoexistência de Águas e Coluna, dois avançados-centro, transformou o moçambicano em centrocampista. Aposta ganha. De Otto, visionário. De Coluna, diletante. Do Benfica, revigorado.

Em Lisboa, o futuro Monstro Sagrado estreou-se frente ao FC Porto, na festa de Rogério e Feliciano. Mas foi com o Vitória de Setúbal, no pontapé de saída do Nacional de 54/55, que Mário Coluna, no palco do Jamor, marcou dois golos, no seu primeiro jogo oficial, para um robusto triunfo com chapa 5. "Deixou impressão lisonjeira. Habilidade, bons toques de bola, remate forte e fácil, e espírito de sacrifício. Um senão, somente: sua inevitável ingenuidade, leva-o a denunciar o passe provocando a intercepção ou o desarme". Assim radiografou Vítor Santos o inaugural de 525 jogos com traje vermelho. "Nunca mais me esquecerei dessa época. Foi a minha primeira temporada pelo Benfica e ganhei tudo o que disputei (Campeonato e Taça de Portugal), sem esquecer que tive a honra de ser um dos jogadores que estrearam o Estádio da Luz". E para a posteridade ficaria o registo de 17 golos apontados, o melhor em 16 anos quase sempre preenchidos por delicias garridas.

Mário Coluna deixou uma marca indelével no Benfica. Não fosse Eusébio, a quem carinhosamente trata por "afilhado", por carinho e de facto, e talvez estivéssemos na presença do mais carismático jogador da centenária história encarnada. Capitão foi, naturalmente, de 63 a 70. Naquele jeito inconfundível de líder. Com voz baixa, mas ar severo. Granjeou respeito. Fez unanimidade.

Cinco finais europeias disputou. Nas duas primeiras, o Didi de Portugal, como era conhecido por terras de Vera Cruz, venceu e marcou golos, repositório afinal do seu dom de finalizador. E aquela terceira final, de má memória, frente ao Inter, tocado de forma vil por Trapattoni? Amputada ficou a equipa do seu maestro, interditas eram à época as substituições. Nesse dia, com estoicismo, aguentou até ao derradeiro e pesaroso silvo do árbitro, pouco mais fazendo que figura de corpo presente. Assim são os bravos, os campeões.

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No Mundial de Inglaterra, capitaneou a turma das quinas. Eusébio esteve galvanizante, José Augusto, Torres e Simões deslumbraram. Ao lado de Jaime Graça, futuro reforço benfiquista, Mário Coluna pautou a intermediária, organizou o jogo. Com imponência. A ele se ficou a dever grossa fatia do sucesso das cores nacionais.

Dez vezes lhe foi colocada a faixa de campeão nacional, sempre ao serviço do seu Benfica. E mais sete Taças de Portugal ergueu. E internacional foi, ininterruptamente, durante 35 partidas, entre Dezembro de 1957 e Junho de 1965m fixando um recorde, só recentemente superado por Pauleta. E mais, muitas mais honrarias, com destaque para a presença na selecção dos Resto do Mundo, em Espanha, no Chamartin, ao lado de Rivera, Hamrin, Mazzola, Corso e Burgnich, na homenagem ao grande Ricardo Zamora. Helenio Herrera, o treinador, deu-lhe a braçadeira de capitão. Durante hora e meia capitaneou o mundo do futebol. Sempre humilde, imagem de marca jamais contestada.

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A meio da época de 69/70, temporada fatídica para o Benfica, Otto Glória foi substituído por José Augusto no comando técnico da equipa principal. Para o antigo extremo, a hora era de renovação, de nada valendo que o magistral técnico Stefan Kovacs, nesse mesmo ano, tivesse dito que "o Benfica sem Coluna não é igual". Ferido, despediu-se, não sem antes deixar um remoque a José Augusto, assim se traduz esse "acabei no Benfica quando era o melhor da defesa; sempre fui um jogador invejado". O tempo passou e a ferida cicatrizou, o Benfica ganhou.

A 8 de Dezembro de 1970, o Monstro Sagrado recebeu os favores da plateia vermelha na festa do adeus. Com Cruijff, Djazic, Luís Suarez, Bobby Moore, Seeler, Hurst. Justo tributo ao grande capitão. À malvas mandou convites do FC Porto e do Belenenses, que em Portugal a paixão era rubra. Rumaria a França para jogar no Lyon. Terminou a carreira, um ano mais tarde, no modesto Estrela de Portalegre, na qualidade de jogador-treinador.

Cidadão exemplar, atento ao mundo, não resistiu ao apelo de Moçambique. Deputado foi da FRELIMO. Presidente da Federação de Futebol é ainda...
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Coluna
Mensagem de: Bola7 em 07 de Fevereiro de 2008, 11:20
Super jogador...super capitão... :bow2: :bow2: :bow2: :bow2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Coluna
Mensagem de: ednilson em 07 de Fevereiro de 2008, 22:12
Alberto da Costa Pereira. Nacala, Moçambique. 22 de Dezembro de 1929. Guarda-redes.
Épocas no Benfica: 13 (54/67). Jogos: 358. Títulos: 7 (Campeonato Nacional), 4 (Taça de Portugal) e 2 (Taça dos Campeões).
Outros clubes: Sporting de Lourenço Marques e Ferroviário de Lourenço Marques. Internacionalizações: 22.

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Equipa 1960/1961

Poucos terão sido tão desportivamente ecléticos, na primeira e sempre mais fascinante parte vida, como Alberto Costa Pereira. O basquetebol, a vela, o atletismo e o futebol foram as modalidades a que se entregou, sempre com denodo, o jovem moçambicano, natural de Nacala, uma pequena povoação muito quilómetros a norte da então Lourenço Marques. Já em Nampula, para onde se transferiu o pai, funcionário dos caminhos de ferro, o jovem Alberto derretia-se sempre que falava em dois jogadores: João Azevedo, do Sporting, e o brasileiro Ademir, por Queixada conhecido, do Vasco da Gama, o mais português dos clubes da "pátria da chuteira", como um dia Chico Buarque, escreveu.

Primaveras 15, Costa Pereira chegou à actual Maputo, sufocado pela dor da morte do irmão mais velho. Internado no Instituto de Portugal ficaria. Começou a recordar-se da arte de encestar, corpulento e alto era, por isso dotado para basquetebolista. Pela mocidade fez-se também praticante de vela, desafiando as águas sem temor. No atletismo, então, sublimou-se, recordista moçambicano acabaria por ser no... lançamento de peso.

Tal como alguns anos mais tarde Eusébio, o Sporting de Lourenço Marques, no escalão júnior, propiciou que se federasse. Era o tempo de sonho (avançado-centro) e da vocação (guarda-redes). Mais alto falou o sonho. Na dianteira jogava. "Quem sabe o que o futebol perdeu com a minha passagem a keeper? Talvez fosse hoje um avançado como me dizem ter sido o Soeiro, que eu não vi jogar, mas que me afirmam levava tudo na sua frente, graças ao poder físico que possuía". Assim falou, um dia, Costa Pereira, baluarte já da máquina pulverizadora benfiquista.

De candeias às avessas com a filial laurentina do Sporting, que o impediu de jogar basquetebol no Ferroviário, precipitou a jura, segundo a qual, verde nunca mais. Curto hiato na disciplina futebol, que a precognição de Severiano Correia não tardou. Com aquelas mãos, tenazes mais pareciam, e aquela facilidade com que se elevava a um qualquer andar de cima, disse-lhe o então treinador de futebol do Ferroviário que a guarda-redes botaria figura. Assim foi.

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À capital chegou, após longa viagem de barco, no Verão de 54, com destino ao Benfica. A equipa ardia por novas sagas, apelava à ressurreição, tão prolongado estava sendo o reinado do leão por obra e graça dos seus Violinos. Com Mário Coluna também a debutar, mais Jacinto, Artur, Águas, Caiado, Calado e Ângelo, reconquistado foi o velho brasão.

Só que nem por isso fez Costa Pereira unanimidade. O seu jeito basquetebolizado de a baliza defender causou facturas nas apreciações dos benfiquistas e da critica especializada. Para uns, Costa Pereira; para outros, José Bastos. Tão diferentes, mas tão do (des)agrado popular. Foi assim durante três anos. Até que, finalmente, atingiu o altar reverencial.

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Foi também com Costa Pereira que o Benfica siderou a Europa. "Aquele guarda-redes que era o protótipo da elegância, fino nos movimentos, surpreendente na destreza", assim o via o jornalista Aurélio Márcio. Na primeira final dos Campeões, períodos houve em que os vermelhos quase submergiam ao poderio do Barcelona. Valeu Costa Pereira mais a sua exibição substantiva. No ano seguinte, ainda que três vezes batido por Puskas, susteve outros ímpetos atacantes do Real Madrid, deixando que Eusébio, lá ao fundo e no fundo também, o resto fizesse. Era bicampeão europeu.

No quarto grande empreendimento internacional, desperdiçado que foi, pelo meio, um desvairante tri, frente ao AC Milan, com o Benfica cruzaria destino outra formação italiana, o Inter, na conclusão da temporada 64/65. Noite de calamidade para Costa Pereira. O único golo, apontado pelo brasileiro Jair, teve menos arte do autor e mais, bem mais, imperícia de quem o sofreu. Nessa altura, apeteceu-lhe zarpar do jogo. Foi até o que sucedeu, dez minutos após o reatamento, acusando lesão antiga. Ele que animicamente estava tem-te-não-cais. A Lisboa chegou, duplamente derrotado, em cadeira de rodas. Com a auto-estima a vaguear pelas ruas da amargura.

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Costa Pereira defende remate de Altafini na final de 1963 frente ao Milan

Um retalho infeliz não pode, não deve, macular a trajectória de um dos maiores símbolos do historial benfiquista. Generosos, os adeptos, guardaram-no no lado esquerdo do peito.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Costa Pereira (actualizado)
Mensagem de: Bola7 em 08 de Fevereiro de 2008, 11:15
ao chegar a Lisboa em cadeiras de roda a mulher ao vê-lo berrou..ele imediatamente se levantou para acalmar a mulher... ::)
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Costa Pereira (actualizado)
Mensagem de: Mestre em 08 de Fevereiro de 2008, 15:50
Tenho andado muito distraído com o bla bla do geral e este tópico passou-me completamente.
Parabens pela iniciativa, Ednilson, estive a ler todos os jogadores e fico feliz de me lembrar de alguns deles.

Alberto, muita força, muita garra, um lateral de grande qualidade que acabou muito cedo.
Aldair, um falso lento, jogador com um sentido posicional fantástico e que saía bem com a bola nos pés. Jogo na Roma até aos 36, se não me engano. Daqueles jogadores com pouco estilo mas muita eficácia.
Álvaro, o que posso dizer dele. Os berros que dava aos colegas quando o golo não aparecia, até se ouviam na "varandinha" do 3º anel. Um poço de força, uma alma enorme, um dos grandes exemplos de benfiquismo que vi e dos jogadores que mais admiro.
António Bastos Lopes, central muito eficaz, pouco bonito mas exemplar. Quer na direita, quer no centro, foi o operário ao lado de um senhor chamado Humberto Coelho.
Bento, o herói de Portugal no jogo do apuramento para o mundial do México, o coração do Benfica dos anos 80, o líder que empurrava a equipa nos momentos menos bons. Um dos momentos mais tristes que tive quando soube da morte dele, para mim um dos melhores guarda redes de sempre.
Carlos Manuel, o Carlão do golo impossível na Alemanha, uma trave do grupo do Barreiro, outro simbolo do "meu" Benfica em que a pergunta a caminho do estádio era "por quantos vamos ganhar hoje".
Chalana, o pequeno génio. A asa esquerda de que fala o livro, a força de Álvaro que se desdobrava naquela ala e a magia do Chalanix, qual heroi gaulês que acabou por se transferir para o Bordeus. Na memória tenho aquele penalty the ele "cavou" contra a Russia na Luz, e que nos deu o apuramento para o europeu de França.

Não quero parecer nostálgico mas, ao ver estas caras e com estas memórias, que vergonha tenho do meu Benfica actual. :cry2:
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Costa Pereira (actualizado)
Mensagem de: VitorPaneira7 em 08 de Fevereiro de 2008, 18:02
Moçambique, Angola, Barreiro.... para quando  uma reexploração destas minas de recursos como Nené, Shéu, Adolfo, Carlos Manuel, Jordão, Chalana, Bento, José Águas, Costa Pereira,José Augusto.... já nem mesmo o nosso viveiro é explorado ainda por cima quando deu a espinha dorsal do ultimo tri e da equipa invencivel , outra das história que meu pai conta, o dia em que Mortimore pegou nos juniores e esteve 56 jogos sem perder ganhando um campeonato e  perdendo outro INVENCIVEL por...golos
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Costa Pereira (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 08 de Fevereiro de 2008, 21:57
Fernando da Conceição Cruz. Lisboa. 12 de Agosto de 1940. Defesa.
Épocas no Benfica: 11 (59/70). Jogos: 346. Golos: 1. Títulos: 8 (Campeonato Nacional), 3 (Taça de Portugal) e 2 (Taça dos Campeões).
Internacionalizações: 11.

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Equipa 1965/1966

Era mais do que aspirar ao céu como limite, era chegar lá. Foi a sensação de Cruz, no inolvidável Maio de 61, arrebatada estava a primeira final da Taça do Clubes Campeões da Europa. Para quem havia nascido no bairro da Liberdade, na Lisboa popular e gaiata, era como vestir pele aristocrática, que o feito assumia foros de retumbância.

Ainda não estava um homem feito quando chegou ao Benfica. Contava 16 anos de ilusão, com o perfume da liberdade do bairro e o capital de experiência dos jogos de rua ou dos baldios por imposição juvenil e desafio ás autoridades. Aos 20 anos, Cruz tinha já nome certo nas fichas oficiais dos mais apetecidos embates. Para logo comemorar o primeiro titulo nacional, como Bélla Guttmann, acabado de chegar das Antas, na temporada 59/60.

Percorreu toda a Europa, ao longo dos anos, segurando de forma competente o manto vermelho de diáspora benfiquista. Jogou cinco finais dos Campeões, privilégio só partilhado por Coluna e José Augusto. E também por poucos, muitos poucos representantes de outras formações, ao longo do historial da prova fantástica. Atingiu o zénite nas duas primeiras tentativas, sentiu a desilusão nas últimas três.

A nível domestico, Cruz venceu oito Nacionais, em 11 épocas de Benfica. Mais três Taças de Portugal. Foi o defesa-esquerdo da irrepetível década de 60. Na sombra do sportinguista Hilário, ainda vestiu por 11 vezes a camisola da Selecção, com direito a ingresso no Mundial de 66.

Numa equipa tecnicamente desenvolta, Fernando Cruz não se deixou subestimar. Defesa não era sinónimo de menoridade. "O Cruz, em termos técnicos, era um jogador evoluído", sentencia Eusébio. Evoluído e firme, mas também cerebral. Fez antecâmara do lateral moderno, que emergiu, num novo e mais ousado dispositivo táctico, no início dos anos 70.

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Cruz a desarmar Péle

Foi onde já não chegou. A 16 de Novembro de 1969, na Luz, frente ao Sporting minhoto, realizou o último jogo a contar para o Nacional, com a satisfação de um expressivo (5-0) triunfo da cor da casa. Para o álbum de recordações, ficou o apontamento número 344, tantas vezes quantas envergou o símbolo da águia em partidas de carácter oficial. À semelhança de Coluna, não escaparia ao rejuvenescimento do plantel. Tentou a sorte lá fora, que em Portugal a fidelidade era vermelha.

Foi um dos mais carismáticos jogadores do clube. O Pescas, como era tratado pelos companheiros, filho de mulher peixeira. Filho também do melhor futebol que o Benfica jamais serviu nas arenas desportivas da Europa.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Cruz
Mensagem de: Mastercard em 08 de Fevereiro de 2008, 22:06
este senhor deve ser o jogador com o palmarés mais rico  :bow2: :bow2:

edit: o do Sr. Coluna é mais recheadito  :slb2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Cruz
Mensagem de: ednilson em 09 de Fevereiro de 2008, 19:31
Diamantino Manuel Miranda. Sarilhos Pequenos. 3 de Agosto de 1959. Médio e avançado.
Épocas no Benfica: 9 (79/80 e 82/90). Jogos: 309. Golos: 83. Títulos: 4 (Campeonato Nacional), 4 (Taça de Portugal) e 2 (Supertaça).
Outros clubes: Vitória de Setúbal, Amora e Boavista. Internacionalizações: 22.

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Equipa 1982/1983

Quando Diamantino virou Diamante, a razão não foi a lei do menor esforço. Também não foi por apócope. Foi, isso sim, a exaltação dos seus méritos enquanto jogador de futebol. Era mesmo um diamante. Em bruto, mas não muito, no dealbar da carreira. Precioso, mas sempre muito, na fase da consolidação. Por isso, vingou no Benfica e na Selecção Nacional.

Homem da Margem Sul, cresceu na Moita, a dois passos do Barreiro, outros tantos do Montijo, zona de excelência para o recrutamento de bons discípulos da doutrina da bola. Pela mão de um tio, começou na capital do distrito, treinando-se no Vitória de Setúbal. Como lhe jorrava o talento, dos iniciados saltou para os juniores, queimando a etapa dos juvenis. Às selecções chegaria, para logo polarizar as atenções do Benfica e do Sporting. Com afecto, optou por vestir de vermelho.

Na primeira temporada, na Luz, já sénior, sob o comando de Mário Wilson, realizou nove jogos, com dois golos apontados. Só se deu a conhecer. Emprestado ao Amora e ao Boavista, as expectativas revelaram-se profícuas. Não pretextou, mas amadureceu. Abriram-se-lhe de novo as portas do Glorioso.

Já internacional A, Diamantino encontrou um novo treinador, Sven-Goran Eriksson, que de pronto se deixou enternecer pelos seus encantos. Jogou assiduamente nessa época (82/83), marcada pela obtenção da dobradinha e pela presença na final da Taça UEFA. No ano imediato, marcaria 19 golos em 29 jogos, o seu melhor registo a contar para o Nacional.

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Incontornável no Benfica, com a vertigem do drible, a magnitude da assistência e o deleite do golo, Diamantino não poderia passar ao lado do Euro 84 e do Mundial de 86. Destacou-se, mais até no México, com um golo da sua lavra, a despeito da campanha ter sido menos bem sucedida. Despediu-se em Guadalajara, na sequência do caso Saltillo, lançando o grito de alerta na defesa da dignidade dos profissionais do seu oficio.

No dia 21 de Maio de 1988, o Benfica realizava, frente ao Vitória de Guimarães, um ensaio com vista à final da Taça dos Campeões, em Estugarda, com o PSV. Vivia-se uma espécie de Diamantinodependência. Lesionou-se gravemente. Talvez por essa razão a vitória tivesse escapado.

Foi capitão da equipa, numa altura em que Bento e Shéu, em final de carreira, começaram a ser menos utilizados. Venceu quatro Campeonatos, quatro Taças e duas Supertaças. Destaque para a final do Jamor, com o Sporting, em 86/87, com os dois golos da vitória.

Em 89/90, Diamantino reencontrou Eriksson. Mas não houve deja-vu. O técnico que o lançou na ribalta também o dispensou do plantel, a bordo de um avião, procedente de Maputo. O rendez-vous deu-se logo a seguir. É que a família benfiquista não renuncia a Diamantino.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Diamantino (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 10 de Fevereiro de 2008, 19:33
Guilherme S. G. Espírito Santo. Lisboa. 30 de Agosto de 1919. Avançado.
Épocas no Benfica: 12 (36/41 e 43/50). Jogos: 210. Golos: 149. Títulos: 2 (Campeonato Nacional), 2 (Iª Liga) e 3 (Taça de Portugal).
Outros clubes: SL Luanda. Internacionalizações: 8.

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Equipa 1936/1937

Aquele traço afro numa cultura centenária. Que bem fica ao Benfica. Aquela multirracialidade nas suas hostes. Aquele apego aos valores da negritude. Aquele vermelho solidário. Aquela paz nos dois lados da trincheira colonial. Aquele carruagem africana de Eusébio, de Coluna, de Santana, de Rui Rodrigues, de Jordão, de Shéu, de Mantorras. Aquele precursor, Guilherme Espírito Santo – a Pérola Negra.

De ascendência angolana, nasceu em Lisboa, menos de um anos depois de ter sido assinado o armistício que punha termos à I Guerra Mundial, de 14-18. Tinha oito anos, quando a família regressou a Luanda, na expectativa de melhorar as condições de vida. Cedo se iniciou no futebol, jogando em meados dos anos 30 na filial luandense do Benfica. "Sou benfiquista desde os três anos. Havia na altura uns maços de tabaco com as figuras dos jogadores da época. Eu gostava especialmente do Vítor Silva e foi a partir dessa altura que fiquei a torcer pelo clube".

Como ninguém resiste à usura do tempo, haveria Espírito Santo de substituir Vítor Silva no eixo do ataque do Benfica. Ele que, regressado a Lisboa, já amigo de Peyroteo, passou a equipar de rubro, a partir de 36/37. Era ágil e rápido. Subtil também. Atributos que disfarçavam uma compleição meã. Destacava-se também por um tocante fair-play. "O cavalheirismo das suas atitudes foi faceta evidenciada logo no começo da sua carreira e mantida pelo tempo adiante, com uma dignidade que era motivo de orgulho para os seus amigos e admiradores", elogiou Ribeiro dos Reis.

Estreou-se em mês de vindimas, na cidade do Sado, em 1936, num embate que se inscreveu no âmbito da transferência do defesa António Vieira para o Benfica. No registo da vitória encarnada, não consta nenhum golo de Espírito Santo, que actuou na metade complementar. Mas nesse mesmo ano, um outro registo, histórico e até à data imbatível, dá conta dos nove golos (!) que apontou no triunfo (13-1) sobre o Casa Pia. Um triplo hat-trick produzido por um temível goleador.

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Foi ao FC Porto que mais golos marcou ao longo de 12 temporadas no Benfica. Duas dúzias de vezes obrigou os guarda-redes portistas a olharem com desalento para o fundo das redes. No final da década de 30, numa meia-final da então menina Taça de Portugal, no Estádio do Lima, o Benfica perdeu (6-1) com o FC Porto. Na segunda mão, no Campo das Amoreiras, o triunfo (6-0) foi retumbante. Espírito Santo marcou dois golos e, naquele que terá sido um dos seus melhores recitais, outros golos poderia ter marcado se o jogo não durasse apenas 75 minutos, porque os portistas, humilhados, decidiram... abandonar o campo.

Fez 199 golos em 285 jogos. Esteve duas temporadas sem actuar (41/42 e 42/43), vitima de um grave problema de saúde, que degenerou numa inflamação dos pulmões. Quando regressou, sem prejuízo das suas faculdades, enveredou pelo posto de extremo-direito, optimizando a sua velocidade. Ele que se destacou também no atletismo. "Estava num treino e a determinada altura a bola saiu do campo, fui a correr apanhá-la e sem dar por isso saltei uma barreira de salto em altura. Estava a 1,70 metros e ninguém tinha conseguido fazê-lo". Não enjeitou o convite para incursão fazer no atletismo. Bateu o recorde nacional, com 1,80 metros, só ultrapassado vinte (!) anos mais tarde. Foi ainda campeão nacional de salto em comprimento e triplo-salto. "Deve ter sido porque em Angola fui mordido por um macaco", diz meio a sério, meio a brincar.

Oito vezes internacional, venceu dois Campeonatos da I Liga, dois Nacionais e três Taças. Nessa época, o despique Benfica-Sporting era muito também o despique Espírito Santo-Peyroteo. "O Guilherme sempre foi melhor jogador de futebol que eu: mais técnica, mais jogo. Menos prático, menos golos, etc.? Sim, também é verdade. Mas mais jogador". Com a humildade que caracterizava os melhores, era assim Peyroteo, na primeira pessoa do singular.

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Atleta eclético, jogador à Benfica, Guilherme Espírito Santo unia, não dividia. "Naquele tempo, existiam alguns preconceitos por causa dos jogadores de cor. Um dia, em 1947, num hotel da Madeira, queriam colocar-me num anexo por ser negro. Os jogadores do Benfica disseram que para onde eu fosse eles também iam. E acabamos todos no anexo". Nesse momento, num outro jogo, perdeu o repugnante racismo, venceu o multirracial Benfica. Assim foi sempre doravante.

Águia de Ouro, prémio Fair Play do Comité Olímpico Internacional, Guilherme Santana da Graça Espírito Santo, já octogenário, é o decano dos jogadores do Glorioso. Presidente das comemorações do Centenário, ele simboliza a generosidade misturada com a paixão sem limites e uma longa modéstia, que só os grandes possuem. Com o Benfica, pelo Benfica.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Espirito Santo
Mensagem de: Red skin em 10 de Fevereiro de 2008, 19:37
esse tal de espírito santo n foi o tal q engravidou Maria, mãe de Jesus?


Desculpem mas n me contive!
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Espirito Santo
Mensagem de: ednilson em 11 de Fevereiro de 2008, 22:23
Eurico Monteiro Gomes. Santa Marta de Penaguião. 29 de Setembro de 1955. Defesa.
Épocas no Benfica: 4 (75/79). Jogos: 115. Golos: 1. Títulos: 2 (Campeonato Nacional).
Outros clubes: Sporting, FC Porto e Vitória de Setúbal. Internacionalizações: 38.

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Plantel 1977/1978

Da então muito ostracizada província de Trás-os-Montes até ao reconhecimento internacional pelos seus bons ofícios de futebolista, Eurico só percorreu um curto caminho. É que coragem e perseverança jamais deixaram de ser as suas principais qualidades. Na vida, muito; no futebol, sempre. Recompensado foi, passando aos anais como o único futebolista nacional com o titulo de campeão nos três grandes clubes de Portugal.

Chegou a Lisboa com 13 anos mais a obsessão de ser jogador do Benfica. Logo levou a primeira chibatada emocional, quando a oferta de quinhentos escudos/mês, vinda da Luz, esbarrou nos dois mil e quinhentos que auferia como aprendiz numa oficina de automóveis na Póvoa de Santo Adrião. Não se acomodou. Já em representação do Odivelas, um ano depois, a nova investida benfiquista registava significativo aumento da parada. Por quatro notas de mil agarrou a proposta e de vermelho deu cor ao sonho.

Em pleno PREC, no verão de 75, ascendeu à categoria sénior, com a incumbência de substituir Humberto Coelho, acabado de ingressar no futebol gaulês. Fervor revolucionário é que lhe não faltou e impôs a sua irreverente presença juvenil no centro da defesa encarnada. Ao longo de quatro temporadas, disputou 119 jogos, vencendo dois Campeonatos e tornando-se num dos mais jovens e promissores recém-internacionais. Fez dupla com Messias, Bastos Lopes, Barros, Alhinho e o regressado Humberto Coelho.

Ainda que não tivesse uma argumentação artística semelhante à de companheiros ou adversários mais criativos, Eurico personificava o defesa sólido, hercúleo até, sempre disponível, coadjutor, permanentemente solidário. Fez um ano com Mário Wilson, que o projectou em Guimarães, numa vitória (2-0) do Benfica, e os outros três sob o comando do britânico John Mortimore. Foi então que passou da eficiência (ao lado de Carlos Alhinho) à consagração (com Humberto Coelho), passando pela dificuldade para se impor em compita interna com a dupla (Humberto/Alhinho) de 78/79. Por uma diferença quase irrisória, entre o que pedia e o que o Benfica ofertou, decidiu não renovar o contrato e mudou-se para Alvalade. Seguiu-se o FC Porto, com sucesso comparável ao que atingiu na Selecção, até ao derradeiro suspiro competitivo no histórico Vitória de Setúbal.

Pela Luz, Eurico deixou a marca de grande defesa na marcação homem-a-homem. Era a sua especialidade. E sabendo-se da permanente vontade do Benfica em reunir os mais habilitados para cada tarefa, só poderá mesmo dizer-se que, na sua trajectória garrida, Eurico não apenas cumpriu distintamente como soube conferir classe aos quadros do clube.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Eurico (actualizado)
Mensagem de: Mestre em 12 de Fevereiro de 2008, 10:57
Grande Diamantino. Quer na ala direita quer solto no meio campo, enchia o campo e maravilhou muitos com o seu futebol. Na célebre Taça dos 2-0 estava lá, um golo de livre que Damas nem teve hipótese  e um de bola corrida numa bela jogada. Saudades...
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Eurico (actualizado)
Mensagem de: Elvis the Pelvis em 12 de Fevereiro de 2008, 17:58
Grande tópico! :bow2:
Saudades do Gigante Benfica, o Verdadeiro Benfica! :slb2:
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Eurico (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 12 de Fevereiro de 2008, 22:16
Joaquim Fernandes da Silva. Lisboa. 1 de Junho de 1926. Defesa.
Épocas no Benfica: 9 (45/54). Jogos: 231. Golos: 1. Títulos: 1 (Campeonato Nacional), 4 (Taça de Portugal) e 1 (Taça Latina).
Outros clubes: Torreense e Negage (Angola).

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O chefe de Estado, Craveiro Lopes, felicita o
capitão do Benfica, Joaquim Fernandes, pela
conquista da Taça em 1953


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Equipa 1948/1949

Quatro dias apenas depois da bem sucedida intentona de 28 de Maio de 1926, em Lisboa nascia Joaquim Fernandes, futuro jogador do Benfica, defesa-esquerdo, durante nove temporadas, figurante na história da Taça Latina, mas também na de outros acometimentos. Transição fez dos anos 40 e 50, com mais de duas centenas de participações em despiques de carácter oficial, circunstância que o coloca no primeiro pelotão (39º lugar) dos atletas mais utilizados em cem anos de vida do clube.

Chegou na temporada de 45/46, ano da morte do mítico Cosme Damião, timoneiro da nau benfiquista no começo da viagem, que também havia sido "médio-centro da equipa de honra, treinador, conselheiro e caixa de todos os jogadores que não tinham vintém", segundo Cândido de Oliveira. Fernandes acabaria por fazer uma época sabática. O que lhe sobrava em vontade, faltava-lhe em experiência. Só realizou um jogo oficial, a contar para a Taça de Portugal, prova também do seu fetichismo, apesar da derrota (2-3) com o Atlético, na Tapadinha. No ano imediato, após começo letárgico do conjunto, garantiu a titularidade, esteve na série ininterrupta de 11 vitórias, mesmo assim insuficiente para chegar ao título, no início da era dos Violinos do Sporting. Participou também na inaudita marca de 13-1, com que o Benfica, por essa altura, assolou a Sanjoanense.

Até ao final da década, Fernandes transformou-se num dos irremovíveis, a mesma chancela de Félix, Jacinto, Francisco Ferreira, Moreira, Arsénio, Julinho e Rogério. Era essa a base do colectivo na pomposa empreitada que propiciou a conquista da Taça Latina. Mais Bastos, José da Costa, Corona, Rosário e Pascoal. Em ano formidável, com o Campeonato também na colecção dos despojos.

De resto, foi a única vez, ao longo do seu predomínio, que a orquestra rubra ousou, melodiosa e vibrantemente, silenciar a enleante homónima leonina. Se o Sporting arquitectou um inédito tetra no Campeonato, o tetra fez também o Benfica, mas na Taça, batendo em sucessivas finais o Atlético (2-1), a Académica (5-1), o Sporting (5-4) e o FC Porto (5-0). De permeio, em 49/50, anulada seria a edição da segunda prova mais importante do calendário da bola. Esfumou-se um possível penta, tanto mais que o cancelamento, ordenado pela FPF, ocorreu na bela temporada de 49/50. É que Portugal esteve a um passo de participar no Mundial do Brasil, face à desistência de alguma nações. O convite, esse, haveria, mais tarde, de ser declinado.

Joaquim Fernandes pendurou as botas em 53/54. De Moçambique, chegavam Costa Pereira, Mário Coluna e Naldo, este o seu presumível substituto. Por pouco tempo, já que Ângelo logo haveria de reclamar a posição, com os ditames que se conhecem. De Fernandes, no Benfica, vingou o preceito da regularidade.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Fernandes
Mensagem de: ednilson em 13 de Fevereiro de 2008, 19:49
Félix Assunção Antunes. Barreiro. 14 de Dezembro de 1922. 2 de Agosto de 1998. Defesa.
Épocas no Benfica: 10 (44/54). Jogos: 188. Golos: 2. Títulos: 1 (Campeonato Nacional), 4 (Taça de Portugal) e 1 (Taça Latina).
Outros clubes: CUF, Torreense e Luso do Barreiro. Internacionalizações: 15.

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Equipa 1950/1951

Ainda hoje, alguns especialista e praticantes mais antigos do culto da águia convergem no julgamento, segundo o qual Félix terá sido o melhor defesa-central de sempre do Benfica. Mesmo que à colação venham os nomes de Germano ou Humberto Coelho, de Mozer ou Ricardo Gomes. Chegou ao clube, em 1945, já a sangrenta Guerra Civil de Espanha e a sórdida II Guerra Mundial haviam terminado. De resto, é por essa altura, na avalizada opinião do historiador e também benfiquista Veríssimo Serrão, que a censura, um dos braços do hermético regime, obrigou a imprensa da época a escrever "os encarnados" em substituição de "os vermelhos". Afinal, qualquer que fosse a versão, a cor predilecta de Félix Antunes, natural do Barreiro, operário na CUF, futuro ídolo do futebol.

Com o emblema da empresa ao peito, embora na sucursal dos Unidos Futebol Clube, despontou nos escalão júnior, nos Campeonatos Regionais de Lisboa. Aos 18 anos, já era titular da equipa principal, actuando no posto de médio-esquerdo. Revelava habilidade, intuição. Talvez por esse motivo, muitas vezes jogou também como médio-centro ou interior-esquerdo, isto é, mais próximo da zona privilegiada do golo.

No Benfica, apesar de alguma indefinição na fase madrugadora do seu percurso, o húngaro e não poucas vezes vidente, Janos Biri, estabilizá-lo-ia no eixo da retaguarda. Assim se notabilizou. Operava de forma imperial, preciso na colocação e (ab)usando de dois pés que maravilhas faziam. Cognominado de Pantufas seria. E se no jogo aéreo era insuperável, encontrada está a radiografia do defesa ideal. Actuou no Benfica, ao longo de dez temporadas. Era o tempo da hegemonia do Sporting, com os Cinco Violinos a marcarem pontos na agenda competitiva. Mesmo assim, ainda venceu um Campeonato Nacional e quatro Taças de Portugal.

Na época de 49/50, Félix deu inestimável contributo para a conquista da Taça Latina, primeiro grande feito internacional do palmarés benfiquista. A mestria que revelava propiciou mesmo que se chegasse a falar do Sport Lisboa e Félix. O seu nome começou a circular pela Europa, numa altura em que o futebol não tinha, nem pouco mais ou menos, a projecção mediática dos nossos tempos, com a televisão em fase embrionária e em Portugal nem vê-la ainda.

As quatro finais consecutivas da Taça de Portugal (48/49, 50/51, 51/52 e 52/53, já que em 49/50 não se disputou) constituíram um marco até hoje inigualável no reportório vermelho, até porque se saldaram em outras tantas vitórias. Apenas Bastos, Joaquim Fernandes, Moreira, Arsénio, Rogério e Félix fizeram o pleno.

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Chegou à Selecção Nacional em Março de 1949, recebendo o testemunho do belenense Feliciano. Com as quinas, haveria de disputar um total de 15 jogos, numa altura em que o futebol português tardava a sua afirmação, sobretudo perante as congéneres que já haviam adoptado o mais completo profissionalismo. Despediu-se em Viena, frente ao combinado nacional austríaco, numa trágica derrota (9-1). Foi acusado de mau comportamento no estágio de preparação para o despique. A Federação multou-o e o Benfica também, multiplicando a parada, que num conto de réis se fixou.

Com o alicerce emocional fragilizado, pela derrotas, pelas incidências, pelas multas e pelas criticas, Félix não reagiu bem às punições, sobretudo indignado ficou com a repreensão monetária do Benfica, da responsabilidade do presidente Joaquim Bogalho. Três semanas volvidas, foi jogar a Setúbal, a 18 de Outubro de 1953. No Campo dos Arcos, o Benfica baqueou, num contundente 5-3. Ainda hoje se diz que os golos sadinos resultaram de erros inusitados do defesa-central. Embora até se perceba o exagero, incontestável é que na cabina, terminado o encontro, Félix despiu a camisola, atirou-a de forma ostensiva para o chão e pisou-a num acesso de mau génio. O presidente do clube, estupefacto, presenciou a cena. A decisão, essa, não tardou. Para Félix era a inapelável despedida do Benfica.

Foi assim que um grande jogador, com apenas 30 anos, serviu de exemplo aos vindouros. Era assim a disciplina no Benfica. A transigência estava interdita a quem desrespeitasse o símbolo e a divisa do clube. Mesmo que fosse um gesto intempestivo. Mesmo que interpretado por um atleta insubstituível. Um atleta sagrado que não respeitou valores mais sagrados ainda. Um atleta da singular craveira de Félix.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Félix (actualizado)
Mensagem de: Strata em 14 de Fevereiro de 2008, 14:49
Assim está bem! :bow2: :winner: :bow2:

Andas a copiar os textos todos à mão?
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Félix (actualizado)
Mensagem de: VitorPaneira7 em 15 de Fevereiro de 2008, 19:43
Eurico gomes campeão pelos 3 grandes  ^-^  :o
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Félix (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 15 de Fevereiro de 2008, 20:02
Zoran Filipovic. Titograd. Jugoslávia. 6 de Fevereiro de 1953. Avançado.
Épocas no Benfica: 3 (81/84). Jogos: 84. Golos: 41. Títulos: 2 (Campeonato Nacional) e 1 (Taça Portugal).
Outros clubes: Estrela Vermelha de Belgrado, Club Brugge e Boavista. Internacionalizações: Jugoslávia.

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Equipa 1983/1984

Havia quase 20 anos que José Águas tinha envergado pela última vez o mais carismático equipamento desportivo o do país. José Torres, esse, era também passado. Antes mesmo do filho Rui e até talvez melhor, ninguém como o jugoslavo Zoran Filipovic remeteu os benfiquistas para uma das mais apetecidas memórias. Ele que tinha a elegância de Águas, o gesto técnico, a impulsão, o apego ao golo, até traços fisionómicos que não destoavam.

A estreia revelou-se aprobatória, em embargo da derrota, na Antas, por 2-1, mas com um golo da sua criação. Arrancava a temporada de 81/82, Baroti mantinha a liderança técnica. Depois de Jorge Gomes e César, Filipovic, natural da província de Montenegro da velha Jugoslávia, era o terceiro estrangeiro a ingressar no clube. O Benfica não revalidou o título, é certo, mas o antigo jogador do Estrela Vermelha de Belgrado, já quase trintão, venceu a fase de reconhecimento, enterrou dúvidas, afirmou-se como pedra de toque na ofensiva, acompanhado pelo inevitável Nené.

No ano seguinte, Filipovic não abjurou as credenciais, tendo assinado mesmo uma temporada fantástica. Com Eriksson, o Benfica reconquistou o título nacional, venceu a Taça de Portugal e chegou à final da Taça UEFA. Nesta prova, em 12 jogos, apontou oito golos, cotando-se como o mais precioso jogador da equipa. Três golos à Roma e um à Universidade de Craiova, respectivamente nos quartos e nas meias-finais, catapultaram o conjunto para nova final europeia, ao cabo de 15 anos de jejum.

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Na terceira e última época, Filipovic voltou a sagrar-se campeão nacional, mas o registo de oito participações apenas, ainda que com sete golos averbados, é reveladora das dificuldades para se impor no colectivo, já na ternura da veterania. De resto, foi também um ano dourado da dupla Nené (21 golos) e Diamantino (19 golos), mais do emergente dinamarquês Manniche (11 golos).

Zoran Filipovic regressou ao Benfica, em 94/95, como membro da equipa técnica chefiada por Artur Jorge. Não foi feliz, ainda que em Maio de 96, já com Mário Wilson treinador principal, tenha contribuído para o triunfo na final do Jamor. A sua competência, a sua dedicação, mais ainda os seus golos, colocam-no na estante dos notáveis que a águia ao peito trouxeram.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Filipovic
Mensagem de: Rendufas em 15 de Fevereiro de 2008, 20:42
Ler este tópico é como lavar a alma.   :bow2:

Obrigado, Ednilson.  :drunk:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Filipovic
Mensagem de: VitorPaneira7 em 15 de Fevereiro de 2008, 21:15
Do filipovic falam me muito da sua mobilidade. até os meus tios sportinguistas destacam que  muitas vezes não era a bola que voava para ele mas era o Filipovic voava para a bola.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Filipovic
Mensagem de: VanBasten em 15 de Fevereiro de 2008, 23:39
Só uma correcção...o Fili não era antigo jogador do Partizan, mas sim do Estrela Vermelha de Belgrado, onde é considerado um dos melhores jogadores de sempre e, salvo erro, foi durante muitos anos o melhor marcador de sempre em competições europeias (desconheço se tal record se mantem)...
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Filipovic
Mensagem de: Mestre em 16 de Fevereiro de 2008, 11:58
A célebre campanha da Uefa de 83 traz-me as primeiras memórias de alguns jogos, em que ia com um senhor vizinho ao futebol quando o meu pai estava a trabalhar. Tinha na altura 11 anos e assisti ao Benfica-U. Craiova e à final com o Anderlecht.

Do Filipovic lembro-me que tinha um sentido de oportunidade fantástico, as coisas com ele pareciam fáceis. Jogador que não ia muito ao choque, era perfeito a adivinhar o caminho da bola, num estilo que o próprio Néné acabou por ter também.

Parabens Ednilson, estou viciado neste tópico.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Filipovic
Mensagem de: ednilson em 16 de Fevereiro de 2008, 20:32
Eusébio da Silva Ferreira. Lourenço Marques. Moçambique. 25 de Janeiro de 1942. Avançado.
Épocas no Benfica: 15 (60/75). Jogos: 443. Golos: 476. Títulos: 11 (Campeonato Nacional), 5 (Taça de Portugal) e 1 (Taça dos Campeões).
Outros clubes: Sporting de Lourenço Marques, Rhode Islands Oceaners e Boston Minutemen, Monterrey, Toronto Metros, Beira-Mar, Las Vegas Quicksilver, New Jersey Americans e União de Tomar. Internacionalizações: 64.

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Equipa 1963/1964

Dezassete de Dezembro, Sexta-feira, de 1960. A bordo do avião, com odor colonial, Eusébio, ele também, anoiteceu. Com a cabeça a fervilhar de ambição. Próximo, muito próximo, estava o sonho que tantas vezes lhe tinha dado fogo às ilusões. A Lisboa, então capital do império, chegava o rapaz de 18 anos. Esperavam-no Júlio Teixeira, Albino Rato e Domingos Claudino, em representação do clube da águia. O jornalista Cruz dos Santos, de "A Bola", recolheu-lhe uma declaração quiçá imprevista, proferida em voz trémula: "Não gosto de jogar a avançado centro". E para tranquilidade situacionista, o então trissemanário desportivo avançou que o recém-chegado viera "de Portugal para Portugal". Mal dando conta que a noite tomara o lugar do dia, ai estava Eusébio, no Lar do Jogador, à Calçada do Tojal, com Torres, Germano, Santana e Mário João.

Para trás ficava a fragrância da quente terra africana. Ficava o bairro da Mafalda, em Lourenço Marques. As fugas à escola, as sovas da D. Elisa, os intermináveis jogos com a bola de trapos. Mais aquela história do major Rodrigues de Carvalho e de Mário Tavares de Melo, enviados benfiquistas, terem colocado 110 contos de reis em cima da mesa da família Ferreira, quantia destinada a transferir Eusébio do Sporting de Lourenço Marques para o Benfica. A mãe, nessa altura, puxou os galões e exigiu 250, com lágrimas a borbulhar-lhe as faces. Negócio fechado, "dinheiro grande", como D. Elisa, anos mais tarde, recordaria o episódio.

Os primeiros tempos de Eusébio, em Lisboa, foram tumultuosos. Até pensou desistir e retornar a Moçambique. Viveu-se o mais prolongado Benfica-Sporting do século. Meses durou. Uma guerra burocrática, não raras vezes a tanger o insulto. Argumento vem, argumento vai, uns dias mais vermelho, outros mais verde, Eusébio desesperava. Impotente. Queria jogar. Afinal, se o destino até não o havia deixado ser menino, porque subtrair-lhe ainda o maior dos prazeres? A 13 de Maio de 1961, finalmente, a trama burocrática findou. Eusébio era jogador do Benfica. No dia da Senhora de Fátima. Algo que jamais esqueceu.

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E dez dias volvidos, no relvado da Luz, procedia-se à despedida da equipa que, horas depois, partiria para Berna, a fim de esgrimir argumentos com o Barcelona, na final dos Campeões. "Subi os degraus, velozmente. Quando entrei e ouvi a multidão gritar o meu nome, fiquei tonto". A peleja teve o Atlético por opositor. Barrosa defendeu as redes, Mário João e Ângelo eram os laterais, Neto, Artur e Saraiva compunham a intermediária, Nartanga, Jorge, Mendes, Eusébio e Peres faziam as despesas ofensivas, na melhor expressão do dispositivo táctico conhecido por WM.

Cedo Eusébio comunicou no seu idioma predilecto. Um golo madrugador fez. Seguiram-se outros dois, os primeiros de camisola rubra, nesse jogo particular, que terminou 4-2 a favor do Benfica. Poucos dias mais tarde, frente ao Olivais e Moscavide, na primeira partida de carácter oficial, bisou. Seguiu-se o Vitória de Setúbal, em jogo da Taça, depois o Belenenses, a contar para o Campeonato. E golos, mais golos. Numa relação irremitente.

"Fez bonitos golos; os jogadores do Santos, todos eles, eu próprio, dizíamos que aquele rapaz era um grande jogador, até porque ninguém sabia quem ele era". A declaração é assinada na primeira pessoa do singular. Por Pele, "o génio da redonda", segundo Jorge Amado. Foi proferida no final do encontro Benfica-Santos, em Paris, a 15 de Junho de 1960. Três gentilezas Eusébio à bancada fez. Perderam os já campeões da Europa, depois de terem encaixado quatro golos sem resposta. Foi quando o ainda desconhecido Eusébio se levantou do banco de suplentes. Para um hat-trick. E só não igualou, porque Béla Guttmann, feiticeiro-que-não-foi, o impediu de marcar uma grande penalidade, por falta sobre ele próprio cometida. Haveria de falhar José Augusto. O Santos venceu 5-3, mas Eusébio revelou-se nesse dia ao mundo da bola. Lancinantemente competitivo.

Pantera Negra ficou. Epíteto feliz ou a exaltação de predicados como a velocidade, a destreza, a elegância. "Inicialmente não gostei, porque em Los Angeles havia um grupo chamado Black Panter, que matava pessoas e assaltava bancos". Começou a gostar e hoje orgulha-se até, recordando aquele jornalista inglês, responsável pela alcunha, que ficou atónito com o seu desempenho num Inglaterra-Portugal, em Outubro de 1961, cumpria Eusébio a segunda internacionalização, depois da estreia, ante o Luxemburgo, alguns dias antes, sempre é claro com o golo da praxe.

Naquela temporada de 61/62, confirmava-se um nova profecia de Guttmann, segundo o qual "não há cu para duas cadeira". Em tradução futebolística, o mago predizia ou Campeonato ou título europeu. Assim foi, ainda que a conquista da Taça, perante o Vitória de Setúbal (3-0), com dois golos de Eusébio, ajuda-se a mitigar o insucesso.

O Benfica caminhou magnânimo até à final de Amsterdão. Quem não recorda, após a eliminação do FK Áustria, o concerto da orquestra vermelha na Luz? Na primeira mão, o triunfo coube aos alemães, em dia de neve maldita...e sem Eusébio, lesionado. A desforra, essa, dias depois, roçou a perfeição. Seis golos, com dois de Eusébio, ao Nuremberga. "A dada altura, dei por falta de uma medalha com a santa da minha devoção, que a minha mãe me oferecera três meses antes de vir para Lisboa", explicou, sugerindo que mais golos poderia ter apontado com a Santa das Boas Graças. O amuleto jamais apareceu, a fé como que recrudesceu.

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Eliminados os britânicos do Tottenham, numa meia-final de grande dramaticidade, eis que, a 2 de Maio de 1962, o Benfica sobe ao palco da glória, em Amsterdão, já com o estatuto de campeão da Europa para defrontar o Real Madrid, de Di Stéfano, Puskas, Gento, Del Sol e Santamaria, "o primeiro grande clube moderno", na observação sapiente de François de Montvion, director do "France Football". Exauriu-se Eusébio. Ele e os companheiros Costa Pereira, Mário João, Ângelo, Cavem, Germano, Cruz, José Augusto, José Águas, Coluna e Simões. O despique foi grandiloquente. Até começou equilibrado, mas Puskas abriu o activo e, seis minutos depois, marcaria o 2-0. A final parecia sentenciada e nas bancadas só os espanhóis vibravam. Era imperativo que soasse o alarme vermelho e nada melhor do que um livre à entrada da área. À base do poste rematou Eusébio, mas José Águas, no sitio certo, fez a recarga vitoriosa e também melhorou a expressão do moral benfiquista. Como corolário, num lance em que Eusébio lutou nas alturas com o guarda-redes merengue, aproveitou Cavem para restabelecer a igualdade. Mas a desdita não se fez esperar e, de novo Puskas, antes do intervalo, batia Costa Pereira.

No descanso, rezam coincidentes testemunhos, Bela Guttmann só pronunciou uma frase. Ei-la: "O jogo está ganho, não se preocupem", num registo profético. Mário Coluna cedo empatou de novo a contenda. Até que emerge Eusébio, provocando uma hemorragia colectiva de prazer nas bancadas lusas. Dois golos marcou. Após um delicioso apontamento, o miúdo da Mafalda caiu na área. O golpe foi sucio e a grande penalidade apontada. Com o requinte dos apaixonados, Eusébio colocou a bola na marca, maricón lhe chamou Santamaria, com o fito de o desconcentrar. Não entendeu o insulto e, em surdina, inquiriu Coluna. "Marca o golo e chama-lhe cabron". As duas coisas fez. Gloriosamente.

Tempo houve ainda para novo tento apontar. Foi o da consagração. Por isso, "Eusébio es una bestia", escreveu o jornalista espanhol Ramón Melcon, um elogio com laivo de revolta. "Eusébio, a Pantera Negra, estraçalhou o Real Madrid", na opinião do repórter britânico Desmond Hackett, para quem "foi uma noite de futebol majestático; esta nobre equipa do Benfica exibiu um futebol perfeitamente ao nível das realezas que estavam na cidade, devido ao aniversário da rainha Juliana".

Da beleza do futebol virginal, aristocrata da bola virava Eusébio. Por isso, como escreveu epicamente o nosso Carlos Pinhão, "na era de Eusébio, Eusébio é que era".

Alfredo Di Stéfano havia sido apeado do cume da pirâmide europeia da coisa redonda. No Velho Continente proclamava-se um novo rei. Humilde, sempre humilde, como também só sempre são os homens bons, Eusébio guarda com uma devoção quase evangélica a camisola do astro argentino, naturalizado espanhol. "Para mim, tem tanto significado como a da Taça dos Campeões", precisa Eusébio. "Não era Di Stéfano o meu ídolo e o jogador mais completo que vi actual em toda a minha vida?". Era mesmo.

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Como foram também mais três as hipóteses de se voltar a sagrar campeão da Europa. Logo no ano subsequente à final de Berna, com o AC Milan (1-2); em 64/65, frente ao Inter (0-1); em 67/68, ante o Manchester United (1-4, após prolongamento). Os colectivos benfiquistas falharam, ainda que sempre soçobrassem com dignidade. A dignidade à Benfica, misto de amor e de luta, de entrega e de esforço, de prazer e de classe. Assim foi também nas duas finais perdidas da Taça Intercontinental, com o Peñarol e o Santos. Só que o Benfica esteve sempre lá. No areópagos da fama. Clube mítico se fez.

Quando, na primavera de 63, Portugal venceu o campeão do Mundo, a selecção do Brasil, no Estádio Nacional, com um golo solitário de José Augusto, Eusébio cumpria ainda a sua oitava internacionalização. "Agora, é só continuar até ao Mundial de 66", atirou premonitoriamente, na sua expressão serena de felicidade.

Estávamos na antecâmara da jornada épica em terras inglesas. À equipa das quinas cedeu, nessa altura, largo contingente o Benfica. Em representação do clube da Luz, Manuel da Luz Afonso e Otto Glória, respectivamente seleccionador e técnico, chamaram à campanha Eusébio, Germano, Coluna, Simões, José Augusto, Cruz e Torres. Com inspiração nos "Lusíadas", de Luís Vaz de Camões, nasceram os Magriços. Esfomeados de sucesso, protagonizaram imaculadamente a fase de preparação, perante a Noruega, Escócia, Dinamarca, Uruguai e Roménia, sem erro de anacronismo. Eusébio até só marcou três golos, mais parecendo adiar a exortação dos requintes de goleador para as melhores e autênticas núpcias. Foi a Hungria a preambular a maior odisseia de toda a história do futebol indígena. Vitória por 3-1, com golos vermelhos de José Augusto (2) e José Torres, "que 32 anos de espera para chegar a uma fase final até justificavam uma aragem de sorte", comentou Vítor Santos. E o mestre descobriu "uma Académica de gala... encarnada e verde", no segundo embate, frente à Bulgária, para um triunfo luso, por incontestáveis 3-0, já com um tento assinado por Eusébio.

Até que chegou o Brasil, quatro anos antes vencedor de igual certame no Chile. Poderia Portugal ter algum complexo de pequenez? Não eram o Benfica e o Sporting habituais clientes das melhores ementas do futebol europeu? E não havia Eusébio? Um imprevisto golo do mais baixinho em campo, Simões de seu nome, com garbosa cabeçada, abriu as hostilidades. Para não ficar atrás, logo de seguida, também Eusébio, todo ele violando as leis da física, num soberbo momento antigravidade, apontou o segundo golo, nem mais nem menos que o primeiro de cabeça ao serviço da equipa de todos nós. Rildo, o brasileiro, ainda reduziu, mas guardado estava o melhor pedaço. E que pedaço! Pedaço de talento singular, aquele remate de Eusébio, quase à velocidade da Luz. Era o 3-1 final, que Pele decerto não viu, ele que do campo saíra de forma precoce, após ter disputado rijo lance com o lateral do Sporting, o do "cantinho de Morais", da final verde de Antuérpia.

Por limite apenas o céu ou nada a declarar com excepção do génio, alternativamente, bem poderiam traduzir a mágica exibição de Eusébio naquela Portugal-Coreia do Norte. Aí estava o artista da bola, o poeta do jogo, o mítico herói do povo.

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A perder por 0-3, Eusébio por porventura o primeiro dos imperturbáveis. Revoltou-se na sua melhor expressão. Produziu lances ornados de fantasia, contagiou os companheiros, marcou golos como se de regresso estivéssemos ao milagres das rosas. Quatro foram, com José Augusto a fechar a contagem (5-3). Nesse jogo como em mais nenhum outro, Eusébio submeteu a bola ao império da sua vontade. No Mundial, seguiu-se a impiedosa derrota ante a Inglaterra, país organizador (2-1, com um golo de Eusébio), após trapaça sórdida. É que o palco do jogo foi Londres, no belo Wembley, à revelia dos regulamentos. Por isso, Manuel da Luz Afonso disse que "se o jogo tiver de ser resolvido por moeda ao ar, a dita moeda terá duas caras ou duas coroas". Necessário não foi. O Portugal de Eusébio viu-se compelido a jogar com a União Soviética, na discussão de um lugar no pódio. E venceu. Eusébio fez o nono golo na prova, sagrando-se o melhor marcador. Melhor jogador, também.

A eusebiomania que, muito justamente, no rescaldo do Mundial de 66, atingiu Portugal e o Mundo reverteu a favor do Benfica. Ao jogador e ao clube chegaram muitos cantos da sereia ao longo dos anos. "´É património do Estado", judiciou mesmo Salazar, confrontado com a hipótese de Eusébio representar a Juventus. "Então eu mal conheço a pessoa, não é da minha família, como é que podia impedir-me de ir ganhar aquela pipa de massa?". Era a generosidade postiça do velho regime. Para trás ficaram também o Inter de Milão, o Real Madrid, o Vasco da Gama e tantos, tantos outros clubes que disputaram os seus préstimos.

Nos 15 anos que jogou no Benfica, escreveu Baptista Bastos, "Eusébio representou-nos, àqueles que pediam passagem, aos anónimos, aos arranhados, aos sovados por todas as injustiças (...), Eusébio foi todos nós sendo apenas ele (...), Eusébio realizou todos os nossos sonhos, sonhando-os por todos nós". Eusébio e o Benfica tornaram-se indissociáveis. Ainda hoje, o nosso futebolista do século mantém-se recordista de títulos nacionais. Onze vezes ganhou a prova máxima e em cinco ocasiões venceu a Taça de Portugal. Arrebatou sete vezes a Bola de Prata, duas vezes a Bota de Ouro e uma vez a Bola de Ouro. Vestiu as camisolas da UEFA e da FIFA. Fez o Benfica peregrinar em glória pelas mais diversas paragens.

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De águia ao peito, Eusébio disputou 715 jogos, tendo apontado 727 golos. No decurso da mais rica era vermelha, fez por ano 48,5 golos em média. Também por essa razão, com o moçambicano nos seus quadros, na velha Luz, essa fantástica praça desportiva, o Benfica, para consumo doméstico, esteve nove (!) anos consecutivos sem perder, desde 17/10/65 (2-4, com o Sporting) até 30/12/74 (2-3, com o Vitória de Setúbal, partida em que não alinhou por se encontrar lesionado).

Na contabilidade pessoal de Eusébio, estão anotados 1137 golos, tendo o milésimo sido marcado, já no ocaso da carreira, pelo Toronto Metros, frente ao Minnesota. Com dificuldade, ele que tem uma memória quase fetal, consegue elencar cinco das suas melhores obras, desde "o terceiro golo contra os suíços do Chaux-de-Fonds, o também terceiro golo apontado no Mundial ao Brasil, um golo à selecção do Japão, um livre directo à baliza do sportinguista Vítor Damas, até ao pontapé de quarenta metros que fulminou as redes da Juventus".

Ao lado de Pele (Brasil), Alfredo Di Stéfano (Argentina/Espanha), Franz Beckenbauer (Alemanha), Bobby Charlton (Inglaterra), Johan Cruijff (Holanda), Michel Platini (França), Ferenc Puskas (Hungria/Espanha), Stanley Mattews (Inglaterra) e Lev Yashin (Rússia), o nosso Eusébio foi eleito pela FIFA, organismo que superintende o futebol mundial, um dos dez melhores futebolistas de todos os tempos. "A maior distinção da sua carreira", garantiu o jornalista Vítor Serpa, director de "A Bola". De facto, apetece perguntar que cidadão português, qualquer que seja o ramo de actividade, terá sido escolhido entre a melhor dezena mundial de sempre no seu mester? Eusébio, claro.

Eusébio cedo da bola se enamorou. Possui o mais invejável relicário futebolístico nacional. Coloriu o país de vermelho. Ensinou ao mundo onde fica Portugal.

Eusébio ganhou e merece esse raro direito à imortalidade.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Eusébio (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 17 de Fevereiro de 2008, 18:57
Álvaro Gaspar Pinto. Oeiras. 27 de Fevereiro de 1912-1969. Defesa.
Épocas no Benfica: 12 (34/46). Jogos: 305. Golos: 6. Títulos: 3 (Iª Liga), 3 (Campeonato Nacional), 3 (Campeonato de Lisboa) e 3 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Carcavelinhos. Internacionalizações: 7.

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Equipa 1937/1938

Poucos se poderão gabar de um papel tão propulsor quanto o de Gaspar Pinto no Benfica. Jogando na retaguarda, emocionalmente sugeria ser o primeiro da linha da frente. Um futebolista intratável. Duro, arrojado, pungente. No colectivo, combatia qualquer vestígio de laxismo. Por amor à chama sagrada. Ao Benfica.

Expressão da sua longevidade, entregou-se à causa garrida de 1934 a 1946, na caderneta de títulos, no numero de três sempre presente – três Campeonatos Nacionais, também três I Ligas, mais três Campeonatos de Lisboa, ainda três Taças de Portugal. Conterrâneo foi de Gustavo Teixeira, Albino, Vítor Silva, Valadas, Espírito Santo. Ao debute assistiu de Francisco Ferreira, Teixeira, Rogério, Julinho, Arsénio, Moreira, Jacinto. Era referência obrigatória de um Benfica ainda nos tempos do mais terno amadorismo. Mas já à procura da estrada do sucesso, na rudimentar semiótica do profissionalismo. E em plena sala de espera da Taça Latina, o troféu que haveria de arrebatar, quatro anos depois do abandono de Gaspar Pinto. A sua influência era tão acentuada que Rogério de Carvalho, o célebre Pipi, confessava ter "sentido receio, no primeiro ano, por estar rodeado de craques como ele, Albino ou Francisco Ferreira, ídolos da juventude, cujo os cromos com as caras deles saíam nos rebuçados da altura".

Para os anais ficaram duelos que protagonizou com Fernando Peyroteo, genial avançado do Sporting. A palavra de ordem era desestabilizar. Física ou verbalmente. Não poucas vezes, Gaspar Pinto foi acusado de falta de lealdade. O ferrete provocava-lhe irritação e era "nos campos a vibrar", do poema imortal de Paulino Gomes Júnior, que sempre o demonstrava.

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Nasceu em 1912, ano da morte do maratonista do Benfica, Francisco Lázaro, nos Jogos Olímpicos da Suécia. Pelo Carcavelinhos chegou à Selecção Nacional. Só depois vestiu a camisola da águia, aumentado para sete o número de internacionalizações. Vítor Gonçalves, uma das mais notáveis personalidades do universo benfiquista, foi o seu primeiro treinador. Com o húngaro Janos Biri terminou a carreira, num encontro disputado na Tapadinha (2-3), frente ao Atlético. Para trás ficavam mais de três centenas de jogos na equipa de honra, marca apenas conseguida por outros 25 jogadores ao longo da centenária viagem.

Gaspar Pinto era um dos mais populares atletas do clube. Os adeptos reviam-se nele, na sua abnegação, na sua vontade indómita de vencer. Durante anos, foi lembrado com saudade. E porque a "memória... é onde tudo acontece para nos pertencer", como escreveu Virgílio Ferreira, Gaspar Pinto pertence-nos, pertence à antologia benfiquista.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Gaspar Pinto
Mensagem de: VitorPaneira7 em 17 de Fevereiro de 2008, 23:49
Quem dera ter visto Eusébio jogar. Já agora um dos favoritos do meu pai o Vitor Martins também está na lista?Muitos dos  mais velhos falam bem dele.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Filipovic
Mensagem de: Bola7 em 18 de Fevereiro de 2008, 09:50
Citação de: VanBasten em 15 de Fevereiro de 2008, 23:39
Só uma correcção...o Fili não era antigo jogador do Partizan, mas sim do Estrela Vermelha de Belgrado, onde é considerado um dos melhores jogadores de sempre e, salvo erro, foi durante muitos anos o melhor marcador de sempre em competições europeias (desconheço se tal record se mantem)...
é verdade sim senhor...
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Gaspar Pinto
Mensagem de: Bola7 em 18 de Fevereiro de 2008, 09:52
Citação de: VitorPaneira7 em 17 de Fevereiro de 2008, 23:49
Quem dera ter visto Eusébio jogar. Já agora um dos favoritos do meu pai o Vitor Martins também está na lista?Muitos dos  mais velhos falam bem dele.
grande jogar..já falei nele muitas vezes...
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Gaspar Pinto
Mensagem de: Redady em 18 de Fevereiro de 2008, 13:51
Grande Ednilson ... és dos maiores Benfiquistas que já conheci! :slb2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Gaspar Pinto
Mensagem de: ednilson em 18 de Fevereiro de 2008, 21:25
Francisco Ferreira. Guimarães. 23 de Agosto de 1919-1986. Médio.
Épocas no Benfica: 14 (38/52). Jogos: 398. Golos: 34. Títulos: 4 (Campeonato Nacional) e 6 (Taça de Portugal).
Outros clubes: FC Porto. Internacionalizações: 25.

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Equipa 1941/1942

Era ainda o tempo do "avante, avante p'lo Benfica, que uma aura triunfante glorifica", estrofe do primeiro hino do clube, da autoria do presidente-atleta Félix Bermudez. Era já o tempo de Francisco Ferreira, que em Guimarães viu nascer o sol, no FC Porto começou a luzir, no Benfica ganhou a luz da fama. Esquerdino nato, vigília fazia na intermediária, tipo lugar-tenência. Não era nenhum assombro de técnica, nenhum estilista do jogo, nenhum abençoado de talento superior. Mas era alguém perfeito no domínio da posição, alguém com sonora voz de comando, alguém que lutava até à exaustão. Era um líder. Incontestado.

Ficou órfão de pai com apenas quatro anos, sendo entregue aos cuidados de uma avó, enquanto a mãe viajou para S. Mamede de Infesta, perto do Porto, na esperança de recompor a vida. Francisco Ferreira tinha o coração a bater-lhe pelo futebol e perdia a noção do tempo nos jogos que disputava na feira do gado. As reprimendas eram tantas que, na puberdade, foi para o Porto, ao reencontro da mãe e... do futebol.

No Campo da Constituição fervilhava-lhe o vicio da bola, destacando-se já nos infantis do FC Porto, clube pelo qual fez o habitual trajecto dos escalões juvenis. A sua índole de lutador, cedo cativou o técnico José Szabo, que o convocaria para a final do Campeonato de Portugal, edição 1936/37. Idilicamente, com apenas 17 anos, campeão se fez, depois do FC Porto ter ultrapassado o Sporting, num movimentado 3-2.

No ano seguinte, refeito de uma moléstia física, reapareceu num confronto frente ao Benfica, que ficou conhecido pelo jogo das metralhadoras, tão pesado era o ambiente. O FC Porto necessitava do triunfo para ser campeão, à turma das águias bastava o empate. Houve igualdade a dois golos. De pronto, sabedor que o clube azul e branco pagava salários principescos para a época, atreveu-se a pedir 300 escudos por mês. Malandro lhe chamaria um dirigente portista. Foi contumélia. No FC Porto, que mais tarde deu o dito por não dito, jamais voltaria a jogar.

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Por essa altura, encontrava-se na capital nortenha um indefectível benfiquista, Idílio Nogueira de seu nome. Alertado, levou Francisco Ferreira para a clausura de uma quinta, em Valadares, de lá só saindo, quatro dias depois, com destino a Lisboa. Seguiu-se uma guerra burocrática, que um cheque de 13.500 escudos ajudou a pôr termo. Foi quanto o Benfica pagou ao FC Porto. No horizonte do bom Chico estavam 14 épocas pintadas em tom garrido.

Ultrapassou o meio milhar de jogos, entre particulares e oficiais, rubricando 60 golos. Venceu quatro Campeonatos e seis Taças de Portugal. Com a saída de Francisco Albino, durante nove anos envergou, orgulhosamente, a braçadeira de capitão. Tal como na equipa nacional, que chegou a representar por 25 ocasiões, número muito estimável para a época.

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Ao serviço da Selecção, em Fevereiro de 1949, disputou um Itália-Portugal (4-1), na cidade de Génova. O comendador Novo, presidente do Torino, a melhor equipa transalpina nessa altura, ficou rendido à prestação de Francisco Ferreira. Tal como o Real Madrid, alguns anos antes, também o clube italiano solicitou os seus ofícios. O presidente do Torino deu-lhe o cartão de visita e apelou a um contacto ulterior. Quando a sua festa de homenagem começava a ganhar contornos, Francisco Ferreira telefonou ao líder do Torino, convidando o melhor conjunto europeu a participar no evento. O Benfica haveria de vencer 4-3. No dia seguinte ao jogo, Novo fez nova diligência para levar Francisco Ferreira até Itália. Infrutífera foi. Poucas horas depois, o avião despenhou-se sobre a basílica de Superga, naquela que foi uma das maiores tragédias do futebol mundial. Francisco Ferreira carregaria a cruz da desventura até ao fim da sua vida.

A 28 de Maio de 1952, na inauguração do Estádio da Antas, participou na espectacular vitória do Benfica (8-2), sobre o FC Porto. Na cabina, anunciou que esse havia sido o seu derradeiro jogo. Só que foram tantos e tão veementes os pedidos para que alinhasse na final da Taça que acabou por concordar.

No Jamor, numa partida diabólica, para muitos ainda a melhor de toda a história da competição, o Benfica bateu o Sporting 5-4, com o providencial golo de Rogério, ao lavar dos cestos. Francisco Ferreira ergueu o troféu.

Vivia-se o presente. Para trás, ficava um dos mais marcantes recrutas do historial do clube do povo. Para o futuro, ficava o exemplo de um dos mais abnegados jogadores de sempre do Sport Lisboa e Benfica.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Francisco Ferreira (actualizado)
Mensagem de: Mestre em 19 de Fevereiro de 2008, 16:24
Estas glórias dos anos 30 e 40 são de louvar. Cada dia fico um benfiquista mais esclarecido, obrigado Ednilson.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Francisco Ferreira (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 19 de Fevereiro de 2008, 21:45
Gustavo Antunes Teixeira. Vila Real. 26 de Dezembro de 1908-1986. Avançado, médio e defesa.
Épocas no Benfica: 7 (32/39). Jogos: 158. Golos: 2. Títulos: 1 (Campeonato Nacional) e 3 (Iª Liga).
Outros clubes: Casa Pia. Internacionalizações: 10.

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Equipa 1935/1936

No ano de 1908 nasceram Gustavo Teixeira e Manoel de Oliveira. Em justaposição, mais tarde, produziram filmes que a memória sem custo suporta. O cineasta encontrou na tela o melhor depósito do seu talento, enquanto o futebolista no campo da bola longas metragens fez de elevado quilate.

Ao dez anos de idade, oriundo de Vila Real de Trás-os-Montes, ingressou na Casa Pia de Lisboa, onde se iniciou nas lides do jogo. Até 1932, manteve-se leal às origens. Como casapiano chegou mesmo a internacional, defrontando a Bélgica, em Antuérpia. Por essa altura, era avançado-centro e exímio marcador de golos. Convidado pelo Sporting a integrar a equipa que se deslocou ao Brasil, tinha apenas 20 anos, tão bem jogou que a imprensa brasileira o alcunhou de Pé de Ouro. Alguns anos depois, foi a vez do Benfica requisitar os seus préstimos, para um jogo com o Barcelona, nos festejos do 28º aniversário do clube. Como estrugiu de satisfação, logo a transferência seria consumada.

Em 32/33, passou a estabelecer-se na zona central do terreno. É com Gustavo Teixeira nessa posição que o Benfica se veio a sagrar campeão regional de Lisboa, titulo que lhe escapava à 13 anos. Mais tarde, a antiga glória do clube, Vítor Gonçalves (pai de Vasco Gonçalves, que foi Primeiro-Ministro de Portugal), nele haveria de percepcionar aptidões para defesa-esquerdo. Nessa posição se fixaria até ao abandono da actividade.

Gustavo Teixeira era um notável executante, tornava fácil o difícil. Revelava uma placidez, uma sobriedade no desarme, mas simultaneamente uma contundência, uma rapidez na entrega. Justificou um Campeonato Nacional e três da I Liga. Justificou também, logo aos 25 anos, a braçadeira de capitão. Justificou ainda uma dezena de internacionalizações.

Aos 31 anos, padecia de um grave problema num joelho, que lhe fez abortar algumas épocas mais na ribalta. Nem por isso esmoreceu. Bancário de profissão, manteve-se ligado ao Benfica. Não raras vezes, era vê-lo fazer o trajecto da Rua do Ouro, onde trabalhava, às sedes ou campos do clube, onde se sentia confortado.

Gustavo Teixeira é fundador do Sport Lisboa e Saudade, tendo elaborado o normativo da antigas glórias do clube. Foi como escrever uma causa própria. Ele que jamais havia sido castigado enquanto futebolista, campeão do fair play se fez também.

Respeitado como poucos, Gustavo Teixeira transporte deu sempre aos ideais desportivos. E à divisa do seu Sport Lisboa e Benfica.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Gustavo Teixeira
Mensagem de: ednilson em 20 de Fevereiro de 2008, 22:17
Hélder Marino R. Cristóvão. Luanda, Angola. 21 de Março de 1971. Defesa.
Épocas no Benfica: 7 (92/97 e 2002/2004). Jogos: 227. Golos: 15. Títulos: 1 (Campeonato Nacional) e 3 (Taça de Portugal).
Outros Clubes: Estoril, Corunha, Newcastle, Paris Saint-Germain e Larissa. Internacionalizações: 35.

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Equipa 1994/1995

Quando partiu, em 1997, para o Desportivo da Corunha, Hélder estaria longe de admitir que durante a sua prolongada ausência (cinco anos) e um possível retorno à casa-mãe (dois anos), o Benfica, logo o mais ganhador dos clubes de toda a existência do futebol em Portugal, apenas mais um troféu adicionasse à sua galeria. E mesmo esse, a Taça de 2003/2004, com o contributo do jogador de origem angolana, suplente não utilizado no Jamor, mas interprete da caminhada de sucesso em vários dos embates antecedentes.

Ao Benfica chegou no defeso da temporada 92/93, proveniente do Estoril, clube que o conduziu à primeira internacionalização. Tinha apenas 21 anos, e esquentava de ambição, nada susceptível foi de se inferiorizar com as presenças de Mozer, William, Samuel e Paulo Madeira no conjunto, esse ano liderado pelo croata Tomislav Ivic (nas oito primeiras jornadas) e por Toni. Dois pontos apenas ditaram que o Campeonato escapasse para o FC Porto, mas Hélder acabaria por ser o atleta mais utilizado e ajudou mesmo a pintar de vermelho a Taça de Portugal.

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Um ano volvido, novo registo vitorioso. O Nacional de 93/94 adoptou também a cor rubra, de novo com Hélder entre os que actuaram com mais regularidade. Por esse altura, ameaçava no mínimo a candidatura a melhor central português, condição que foi mantendo, pese a sombra do então portista Fernando Couto. Sucediam-se as convocatórias (35 no total) para a turma das quinas do defesa-goleador que, naquele épico Sporting-Benfica (3-6), ilustrou a sua clarividência ofensiva com um fulminante tiro certeiro. Era um defesa de todo-o-terreno. Possante e corajoso. De técnica refinada, capaz de envergonhar companheiros ou adversários, supostamente mais criativos, que actuavam nos terrenos intermediários. Competente no jogo aéreo, divertia-se nas incursões, tantas vezes bem sucedidas, pela área oposta.

Em Espanha e na Inglaterra, mesmo flagelado por impedimentos físicos, não deixou de provar toda a sua galhardia. Natural, portanto, o regresso ao Benfica, durante dois anos, o último dos quais no prestigiante estatuto de capitão. O espanhol José António Camacho confiou-lhe a liderança da cortina defensiva. Não renovou o contrato no termo da época 2003/2004, por desinteresse dos responsáveis encarnados, mas foi acolhido pelo Paris S. Germain. Pode Hélder orgulhar-se de ter chegado ao Centenário como o mais laureado dos jogadores do Benfica em actividade.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Hélder (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 21 de Fevereiro de 2008, 19:04
Izaías Marques Soares. Vitória, Brasil. 18 de Outubro de 1963. Avançado.
Épocas no Benfica: 5 (90/95). Jogos: 177. Golos: 71. Títulos: 2 (Campeonato Nacional) e 1 (Taça de Portugal).
Outros Clubes: Rio Ave, Boavista, Coventry e Campomaiorense.

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Equipa 1993/1994

Com "z" e não com "s", assim manda escrever o bilhete de identidade do cidadão brasileiro, mais tarde luso-brasileiro, Izaías Marques Soares, nascido em Vitória. No sitio certo, dir-se-á. Na hora certa também, considerada a fulgurante carreira do jogador, que permaneceu cinco épocas no Benfica, depois das experiências, em sol português, no Rio Ave e no Boavista.

Izaías foi bem um exemplo de constante empatia com a exigente massa adepta do Glorioso. Era o protótipo do jogador que deixava tudo em campo. O resultado de uma equação composta por nervo, sentimento e... golo. Não sendo ponta-de-lança deferiu 71 remates certeiros em 177 jogos na equipa principal do Benfica, chegando mesmo (91/92 e 92/93) a situar-se no cume dos goleadores.

Logo no primeiro ano de berço vermelho, sagrou-se campeão nacional, sob a ordens de Eriksson. Com Veloso, Ricardo, Vítor Paneira, Paulo Sousa, Valdo, Jonas Thern, Rui Águas e César Brito, cujos os golos, nas Antas, sublinharam uma das mais deliciosas empreitadas do clube, em jogo carregado de dramaticidade. Na época imediata, a revalidação do titulo escapou, mas já não a visibilidade internacional. Em Londres, mais até na capital inglesa, Izaías maravilhou, em partida da Liga dos Campeões, com o Arsenal, apontando dois golos decisivos, que obrigaram os britânicos a baixar a grimpa.

(http://aycu07.webshots.com/image/44286/2000628216612039419_rs.jpg) (http://aycu21.webshots.com/image/44180/2000667824637433796_rs.jpg)

Era então figura irrecusável no xadrez benfiquista. A plateia dispensava-lhe aplausos, ele retribuía com arrancadas fulgurantes e bolas no fundo das redes. Sugeria estar ligado à electricidade. A sua irrequietude e, mais ainda, as suas explosões, não poucas vezes, parecia coisa sobrenatural. Marcou presença na final da Taça de 93, ganha (5-2) ao Boavista, cotando-se como uma das unidades de melhor produção no titulo de 94, praticamente garantido (6-3) em Alvalade, onde não deixou de assinar e em duplicado o seu ponto de honra.

De forma imprevista, foi dispensado após uma época colectivamente cinzenta, na direcção técnica de Artur Jorge, mas nem por isso evidenciou sinais de amolecimento.

Ao fazer a ponte, de forma ainda que involuntária, entre as últimas conquistas mais arrebatantes do clube e a fase de menor fulgor competitivo, Izaías acabou por marcar, no Benfica, um território, que a história não apaga. Ele que nasceu em Vitória e para a vitória.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Izaías
Mensagem de: ednilson em 22 de Fevereiro de 2008, 22:22
Jacinto José M. G. Santos. Matosinhos. 28 de Janeiro de 1941. Defesa.
Épocas no Benfica: 9 (62/71). Jogos: 165. Golos: 10. Títulos: 7 (Campeonato Nacional) e 2 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Leixões. Internacionalizações: 5.

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Equipa 1966/1967

Jacinto é nome de planta com flores vistosas e perfumadas. Jacinto é também nome de jogador. Do jogador do Benfica. Jacinto Marques pontificou, nos anos 50, na defensiva encarnada. Poucos anos depois, outro Jacinto, Jacinto Santos, igualmente defesa, desabrochou. E cresceu em tons berrantes, durante quase uma década. Como a tal flor da planta que lhe deu nome, perfumado e vistoso.

Apresentou-se ao grande publico da bola em Matosinhos, no Leixões. Com 20 anos, partiu na direcção da Luz, tendo o conterrâneo Raul Machado, ligeiramente mais velho, por companheiro também de trajectória. Encontrou os bicampeões da Europa. Viveu a sensação do pega-lá-dá-cá com Eusébio, Coluna, Germano, Águas. De mentalidade operária, esmerou-se a trabalhar. Não chegou. Nos quatro primeiros anos, foi remetido à subalternidade, que a coisa ali era séria.

Em 66/67, braço dado com a titularidade, finalmente marcou pontos. Nascimento à baliza, Cavém à direita, Cruz à esquerda, ao lado de Raul Machado compunha o eixo na estrutura base da defensiva benfiquista. Estava-se no rescaldo do Inglaterra 66. Sem a tutelar presença de Germano, surpreendentemente cedido ao Salgueiros. No ano imediato, Jacinto apareceu no onze da final europeia, ante o Manchester United. Só no prolongamento haveria de baquear (4-1) o Benfica, orientado pelo eterno Otto Glória. Desvaneceu-se a hipótese peregrina  de ser campeão no mais importante certame mundial a nível de clubes.

Ainda deambulou à direita, com a entrada em cena de um jovem que respondia pelo nome de Humberto Coelho. Foi em 68/69, na sua última grande época no clube. Eficiente na marcação, lesto no desarme, já menos no jogo aéreo, veloz e autoritário na posse de bola, não era um defesa, era o defesa.

Permaneceu nove anos na Luz. Tem adscritos sete Campeonatos e duas Taças. Quando o vermelho sobressaia no colorido nacional, uma mão cheia de contributos deu à equipa portuguesa. Despediu-se a 13 de Setembro de 1970, com a CUF (1-0), na Catedral, era já Jimmy Hagan o treinador.

Jacinto Santos talvez não tivesse atingido o brilhantismo de alguns dos seus companheiros de rota. Nem tanto lhe fora pedido. Mas sempre lhe é devido um lugar VIP na tribuna dos notáveis do Benfica.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Jacinto Santos (actualizado)
Mensagem de: Mestre em 23 de Fevereiro de 2008, 09:36
Ednilson, com toda a franqueza, nesta fase de resultados e exibições apenas venho ao forum e escrevo neste magnifico tópico.

Desde a última vez fui brindado com 2 jogadores qu tive o prazer de ver jogar, Hélder e Izaías )eu era dos que escrevia com S). Do primeiro guardo a alcunha que o meu pai lhe pôs - o srgento - pela forma autoritária com que jogava, pela bravura com que se batia com as nossas cores. Não esquecer, os sargentos são a trave de qualquer estrutura militar.

De Izaías tanto já se escreveu mas é sempre bom lembrar o célebre 3-3 nas Antas, o 1-3 em Londres, o 5-2 da taça contra o Boavista, o 2-3 no Bessa, enfim, tantos jogos onde deixou a sua marca. Merecia melhor tratamento pela direcção da altura, era daqueles que encarnava a verdadeira mística benfiquista.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Jacinto Santos (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 23 de Fevereiro de 2008, 19:49
Germano de Figueiredo. Lisboa. 23 de Dezembro de 1932-2004. Defesa.
Épocas no Benfica: 7 (60/67). Jogos: 131. Golos: 6. Títulos: 4 (Campeonato Nacional), 2 (Taça de Portugal) e 2 (Taça dos Campeões).
Outros clubes: Atlético e Salgueiros. Internacionalizações: 24.

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Equipa 1961/1962

Quando Vinicius de Moraes escreveu "tristeza não tem fim, felicidade sim", não consta que se inspirasse em Germano. Talvez até jamais o tivesse conhecido. Mas aquele olhar melancólico, cheio de humanidade; aquele rosto austero, anunciando à vida inclemência; aquele porte rígido, transporte de aflições ou até raivas, era Germano, personalidade singular.

Nos seus tempos, infanto-juvenis, logo recebeu golpes pungentes. Perdeu o pai, três anos depois a mãe, entregue aos carinhos de uma irmã mais velha ficou. Talvez por essa altura só o futebol, embrionária paixão, lhe resgatasse a alma.

Nasceu no pitoresco bairro de Alcântara, de raízes populares, em 1932, por coincidência ano em que Salazar iniciou funções como Presidente do Conselho. O Atlético Clube de Portugal, por quem veio a suspirar, ainda não existia, era Carcavelinhos e União de Lisboa, mais tarde sim, deu-se a fusão, nascendo uma das mais emblemáticas agremiações desportivas. Era também Carlos Baptista, o seu ídolo, de Alcântara, é claro, nele encontrou o apelo pela bola, pelo jogo, pelo futebol.

Em 1947, Germano começou a militar nos infantis do Atlético. Optou pela baliza, guarda-redes seduzia-o, mas o treinador, esse mesmo, Carlos Baptista, referência maior do ainda miúdo, nele achou redutor a defesa das redes e metamorfoseou-o avançado-centro. O ciclo estava, porém, incompleto. A defesa-central se quedaria. Conclusivamente.

Quis o destino que se estreasse na equipa de honra do Atlético e logo frente ao Benfica. Ocupou o lugar de Armindo, defesa duro e experimentado, cuja lesão obrigou Janos Biri a chamar o jovem Germano. Venceu o Benfica, por 4-3. No rescaldo, nada em desabono do debutante. Mesmo assim, foi relegado para as reservas, que a idade não ajudava. Só que na segunda volta, ainda no Campo Grande, em grande jogou, titular se afirmou, logo Salvador do Carmo o fez internacional, frente à Áustria, quando substituiu o magoado Cabrita, marcou a estrela Orkwie e, naquele empate, se afirmou em definitivo.

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A desdita não lhe dava tréguas. Em novo suplicio mergulhou. O pré-aviso foi uma constipação. Coisa pouca parecia. Em Braga, jogou debaixo dos rigores do Inverno minhoto e sentiu-se mal no fim da contenda. Como arribou um pouco, não se demitiu de fazer a digressão pela Turquia e pela Egipto, ao serviço da equipa nacional. Seguiu-se Madrid, com a farda da Selecção de Lisboa, em jogo organizado por um tal Carmen Franco, mulher do ditador espanhol. A virose que há muito transportava revelar-se-ia, sobretudo nas horas infindas, no aeroporto da capital espanhola, com a comitiva a desesperar por um avião de regresso.

Já em Lisboa, enfermo, deu entrada no Santa Maria. Acusou pleurisia líquida, que curou mal, para o Sanatório do Caramulo haveria de ir, gorando-se a já acertada transferência, por 400 contos para o Atlético e 100 para Germano, a caminho de Alvalade. Ultrapassado o infortúnio, com a resposta afirmativa dos revigorados pulmões, ainda chegou a tempo de comemorar, na Tapadinha, o titulo nacional da II Divisão. E de rumar ao Benfica. Coluna, Águas, Costa Pereira, Cavém e tantos outros receberam o novel recruta sem parcimónia. Estávamos em 60/61. Campeão nacional, o Benfica preparava-se para revalidar o titulo e flores tentar fazer na Taça dos Campeões. Béla Guttmann, nesse particular, era o mais optimista.

Sabia-se que, um ano antes, pedira para que fosse exarado no novo contrato 200 contos de prémio em caso de triunfo na prova máxima dos clubes europeus. "Oh homem, ponha até mais 100!", terá dito um incrédulo dirigente. Guttmann não se fez rogado. E pôs.

Provavelmente, terá sido essa, a de 60/61, a melhor temporada do centenário Benfica. A primeira das sete de Germano. Ao Campeonato juntou-se o maior dos desideratos, o titulo europeu. Só que a Taça falhou, porque naquele jogo com o Vitória de Setúbal, apesar de haver já Eusébio, não havia mais titulares, de partida estavam para Berna, onde o Barcelona os esperava, tudo devido a um ridículo regulamento. E ainda hoje se fala da protecção das instâncias do futebol ao Benfica. Balelas, isso sim!

Com um Costa Pereira seguro, um Germano imperial, um Coluna autoritário, um José Augusto estonteante, um Águas concretizador, mais os outros, todos os outros companheiros de jornadas épicas, lá foi o Benfica, para conforto nacional, ultrapassando, sucessivamente, opositores como o Hearts, o Ujpest, o Aarhus, o Rapid e o Barcelona. No Estádio Warkdorf, na Suiça, no último dia de Março de 1961, pela primeira vez uma equipa lusa arrebatava o titulo europeu. Na manhã seguinte, o Mundo acordava muito mais... português.

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Foi uma final comovente e sortuda para o Benfica. Kubala, Kocsis e Czibor eram do melhor que até então a Europa havia visto. Germano e seus pares da defensiva, não poucas vezes, viram-se em bolandas para os travarem. Valeu a solidariedade, valeu a mística. E Germano foi dos primeiros a fazer profissão de fé.

No ano imediato, igual cometimento. Frente ao Real Madrid, o Benfica bisava, transformando-se na mais famosa equipa do Velho Continente. Com o inevitável concurso de Germano, com Eusébio e Simões ainda na flor da juventude. Tudo eram rosas para o central encarnado, cujo futebol, de tão perfumado, aromava todas as veredas que atravessavam a aldeia da bola.

Germano manteve-se imperturbável. A fama e os louvores não buliram com aquela postura característica. Continuava a cultivar a diferença. Até nos estágios, por essa altura saturantes, porque muito prolongados. Conta Eusébio que "o Germano andava quase sempre com um livro debaixo do braço, enquanto nós, nas concentrações, só líamos jornais e revista". De tal sorte, que a língua viperina, mas carregada de humor, de Mário João, não tardou a alcunhá-lo de "Mister Book", para insatisfação do visado. "Ainda por cima eram sempre livros com mais de 500 páginas", completa Ângelo, sem muito puxar pela memória. Do álbum de recordações, lugar destacado para Germano. Tão igual no apego à bola, tão diferente nas (outras) opções de vida. Mas sempre simpático, que introvertido não é sinonimo de arrogante.

Perdida a terceira final consecutiva, frente ao AC Milan, sem Germano, sempre a padecer de lesões, afastado por Riera, a 27 de Maio de 1965 abria-se ao Benfica a hipótese de garantir o tricampeonato da Europa. Um temporal diluviano abatera-se sobre Milão, chegando a temer-se a realização do embate. O árbitro foi o suíço Gottfrield Dieusf que, um ano depois, estaria envolvido naquela controvérsia que até hoje dura, a da validação do terceiro golo da Inglaterra à Alemanha, no Mundial de 66.

O Inter abriu o activo, por intermédio do brasileiro Jair. Costa Pereira aprendeu talvez a dizer frango em italiano, tão mal batido foi. Abalado, macambúzio, lesionou-se e o frágil alicerce anímico insusceptibilizou também a recuperação. Foi assim que, aos 12 minutos da metade complementar, na impossibilidade de proceder a substituições, Germano calçou a luvas, ocupou lugar entre os postes e... defendeu tudo. Porém, não chegou, que a linha avançada, essa, demasiado abúlica, não conseguiu desfeitear o guardião transalpino.

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Perdia-se assim aquela que o Benfica apelidou de taça da vergonha, disputada no terreno do adversário, coisa engendrada no silêncio dos bastidores, de nada valendo a justa contestação encarnada.

Durante um ano mais, Germano continuou a exibir-se ao melhor nível. Para trás ficava o calvário das lesões, que lhe havia tolhido a alma. Estávamos na antecâmara do Mundial de Inglaterra. Convocado foi e, mais importante ainda, era o capitão da equipa, sinal de incontestável liderança. Contudo, na mais brilhante operação do futebol português a nível de selecções, apenas se mostrou num jogo, o da vitória, por 3-0, com a turma nacional búlgara.

Quando regressou de Inglaterra, soube que estava na lista de dispensas de Fernando Riera. Apopléctico ficou, confrontada com a (má) nova. Poderia ter retaliado. Nessa altura ou mesmo pela vida fora. Mas não. Muitos anos depois, foi possível recolher-lhe uma das raras declarações, justamente sobre o homem que da Luz lhe deu guia de marcha: "Fernando Riera foi um grande treinador, uma pessoa amável, profundo conhecedor do futebol, incapaz de cometer injustiças no relacionamento com os jogadores". Também por aqui se explica esse traço incomum do seu temperamento.

Ao Benfica regressaria, a meio da época 67/68, quando Otto Glória reassumiu a liderança do futebol, substituindo Riera. Integrou como adjunto a equipa técnica da final europeia, de Wembley, ante o Manchester United. Mergulhou, depois, Germano, num silêncio quase permanente. E numa ausência dolorosa até à sua morte, ocorrida, por sardonismo, no ano do Centenário. Dele ficou rico legado.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Germano
Mensagem de: Elvis the Pelvis em 24 de Fevereiro de 2008, 00:56
Que Grande tópico! Grande ednilson! :slb2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Germano
Mensagem de: 46Rossi em 24 de Fevereiro de 2008, 01:09
Este tópico é uma delícia :drool: :drool:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Germano
Mensagem de: Mestre em 24 de Fevereiro de 2008, 12:15
Tenho partilhado este tópico com o meu pai, nos jantares que vou fazendo com ele semanalmente. A semana passada perguntava-me se o Germano ainda não tinha aparecido, ele que foi um dos maiores exemplos de esforço, respeito e pilar da mística benfiquista. Pelo que li agora, um grande senhor.

Bravo Ednilson.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Germano
Mensagem de: VitorPaneira7 em 24 de Fevereiro de 2008, 13:42
Profeta  :cry2: que grande jogar sempre de peito aberto chamasse o adversário Arsenal ou Amora.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Germano
Mensagem de: ednilson em 24 de Fevereiro de 2008, 16:03
Humberto M. de Jesus Coelho. Porto. 20 de Abril de 1950. Defesa.
Épocas no Benfica: 14 (68/75 e 77/84). Jogos: 496. Golos: 76. Títulos: 8 (Campeonato Nacional), 5 (Taça de Portugal) e 1 (Supertaça).
Outros Clubes: Ramaldense, Paris Saint-Germain e Las Vegas Quicksilver. Internacionalizações: 64.

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Plantel 1970/1971

Quem joga ao lado de Humberto Coelho? Esta bem poderá ter sido uma das questões mais vezes colocadas pelos adeptos do Benfica nas tertúlias da bola. Titular absoluto deste os 18 anos de idade, no eixo da defensiva, ao longo de tantas épocas, contracenou, sucessivamente, com Raul, Zeca, Humberto Fernandes, Coluna, Messias, Rui Rodrigues, Barros, António Bastos Lopes, Eurico, Laranjeira, Alhinho, Alberto Bastos Lopes e Frederico. E outros mais na Selecção Nacional. Humberto constituiu-se uma espécie de imperador. Com direitos adquiridos, pois de forma tão preexcelente cumpria os seus deveres. Humberto era a chave da fortaleza quase sempre inexpugnável. Tipo guarda-mor do templo vermelho. O chefe da tribo. O que gritava revolta ou à serenidade apelava.

Nasceu em Cedofeita, no Porto, provavelmente com genes de líder. O pai era operário metalúrgico, daquela classe que tem como divisa "nada nem ninguém nos vergará". Um lema que terá inculcado, desde a tenra idade, no filho Humberto, apesar da apetência deste por outras artes.

Só que o jovem tripeiro viveu uma infância pouco pacifica com a causa da bola. Era numa espécie de clandestinidade que exercitava o seu dom favorito. Os pais, o irmão mais velho até, amiúde o repreendiam, que futebol não era futuro, antes os livros, não fosse Humberto passar privações que a família bem conhecia. Da Escola de São João passou à Industrial, com aproveitamento satisfatório, mas sempre de ideia fixa no jogo da bola. Rapagão, José Águas era a sua referência primacial. Sonhava imitá-lo e aos golos de cabeça, numa altura em que o seu porte atlético não era nada desdenhável. Pela Mocidade Portuguesa, ainda praticou, na escola, basquetebol e voleibol, mas o apetite era outro. Tão voraz que, vencendo barreiras, daquelas quase intransponíveis, acabou por se fixar no Arsenal do Bessa, derivando de avançado para defesa-central.

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Exibiu Humberto credenciais e, com apenas 13 anos, já o Leixões suspirava por aquele miúdo alto, mais alto que os demais, irrepreensível no jogo aéreo. Debalde, pois a voz firme da mãe com sério olhar à mistura, puseram-no em sentido, na prossecução do campeonato dos livros.

Algum tempo depois, já com endereço numa artéria da freguesia de Ramalde, finalmente o pai deu anuência e lá entrou a ficha de inscrição como juvenil do Ramaldense. Descoberto pelo FC Porto, nas Antas treinou, deixou a melhor das impressões, mas os dirigentes portistas acharam uma exorbitância a verba pedida pela transferência.

Agradeceu o Benfica, naquele ano mágico de 1966. Por apenas 40 contos, mais 25 para Humberto, com o compromisso de honra, selado à maneira, de melhorar a oferta no caso dele se impor no grémio da Luz. Mais parecia premonição. Coube a Ângelo Martins, treinador dos juniores, durante duas temporadas, a polidura executar. Com tanto sucesso que Humberto Coelho, pupilo modelo, pegou de estaca, embrionário estava o grande jogador, para um Benfica órfão de Félix ou Germano, que o mesmo é escrever de um central fora-de-série.

Na pré-época de 68, Otto Glória não hesitou e o facto mais relevante da digressão ao Brasil foi a entrada do capitão dos juniores na convocatória. Lá chegaram mais 30 contos a Ramalde, que no Benfica as escrituras eram para cumprir, cabendo cinco notas de mil mensalmente ao assalariado e ex-sonhador de utopias. Humberto Manuel de Jesus Coelho, de seu nome completo.

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No primeiro jogo em Belém de Pará não actuou, mas no segundo marcou presença. E que presença! Frente ao Santos, com Pelé e tudo. Incumbido de marcar o génio foi. Aos 18 anos, logo haveria de caber a mais invejada das empreitadas. Saiu-se a contento, ainda que a vencer por 3-1, o Benfica viesse a consentir a igualdade. O medo estava exorcizado. Irreversivelmente...

Não mais perdeu Humberto a titularidade. Na abertura da temporada 68/69, era vê-lo a ganhar no palmómetro da Luz, num triunfo incontestável, de 4-1, frente ao Belenenses. Seguiram-se mais jogos, muitos jogos, adiada estava apenas a veia goleadora do defesa mais concretizador de toda a história do futebol luso. Foi com Hagan ao leme, no começo dos anos 70, que Humberto começou a comunicar no idioma do golo. O britânico era mesmo fleumático, não desmerecia a origem, avesso se mostrava ás substituições, por mais que a exigente plateia da Luz, de quando em vez, lhe propinasse umas ruidosas assobiadelas. E quando corria para o torto, a ordem era Humberto jogar na área, pelo lado direito das coisas, pelo golo, algumas vezes decisivo.

Haverá algum benfiquista dos 40 para cima, que não recorde o dramático jogo da Luz, em Novembro, dia de Verão de São Martinho, frente ao FC Porto, corria a época de 72/73, quando para espanto geral, a 15 minutos do fim da contenda, 0-2 era o resultado? Num quarto de hora apenas, explodiu o vulcão. Primeiro Vítor Baptista. Depois, Jaime Graça. No último minuto, Humberto, em postura de ponta-de-lança, haveria de sentenciar, obtendo o 3-2, num assomo inusitado de garra. De resto, em 16 temporadas, duas das quais ao serviço do Paris S. Germain, marcou 68 golos, o que lhe confere o 25º lugar entre os defesas mais concretizadores da história do futebol mundial.

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Ganhador compulsivo, Humberto foi cimentando prestigio por todo lado onde o futebol falava mais alto. Sem surpresa foi convocado para a Selecção da Europa, em 19 de Agosto de 1981, na comemoração do 80º aniversário da Federação Checoslovaca de Futebol. Orientado pelo germânico Jupp Derwall, actuou ao lado de executantes do jaez de Blokhin, Krankl, Kaltz ou Pezzey. Um ano mais tarde, a consagração foi gigantesca. No Giants Stadium de Nova Iorque, perante 120 mil espectadores, Humberto actuou no meio de uma constelação de estrelas, em gala a favor das crianças da UNICEF. Para que conste, a Europa alinhou assim: Zoff (Itália); Krol (Holanda); Humberto Coelho (Portugal), Pezzey (Áustria) e Stojkovic (Jugoslávia); Beckenbauer (Alemanha), Antognoni (Itália) e Tardelli (Itália); Boniek (Polónia), Rossi (Itália) e Blokhin (União Soviética). Estávamos nos rescaldo do Mundial de Espanha e o antagonista foi o resto do Mundo, com N'Komo, Romeno, Júnior, Zico, Sócrates e Hugo Sanchez, entre outros. À chamada não faltaram também Schumacher (Alemanha), Keegan (Inglaterra), Neeskens (Holanda) e Platini (França). A Europa venceu por 3-2. Obrigado foi Humberto, taça nas mãos, a dar uma volta de honra ao estádio, colocando em clímax largas centenas, talvez milhares, de emigrantes portugueses.

A ele faltou, todavia, um titulo europeu. Esteve perto, bem perto, naquela final da Taça UEFA, com o Anderlecht, no final do ano de 83. Com menos resignação ainda se aceita o facto de jamais ter participado na fase final de um Europeu ou Mundial. Ele que fez parte de uma geração de futebolistas, como Eusébio, Simões, Jaime Graça, Nené, Vítor Baptista, Artur Jorge, Jordão, Vítor Martins, Toni, Alves, Rui Rodrigues, Artur, Carlos Manuel, Shéu, Bento, Pietra, Veloso, Álvaro, Diamantino ou Chalana, para nos socorrermos apenas, porventura com algum sectarismo, dos arquivos benfiquistas.

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A ânsia de Humberto, já trintão, selar a ouro uma carreira magnifica, talvez tenha precipitado o adeus definitivo. Havia-se lesionado num treino da Selecção, antes de uma partida com a Finlândia, em Setembro de 83. Desesperado, tentou a recuperação, sempre com o Europeu de França na linha do horizonte, forçou em demasia, porque o tempo lhe parecia fugir. E fugiu mesmo.

À ribalta regressou, anos mais tarde, como seleccionador nacional. Então sim, pisou o palco que a vida de jogador, de forma impiedosa, lhe havia negado. A melhor das compensações não se fez esperar. Porque Deus é bom, dirão os crentes. Garbosamente, comemorou o terceiro lugar no Euro 2000. Justiça se fez.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Humberto Coelho (actualizado)
Mensagem de: VitorPaneira7 em 25 de Fevereiro de 2008, 18:24
Quando falei no meu pai se viu o 7-1 ao Sporting ele disse que não viu o jogo porque estava a trabalhar como fiscal para a ssociação de futebol de Lisboa num jogo distrital, só quando chegou é que soube. Depois virou-se para mim e disse  "mas quem venceu o campeoanto e a taça fomos nós canta-se de Galo é no fim " e disse-me ainda  o Benfica antigamente ia buscar Matines,Barros, Oliveiras, Nunes, Reinaldos e outras pedras com dois olhos mas corriam e davam tudo por aquela camisola e davam o espaço para os craques fazerem o que deviam, jogar com classe pois sabiam o que era o Benfica e havia lá dentro quem lhes ensinava e acrecentou que o Porto a partir do momento que deixou de pensar em vedetas de tipo cubillas e interessou-se pelos Romeus, Octávios, Rodolfos (um caceteiro que faria corar o Paulinho Santos), Andrés  e outras pedras que corriam e esfolavam -se  todos(esfolavam outros no processo) para jogadores como Madjer e Futre ou António Oliveira ou Gomes brilharem tornou-se campeão. ele diz-me que o porto roubou muito especialmente nas duas épocas de Mortimore (85-86 e 77-78) mas começou a ganhar com a politica do Benfica de  manter os jogadores e  misturar pedreiros com artesãos e ganhou também  campeonatos com justiça. E concordo porque antigamente havia jogadores que sabiam os seus lugares que uns deviam ser os pedreiros e outros artesãos e hoje em dia nem há pedreiros temos um artesão e temos vários ajudantes de pedreiro que só sabem levar baldes de cimento e já tem a mania que são artesões e querem lá saber de serem pedreiros.

Uma estrutura forte e com ex- jogadores que conheçam esta politica são necessários.

Ps ja pus isto no topico do camacho mas acho melhor estar aqui.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Humberto Coelho (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 25 de Fevereiro de 2008, 21:42
Jacinto do Carmo Marques. Cova da Piedade. 1 de Novembro de 1921. Defesa.
Épocas no Benfica: 13 (43/53 e 54/57). Jogos: 251. Títulos: 1 (Taça Latina), 4 (Campeonato Nacional) e 6 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Piedense, Aldegalense e Carcavelinhos.

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Equipa 1945/1946

Prenúncio do defesa moderno, na melhor expressão de elegância. Jacinto Marques pontuou o sector recuado do Benfica durante 14 temporadas. De Félix contemporâneo, razão única para não ter atingido maior serventia. Em cada intervenção, parecia proclamar suavidade. No seu modo limpo, agradável, delicado. Viu a luz do dia na Cova da Piedade, engrossando o magote de jogadores oriundos da margem esquerda do Tejo, que no Benfica engenho doutrinaram. Antes de percorrer o alto edifício, ao rés-do-chão se fez, também à cave, ele que deambulou pelo futebol regional.

Em 43/44, finalmente, o consórcio. Golfadas de talento e aberto estava o livro vermelho na primeira lauda. A do rol de artistas. Da dimensão de Francisco Ferreira, Albino, Joaquim Teixeira, Julinho, Arsénio, Espírito Santo ou Valadas. Prolongada foi a adaptação, com exigências várias e sacrifícios múltiplos. Dois anos durou, escassas aparições teve, mas sem resquícios de incompetência.

Na temporada de 45/46, Jacinto afirmava-se. Por coincidência, e só por isso, no único ano em que o Belenenses deu à costa com o precioso atestado do titulo nacional. Eram os tempos das célebres Torres de Belém, também dos inefáveis e mais célebres ainda Violinos do Sporting. Tudo combinado, o Benfica travessia competitiva no deserto fazia. Até que chegou o ano das surpresas. No dealbar da década de 50. Campeonato deu, mais Taça Latina. Com Ted Smith no comando das tropas. Jacinto esteve no topo da lista dos jogadores mais utilizados. "Foi o ponto cimeiro da minha carreira", deixou escapar, mais tarde, à guisa de testamento.

Regressou cruelmente o Sporting à hegemonia da bola lusitana. Foi o tetra do descontentamento benfiquista. Sempre a porfiar, a morder os calcanhares, mas incapaz de pôr em silêncio aquele sinfonia verde. Com Jacinto na penumbra.

"Por que é que ele não joga? Qual despedida qual quê!", valeu-lhe a sabedoria, a intuição de Otto Glória.

Logo na época de 54/55, com Jacinto outra vez líder de participações, ano foi de dobradinha, com Campeonato e Taça em tons rubros. Era a primeira vez de Mário Coluna: Monstro Sagrado não era ainda, mas a dupla vitória trazia subjacente o agradável odor de grandes façanhas internacionais.

Jacinto não teve tempo para as vitórias na Europa. Renunciou em 1957. No limite de idade. Com um mostruário que exibe quatro Campeonatos, seis Taças de Portugal e uma Taça Latina. E de certo o inicio do trilho para o melhor Benfica de sempre.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Jacinto Marques
Mensagem de: Redady em 26 de Fevereiro de 2008, 00:27
Gramo mesmo de ti Ednilson, és exemplar! :amigo:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Jacinto Marques
Mensagem de: ednilson em 26 de Fevereiro de 2008, 21:56
Rui Manuel Trindade Jordão. Benguela, Angola. 9 de Agosto de 1952. Avançado.
Épocas no Benfica: 5 (71/76). Jogos: 128. Golos: 79. Títulos: 4 (Campeonato Nacional) e 1 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Saragoça, Sporting e Vitória de Setúbal. Internacionalizações: 43.

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Equipa 1975/1976

O apodo de Gazela Negra até ficava bem a Jordão. Ágil e felino, foi mais uma pérola descoberta na inesgotável África, pelo Benfica, nos prodigiosos anos 60. Espírito Santo, José Águas, Costa Pereira e Santana eram já saudade; Coluna e Eusébio aproximavam-se do final da carreira; Nené, Shéu e Jordão seriam os herdeiros do aroma africano.

Rui Manuel Trindade Jordão começou, aos 16 anos, no Sporting de Benguela, actuando indiferentemente em qualquer posição do meio-campo para a frente. Quando uma embaixada de Alvalade se deslocou a Angola, lançaram-lhe o canto da sereia, mas de forma incipiente. Algum tempo mais tarde, o Benfica garantiu a transferência, a troco de uma ninharia, 30 contos apenas. A vantagem de uma operação inopinada.

No Verão de 1970, iniciou-se na Luz, no escalão júnior, sob o comando técnico de Ângelo Martins, antigo bicampeão europeu. Chegou rotulado de médio ofensivo, mas logo passou a extremo ou a avançado-centro. Assim seria também na equipa nacional da mesma categoria etária. Já como sénior, fez o tirocínio nas reservas, numa altura em que o Benfica dispunha de muitos jogadores para a frente de ataque, casos de Eusébio, Artur Jorge, Nené, Torres, Raul Águas, Simões, Praia e Diamantino.

Depois de ter apontado sete (!) golos num jogo da segunda categoria, estreou-se na formação de honra, a 5 de Setembro de 1971, frente ao Sporting, numa vitória, por 2-1, com um golo marcado, em despique a contar para a Taça de Honra de Lisboa. Ainda com Jimmy Hagan, Jordão cativou-se no lote principal. A ele se ficaram a dever alguns dos momentos mais sedutores dos concertos da banda vermelha. Também por isso, nele se apostou como sucessor do grande Eusébio.

Nas cinco temporadas ao serviço do Benfica, conquistou quatro Nacionais, uma Taça e três Taças Honra. Participou em 182 jogos, facturando 113 golos, 63 dos quais para o Campeonato. De resto, a expressão do seu engodo pela baliza, melhor marcador seria na época 75/76, já na era pós-Eusébio. Uma dúzia de vezes vestiu as cores nacionais, enquanto militante da causa benfiquista.

Apesar de ter as finanças fragilizadas, o clube rejeitou propostas do Bayern, do Paris Saint-Germain, do Estrasburgo, do Bétis ou do Racing White. Nessa altura, a Europa chamava por Jordão. Acabou por ser o Saragoça a garantir o concurso do jogador, despendendo para o efeito nove mil contos.

Não se adaptou no país de Gento e Amâncio, a liga espanhola foi para ele uma frustração. Procurou regressar ao Benfica e tudo parecia conjugar-se nesse sentido. Acabou no rival Sporting, deixando o benfiquistas vermelhos... de vergonha. A negligência custaria preço elevado. Jordão continuou a deslumbrar. Só que com a camisola errada.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Jordão (actualizado)
Mensagem de: Amsterdam em 27 de Fevereiro de 2008, 15:44
 :bow2: :bow2: :bow2:

Ednilson


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Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Jordão (actualizado)
Mensagem de: VitorPaneira7 em 27 de Fevereiro de 2008, 16:44
Há para aí uns fideis e uns ches   ;D de fazer inveja aos originais.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Jordão (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 27 de Fevereiro de 2008, 22:14
Jaime da Silva Graça. Setúbal. 10 de Janeiro de 1942. Médio.
Épocas no Benfica: 9 (66/75). Jogos: 229. Golos: 29. Títulos: 7 (Campeonato Nacional) e 3 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Vitória de Setúbal. Internacionalizações: 36.

(http://aycu21.webshots.com/image/43780/2004247146277494472_rs.jpg)

(http://aycu31.webshots.com/image/43710/2005871933409619242_rs.jpg)
Equipa 1973/1974

Ao mundo veio Jaime Graça, quando a humanidade assistia, com uma estranha sensação de impotência, à mais hedionda das guerras. Quinze dias depois, por feliz coincidência, a luz do dia haveria também de conhecer Eusébio, futuro companheiro de belas façanhas. Um e outro nasceriam no ano vermelho de 1942, já que o Benfica, de Martins, Albino, Gaspar, Valadas e Francisco Ferreira, baldas não deu nesse Campeonato. Órfão de pai, era palmo e meio ainda, a vocação para o mundo da bola cedo nele despontaria. Mais rapazola, participou em incontáveis torneios, representando colectividades populares da cidade de Setúbal, como o Estrela do Sado, o Independente, o Beira Mar e o Nacional. Nessa altura, projectava seguir as pisadas do irmão mais velho, Emídio Graça, que a internacional chegou e para Sevilha se transferiu, a troco de mil contos, no ano de 1958, quando Humberto Delgado fez tremer os alicerces do regime ditatorial.

Convidado a ingressar no Vitória, era já o Catalunha, nas rodas de amigos, que nele viam uns tantos atavios, imitações muito próximas dos melhores nacos de bola produzidos pelos então jogadores do Barcelona. Agradou no primeiro treino que fez no Vitória de Setúbal, mas logo sentiu o ascendente do irmão Emídio, sabedor da poda. Porque não fazia sentido tão cedo ficar preso a um clube, Jaime Graça acabou por se fixar no Palmelense, de pronto vencendo o Distrital de juniores.

De férias em Sevilha, encantou os espanhóis, mas de novo Emídio se impôs. Alguém teria de fazer companhia à mãe, modista era. Foi o que fez Jaime Graça, electricista de profissão, na Tropical. De emprego mudaria, porque o mestre não o dispensava mais cedo, a tempo de ir aos treinos. Foi para Junta Autónoma dos Portos de Setúbal, finalmente a troco de um contrato com o Vitória de Setúbal. Pelos sadinos, aos 20 anos, jogou a final da Taça, frente ao Benfica, com derrota por 3-0. Mas no ano mágico de 66, os mesmos contendores desforraram-se, desta feita com triunfo verde e branco, por 3-1, mais o golo de Jaime Graça.

Convocado para os Magriços, em terras de Sua Majestade, a majestática noticia: era jogador do Benfica! Centrocampista com pés do mais fino quilate, tinha o dom de fazer gingar todo o colectivo. Ademais, excedia-se, dava constantes safanões ao jogo e, por contradição, naquele ar de quem parecia pedir desculpa por ter sido artista eleito para a mais apetecida arena.

(http://aycu29.webshots.com/image/47068/2004229263484394414_rs.jpg)

Três épocas, três títulos. Tudo parecia fácil na defesa da águia. Vingava o modelo do Inglaterra 66, de tão avermelhado do meio-campo para a frente. Com Coluna, José Augusto, Torres, Eusébio e Simões, Jaime Graça terá composto o mais fecundo sexteto que a memória regista. Perdido o Nacional de 69/70 (era aquela maldição que atormentava o Benfica em ano de Mundial), nova série de três triunfos consecutivos. Outro ainda, em 74/75, para um total de sete em nove épocas apenas. Mais três Taças de Portugal e 24 internacionalizações, enquanto nos quadros da Luz.

Sobrou-lhe sempre o desgosto de não ter sido campeão da Europa. Esteve perto. Quase acreditou na maldição de Guttmann, segundo a qual, depois de 61/62, "nem nos próximos cem anos, o Benfica conquista o titulo europeu". Ou na outra maldição, a do sempre inóspito Wembley, onde o clube sucumbiu na final frente ao Manchester United e a Selecção com a congénere inglesa. Naquele jogo, já na segunda parte, Jaime Graça apontou o golo probatório do inconformismo benfiquista. Mas no prolongamento, deu-se a derrocada. Ganhou o Manchester United, por 4-1. Sonho findo.

(http://aycu11.webshots.com/image/43290/2004220037687086790_rs.jpg)

Sete vidas tem o gato, diz-se. Jaime Graça, pelo menos três. Ele que se vangloriava, já lá vão 30 anos, de apenas 20 minutos gastar, da casa de Setúbal à Luz. No inicio do ano de 72, ao volante de BMW, acidente grave sofreu, a 170 km/h acelerava, nas vésperas de um Benfica-Sporting. Também a morte conseguiu driblar, fez uma operação plástica, um mês depois voltaria à competição.

Muito mais trágico ainda, o episódio da morte de Luciano. Foi quando se deu, em 66, um curto-circuito, numa segunda-feira, dia de recuperação, com banhos e massagens, regressava a equipa de São João da Madeira. Não foi a tempo de salvar Luciano, mas utilizando os seus conhecimentos de electricidade, conseguiu forças para saltar da piscina, onde estavam Eusébio e Malta da Silva, para, no momento certo, desligar o quadro eléctrico. Também por isso, o Benfica continuou a exibir, sedutoramente, Eusébio ao Mundo.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Jordão (actualizado)
Mensagem de: Amsterdam em 28 de Fevereiro de 2008, 00:24
Citação de: VitorPaneira7 em 27 de Fevereiro de 2008, 16:44
Há para aí uns fideis e uns ches   ;D de fazer inveja aos originais.

Eram os Homens do Benfica..... :slb2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Jaime Graça
Mensagem de: pcssousa em 28 de Fevereiro de 2008, 08:55
Não sei porquê, mas incomoda-me um pouco ver alí o Jordão... isto claro, sem por causa a qualidade do atleta...
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Jaime Graça
Mensagem de: VitorPaneira7 em 28 de Fevereiro de 2008, 16:02
Citação de: pcssousa em 28 de Fevereiro de 2008, 08:55
Não sei porquê, mas incomoda-me um pouco ver alí o Jordão... isto claro, sem por causa a qualidade do atleta...
sempre o vi como figura do Sporting até que aos 12 anos o meu pai disse-me que jogou na Benfica e foi um dos melhores avançados que viu jogar.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Jaime Graça
Mensagem de: ednilson em 28 de Fevereiro de 2008, 22:13
João António F. Resende Alves. Albergaria-a-Velha. 5 de Dezembro de 1952. Médio.
Épocas no Benfica: 4 (78/79 e 80/83). Jogos: 141. Golos: 33. Títulos: 2 (Campeonato Nacional), 2 (Taça de Portugal) e 1 (Supertaça).
Outros clubes: Varzim, Montijo, Boavista, Salamanca e Paris Saint-Germain. Internacionalizações: 36.

(http://aycu21.webshots.com/image/45580/2002657564607349410_rs.jpg)

(http://aycu35.webshots.com/image/46194/2002698486252226506_rs.jpg)
Equipa 1980/1981

As luvas pretas eram a imagem de marca de João Alves. Por código genético, futebolista se fez. O avô, Carlos Alves, havia sido um dos melhores jogadores portugueses, depois da I Guerra Mundial, na defesa das cores do Carcavelinhos, após passagem também pelo FC Porto e pelo Académico da capital nortenha. Um dia, nas véspera de medir forças com o Benfica, os jogadores do Carcavelinhos decidiram concentrar-se, arcando as despesas, numa modesta pensão, de frequência no máximo pequeno-burguesa. Foi quando uma miúda, no atrevimento dos seus 12 anos, se abeirou de Carlos Alves e lhe pediu para, no dia seguinte, jogar com luvas, que amuleto seriam. Perante o insólito, o já reputado defesa disse-lhe que o jogo era a doer, não dava para calçar as luvas negras, mas sempre as levou consigo, de tão insistente a rapariga. Ao intervalo, o Benfica tinha já vantagem materializada. Na segunda parte, num alarde de superstição, enfiou as luvas e o Carcavelinhos... ganhou. Assim foi pela vida fora. Assim foi, também, o neto João. Sempre com luvas pretas.

Na Sanjoanense, despontou. Cedo o FC Porto avançaria com a cantada. Só que o Benfica, já alertado, mandou avançar Fernando Cabrita para  São João da Madeira, com o fito de proceder à assinatura do contrato. Nada mais fácil. Benfiquista obstinado, João Alves feérico virou. Partiu com o avô para Lisboa, onde os pais já se encontravam.

(http://aycu26.webshots.com/image/43385/2002602101955155784_rs.jpg) (http://aycu27.webshots.com/image/43106/2002674834259887256_rs.jpg)

No escalão júnior, deu mostras de todo o seu repica-ponto. O jogo girava à sua volta. Pressentia, executava e até concluía. Era daqueles que acabavam de pensar quando os outros começavam a fazê-lo. Na passagem para sénior, João Alves foi cedido ao Varzim, tão gordo era o plantel da Luz. Na Póvoa, exibiu reportório. Jimmy Hagan integrou-o no elenco a abertura da temporada seguinte. Só que no preito a Santana, velha glória da saga europeia, em Freamunde, trica houve o prestigiado António Simões, deitando tudo a perder, ao que parece por causa das luvas pretas. Vingou a posição do Magriço e figura lídima da casa benfiquista. João Alves saiu para o Montijo, pela módica quantia de 600 contos, cifra que o Benfica tinha pago a fim de o jogador não ser mobilizado para a Guiné, ao serviço da Nação, como na altura mandavam dizer os cânones do regime.

Um ano mais tarde, o Boavista abriu os cordões à bolsa e garantiu o concurso de João Alves, provavelmente o mais genial jogador que alguma vez de xadrez vestiu. No final de 75, em Alvalade, conquistava a Taça de Portugal, perante o Benfica (2-1), apontando o golo vitorioso. "Provei aos dirigentes que não me quiseram que, afinal, sabia jogar futebol".

Igual troféu ganharia no ano seguinte, qual papa-Taças, com Pedroto ao leme. O Salamanca, de Espanha, recepcionou-o. No país vizinho, foi mesmo considerado o melhor estrangeiro, batendo aos pontos jogadores da estirpe de Cruijff, Neeskens, Kempes, Ayala ou Luís Pereira. Regressou ao Benfica, passando a embolsar, dizia-se, o melhor ordenado de um jogador no futebol nacional. Perdeu o Campeonato por um ponto para o FC Porto, mas suscitou o interesse de vários clubes, acabando por ser transferido para o Paris Saint-Germain, no qual, pouco tempo antes, havia militado Humberto Coelho.

(http://aycu26.webshots.com/image/45065/2002683815439389336_rs.jpg) (http://aycu03.webshots.com/image/45082/2002618390516827888_rs.jpg)

Uma lesão complexa vitimou-lhe a época e retornou à Luz. Fez três anos de águia. Ganhou dois Campeonatos, duas Taças e uma Supertaça. Falhou, porém, a final da Taça UEFA, em 1983. "Só Eriksson poderia dizer porque não me pôs na equipa, depois de uma época inteira a jogar e a fazer grandes exibições. Mas se foi só por ter chegado atrasado a um treino, pareceu-me injusto de mais...".

Ferido no seu alicerce anímico, ao Boavista voltaria. No Bessa, substituiu Mário Wilson, inaugurando o ciclo de treinador. Já nessa condição, ao serviço do Estrela da Amadora, venceu a Taça de Portugal, a sua prova-fetiche.

Pelo combinado luso, fez 36 jogos, metade dos quais na condição de jogador do Benfica. Despediu-se frente à União Soviética, em Moscovo, num impiedoso 5-0. E já não foi a tempo de ser convocado para o Euro 84.

João Alves, com as suas luvas pretas, terá sido um dos mais sublimes futebolistas do Benfica. O que lhe sobrou em ambição faltou-lhe talvez no politicamente correcto. Quixotesco não foi. Só no campo. Palco das suas virtudes. Com alma e chama imensa.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Jaime Graça
Mensagem de: isaias em 29 de Fevereiro de 2008, 12:31
Citação de: ednilson em 28 de Fevereiro de 2008, 22:13
João António F. Resende Alves. Albergaria-a-Velha. 5 de Dezembro de 1952. Médio.
Épocas no Benfica: 4 (78/79 e 80/83). Jogos: 141. Golos: 33. Títulos: 2 (Campeonato Nacional), 2 (Taça de Portugal) e 1 (Supertaça).
Outros clubes: Varzim, Montijo, Boavista, Salamanca e Paris Saint-Germain. Internacionalizações: 36.

(http://aycu21.webshots.com/image/45580/2002657564607349410_rs.jpg)

(http://aycu35.webshots.com/image/46194/2002698486252226506_rs.jpg)
Equipa 1980/1981

As luvas pretas eram a imagem de marca de João Alves. Por código genético, futebolista se fez. O avô, Carlos Alves, havia sido um dos melhores jogadores portugueses, depois da I Guerra Mundial, na defesa das cores do Carcavelinhos, após passagem também pelo FC Porto e pelo Académico da capital nortenha. Um dia, nas véspera de medir forças com o Benfica, os jogadores do Carcavelinhos decidiram concentrar-se, arcando as despesas, numa modesta pensão, de frequência no máximo pequeno-burguesa. Foi quando uma miúda, no atrevimento dos seus 12 anos, se abeirou de Carlos Alves e lhe pediu para, no dia seguinte, jogar com luvas, que amuleto seriam. Perante o insólito, o já reputado defesa disse-lhe que o jogo era a doer, não dava para calçar as luvas negras, mas sempre as levou consigo, de tão insistente a rapariga. Ao intervalo, o Benfica tinha já vantagem materializada. Na segunda parte, num alarde de superstição, enfiou as luvas e o Carcavelinhos... ganhou. Assim foi pela vida fora. Assim foi, também, o neto João. Sempre com luvas pretas.

Na Sanjoanense, despontou. Cedo o FC Porto avançaria com a cantada. Só que o Benfica, já alertado, mandou avançar Fernando Cabrita para  São João da Madeira, com o fito de proceder à assinatura do contrato. Nada mais fácil. Benfiquista obstinado, João Alves feérico virou. Partiu com o avô para Lisboa, onde os pais já se encontravam.

(http://aycu26.webshots.com/image/43385/2002602101955155784_rs.jpg) (http://aycu27.webshots.com/image/43106/2002674834259887256_rs.jpg)

No escalão júnior, deu mostras de todo o seu repica-ponto. O jogo girava à sua volta. Pressentia, executava e até concluía. Era daqueles que acabavam de pensar quando os outros começavam a fazê-lo. Na passagem para sénior, João Alves foi cedido ao Varzim, tão gordo era o plantel da Luz. Na Póvoa, exibiu reportório. Jimmy Hagan integrou-o no elenco a abertura da temporada seguinte. Só que no preito a Santana, velha glória da saga europeia, em Freamunde, trica houve o prestigiado António Simões, deitando tudo a perder, ao que parece por causa das luvas pretas. Vingou a posição do Magriço e figura lídima da casa benfiquista. João Alves saiu para o Montijo, pela módica quantia de 600 contos, cifra que o Benfica tinha pago a fim de o jogador não ser mobilizado para a Guiné, ao serviço da Nação, como na altura mandavam dizer os cânones do regime.

Um ano mais tarde, o Boavista abriu os cordões à bolsa e garantiu o concurso de João Alves, provavelmente o mais genial jogador que alguma vez de xadrez vestiu. No final de 75, em Alvalade, conquistava a Taça de Portugal, perante o Benfica (2-1), apontando o golo vitorioso. "Provei aos dirigentes que não me quiseram que, afinal, sabia jogar futebol".

Igual troféu ganharia no ano seguinte, qual papa-Taças, com Pedroto ao leme. O Salamanca, de Espanha, recepcionou-o. No país vizinho, foi mesmo considerado o melhor estrangeiro, batendo aos pontos jogadores da estirpe de Cruijff, Neeskens, Kempes, Ayala ou Luís Pereira. Regressou ao Benfica, passando a embolsar, dizia-se, o melhor ordenado de um jogador no futebol nacional. Perdeu o Campeonato por um ponto para o FC Porto, mas suscitou o interesse de vários clubes, acabando por ser transferido para o Paris Saint-Germain, no qual, pouco tempo antes, havia militado Humberto Coelho.

(http://aycu26.webshots.com/image/45065/2002683815439389336_rs.jpg) (http://aycu03.webshots.com/image/45082/2002618390516827888_rs.jpg)

Uma lesão complexa vitimou-lhe a época e retornou à Luz. Fez três anos de águia. Ganhou dois Campeonatos, duas Taças e uma Supertaça. Falhou, porém, a final da Taça UEFA, em 1983. "Só Eriksson poderia dizer porque não me pôs na equipa, depois de uma época inteira a jogar e a fazer grandes exibições. Mas se foi só por ter chegado atrasado a um treino, pareceu-me injusto de mais...".

Ferido no seu alicerce anímico, ao Boavista voltaria. No Bessa, substituiu Mário Wilson, inaugurando o ciclo de treinador. Já nessa condição, ao serviço do Estrela da Amadora, venceu a Taça de Portugal, a sua prova-fetiche.

Pelo combinado luso, fez 36 jogos, metade dos quais na condição de jogador do Benfica. Despediu-se frente à União Soviética, em Moscovo, num impiedoso 5-0. E já não foi a tempo de ser convocado para o Euro 84.

João Alves, com as suas luvas pretas, terá sido um dos mais sublimes futebolistas do Benfica. O que lhe sobrou em ambição faltou-lhe talvez no politicamente correcto. Quixotesco não foi. Só no campo. Palco das suas virtudes. Com alma e chama imensa.


Deste Benfica já me recordo. Alves era um dos meus preferidos  :bow2:
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - João Alves (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 29 de Fevereiro de 2008, 19:52
João Manuel Vieira Pinto. Porto. 19 de Agosto de 1971. Médio.
Épocas no Benfica: 8 (92/00). Jogos: 301. Golos: 90. Títulos: 1 (Campeonato Nacional) e 2 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Boavista, Atlético Madrileño, Sporting e Sporting de Braga. Internacionalizações: 81.

(http://aycu24.webshots.com/image/44303/2006249975375910078_rs.jpg)

(http://aycu20.webshots.com/image/45659/2003168823201662766_rs.jpg)
Equipa 1997/1998

A precocidade sempre caracterizou João Pinto. Fez-se cedo homem, cedo foi pai, também cedo campeão de futebol, cedo ainda ícone do Benfica. Tudo tão cedo, tão cedo, que cedo abandonou o Benfica, apesar das oito épocas ininterruptas que fez, cinco das quais como capitão. E talvez mais cedo do que possa vaticinar-se, porque nele tudo acontece cedo, venha a ser reabilitado no gigantesco universo benfiquista. Não será tarde, mas muito menos cedo ainda.

No Bairro do Falcão, na cidade do Porto, começou a subir-lhe a temperatura da bola, do jogo. "Só imaginava uma coisa na vida: ser jogador de futebol. Se não o fosse seria, certamente, um frustrado. Era um puto reguila, vivia num bairro de gente pobre, jogava futebol, fazia algumas patifarias. As maiores? Sei lá, roubar fruta nos pomares vizinhos, subindo árvores, desafiando o perigo. E, vivendo num bairro camarário, apesar de não ser de barracas ou de casas degradadas, percebi muito cedo como a pobreza dói. Mas, nunca me faltou uma bola de futebol e com uma bola de futebol eu sentia-me a criança mais feliz do Mundo". Aos oito anos, apresentou-se nas Antas com a esperança de aprender, na escola de Oliveira e Gomes, o mesmo que Chalana ou mais tarde Futre, o quarteto nacional que sempre o deixou atónito. "Alguém olhou para mim com desconfiança, dizendo, quase em jeito de gozo, que voltasse mais tarde". Jamais o fez.

Ainda que entuchado, prosseguiu viagem. Optou pelo Águias da Areosa e um belo dia fez, em Pedrouços, três golos ao FC Porto, que a sede de vingança, essa, torturava-o. Aproximou-se o Boavista, com passe social e dinheiro para os estudos. Respondeu afirmativamente. Dois dias depois, à investida portista, o não foi rotundo.

Na frutuosa oficina do Bessa, João Pinto amadureceu. Dele não prescindia a Selecção Nacional, qualquer que fosse o escalão etário. À fama chegou ao sagrar-se campeão do Mundo em Riade, na Arábia Saudita. Também cedo, como tudo o resto, tinha apenas 18 anos, partiu para Madrid, com a fixação de jogar ao lado de Paulo Futre, no clube do polémico Jesus Gil e Gil. Acabou por ir parar ao Atlético Madrileño, para pouco depois ser devolvido à procedência. No Boavista só ficou uma temporada, mas a tempo de ainda bater o FC Porto, em 91/92, na final da Taça de Portugal. E de bisar no Campeonato do Mundo de juniores, feito único no panorama do futebol internacional.

Por 500 mil contos, Jorge de Brito convenceu Valentim Loureiro a desfazer-se da jóia da coroa axadrezada. Já no Benfica, conquistou de pronto mais uma Taça, uma vez que o Nacional se escapou num dos derradeiros suspiros. Com o ídolo Paulo Futre ao seu lado. Mais Veloso, Mozer, Vítor Paneira. Mais dois jovens em franca ascensão, Paulo Sousa e Rui Costa.

No inicio do Verão de 93, uma onda de autoflagelo abateu-se sobre a Luz. Antes não passasse de uma rábula, mas a coisa foi mesmo séria. Sem ver a cor do papel, Pacheco e Sousa rescindiram os contratos e passaram-se para o eterno rival. João Pinto também denunciou o contrato e comprometeu-se com o Sporting. Em Torremolinos, ande se encontrava de férias, foi resgatado por um convincente Jorge de Brito. Regressou. Na Sala de Imprensa do parque de jogos benfiquista teve uma recepção apoteótica... como se novel recruta fosse. "Burlão", chamar-lhe-ia Sousa Cintra.

Porque não há duas sem três, ele que já antes de ingressar no Benfica tão próximo esteve do Sporting, desfeita maior haveria de fazer no Maio seguinte. Com Carlos Queiroz no comando, Alvalade ardia na esperança de pôr termo a longo jejum no Campeonato. Ao Benfica só a vitória interessava, sinónimo era da conquista do titulo. Começaram melhor os donos da casa, 1-0 e 2-1 (já golo do João) foram vantagens registadas. Sublime, arrancou para a mais fulgurante de quantas exibições fez. Antes do intervalo, já era de júbilo o ambiente nas hostes rubras. Mais dois golos marcou, invertendo os números do placar. Triságio fez. O Benfica bateu o Sporting, por 6-3. Era, finalmente, campeão nacional.

O génio de João Pinto, continuou a deslumbrar. Diziam os críticos, não poucas vezes, que às costas carregava a equipa. Até que um dia, num daqueles absurdos que a negro pintam a História, do Benfica receberia guia de marcha. O Menino de Ouro. Cedo, muito cedo, demasiado cedo.


Pessoal, Por Favor....Obrigado!!!
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - João Pinto
Mensagem de: ednilson em 01 de Março de 2008, 19:53
José Pinto Carvalho S. Águas. Luanda, Angola. 9 de Setembro de 1930-2000. Avançado.
Épocas no Benfica: 13 (50/63). Jogos: 379. Golos: 377. Títulos: 5 (Campeonato Nacional), 7 (Taça de Portugal) e 2 (Taça dos Campeões).
Outros clubes: Lusitano do Lobito e Rapid Viena. Internacionalizações: 25.

(http://planetchampions.ibelgique.com/benfica_1961.bmp)

(http://aycu17.webshots.com/image/45296/2003688053749347077_rs.jpg)             
Equipa 1951/1952

Nasceu em Luanda, mas cedo chegou ao Lobito. O pai, de nome Raul, por África diligenciava conforto para o clã Águas. Mais tarde, pouco mais, já viúva, a mãe, desfeita em preces, aos filhos pediu privações. Logo, José Águas, com apenas 15 anos, dactilógrafo se fez na Robert Hudson, empresa concessionário da Ford, que os tempos, esses, de suave nada tinham. Tornou-se jogador da equipa da firma. Instintos revelados, passou a representar o Lusitano do Lobito.

Nasceu benfiquista por influência paterna. Da então metrópole chegavam noticias de uma equipa que a Taça Latina havia ganho. Um poster, já amarelo de gasto, devotadamente colocado no quarto, inspirava o jovem, numa altura em que até nem se (re)via no meio daquelas estrelas, sobretudo Rogério e Julinho, para ele as mais cintilantes. Menos ainda cogitaria José Águas a hipótese de alguma vez defrontar semelhante naipe de campeões. Enganou-se.

Ainda o júbilo pela arrebatante vitória sobre o Bordéus animava as hostes do Benfica, já a equipa peregrinava por África. No Lobito, uma selecção local constituía um dos cartazes. Quando soube que havia sido seleccionado, José Águas sentiu um frémito e tardou a recompor-se. Custa até imaginar como ficou depois do jogo, que venceu por 3-1, com dois tentos da sua lavra, quando os dirigentes benfiquistas lhe pediram para passar no hotel, depois daquele feito perene, intrigante para Ted Smith, treinador inglês do Benfica.

(http://aycu02.webshots.com/image/47321/2003612331656766739_rs.jpg) (http://aycu32.webshots.com/image/47471/2003607747885670117_rs.jpg)

O FC Porto, por telefone, depressa convidou José Águas para férias fazer na Invicta e... treinar-se na Constituição. "Amanhã respondo", terá dito e desligado de seguida. Só que o amanhã chamou-se mesmo Benfica e vezes sem conta olhou, sempre de soslaio, por timidez até na intimidade, a moldura que lhe dava vida ao quarto, onde só mais uma noite passou a sonhar com delicias garridas. Contrato rubricado e com os novos companheiros partiu à conquista de outras paragens africanas.

Chegou a Lisboa no dia 18 de Setembro de 1950. Na Tapadinha se estreou. Nunca tinha visto um campo relvado, botas de pitões também não. Com apenas um treino realizado, o debute nada teve de auspicioso. Empate a duas bolas com o Atlético, sem que os créditos de goleador fossem exibidos. Mas antes que as criticas subissem de tom, na ronda imediata, com o Sporting de Braga, no Campo Grande, quatro golos marcou, num invejável 8-2.

Pelo Benfica, José Águas viveu muitos anos em que a fábula e a realidade pareceram caminhar de mãos dadas. Cansou-se de vencer, de marcar, de contagiar. Foi ele, é ainda, a papoila mais saltitante do hino de Piçarra ou o melhor intérprete do jogo aéreo que o Benfica alguma vez teve. E Portugal também. É o segundo melhor marcador da história encarnada, depois de Eusébio. Só Eusébio, de resto, poderia relativizar José Águas. Mais ninguém!

(http://aycu30.webshots.com/image/44869/2003656981008754843_rs.jpg)

Atravessou toda a década de 50 em sistemática laboração pelo golo. Fixou-se no topo dos marcadores em cinco ocasiões. Levantou, triunfante, na qualidade de capitão, as duas Taças dos Campeões, sendo mesmo o artilheiro-mor da primeira. Nos Nacionais, apontou mais golos (290) do que jogos efectuou (282). Já não esteve presente na terceira final europeia, por opção do chileno Fernando Riera. "Algum tempo depois, pediu-me desculpas por não me ter colocado a jogar. Disse-lhe que até ficaria satisfeito com os golos de Torres. Era a verdade, era a voz do meu coração de benfiquista, mas Fernando Riera parece não ter ficado muito convencido". Nem os adeptos com... Torres.

Pela equipa nacional, 11 golos marcou em 25 jogos. Apreciável registo, em tempos marcados ainda por um certo complexo de inferioridade, que não poucas vezes encolhia, amarfanhava mesmo, os nossos melhores atletas.

Ainda no apogeu, José Águas fez uma revelação surreal. Confessou que vestia o traje de futebolista com "o mesmo espírito com que o operário veste o fato-macaco", porque era assim que ganhava a vida, já que até "não gostava de jogar à bola". E se gostasse? Dele, sempre gostaram os benfiquistas, numa divida imorredoura de gratidão.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - José Águas (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 02 de Março de 2008, 16:48
José Augusto Pinto de Almeida. Barreiro. 13 de Abril de 1937. Avançado.
Épocas no Benfica: 11 (59/70). Jogos: 369. Golos: 174. Títulos: 8 (Campeonato Nacional), 3 (Taça de Portugal) e 2 (Taça dos Campeões).
Outros clubes: Barreirense. Internacionalizações: 45. Treinador do Benfica em 1969/1970. Títulos (conquistou uma Taça de Portugal).

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Equipa 1960/1961

A finta foi a melhor concepção da arte fecunda e sempre harmoniosa de José Augusto. Com uma leveza inimitável, cedo lhe chamaram o "Garrincha português", rendido se confessava aquele jornalista parisiense do "L'Équipe", Grabriel Hanot. Marcá-lo em cima constituía humilhação ou suicídio; marcá-lo à zona era requinte que caro se pagava. Ele que até sempre foi considerado medroso. "Essa é a ideia que se faz de um jogador estilista, que tem na técnica a sua principal arma; eu era assim – rápido, versátil e, para além disso, com grande inteligência de jogo" ou José Augusto numa síntese autobiográfica.

Imitar o pai constituiu, obstinação de infância do jovem nascido no desigual Barreiro, alfobre de tantos artífices da bola. Também o era Alexandre Almeida e mais seria se o impiedoso destino não lhe tivesse roubado a vida. Antes, porém, "o meu pai, quando soube que eu despertara para o futebol, ficou satisfeito. Nunca me proibiu de jogar. Tinha sempre um sorriso afável, um sorriso de pai, desejando ver o filho tornar-se um ídolo. Se calhar, ele sentia que já não poderia sê-lo".

Com apenas 10 anos, José Augusto fez subir o pano, começando a frequentar o parque do jogos do Barreirense, sob a liderança de Armando Ferreira. Basquetebol jogaria também, revelava polivalência. Mais tarde, fizeram-lhe um ultimato e optou pelo futebol com carácter de exclusividade. Na posição de avançado-centro, foi chamado, por José do Carmo, para a turma nacional de juniores, que disputou o Torneio Internacional da UEFA da categoria, em terras transalpinas. No começo da temporada de 54/55, ainda no comando de ataque, catapultou-se à equipa principal, marcando presença frente ao Torreense, nas festa de Eduardo Reis. "Os que recordavam o meu pai disseram que o filho do Alexandre Almeida tinha honrado o seu nome". Apenas um mês passado, o Barreirense acolheu o Sporting, era o compatrício Carlos Gomes titular da baliza verde-branca. Dois golos marcou José Augusto, melhor, três golos, que um foi escandalosamente anulado pelo árbitro, na sofrida vitória 3-2 (leonina). Mas nem por isso causou estorvo a que fosse lançado à ribalta o jovem executante. Mil contos pediram, então, pela sua carta. Era um coro de insistência, interpretado por Benfica, Sporting e FC Porto, pretextando José Augusto, que os outros emblemas, esses, cedo entenderam que ali não estava galo para as suas capoeiras.

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Num dia quente de Agosto, mala na mão, estava na estação ferroviária de Santa Apolónia, com destino ao Porto. Eis que aparece, in extremis, Manuel da Luz Afonso, responsável máximo pelo futebol benfiquista. Ali, naquele momento, a orquestra vermelha haveria de ganhar um dos seus mais afamados solistas. Na cerimónia de apresentação, marcada para 25 de Agosto de 1959, receberia 130 contos, enquanto o Barreirense, que tinha caído à II Divisão, se contentava com 350. "Nessa altura, sempre pensei que só não iria para o Benfica caso o clube não me pretendesse contratar". Afinal, era muito um caso de amor...

Uma semana depois, vestia pela primeira vez a camisola garrida, frente ao Oviedo (1-0), cuja baliza era ocupada pelo sempre presente Carlos Gomes, entretanto transferido para Espanha. E não muito mais tarde, na segunda ronda do Nacional, logo frente ao Sporting, marcaria o primeiro golo ao serviço do Benfica, num delicioso apontamento de calcanhar.

Na Luz, o extremo-direito José Augusto conquistou tudo o que havia para conquistar. Foram Campeonatos (oito), Taças (três), títulos europeus (dois). Foram mais honrarias. Foram gabos, muitos gabos. Foram 369 jogos e 174 golos. Foram 11 épocas magnéticas.

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Na final da Taça dos Campeões, frente ao Manchester United, com o número 8.

Magnifica rota protagonizou também na equipa das quinas. Foi 45 vezes internacional, durante uma década, sublinhando com três golos o contributo à epopeia do Mundial de 66. Conhecido em toda a Europa ou não fosse ele o único benfiquista, a par de Coluna e Cruz, a disputar cinco finais do Campeões, envergou por isso a camisola da FIFA. A 20 de Maio de 1964, em Copenhaga, nas comemorações das Bodas de Diamante da Federação Dinamarquesa; no mesmo ano, a 23 de Setembro, em Belgrado, numa partida de solidariedade para com as vitimas do terramoto de Skopje, com um golo apontado.

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Quando abandonou a carreira de futebolista, ingressou no quadro técnico do Benfica. Mais tarde, substituiu o lendário Otto Glória, a tempo de vencer a Taça de Portugal, versão 69/70. Seleccionador nacional seria, por ocasião ma Minicopa, no Brasil, momento de elevada significância para o futebol nacional, através da conquista do segundo lugar na prova.

Actualmente, José Augusto é uma das glórias do clube com mais visitas às Casas do Benfica. São os seus outros jogos. Aos quais empresta também generosidade, classe e prestígio.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - José Augusto
Mensagem de: Mestre em 02 de Março de 2008, 17:12
Em dia de derby, e depois de uma semana bem complicada, não podia deixar passar a visita ao melhor tópico deste forum.

Mais uma vez, revi jogadores de que me lembro e outros de quem ouvi falar, numa sucessão de memórias que me entristecem o actual dia a dia do Glorioso.

Parabéns Ednilson, por manteres a chama acesa.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - José Augusto
Mensagem de: ednilson em 03 de Março de 2008, 21:28
José Henrique Marques. Arrentela. 18 de Maio de 1943. Guarda-redes.
Épocas no Benfica: 12 (66/77 e 78/79). Jogos: 298. Títulos: 8 (Campeonato Nacional) e 3 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Arrentela e Atlético. Internacionalizações: 15.

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Plantel 1968/1969

Se, na Margem Sul do Tejo, o alfobre Barreiro ganhou destaque ao conduzir farto contingente de jogadores para o Benfica, há também os exemplos da Moita, do Montijo e de Almada. Na mesma faixa geográfica, do Seixal, da popular Arrentela, haveria de chegar à Luz, pouco depois da gesta dos Magriços, um guarda-redes de nome José Henrique, que no Atlético Clube de Portugal tinha demonstrado surpreendente vocação. Cedo passou a Zé Gato, cuja significância andará muito perto de adjectivações como felino, ágil ou veloz. Ou talvez todas elas.

Viviam-se tempos de incerteza na baliza do Benfica. O melhor guarda-redes até então, Costa Pereira, estava no ocaso da carreira. Nascimento fez, durante alguns meses, a transição. José Henrique, por seu turno, não demorou a conquistar a confiança e logo partiu para uma duradoura etapa com o estatuto de intocável. Era já o dono das redes, quando participou na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, em Londres, frente ao Manchester United. No prolongamento, coincidindo com o sobressalto benfiquista, sofreu três golos, mas nem por isso deixaria de seduzir a exigente imprensa britânica.

Em Portugal, rivalizava com Vítor Damas. O sportinguista era mais elegante, mais bonito a defender, dir-se-ia. Mais José Henrique revelou-se mais eficaz. E desalojou o seu concorrente da equipa nacional, cumprindo 15 chamadas, 14 das quais consecutivas, sendo de evidenciar a presença na Minicopa. Batido apenas foi a cinco minutos do final, por Jairzinho, no triunfo do Brasil sobre Portugal, com o superlotado Maracanã em desespero, perante a forma como se apunha ao ataque dos então campeões mundiais.

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José Henrique corre na direcção da baliza, na tentativa de parar
o remate de George Best, na final de 1968 frente ao Manchester United.


Eram os tempos da hegemonia absoluta do Benfica intramuros. Em 11 anos, venceu oito Campeonatos e três Taças de Portugal, chegando quase às três centenas de partidas oficiais. Nos últimos anos, teve Bento a morder-lhe os calcanhares. Não se acabrunhou, resistindo na fase inicial, mas acabando por ceder a defesa da baliza ao seu companheiro e amigo.

No Verão de 79, o Benfica prestou-lhe uma justa homenagem. De resto, ao serviço do clube se tem mantido, desenvolvendo trabalho muito apreciado no futebol juvenil. Por ele têm passado várias promessas e algumas certezas, como o caso de Moreira.

José Henrique foi sempre a imagem estampada da simplicidade. Parece que nunca soube quem foi, o que fez, quanto fez. Sabem-no, seguramente, os adeptos do Benfica.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - José Henrique (actualizado)
Mensagem de: Bola7 em 04 de Março de 2008, 16:23
Zé Gato :metal:
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - José Henrique (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 04 de Março de 2008, 20:18
José Luís Lopes Costa e Silva. Lisboa. 17 de Maio de 1958. Médio.
Épocas no Benfica: 10 (76/78 e 79/87). Jogos: 227. Golos: 20. Títulos: 5 (Campeonato Nacional), 6 (Taça de Portugal) e 2 (Supertaça).
Outros clubes: Marítimo e Ovarense. Internacionalizações: 4.

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Equipa 1984/1985

Vivia-se já a era pós-Eusébio, Simões ou Jaime Graça. Mesmo assim tempo ainda em que o Benfica se arriscava a ser campeão, como havia sentenciado, com sentido profético, um antes, o treinador Mário Wilson. Na pré-época de 76/77, o britânico John Mortimore assumiu o comando técnico, apregoando a conquista do tricampeonato como objectivo.

O jovem José Luís, recém-promovido a sénior, com apenas 18 anos, fazia parte dos planos, depois de ser ter revelado nos patamares inferiores do clube. Ao lado do já genial Chalana, um ano mais novo, e do africano Alberto, lateral-esquerdo em ascensão, aí estava um trio disposto a dar substância à renovação da principal equipa benfiquista.

Para José Luís, a estreia, em Setúbal, ante o Vitória local, até nem correu bem. Era mesmo o quarto desaire nos cinco primeiros jogos do Nacional, versão 76/77. O Sporting foi soberano na primeira volta, orientado pelo bem conhecido Jimmy Hagan. Só que a recuperação do Benfica foi ganhando contornos de coisa séria e, muito antes do final da prova, fácil era divisar o campeão. Abria-se a colectânea de sucessos do promissor atleta.

Ao longo de dez temporadas consecutivas, José Luís arrebatou 13 títulos, distribuídos por cinco Campeonatos, seis Taças e duas Supertaças, justificando por quatro vezes a chamada à equipa nacional. Era uma espécie de jogador silencioso, que colocava a sua arte ao serviço do colectivo. Governava a direita ofensiva com imaginação e criatividade. Precioso no drible, seguro no passe, cirúrgico no centro. Era também um extremo sentinela, preocupado com o ataque antagonista.

Durante uma década não deixou de aperfeiçoar os seus predicados e minorar as suas insuficiências. Ultrapassou a marca dos 200 jogos na categoria de honra, não obstante a forte concorrência para o seu lugar. Carlos Manuel e Diamantino, sobretudo esses excelentes executantes, nunca lhe deram tréguas.

A 31 de Maio de 1987, despediu-se, ironicamente, com John Mortimore sentado no banco, o mesmo técnico que dez anos atrás o havia lançado à ribalta.

De José Luís ficou o perfume de um futebol inspirado, objectivo, cristalino. Com uma dedicatória aos escalões de formação do Benfica. Cresceu na casa onde nasceu, deu-lhe mais beleza e não menos encómios.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - José Luis
Mensagem de: JoMi¹¹ em 04 de Março de 2008, 21:45
Este barreiro... é uma maravilha, ou foi, em tempos.

Parabens Ad, excelente topico O0
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - José Luis
Mensagem de: Mestre em 05 de Março de 2008, 16:37
O grande Zé Gato e o José Luis. Do primeiro guardo as histórias que o meu pai me conta, de um guarda redes não muito alto mas extremamente eficaz, ao estilo do que vimos depois com Bento e, num Benfica recente, com Moreira.

O José Luis lembro-me da 2ª fase dele, um jogador disciplinado e tácticamente exemplar. O tempos dos operários e dos artistas, onde alguns trabalhavam para o Chalana brilhar. Não sendo espectacular foi muito regular e consistente durante a sua estadia no Glorioso.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - José Luis
Mensagem de: ednilson em 05 de Março de 2008, 22:05
Júlio Correia da Silva. Ramalde. 1 de Dezembro de 1919. Avançado.
Épocas no Benfica: 10 (42/51 e 52/53). Jogos: 200. Golos: 199. Títulos: 1 (Taça Latina), 3 (Campeonato Nacional) e 6 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Boavista, Académico do Porto, Coruchense, Benfica Castelo Branco e Marinhense. Internacionalizações: 1.

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Equipa 1944/1945

O golo de Julinho, no segundo prolongamento da Taça Latina, em 1950, merece ser elencado no topo da hierarquia das glórias benfiquistas. Afinal, garantiu o primeiro grande triunfo internacional de uma equipa portuguesa, na altura em que parecia ser de anos-luz a nossa distância relativamente ao que de melhor se fazia na Europa.

Júlio Correia da Silva nasceu em Ramalde, no Porto, a 1 de Dezembro de 1919. A sua afabilidade valeu-lhe, desde cedo, o diminutivo de Julinho. Começou no Boavista. Clube que representou durante seis temporadas, no termo das quais passou a exibir os seus dotes no Académico. Era um goleador inveterado.

Ao cabo de duas épocas, mudou-se para o Benfica. Recebeu dez contos, enquanto o grémio nortenho foi premiado com 24 notas de mil. À época, a transacção pareceu elevada, ainda que o FC Porto até se tenha disponibilizado para gastar o dobro. Para não variar, o conhecido Necas Maneta, espinha cravada na garganta dos portistas, ele que já havia desviado Francisco Ferreira para o Benfica.

No gozo da indumentária rubra, Julinho integrou a famosa linha ofensiva, conhecida pelos cinco Diabos Vermelhos, ao lado de Mário Rui, Arsénio, Espírito Santo e Rogério.

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Logo na estreia, o Benfica garantiu o seu primeiro duplo da história, com o novo recruta a situar-se no cimo da lista dos melhores marcadores, mercê do registo de 24 golos em 16 jogos. A façanha viria a ser reeditada, em 1950, ano da conquista da Taça Latina.

Julinho tinha na grande área o curto território das suas batalhas, ás quais emprestava raro sentido de orientação pelos ainda mais estreitos atalhos. Era perito a desviar as sentinelas e a desferir o golpe fatal. Sempre intrépido e persuasivo, conquistou três Nacionais e seis Taças de Portugal, chegando à Selecção, numa altura em que a concorrência feroz era na sua posição. Chegou a ser melhor goleador de sempre do Benfica. Hoje, meio século após se ter despedido da competição, ainda figura no top ten, creditado na sétima posição. Facturou 272 vezes nos 269 jogos oficias e particulares em que interveio.

Cumprimentou a massa simpatizante do Benfica pela derradeira vez, no Dia de Portugal do ano de 1953. Os aplausos ainda parece que se ouvem, tal como se vêem os seus golos. É que Julinho perdura no horizonte vermelho.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Julinho (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 07 de Março de 2008, 21:20
Mats Ture Magnusson. Helsingborg, Suécia. 10 de Julho de 1963. Avançado.
Épocas no Benfica: 5 (87/92). Jogos: 164. Golos: 87. Títulos: 2 (Campeonato Nacional) e 1 (Supertaça).
Outros clubes: Malmoe e Helsingborg. Internacionalizações: Suécia.

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Plantel 1988/1989

Por mais que o arquétipo nórdico, alto e louro, sugira tosco em futebolês, numa teimosia latina, Mats Magnusson, nos cinco anos em que defendeu o reino da águia, provou que os recursos técnicos não têm fronteiras. É provável que um dos seus antecessores, o dinamarquês Manniche, tenha criado essa imagem, por oposição, na época, à subtileza de Nené ou à elegância de Filipovic. Companheiro de muitas fainas, Shéu sentencia que Magnusson "tinha até um toque alatinado".

O internacional sueco chegou à capital na época de 87/88, por fiança de Ebbe Skovdahl, treinador que não aqueceu o lugar, réplica infeliz de Eriksson foi. Ao debutar no troféu Teresa Herrera, na Corunha, onde se exibiu em plano de evidência. Magnusson passou a ser utilizado de forma frequente ao lado de Rui Águas, no comando de ataque. Essa época ficou marcada pela presença na final da Taça do Campeões. O nórdico jogou a titular, lutou abnegadamente com Ronald Koeman e Nielsen, centrais do PSV, mas o pontapé do suicídio involuntário de Veloso roubou-lhe a máxima consagração.

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Dois anos depois, nova corrida aos Campeões. Costacurta e Baresi tiveram de se aplicar a fundo. Só que a desventura, uma vez mais, aconteceu. Nessa temporada, Magnusson foi o melhor marcador do Campeonato Nacional, com um registo de 33 golos em 32 jogos. Havia caído no goto dos adeptos, que apreciavam a sua relação amor/ódio com a baliza. Tinha cultura competitiva. Critério de jogo. Raça e harmonia. Contemporâneo de Rui Águas, Diamantino, Chiquinho, César Brito, Vata, Lima, Izaías e Yuran, jamais se intimidou. Soube cativar o seu posto no eixo de ataque.

(http://aycu10.webshots.com/image/47329/2005936434261981903_rs.jpg) (http://aycu22.webshots.com/image/48221/2005902435326755576_rs.jpg)

Conquistou dois Campeonatos Nacionais e uma Supertaça, numa época em que o Benfica dava indícios de quebra a nível doméstico, mas de regresso, por paradoxal que parecesse, aos grandes palcos do mais velho dos continentes. A 17 de Maio de 1992, perante o olhar atento do compatriota Eriksson, na Luz, frente ao Salgueiros, vestiu conclusivamente a camisola do Benfica.

De então para cá, ainda que radicado na Suécia, acumulam-se as visitas ao ninho da águia. Porque, afinal, amor há que sempre dure. É assim com Magnusson, membro honorário da associação de goleadores do Benfica.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Magnusson
Mensagem de: Mestre em 08 de Março de 2008, 11:18
Grande Mats. Dele guardo a imagem de um almoço na cervejaria Edmundo (estava na mesa ao lado da minha) em que mandou abaixo uma duzia de sardinhas assadas num ápice, sempre bem disposto com os empregados e a responder a toda a gente que lhe falava.

O osso triunvirato sueco foi do melhor que vi na Luz, um mixto de força, garra e técnica que nos deu bastantes alegrias.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Magnusson
Mensagem de: Dandy em 08 de Março de 2008, 15:06
Citação de: Mestre em 08 de Março de 2008, 11:18
Grande Mats. Dele guardo a imagem de um almoço na cervejaria Edmundo (estava na mesa ao lado da minha) em que mandou abaixo uma duzia de sardinhas assadas num ápice, sempre bem disposto com os empregados e a responder a toda a gente que lhe falava.

O osso triunvirato sueco foi do melhor que vi na Luz, um mixto de força, garra e técnica que nos deu bastantes alegrias.


   Mais do que triunvirato falaria, antes, em "Quarteto de Luxo". Pois tanto Mats Magnusson, como Glenn Stromberg, como Stefan Schwarz...como Jonas Thern...eram atletas de um muito refinado e requintado nível.

   Com lugar indiscutível, qualquer um, no plantel actual.


 
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Magnusson
Mensagem de: ednilson em 08 de Março de 2008, 18:59
Amândio José Malta da Silva. Benguela, Angola. 19 de Fevereiro de 1943. Defesa.
Épocas no Benfica: 11 (64/65 e 66/76). Jogos: 193. Golos: 1. Títulos: 7 (Campeonato Nacional) e 2 (Taça de Portugal).
Internacionalizações: 5.

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Equipa 1969/1970

Procedente de Benguela, a 26 de Setembro de 1963, com 20 anos feitos, desembarcou em Lisboa, capital da então Metrópole, um jovem considerado promitente, Malta da Silva de seu nome. Em Angola, havia jogado futebol e basquetebol, no Portugal de Benguela, clube da cega predilecção do seu pai. Descoberto por olheiros do Benfica, de pronto recebeu guia de marcha.

Os primeiros anos, na mítica década de 60, não foram pêra doce. A competição pelos lugares ao sol de frívola nada tinha e, por essa altura, a experiência era mesmo a mãe de todas as coisas. O tirocínio parecia infinitamente prolongado, épocas a fio durou. Malta da Silva não esmoreceu. Afina, como reza o provérbio macua, o galo não canta sem amanhecer. E só na temporada de 70/71 se fez dia.

Vivia-se o inicio do consulado Hagan, germinava a equipa-maravilha. Malta da Silva, a lateral-direito e já não central, integrou a primeira convocatória. Passou a ser recorrente. Enterrados estavam os tempos de ansiedade recalcada, um jogador fino no trato da bola passava a vingar. Era resoluto e sacrificado. Era vistoso e dinâmico. Com Artur e Adolfo compunha o trio dos melhores laterais portugueses. Os três no Benfica, a emulação era constante.

(http://aycu07.webshots.com/image/45926/2004651440190557226_rs.jpg) (http://aycu05.webshots.com/image/45764/2003561785230483334_rs.jpg)

Jogou até 76/77, completando 11 épocas na Luz. Participou em sete vitórias no Campeonato e em duas na Taça de Portugal. Com naturalidade, não deixou de emprestar os seus créditos à Selecção. Foi com Jimmy Hagan que atingiu maior notoriedade, talvez na altura em que o lote de jogadores do Benfica tenha sido o mais extraordinário de todo o historial centenário.

"Gostaria de ter sido campeão europeu", confessa. Quem não gostava? Mas na época 71/72, esteve próximo desse desiderato, só que o Ajax levou a melhor numas semifinais pautadas até pelo equilíbrio. "Quando ao mais, penso que cumpri". Cumpriu mesmo.

Há muitos anos que Malta da Silva acompanha o futebol à distância, ele que até vive quase paredes meias com o Estádio da Luz. Foi um ciclo que se fechou com tampa pesada. Sobra a recordação de um jogador que amou o Benfica e que, em campo, deu muitas e variadas expressões a esse afecto.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Malta da Silva (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 09 de Março de 2008, 20:56
Michael Manniche. Copenhaga, Dinamarca. 17 de Julho de 1959. Avançado.
Épocas no Benfica: 4 (83/87). Jogos: 132. Golos: 77. Títulos: 2 (Campeonato Nacional), 3 (Taça de Portugal) e 1 (Supertaça).
Outros clubes: Hvidovre e BK 1903/Copenhaga. Internacionalizações: Dinamarca.

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Equipa 1984/1985

A estética na estava no centro das suas preocupações. Tinha mais coisas com que se entreter. Desde logo, gozar a satisfação do dever cumprido, sempre numa onda altruísta. O dinamarquês Manniche até poderia não ter sido jogador de futebol, longe estava da imagem de precógnito. Juntou laboratório e querer. Deu ponta-de-lança. Daqueles que antes quebrar que perder.

Ingressou no clube na época 83/84. Especialistas na linguagem do golo, por essa altura, eram Nené, Diamantino e Filipovic, ou seja, oportunidade, versatilidade e elegância. Combativo, Manniche introduziu um novo conceito no jogo ofensivo encarnado. Era uma outra valência, que até chegou a fazer escola em diferentes paragens.

Tendo Eriksson na chefia do grupo, de pronto ofuscou Filipovic, alternando com Nené e Diamantino no onze inicial. Em campos pequenos, pelados até, perante defensivas vigorosas, Manniche era um utilitário. Noutras arenas também. Jogava pelo espaço contra o tempo. Derrubava as sentinelas contrárias, parecendo estender a passadeira vermelha, que outros percorriam em momentos de glória. Era como dar sangue ao talento alheio. Em prol da equipa.

(http://aycu14.webshots.com/image/47733/2002643320212325351_rs.jpg) (http://aycu21.webshots.com/image/48740/2002388020698099261_rs.jpg)

Manniche foi, também ele, um goleador. Durante quatro temporadas, desferiu 77 remates vitoriosos, ao cabo de 132 jogos. Venceu dois Campeonatos, três Taças e uma Supertaça. Nas épocas de 84/85 e 85/86 foi mesmo o melhor marcador da equipa, já com Rui Águas e César Brito em actividade. A experiência atingida no Benfica conduziu-o à forte selecção dinamarquesa, na antecâmara do titulo europeu. Ele que esteve, com Stromberg, na génese da importação nórdica do Glorioso. Seguira-se Magnusson, Thern e Schwarz. Mais tarde, Pringle e Andersson.

Tosco talvez não chegasse a vitupério. Marimbou-se Manniche. Corajoso, valente, esforçado, assim adjectivava o seu jogo, sem ponta de narcisismo. E com substantiva saúde. Assunto arrumado, ganhou o Benfica.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Manniche (actualizado)
Mensagem de: Preacher em 09 de Março de 2008, 21:05
BENFICA
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Manniche (actualizado)
Mensagem de: Mestre em 09 de Março de 2008, 21:39
Manniche, o mesmo que dizia n'A Bola "ao terceiro toque a bola foge-me".

Um colosso no ataque, trabalhador como poucos e ingloriamente alcunhado de tosco. Deu muito ao Benfica e foi dos que deixou saudades.

@Dandy

Stromberg foi outro grande profissional nórdico, quando te falava de triunvirato foi porque actuaram os três na mesma altura. Mas os 4 que referiste e o Maniche foram do melhor que conseguimos importar.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Manniche (actualizado)
Mensagem de: Corrosivo em 10 de Março de 2008, 09:48
Olho para este tópico e depois olho para os tópicos da 1ª página do Geral e apetece-me chorar
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Manniche (actualizado)
Mensagem de: Amsterdam em 10 de Março de 2008, 18:26
Citação de: Corrosivo em 10 de Março de 2008, 09:48
Olho para este tópico e depois olho para os tópicos da 1ª página do Geral e apetece-me chorar


:cry2:

Passei o dia a ler este topico.... :cry2:
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Manniche (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 10 de Março de 2008, 20:10
Mário João. Barreiro. 6 de Junho de 1935. Defesa.
Épocas no Benfica: 5 (57/62). Jogos: 89. Golos: 4. Títulos: 3 (Campeonato Nacional), 3 (Taça de Portugal) e 2 (Taça dos Campeões).
Outros clubes: CUF. Internacionalizações: 3.

(http://aycu09.webshots.com/image/46208/2001922984419470305_rs.jpg)

(http://aycu27.webshots.com/image/44626/2001982098353302326_rs.jpg)
Equipa 1960/1961

A proposta de um louvor ao feérico alfobre do Barreiro ficava bem ao Benfica. De Félix, Arsénio e Moreira a Adolfo e Chalana, com José Augusto e Mário João no meio do desfile cronológico. Todos atletas de bitola singular. Atletas com livre-trânsito no compêndio de sucessos da instituição.

Ao crescer mesmo ao pé do campo de jogos da CUF, Mário João desde cedo sentiu atracção pela bola, pelo jogo, pelo futebol. Historietas tinha para levar e contar, dos 15 anos em diante, no percurso juvenil feito com as cores do clube fabril da então vila operária.

Chegou ao Benfica na segunda metade da década de 50. Era avançado. O brasileiro Otto Glória tutelava tecnicamente a equipa e transformou-o em defesa. Opção reiterada pelo austro-húngaro Béla Guttmann seria. Primeiro, à esquerda, numa altura em que Ângelo se lesionou. Depois no flanco dextro, com o regresso do colega à competição. Polivalente se fez na cortina defensiva. Também na turma das quinas, na qual experimentou várias posições. Com a Jugoslávia, actuou na canhota; com a Bélgica, surgiu à direita; enquanto perante o mesmo adversário, dois anos volvidos, haveria de colocar-se a médio defensivo. Foram as três internacionalizações de Mário João, enquanto jogador do Benfica. Uma outra registou, mas já de retorno à CUF, clube que veio a selar a sua carreira futebolística.

(http://aycu15.webshots.com/image/45614/2001909057140987021_rs.jpg)
Mário João, à esquerda de José Águas, com a
Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1961,
conquistada frente ao FC Barcelona.


Em cinco épocas, levando "na alma a luz intensa", venceu três Nacionais, duas Taças de Portugal e bisou também na mais apetecida das provas, a Taça dos Clubes Campeões Europeus. Numa orquestra de violinos, era um trombone eficaz e nem se importaria de ser bombo. Queria era jogar. Com hiperexigência pessoal. Um baluarte na dedicação, na firmeza, na combatividade. Jogadores como ele não diminuíam o colectivo, antes acrescentavam novas e decisivas atitudes.

Despiu a camisola berrante no primeiro dia do mês de Julho de 1962. No Estádio Nacional, participou no triunfo sobre o V. Setúbal (3-0), com golos de Eusébio (2) e Cavem. A equipa bicampeã da Europa via cair o pano, após dois anos de exuberância competitiva. Se pudesse, Mário João continuaria na cruzada, talvez até a jogar de graça, pela graça do Benfica.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Mário João
Mensagem de: ednilson em 11 de Março de 2008, 21:07
Messias Júlio Timula. Lourenço Marques, Moçambique. 18 de Fevereiro de 1948-1998. Defesa.
Épocas no Benfica: 8 (69/77). Jogos: 123. Golos: 2. Títulos: 6 (Campeonato Nacional) e 1 (Taça de Portugal).
Internacionalizações: 6.

(http://aycu35.webshots.com/image/46074/2001145193623501148_rs.jpg)

(http://aycu27.webshots.com/image/43746/2002220358521534912_rs.jpg)
Plantel 1975/1976

Não era Messias apenas mais um jogador de expressão afro no renque do Benfica. O seu BI vermelho, exibe seis Campeonatos e uma Taça de Portugal, rico relicário, garantido em oito temporadas de presença ininterrupta no ninho da águia. Viveu a época garrida de transição das décadas de 60 e 70, tempos de supremacia, tempos também de adaptação às novas realidades pós-Abril, tempos irrepetíveis. Com Humberto Coelho investido na tarefa de patrão da estrutura defensiva, rivalizou com Raul, Zeca, Barros, Rui Rodrigues, Bastos Lopes, Eurico e Alhinho. Nesse meio, de sã disputa, Messias levou algumas vezes a melhor, mormente nas temporadas de 72/73 e 75/76, alturas em que mais jogos disputou. Campeão se fez e de novo campeão. A símploce do seu contentamento.

Chegou ao Benfica no alvor da juventude. Natural da antiga Lourenço Marques, com apenas 19 anos, logo se viu inquilino numa casa de craques. O clube era o máximo. Tinha os melhores executantes, o melhor estádio, o melhor palmarés, os melhores adeptos. Messias intimidou-se, que o caso não era para menos. Ainda com Coluna, Eusébio, Jaime Graça, Torres, Simões, jogadores que preencheram o seu imaginário, sentia-se pequenino no começo da intimidade. A tal ponto que, nas duas primeiras épocas, só de forma bruxuleante actuou na equipa de honra. À terceira, então está bem, evidência ganhou.

(http://aycu27.webshots.com/image/47306/2002681633955494416_rs.jpg)

Era um defesa subsidiário, regra geral de Humberto Coelho. Não mandava, completava. Alto, tinha dotes de cabeceador. Robusto, tinha firmeza na marcação. Intuitivo, tinha colocação no espaço. Ao combinado nacional auxilio valoroso emprestou na Minicopa do Brasil, em 1972, com actuações sólidas, numa constelação de estrelas, que só o anfitrião Brasil acabaria por estorvar.

Após 75/76, Messias deu por terminado o seu período áureo. Prosseguiu nas fileiras do Benfica, respondendo afirmativamente quando solicitado a jogar. Mas já outros companheiros ganhavam vantagem. Humilde, afectado também por maldosas lesões, reprimiu sempre a sede de revolta. Entregue à sua sorte (?), despediu-se com o Leixões, na Luz (3-1), uma semana antes do Natal de 1976.

Continuou a jogar noutras paragens. Era o Messias do Benfica. Ficava-lhe bem. Morreu aos 50 anos, com a doença da vida. Das agruras dos seus últimos dias, mais até emocionais. Não merecia. Não merecíamos. Por isso, à laia de epitáfio, exalte-se de Messias a bem-aventurança, o campeão da simplicidade.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Messias (actualizado)
Mensagem de: Preacher em 12 de Março de 2008, 09:09
Estou desde as 7:45 a ver este tópico e chego ao fim num estado depressivo..É impossivel dissociar o benfica glorioso do actual e isso faz uma confusão como é possivel que este clube esteja neste estado..Mudou tudo em poucos anos, a vontade de ganhar, a mistica do clube, a categoria dos jogadores..

VOLTA BENFICA


Eusébio pode ser sido o expoente máximo mas pessoalmente, pelo videos que vi, pelos textos que li, não consigo deixar de ter uma admiração especial pelo Senhor Mário Coluna!

VIVA AO BENFICA, O QUE BATE NO NOSSO CORAÇÃO!!

Parabéns Ed.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Messias (actualizado)
Mensagem de: Corrosivo em 12 de Março de 2008, 09:27
O melhor tópico deste fórum

Ednilson, mais uma vez mostras o grande Benfiquista que és
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Messias (actualizado)
Mensagem de: Special_Red em 12 de Março de 2008, 09:37
Grande tópico.   :clap1:
Parabéns
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Messias (actualizado)
Mensagem de: Elvis the Pelvis em 12 de Março de 2008, 14:21
Adoro este tópico! :slb2:
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Messias (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 12 de Março de 2008, 19:33
Mário Jorge Moínhos Matos. Porto. 13 de Maio de 1949. Avançado.
Épocas no Benfica: 4 (73/77). Jogos: 96. Golos: 26. Títulos: 3 (Campeonato Nacional).
Outros clubes: Vilanovense, Boavista e Espinho. Internacionalizações: 7.

(http://aycu13.webshots.com/image/47572/2003836663461905230_rs.jpg)

(http://img443.imageshack.us/img443/344/benfica19741975ni8.jpg)
Equipa 1974/1975

Jogador convencional, porventura não seria Moinhos, da mesmo forma que não era nenhum portento. Nasceu em 1949, a 13 de Maio, sabe-se lá se soube os bons auspícios da Senhora de Fátima. Moinhos, o nome, numa perspectivas bem terrena, dizia com ele. Com a ideia de movimento, de engenho. Que não se demitia de mostrar em campo.

No Boavista assomou, com pés de vento, drible fácil, passe geométrico, finalização precisa. Sempre atento aos melhores valores do mercado aborígene, o Benfica não escondeu a cobiça. Em 73/74, sediou-se em Lisboa, após milionária transferência. Conheceu ainda o ganhador Jimmy Hagan, afastado por desinteligências com a Direcção do clube, ocorridas no dia da festa de homenagem a Eusébio. Logo em Setembro, começou a ouvir a voz de comando de Fernando Cabrita, num ano agitado, de titulo perdido, mas decisivo para a sua adaptação a um dos maiores grémios desportivos da Europa.

(http://aycu38.webshots.com/image/48877/2003882326772753015_rs.jpg)

Tempos acelerados esses. Era a suprema alegria de vermelho trajar. Era a luta quotidiana por um lugar ao sol. No compartimento ofensivo, durante as quatro temporadas de vivência rubra, encontrou Eusébio, Nené, Artur Jorge, Vítor Baptista, Jordão, Diamantino, Ibraim, Móia, Nélinho, Chalana, José Pedro, José Domingos e Cavungi. A partir de 74/75, com o mestre jugoslavo Milorad Pavic, Moinhos passou a ser amiúde utilizado. Atingiu mesmo a Selecção Nacional, que representou por sete vezes. Não se atemorizando com a concorrência, já campeão, em 75/76, revalidou o titulo, com o técnico Mário Wilson, tendo sido o jogador mais vezes utilizado ao longo da caminhada triunfal. Finalmente, em 76/77, sob o comando de John Mortimor, voltou aos píncaros com o tricampeonato, ainda que a sua utilização fosse mais intermitente. No total, fez 96 jogos, garantindo 26 golos.

Mário Moinhos associou-se a um dos melhores períodos da vida competitiva do Benfica. No momento histórico do abandono de Eusébio, o mais emblemático futebolista de todos os tempos. No momento também do esforço para renovar o plantel com mestria. Pela sua parte, fez um apostolado que o cartório da Luz bem pode documentar.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Moínhos
Mensagem de: ednilson em 13 de Março de 2008, 22:07
Francisco Moreira. Barreiro. 29 de Abril de 1915. Médio.
Épocas no Benfica: 10 (44/54). Jogos: 268. Golos: 3. Títulos: 1 (Taça Latina), 2 (Campeonato Nacional) e 4 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Barreirense e Montijo. Internacionalizações: 7.

(http://aycu15.webshots.com/image/47494/2005632806171763921_rs.jpg)

(http://aycu18.webshots.com/image/46777/2005688529875727739_rs.jpg)
Equipa 1949/1950

É o trigésimo jogador que mais vezes vestiu a camisola do glorioso, quase em trezentas ocasiões. Para a posteridade, Pai Natal ficou. "Foram dois jogadores do Sporting que me puseram essa alcunha; diziam que eu era velho, mas que ninguém passava por mim", precisaria, pela enésima vez, Moreira. Nascido no incontornável Barreiro, adepto do Belenenses, mas convertido à doutrina da águia, durante uma dúzia de anos, dos 27 aos 39 de idade!.

Depois dos Leões, filial do Sporting, e do Barreirense natal, anos a fio, em 1944, no decurso da II Guerra Mundial, transferiu-se para o Benfica, a convite do então director Francisco Retorte. Reivindicativo ou não fosse de uma terra inconformista, logo exigiu salário semelhante ao de Francisco Ferreira, o artista da companhia. A Direcção aquiesceu e mensalmente, depositava-lhe mil duzentos e cinquenta escudos e não apenas o conto de reis do trato inicial.

Estreou-se com o Belenenses, no Campo Grande, em partida do antigo Campeonato de Lisboa, no qual competiam também o Sporting, o Estoril, o Atlético e a CUF. A derrota inaugural não o perturbou, tanto que nesse mesmo ano venceu o Nacional, participando num memorável 7-2, ao FC Porto, intramuros, ao lado de jogadores da linhagem de Gaspar Pinto, Albino, Francisco Ferreira, Arsénio, Espírito Santo, Teixeira e Rogério.

Era um médio porta-bandeira. De alma grande, com sindérese. Nas suas actuações, subscrevia momentos de tenacidade. Metódico e organizado, discípulo perfeito revelava ser. Sempre também argumentava com voz de líder. Pedra basilar na intermediária, somente se despediu, quase quarentão em 1954. Bateu-se em grande na conquista de dois Campeonatos, quatro Taças de Portugal e uma Taça Latina. Foi sete vezes internacional, numa altura em que a Selecção escassas vezes competia.

Francisco Moreira chegou tarde ao Benfica. Se tivesse acontecido por altura da adolescência, talvez hoje fosse o jogador mais vezes utilizado num século de vida do clube, ainda que no seu tempo a carga competitiva apresentasse outra suavidade. De certo, estaria ao nível de Nené (577), Veloso (536) e Coluna (525), o tridente que ultrapassou o meio milhar de presenças. Na inauguração do Estádio da Antas, Moreira participou na histórica vitória (8-2) do Benfica. "Fiz um grande jogo", chegou a dizer, com alguma egolatria.

No último dia do mês de Maio de 1954, frente ao Sporting (4-2), na Tapadinha, acenou definitivamente, estava o argentino José Valdivieso na direcção técnica. Logo ficou de Moreira o sobrevir da memória.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Moreira (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 15 de Março de 2008, 08:30
José Carlos Mozer. Rio de Janeiro, Brasil. 19 de Setembro de 1960. Defesa.
Épocas no Benfica: 5 (87/89 e 92/95). Jogos: 160. Golos: 14. Títulos: 2 (Campeonato Nacional) e 1 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Campo Grande, Botafogo, Flamengo, Marselha e Kashima Antlers. Internacionalizações: Brasil.

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Equipa 1987/1988

Quase uma década após o seu abandono, ainda hoje os benfiquistas suspiram por Mozer. Tinha uma envergadura que metia respeito, uma pose de general inacessível, um estilo imperial, de quem-manda-aqui-sou-eu. Era o defesa-central que se aproximava da perfeição. Insuperável no jogo aéreo, eficiente no desarme à flor da relva, estimulava os companheiros, atemorizava os antagonistas. Era duro, contundente. Era directo, pragmático. Era o defesa que todos queriam ter. Era o defesa que o Benfica tinha.

José Carlos Nepomuceno Mozer chegou ao clube na maturidade dos 27 anos. Deixava rasto no Campo Grande, no Botafogo, mas sobretudo no Flamengo, clube que lhe deu visibilidade internacional. Dito, Oliveira, Edmundo e Samuel tinham sido até campeões nacionais, na época que antecedeu o ingresso do jogador carioca. Só que no Benfica vivia-se a ânsia de adquirir uma mais-valia com categoria inquestionável para o eixo da retaguarda. Mozer tinha já papel a desempenhar.

Não foi desmancha-prazeres. Em duas temporadas, fez 50 jogos no Nacional, com oito golos obtidos. Falhou o titulo na primeira tentativa, mas não desperdiçou à segunda, ao lado do seu compatriota Ricardo Gomes, constituindo provavelmente a melhor dupla mundial da época. Mesmo assim, ainda em 87/88, atingiu a final dos Campeões, a tal que teve em Veloso o infeliz membro da operação.

(http://aycu36.webshots.com/image/45515/2000903777271733148_rs.jpg) (http://aycu34.webshots.com/image/45073/2000914187626019953_rs.jpg)

A Europa estava a seus pés. O Benfica irresistiu à proposta do Marselha, de boa pinta financeira, e deu luz-verde à transferência. Seria substituído por Aldair, outro grande jogador, que apenas um ano permaneceria na Luz. Em França, Mozer continuou a cimentar prestigio. Por ironia, em 89/90, cruzou-se com o Benfica, naquela imperdível meia-final da Taça dos Campeões, que o Glorioso ganhou com a mão divina de... Vata.

Jamais esqueceu os encantos de Lisboa, a grandiosidade do clube, o fervor do público. À luz regressou, em 92/93. Com Vítor Paneira, Rui Costa, Paulo Sousa, Futre e João Pinto conquistou a Taça de Portugal, num verdadeiro recital de bola (5-2) frente ao Boavista. Voltou a saborear o titulo nacional em 93/94, numa época com inicio turbulento mas com final fantástico, destacando-se a vitória em Alvalade por 3-6. Concluiu a carreira na temporada seguinte, a primeira de uma longa angústia.

Com José Mourinho, durante três meses, em 2000/2001, integrou a equipa técnica do clube. Era o rosto da credibilidade, o certificado de garantia que o então debutante treinador precisava para desconfianças apartar.

Hoje, Mozer continua com o livro vermelho debaixo do braço. Com alma imensa.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Mozer
Mensagem de: Preacher em 15 de Março de 2008, 12:22
Um central dos bons velhos tempos. Um jogador brilhante.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Mozer
Mensagem de: SevenStars em 15 de Março de 2008, 19:13
Citação de: Preacher em 15 de Março de 2008, 12:22
Um central dos bons velhos tempos. Um jogador brilhante.

Sim, mas com um defeito que, da segunda passagem nos causou alguns dissabores, era as faltas junto à entrada da área.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Mozer
Mensagem de: ednilson em 15 de Março de 2008, 19:50
José António Conceição Neto. Montijo. 5 de Outubro de 1935-1999. Médio.
Épocas no Benfica: 8 (58/66). Jogos: 155. Golos: 6. Títulos: 4 (Campeonato Nacional), 3 (Taça de Portugal) e 2 (Taça dos Campeões).
Outros clubes: Montijo.

(http://aycu29.webshots.com/image/47828/2005969692258554554_rs.jpg)

(http://aycu36.webshots.com/image/46315/2006384424132687343_rs.jpg)
Equipa 1961/1962

Platão dizia sobre o atleta Academo que "não foi bom porque ganhou, foi um herói porque se esforçou". E poderia dizê-lo sobre Neto. Bicampeões como Germano, como Coluna, como José Augusto, como Águas, também Eusébio e Simões, eram bons porque venciam. Já Neto, como Saraiva, como Serra, era bom porque, menos talentoso, fazia trabalho também menos vistoso, menos empolgante, menos bonito, mas seguramente imprescindível. Por vezes, mais nobre até. Sempre assim foi, uns emprestam arte, outros emprestam nervo, na ambivalência de um colectivo.

Nasceu a 5 de Outubro de 1935, no dia em que se comemoravam as Bodas de Prata da Implantação da República. No Montijo, na margem sul, campo privilegiado de recrutamento dos interpretes para as galas benfiquistas. Chegou ao clube em 58/59, na quinta época consecutiva de Otto Glória. Perdeu o Campeonato em igualdade pontual com o FC Porto, mas logrou vencer a Taça de Portugal, já sob a orientação de José Valdivieso, perante o mesmo adversário, mercê do fulminante golo de Cavem, 15 segundos após o inicio da contenda. Era o seu primeiro triunfo.

No ano seguinte, após a viagem de Béla Guttmann, das Antas para a Luz, conquistou o Nacional, com apenas uma derrota, na última jornada, em casa, frente ao Belenenses. Nessa altura, mostrava-se um médio-direito robusto, galhardo, sustentáculo da valia defensiva na zona central do campo.

(http://aycu21.webshots.com/image/48860/2006327402328487548_rs.jpg)

Nas épocas (60/61 e 61/62) da glória suprema, Neto participou nas duas campanhas vitoriosas, apesar de só ter actuado na primeira final da Taça da Europa com o Barcelona (3-2), ainda sem Eusébio. Jogo comovente foi. Jogo superlativo. "Que raio de trabalho eu tive, acho que só não defendi com os dentes!", haveria de retrospectivar o guarda-redes Costa Pereira.

Neto continuou no Benfica até 65/66, mas já como pálido campeão. Na factura, apresenta 155 jogos, distribuídos por oito temporadas. Venceu quatro Campeonatos, três Taças de Portugal e duas Taças dos Campeões Europeus. Não chegou a ser internacional A, que os tempos eram de menor actividade da equipa das quinas e a concorrência ainda mais que forte.

Morreu no final da década de 90, senhor da sua banca de peixe no Montijo. Senhor também de um passado de respeito. O de Neto-que-não-era-artista. Tão ou mais importante, o de Neto-que-tinha-nervo-de-campeão.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Mozer
Mensagem de: Red skin em 15 de Março de 2008, 19:51
Citação de: Preacher em 15 de Março de 2008, 12:22
Um central dos bons velhos tempos. Um jogador brilhante.

Dos estrangeiros q passaram pelo Benfica penso q é ele quem mais sente o clube!!!
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Neto (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 16 de Março de 2008, 18:49
Tamagnini Gomes B. Nené. Leça da Palmeira. 20 de Novembro de 1949. Avançado.
Épocas no Benfica: 18 (68/86). Jogos: 577. Golos: 361. Títulos: 10 (Campeonato Nacional), 7 (Taça de Portugal) e 2 (Supertaça).
Outros clubes: Ferroviário da Manga. Internacionalizações: 66.

(http://aycu14.webshots.com/image/47773/2002705882232542001_rs.jpg)

(http://aycu22.webshots.com/image/48341/2002765759915857104_rs.jpg)
Equipa 1980/1981

Milhões de miúdos, de jovens, de mais graúdos, com as mais diversas origens e ao longo dos mais diferentes tempos, terão aspirado, aspiram ainda, a vestir o jersey do Benfica. Camisola mítica, familiar pelos quatros cantos do Planeta, quando muito e tão-só comparável à do Real Madrid, do Manchester United, do Bayern de Munique, da Juventus, do Boca Juniores ou do Flamengo, num curto desfile que, estudos sustentam, revela à sociedade os mais famosos e queridos emblemas internacionais, com falanges de aficionados espalhados pelos cinco Continentes.

De nome exótico, Tamagnini Nené, profissional exemplar de futebol, na verdade centenária do seu Benfica. Foi o que mais vezes a águia colocou ao peito. A sua contabilidade pessoal – como duvidar de um escravo da organização - , acusa 941 prestações.  Com jogos oficiais e particulares. Do dealbar júnior até à despedida. "Sinto-me um privilegiado. Afinal, foram tantos os jogadores a representar o Benfica e ser logo eu a ter a sorte de jogar mais vezes que todos os outros... Na minha infância ou já na juventude nunca me ocorreu que tal fosse possível. Agora, penso que se trata de um recorde dificilmente ultrapassável", precisa, com indisfarçável enleio.

Afinal, tudo começou com uma fotografia. A estampa veio no "Noticias da Beira". Era o garoto Nené, equipado com as cores do Ferroviário da Manga, em pose de futebolista. O pai, antigo jogador do Lusitano de Vila Real, crente nas potencialidades do filho, enviou o precioso documento para Lisboa, ao cuidado de Cavem, seu primo carnal, já figura grada da família vermelha, à custa de dois títulos europeus e de competições nacionais de-se-lhe-perder-a-conta.

O miúdo na altura encantava. Tinha apenas 15 anos e corria, corria que se fartava, a todos batendo em velocidade. Gostava de plasmar o jogo, daí que a opção fosse para o centro do terreno. Esse e outros atributos foram constatados in loco por um tal sr. Rodrigues, emissário benfiquista, alertado por um telefonema intercontinental, procedente da Rua do Jardim Regedor, tudo depois de, em boa hora, Cavem ter feito o trabalho que nem de sapa precisou ser.

(http://aycu14.webshots.com/image/46893/2002742061681062435_rs.jpg)

Só faltava fechar o negócio. Os dirigentes do clube moçambicano começaram por pedir 900 contos pela desobrigação contratual de Nené, à época com 17 anos. Uma fortuna! Objectou o Benfica, no limite foram oferecidos 300 contos, maquia já tida por expressiva. A nega dos homens da ex-colónia deixou a família de Nené com arrepios até à raiz dos cabelos. Só que não primando propriamente pelo rigor, os dirigentes do Ferroviário da Manga esqueceram-se de notificar o jogador, como os regulamentos exigiam, para a renovação do vinculo. Melhor era impossível, caída do céu, qual carta de alforria! O pai de Nené apressou-se a comunicar ao Benfica, o bilhete de avião chegaria num ápice, a ver navios ficaram os gulosos moçambicanos.

No dia do Entrudo, chegava a Lisboa, logo tomando a direcção da Calçada do Tojal. No Lar do Jogador conheceu caras novas e cedo encontrou Vítor Martins e Raul Águas os companheiros para maiores cumplicidades. No campo ficou entregue aos bons ofícios do mestre Ângelo. Época e meia fez como júnior, campeão nacional da categoria se sagrou, com o aditivo de ter marcado importante golo, na vitória sobre a Académica, por 2-1, mesmo por debaixo do majestático Castelo de Leiria.

Aquele que já havia sido laureado com o prémio de melhor júnior do ano, em Moçambique, não deixou de experimentar algumas dificuldades, até à afirmação plena na equipa principal do Benfica. Dois anos andou, entre os seniores, numa espécie de penumbra. Regularmente, actuava apenas na reserva, mais não tendo feito que uma vintena de jogos pela turma de honra. Jaime Graça, Toni, Eusébio, Torres, Artur Jorge ou Simões não pareciam desalojáveis do estatuto da titularidade.

Nené soube ser precatado. E se Otto Glória até não desdenhava do seu talento, rendido ficou Jimmy Hagan. O britânico passou a utilizá-lo a extremo-direito, com o propósito de optimizar a velocidade. A partir da segunda metade da temporada 70/71, Nené haveria de fixar-se, quase sempre com aquele "7" nas costas, número que viraria carismático pelas bandas da Luz.

Criou o hábito da vitória. No Campeonato, na Taça, nos jogos europeus, ao serviço da Selecção, cuja chamada não tardou, mesmo sem que soubesse que um dia seria o mais internacional dos jogadores portugueses. Na defesa das cores nacionais, no ano de 1972, altura em que foi eleito "Atleta do Ano", Nené participou na Minicopa, no Brasil. À final chegava Portugal, com uma das mais vermelhas equipas de sempre, na qual apenas os sportinguistas Peres e Dinis conquistariam o direito de se divertirem entre os benfiquistas.

(http://aycu34.webshots.com/image/45353/2002720011764512392_rs.jpg)

Ultrapassados os consulados de Hagan e de Pavic, com Cabrita de permeio, a época de 75/76 abre com novo líder na oficina encarnada. Mário Wilson descobre em Nené o killer intinct, como dizem os ingleses, susceptível dele fazer um ponta-de-lança. Desafio aceita e lá partiu o jogador, mais voraz que nunca, para o magistério do golo. "Ele é um fora-de-série indiscutível e discutido. Naturalmente frio como todo o jogador super-inteligente, Nené é um craque de explosões irresistíveis e de velocidade diabólica, para além de rematador fulminante de cabeça e com qualquer dos pés. Jogador de rara inteligência a actuar. É um criador exímio de espaços livres, um grande futebolista com e sem bola". O velho capitão Wilson dixit.

Também pela sua singularidade enquanto jogador, Nené fez crescer água na boca aos responsáveis de grandes equipas europeias. Se o Arsenal e o Anderlecht tentaram a sua sorte, entre muitos outros, o Real Madrid, em 72, esteve próximo de garantir o seu concurso. Valeu a intransigência do Benfica e o proibitivo pedido de Borges Coutinho, até mesmo para os normalmente abastados cofres madrilenos.

"Financeiramente, sempre fui pouco ambicioso, nunca me importei com o que os outros ganhavam, já que ganhei no Benfica aquilo que mereci, dentro das possibilidades do clube". Mesmo após ter ganho a Bola de Prata, em 80/81, muitos anos depois de ter vestido a camisola azul da Selecção da Europa, ao lado de Eusébio, Cruijff ou Facchetti.

No Glorioso, em jogos oficiais, Nené é o terceiro melhor marcador, a seguir a Eusébio, "o meu ídolo", e a José Águas. Nessa matéria, destaca como momentos apolíneos de uma carreira brilhante, os cinco golos que marcou ao Ajax, no Torneio de Paris, disputado no Parque dos Príncipes, para gáudio dos emigrantes, no fantástico triunfo, por 5-0. Ou os três que apontou ao FC Porto, numa final da Taça de Portugal, no Jamor, invariavelmente assistido pelo companheiro Shéu. Mas para alegria não só dos benfiquistas como dos devotos de outras cores, como não recordar o golo que marcou à Roménia, no Euro 84, garantia da qualificação de Portugal para as meias-finais do certame. Nesse jogo, a nove minutos do fim, com o então sportinguista Jordão e o portista Gomes em campo, foi Nené a fazer a despesa, ele que havia saltado do banco, como que persuadido da protecção dos deuses.

Aos quadros do Benfica pertence até hoje. Após abandonar a prática da modalidade, em 86, dedicou-se ao futebol juvenil do clube, ainda que tenha feito uma fugaz incursão nos seniores, coadjuvando Mário Wilson. Com propriedade se poderá dizer que o seu endereço é Avenida General Norton de Matos.

A prosa dedicada a Nené ficaria incompleta se olvidado fosse que conviveu sempre com o estigma de não sujar os calções. "Se não os sujava era porque achava que não precisava". E não mesmo. Ponto final.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Nené
Mensagem de: Bola7 em 17 de Março de 2008, 09:09
que dizer de Néné?...Grande!
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Nené
Mensagem de: ednilson em 17 de Março de 2008, 20:40
António M. Pacheco Domingos. Portimão. 1 de Dezembro de 1966. Avançado.
Épocas no Benfica: 6 (87/93). Jogos: 219. Golos: 48. Títulos: 2 (Campeonato Nacional), 1 (Taça de Portugal) e 1 (Supertaça).
Outros clubes: Torralta, Portimonense, Sporting, Reggiana, Santa Clara, Atlético e Estoril. Internacionalizações: 6.

(http://aycu10.webshots.com/image/49489/2004258822591444419_rs.jpg)

(http://aycu03.webshots.com/image/48442/2002318193271652533_rs.jpg)
Equipa 1990/1991

Com tradições à esquerda, de Rogério a Chalana, passando por Cavém e Simões, o Benfica deu-se mal com a talvez inevitável consequência do Europeu de 84, em França. O Pequeno Genial ingressou no Bordéus, após nove épocas da mais pura sedução. Com a orfandade de Chalana, o clube acolheu o jovem brasileiro Wando, descoberto em Braga, ainda que talentoso, anos-luz do habitual camisa dez. Foi assim durante três épocas (84/87), até ao retorno de Chalana, após longo sofrimento devido a uma lesão brutal, e ao ingresso de Pacheco, um menino algarvio, entretanto internacional nas categorias juvenis, a quem se antevia promissor futuro.

Nasceu em Dezembro de 1966, um ano louco do futebol português, duas exactas semanas antes da morte de Walt Disney, cujas criações bem o poderiam ter inspirado. Pacheco, ao longo dos anos, manteve sempre um toque juvenil. Porque? Pela irreverência, pelo inconformismo, pelo risco. Pelo ar gingão. Ziguezagueava à esquerda com semblante trocista, divertindo-se com a sua vasta gama de soluções técnicas. Apontou 47 golos, durante seis temporadas, no decorrer de 219 jogos. No momento do clímax, ele que não era propriamente um finalizador, apetecia-lhe levantar âncora. Que a tarefa estava cumprida e a festa sempre foi a melhor expressão da vida.

No início, naquele ano de 87, sofreu na alma a inclemência da massa associativa. O povo vermelho pedia Chalana, repruido na expectativa de mergulhar no sonho. Só que o jogador, menos diserto que outrora, vocação revelava para a zona central do terreno. A coexistência tornou-se possível. Com Chalana ao meio, Pacheco disparou na canhota, garantindo malabarismos dignos das melhores tradições da banda vermelha.

Venceu dois Campeonatos, uma Taça de Portugal e uma Supertaça. Por seis vezes, ouviu o hino, de quinas ao peito. Quando não era titular, quase fatalmente virava primeiro suplente utilizado. É que sacudia, emprestava dinamismo, era parte da solução.

Desertou no Verão de 93, alegando salários em atraso. Logo apelidado foi de trânsfuga, quando se deixou apresentar de verde e branco. Não passou de um renegado circunstancial. Hoje, é frequente (re)vê-lo pelos lados da Luz. Um tanto ao jeito do menino que, depois de abandonar, embirrento, a casa paterna, a ela regressa, desvanecendo-se com um pequeno afecto.


Acalmem-se...
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Pacheco (actualizado)
Mensagem de: Bola7 em 18 de Março de 2008, 09:38
O último verdadeiro extremo esquerdo...pena ter sido burro..arrependeu-se para sempre...
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Pacheco (actualizado)
Mensagem de: Preacher em 18 de Março de 2008, 09:51
Tinha 11 anos quando o Pacheco trocou Benfica pelo Sporting e lembro-me perfeitamente que custou-me muito mais a digerir que a fuga do Paulo Sousa.. Pacheco era quase um idolo, pelas suas correrias malucas ao longo da linha, pelas fintas e dibles estonteantes, pá, era rebeldia dentro de campo.

Agora com 25 anos, tás perdoado Pacheco!
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Pacheco (actualizado)
Mensagem de: pcssousa em 18 de Março de 2008, 10:16
Várias vezes já confessou Pacheco ter sido esse o seu maior erro e do qual se arrependia amargamente...
Só me custa a engolir é como é que ele benfiquista confesso desde sempre e para sempre, deixou o vigaro das águas, na conferência de imprensa da sua apresentação com a camisola dos derrotados verdes, dizer que ambos os jogadores estavam a cumprir um sonho ao vestir aquela imunda farda uma vez que toda a sua vida tinham sido lagartos... Realmente incompreensível...
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Pacheco (actualizado)
Mensagem de: Preacher em 18 de Março de 2008, 11:55
Citação de: pcssousa em 18 de Março de 2008, 10:16
Só me custa a engolir é como é que ele benfiquista confesso desde sempre e para sempre, deixou o vigaro das águas, na conferência de imprensa da sua apresentação com a camisola dos derrotados verdes, dizer que ambos os jogadores estavam a cumprir um sonho ao vestir aquela imunda farda uma vez que toda a sua vida tinham sido lagartos... Realmente incompreensível...

Vamos por partes:

1 - Cada um de nós deve pensar pela sua cabeça, portanto, o jogador devia ter pensado duas vezes;

2 - Nas conferências de imprensa e antes nos bastidores, existe claramente uma lavagem cerebral aos jogadores por partes dos dirigentes. É aqui e em todo o lado. ex: João Manuel Pinto;

3 - O próprio João Pinto no reporttv disse que aquela cena do contrato por objectivos foi showbiz, patrocinado pelo Vale e Azevedo, portanto, dá para ter ideia da pressão ao qual está sujeito o futebolista;

4 - Hoje e amanhã vão continuar a aparecer futebolistas a aparecer nas conferências de imprensa com tiradas dessas e outras;
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Pacheco (actualizado)
Mensagem de: pcssousa em 18 de Março de 2008, 12:35
A cabeça serve para pensar, não para usar cabelo ou boné... é por ter um cérebro preguiçoso é que certas pessoas nunca hão-de passar da cepa torta quando têm tudo para serem enormes...
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Pacheco (actualizado)
Mensagem de: Pedro Neto em 18 de Março de 2008, 17:12
O Pacheco era genial.
Agora já aprendeu com o erro, a carreira terminou quando foi para o Sporting.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Pacheco (actualizado)
Mensagem de: .:VMPT:. em 18 de Março de 2008, 17:53
Só agora é que tenho a oportunidade de te dar os parabéns Ednilson...

Só um reparo aos que comentaram o Pacheco, ele  tinha uma costela sportinguista, ele afirmou isso num programa da TVI à uns anos, era o "sem bola" em que falava da vida dos jogadores....

Eu tenho esse vídeo como tenho de mais jogadores, J. Pinto, Domingos, Sá Pinto, Abel Xavier, Dominguez, etc... por isso posso confirmar o que digo...

Ele conta uma historia em que está a ouvir um Benfica Sporting e o Benfica marca um golo, o Avo que é um grande Benfiquista diz: "é golo do Benfica" e o Miúdo Pacheco diz: "Não, é do Sporting", e ele confessa que torcia desde pequenino pelo Sporting, talvez para chatear o avo, e o avo diz que a grande desilusão da vida dele foi o Pacheco ir para o Sporting, mas como foi ganhar mais "cacau" compreendeu... Estas são rigorosamente as palavras do Avo e do Pacheco...

Se não tivesse isto em VHS colocava aqui, pq já sei o que a casa gasta...

Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Pacheco (actualizado)
Mensagem de: KATAMARAN em 18 de Março de 2008, 18:08
Pacheco ? ah ah ah, foi muito justo o seu final de carreira e até lhe pedi pior ' como praga de Alvõr'. Pacheco hoje vive como um cidadão normal na cidade de Portimão com alguns negócios falhados e um (bar na Marina de Lagos o 'Amuras'). Tem-se vindo a aproximar da estrutura do clube mas na minha opinião não merece nem justifica qualquer atenção , ou melhor merece o meu desprezo e repúdio pois não esqueço a sua postura para com quem o lançou no mundo do futebol. A sua cara de gozo na companhia da osga Sousa Cintra bem perto da minha cara anda hoje a vomito. Nunca o cumprimentei e nem cumprimento e vejo-o quase diariamente. Além disso quem mal tratou o pobre desgraçado do pai ( falecido) não me merece mais do que isto: escárnio? O actual Presidente do Portimonense ( migrante bimbo e porkista) teve participação na ofensa que fez ao SLB. Lixo com este cajo
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Pacheco (actualizado)
Mensagem de: KATAMARAN em 18 de Março de 2008, 18:32
Citação de: hacker_4_fun em 18 de Março de 2008, 17:53
Só agora é que tenho a oportunidade de te dar os parabéns Ednilson...

Só um reparo aos que comentaram o Pacheco, ele  tinha uma costela sportinguista, ele afirmou isso num programa da TVI à uns anos, era o "sem bola" em que falava da vida dos jogadores....

Eu tenho esse vídeo como tenho de mais jogadores, J. Pinto, Domingos, Sá Pinto, Abel Xavier, Dominguez, etc... por isso posso confirmar o que digo...

Ele conta uma historia em que está a ouvir um Benfica Sporting e o Benfica marca um golo, o Avo que é um grande Benfiquista diz: "é golo do Benfica" e o Miúdo Pacheco diz: "Não, é do Sporting", e ele confessa que torcia desde pequenino pelo Sporting, talvez para chatear o avo, e o avo diz que a grande desilusão da vida dele foi o Pacheco ir para o Sporting, mas como foi ganhar mais "cacau" compreendeu... Estas são rigorosamente as palavras do Avo e do Pacheco...

Se não tivesse isto em VHS colocava aqui, pq já sei o que a casa gasta...



Não é necessário o que afirmas-te é completamente verdade, eu conheço este farsante, somos da mesma cidade e da mesma rua, portanto nada a esconder. João Moutinho é que foi pena era um doido pelo Benfica como toda a familia e falo do que conheço
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Pacheco (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 18 de Março de 2008, 20:13
Francisco L. Palmeiro Rodrigues. Arronches. 16 de Outubro de 1932. Avançado.
Épocas no Benfica: 8 (53/61). Jogos: 117. Golos: 36. Títulos: 3 (Campeonato Nacional) e 3 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Arronches. Internacionalizações: 3.

(http://aycu33.webshots.com/image/49432/2002196572347056847_rs.jpg)

(http://aycu30.webshots.com/image/48349/2002160889258638045_rs.jpg)
Equipa 1959/1960

Por causa de Aljubarrota, das fronteiras e de outras demandas, secular é a rivalidade luso-espanhola. A 3 de Junho de 1956, a táctica não era a do quadrado, antes o WM. Francisco Palmeiro apontou, com as cores nacionais, um hat-trick à Espanha, no triunfo por 3-1. Na época seguinte, sem embargo da derrota, haveria de marcar o primeiro golo europeu do Benfica, ante o Sevilha (1-3), na primeira eliminatória da edição de 57/58 da Taça dos Campeões. Assim se fez também destacado hermano da confraria vermelha.

Palmeiro respirava benfiquismo desde a nascença. Do Arronches, clube natal, deu o salto de gigante. Tinha 21 anos quando se guindou à equipa de honra, por indicação de Ribeiro dos Reis, numa partida confraternal perante o Independente de Buenos Aires. Era por essa altura interior-esquerdo, mas Otto Glória fixou-o a extremo no mesmo quadrante, ainda que mais vezes viesse a jogar à direita.

Dotado de grande capacidade nas mudanças de velocidade, rápido na execução, caracterizava-se também pela perícia nas frequentes diagonais. De marcação difícil, inquietude aos adversários suscitava. Venceu três Campeonatos e outras tantas Taças de Portugal, em oito anos de exercício benfiquista. Começou com Rogério, Félix, José Águas, Arsénio, Ângelo e Caiado. Recepcionou Coluna, Costa Pereira, Cavém, José Augusto, Germano, Cruz e... Eusébio. Ainda pertencia aos quadros do clube na época 60/61, a quando da primeira grande conquista europeia. Não participou já na campanha, eram outros os tempos, interditas as substituições. "Claro que sinto mágoa por não ter sido campeão da Europa, seria como fechar a carreira com chave de ouro". É verdade.

Realizou 117 jogos oficiais com o emblema da águia, valorizados também por 36 remates bem sucedidos. Muitos outros fez em desafios particulares, ainda que um deles tivesse um sabor especial. Foi a 1 de Dezembro de 1954, na inauguração do antigo Estádio da Luz, num cartaz ao qual se associou o FC Porto. Efusivamente saudado foi esse primeiro de largas centenas de momentos transcendentes que a velha Catedral acabou por conhecer em meio século de vida.

Francisco Palmeiro adoptou a perspicácia, o inopinado e a destreza, no ritmo crescente da sua abordagem mental e táctica. Jamais dispersou o talento. E assim enriqueceu o manual dos melhores jogadores do Benfica.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Palmeiro
Mensagem de: Nuno Lino em 18 de Março de 2008, 20:56
grande trabalho ednilson... :bow2: :bow2: :bow2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Palmeiro
Mensagem de: LuigiSLB83 em 19 de Março de 2008, 01:10
Citação de: nuno lino em 18 de Março de 2008, 20:56
grande trabalho ednilson... :bow2: :bow2: :bow2:

:bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Palmeiro
Mensagem de: pcssousa em 19 de Março de 2008, 10:11
Se é como dizem o Katamaran e o Hacker então o Pacheco é mesmo um nojo de pessoa! é que eu também tenho imagens com ele a a firmar que sempre foi do Benfica e até bem recentes, da altura do Benfica-Sporting da última época isto da TVI! afinal é mesmo uma pessoa sem carácter...
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Palmeiro
Mensagem de: .:VMPT:. em 19 de Março de 2008, 12:03
Citação de: pcssousa em 19 de Março de 2008, 10:11
Se é como dizem o Katamaran e o Hacker então o Pacheco é mesmo um nojo de pessoa! é que eu também tenho imagens com ele a a firmar que sempre foi do Benfica e até bem recentes, da altura do Benfica-Sporting da última época isto da TVI! afinal é mesmo uma pessoa sem carácter...

Garanto-te que o que eu disse é verdade, pq tenho isso gravado em casa...
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Palmeiro
Mensagem de: Bola7 em 19 de Março de 2008, 15:35
xiu...deixem o Ednilson postar... >:(
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Palmeiro
Mensagem de: .:VMPT:. em 19 de Março de 2008, 17:09
Citação de: Bola7 em 19 de Março de 2008, 15:35
xiu...deixem o Ednilson postar... >:(

Peço desculpa...

Ednilson vais postar jogadores que jogam actualmente no Benfica?

Refiro-me aos casos do Nuno Gomes, Petit e Luisão....
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Palmeiro
Mensagem de: 46Rossi em 19 de Março de 2008, 17:28
Citação de: hacker_4_fun em 19 de Março de 2008, 17:09
Citação de: Bola7 em 19 de Março de 2008, 15:35
xiu...deixem o Ednilson postar... >:(

Peço desculpa...

Ednilson vais postar jogadores que jogam actualmente no Benfica?

Refiro-me aos casos do Nuno Gomes, Petit e Luisão....

Não me parece que fassam parte do livro Memorial Benfica, 100 Glórias... mas também posso estar enganado...
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Palmeiro
Mensagem de: Covenant em 19 de Março de 2008, 18:43
Penso que o Nuno Gomes está. O0
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Palmeiro
Mensagem de: ednilson em 19 de Março de 2008, 22:30
Paulo Jorge dos Santos Futre. Montijo. 28 de Fevereiro de 1966. Avançado.
Épocas no Benfica: 1 (92/93). Jogos: 13. Golos: 5. Títulos: 1 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Sporting, FC Porto, Sporting, Atlético de Madrid, Marselha, Reggiana, Milan, West Ham e Yokoama Flugels. Internacionalizações: 41.

(http://aycu22.webshots.com/image/48581/2005826467629582337_rs.jpg)

(http://aycu30.webshots.com/image/49629/2005857379117645948_rs.jpg)
Equipa 1992/1993

Um grito (permanente) de revolta. Assim parecia Paulo Futre. Em campo, anti-sistema. Um desalinhado. Tinha a intuição por código, por cartilha a magia. Incoercível. Desarrumava a rigidez táctica, violava a proibição do risco, gozava os esquemas standardizados, Paulo Futre vivia no futebol a liberdade. E emprestava-lhe sentido. Do pai herdou o gosto pela bola. Com 11 anos apenas, em Alvalade, num torneio da Direcção Geral dos Desportos, toques sensórios tiraram-no do anonimato. Destacou-se nas equipas juvenis do Sporting, a sénior chegou, com Manuel Fernandes e Rui Jordão. No dia 21 de Setembro de 1983, em pleno palco dos leões, substituiu Jaime Pacheco, ao minuto 58, do Portugal-Finlândia, transformando-se no mais jovem internacional de sempre do nosso universo. Polémica transferência conduziu Futre ao FC Porto e ao reconhecimento cabal. Campeão nacional e europeu se fez. Seguiu-se o Atlético de Madrid, na condição de ídolo colchonero, somando duas taças do Rei ao palmarés, uma das quais recebida das mãos de D. Juan Carlos, que o felicitou em português.

A 18 de Janeiro de 1993, data de aniversário da revolta operária da Marinha Grande, a revolta também do genial Paulo Futre. O clube espanhol, ao fim de quase seis ininterruptas temporadas, embargava-lhe agora a alma. Ansioso por encontrar um novo patamar competitivo, aceitou verbalmente o principio de acordo com o Sporting. Só que o Benfica, na presidência de Jorge de Brito, atacou mais forte para garantir o concurso daquele que era o melhor jogador português da época. A 25 de Janeiro, Paulo Futre ingressava no maior clube nacional. Era dia de anos do rei Eusébio. Dia de festa no santuário vermelho.

(http://aycu09.webshots.com/image/49248/2005874624836842219_rs.jpg) (http://aycu03.webshots.com/image/46882/2005839388076529475_rs.jpg)

"Nunca perdi com a camisola do Benfica", recorda. Foram cinco meses, 13 jogos e cinco golos, num curto registo, com destaque para a vitória frente ao arqui-rival Sporting, na Luz, com um tento único da sua autoria. Mas o vendaval Futre sacudiu como nunca os adeptos benfiquistas naquela mágica exibição na final da Taça de Portugal (5-2), perante o Boavista. No Jamor, o esquerdino esteve perfeito. Irisou o jogo. Era fúria e talento. Era sensualidade. "Eu show Futre" virou o mais conseguido titulo daquela récita rubra.

O destino não quis que o atleta continuasse adscrito aos quadros do clube. Foi uma das gravosas consequências da crise financeira do Verão de 93. O quinteto de luxo desfazia-se. Só na Selecção Nacional seria possível rever Vítor Paneira, Paulo Sousa, Rui Costa, João Vieira Pinto e Paulo Futre. Transferiu-se para Marselha. Seguiu-se o AC Milan e o titulo de campeão de Itália. Outros emblemas ainda, já no lusco-fusco da carreira. Num século de vida, terá sido um dos melhores jogadores do Benfica, ainda que, concomitantemente, dos que menos vezes actuaram. À história encarnada ficaram a faltar mais estórias de Futre. É que dele, tal como ao chorar o toureiro, bem poderia dizer Frederico Garcia Lorca: "tardará mucho tiempo en náscer, si es que nasce".
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Palmeiro
Mensagem de: .:VMPT:. em 19 de Março de 2008, 22:56
Citação de: 46Rossi em 19 de Março de 2008, 17:28
Citação de: hacker_4_fun em 19 de Março de 2008, 17:09
Citação de: Bola7 em 19 de Março de 2008, 15:35
xiu...deixem o Ednilson postar... >:(

Peço desculpa...

Ednilson vais postar jogadores que jogam actualmente no Benfica?

Refiro-me aos casos do Nuno Gomes, Petit e Luisão....

Não me parece que fassam parte do livro Memorial Benfica, 100 Glórias... mas também posso estar enganado...

Se o Futre está, pq não estão eles?

Têm mais jogos, mais golos, mais títulos...

Mas isso não interessa....

Como disse o Bola, este tópico é do Ednilson e é para postar as glorias...

Cumprimentos
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Palmeiro
Mensagem de: NoDeviL em 20 de Março de 2008, 01:58
Citação de: LuigiSLB83 em 19 de Março de 2008, 01:10
Citação de: nuno lino em 18 de Março de 2008, 20:56
grande trabalho ednilson... :bow2: :bow2: :bow2:

:bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2:

:bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2:
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Paulo Futre (actualizado)
Mensagem de: Preacher em 20 de Março de 2008, 12:41
Com o quinteto de luxo na temporada de 93/94 a taça das taças não teria fugido.

Exibição de sonho naquela final do Jamor, na qual, o Benfica praticou do melhor futebol visto nos últimos 20 anos.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Paulo Futre (actualizado)
Mensagem de: Red skin em 20 de Março de 2008, 12:43
Futre?? Glória do Benfica?
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Palmeiro
Mensagem de: Covenant em 20 de Março de 2008, 14:10
Citação de: hacker_4_fun em 19 de Março de 2008, 22:56
Citação de: 46Rossi em 19 de Março de 2008, 17:28
Citação de: hacker_4_fun em 19 de Março de 2008, 17:09
Citação de: Bola7 em 19 de Março de 2008, 15:35
xiu...deixem o Ednilson postar... >:(

Peço desculpa...

Ednilson vais postar jogadores que jogam actualmente no Benfica?

Refiro-me aos casos do Nuno Gomes, Petit e Luisão....

Não me parece que fassam parte do livro Memorial Benfica, 100 Glórias... mas também posso estar enganado...

Se o Futre está, pq não estão eles?

Têm mais jogos, mais golos, mais títulos...

Mas isso não interessa....

Como disse o Bola, este tópico é do Ednilson e é para postar as glorias...

Cumprimentos

Do Ednilson e do Malheiro. :P
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Paulo Futre (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 20 de Março de 2008, 20:21
Paulo Manuel Carvalho Sousa. Viseu. 30 de Agosto de 1970. Médio.
Épocas no Benfica: 4 (89/93). Jogos: 112. Golos: 2. Títulos: 1 (Campeonato Nacional) e 1 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Sporting, Juventus, Borussia de Dortmund, Inter, Parma, Panathinaikos e Español. Internacionalizações: 52.

(http://aycu08.webshots.com/image/47887/2005822630189787319_rs.jpg)

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Equipa 1992/1993


Com o advento da democracia, nem por isso, ainda hoje, muitas organizações deixam de sacudir das suas histórias oficiais aqueles que, por bons ou maus motivos, com elas litigam, acabando por, ruptura consumada, se abrigar noutras paragens, até nas mais indesejadas. É assim no desporto, é assim na politica, é assim na vida. Mas não é, não deve ser, num clube diferente, de arreigada cultura democrática. No Benfica haverá com certeza memória, mas mais ainda respeito pelo história, pelos seus protagonistas.

Quando Paulo Sousa, em plena crise económico-financeira, no Verão de 93, desertou ao rescindir unilateralmente o seu vinculo contratual, a condenação do universo benfiquista roçou a unanimidade. Talvez merecesse a pena saber-se quem esteve por detrás dessa atitude, afinal interpretada por um jovem de apenas 23 anos de idade. Seja como for, mais jovem ainda, em plena puberdade, mesmo que a paixão rubra não o alienasse, Paulo Sousa, oriundo de Viseu, foi instalado no Lar do Jogador do Benfica. Logo se destacou nos escalões juvenis, com títulos e honrarias, sendo a conquista do Mundial de Juniores, na Arábia Saudita, no ano de 89, a consagração máxima.

No ano seguinte, Eriksson regressou ao Benfica e de pronto se entusiasmou com as qualidade dos jovem praticante. Num elenco luxuoso, Paulo Sousa teve naturais dificuldades para se afirmar, mas na época imediata (90/91) garantiu a titularidade e ajudou à conquista do ceptro nacional. Era já um jogador de ritmo constante, de surpreendente dinâmica, com uma cultura táctica iniludível.

(http://aycu16.webshots.com/image/48495/2005804374265912060_rs.jpg) (http://aycu10.webshots.com/image/49809/2005809192502533654_rs.jpg)

A sua mentalidade hipercompetitiva ficou bem patente naquele Boavista-Benfica (2-3), quando nos últimos 15 minutos calçou as luvas e defendeu a baliza, após a expulsão de Neno, só não a mantendo inviolável, porque nem os melhores guarda-redes são habitués a deter penaltis. Foi no ano da sua última época de encarnado. Frente ao mesmo Boavista, na final da Taça, despediu-se com um esclarecedor (5-2) triunfo. "Nunca, no Benfica, andei a enganar o clube. Dediquei-me, lutei, esforcei-me. O problema de muitos clubes e também do Benfica é que existem pessoas hipócritas e mentirosas". Foi o que disse na hora de assinar o testamento vermelho.

Partiu para Alvalade, onde apenas jogou um ano. Seguiram-se Itália e Alemanha, no apogeu da carreira, com dois títulos consecutivos de campeão da Europa. Entretanto, o Benfica haveria de ser ressarcido, ao receber 650 mil contos, após longa pugna jurídica. Recentemente, esteve próximo, muito próximo de voltar à Luz. Iria, por certo, dividir as hostes. Talvez tenha imperado o bem senso. O mesmo bom senso que há anos faltou, mais a outros que a ele, para que Paulo Sousa fosse, hoje ainda, um dos filhos mais queridos da família benfiquista.

Controlem-se...
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Paulo Sousa (actualizado)
Mensagem de: Red skin em 20 de Março de 2008, 20:26
N era um grande jogador ao principio, mas a sua mentalidade competitiva e ambiciosa tornaram-no num dos melhores jogadores da Geração de Ouro composta principalmente por Baía, Couto, Rui Costa, Figo e JVP.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Paulo Sousa (actualizado)
Mensagem de: Bakero em 20 de Março de 2008, 22:29
Não concordo que Paulo Sousa mereça estar nessa lista, pelo que nos fez. Aliás, ainda hoje me irrita quando ele aparece todo engravatadinho e com um ar tão "adulto", quando devia ter vergonha na cara por ter cuspido em quem lhe formou como homem e como jogador.

Quanto a qualidade, acho que foi dos melhores médios defensivos que alguma vez vi.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Paulo Sousa (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 21 de Março de 2008, 18:58
Minervino José Lopes Pietra. Lisboa. 1 de Março de 1954. Defesa.
Épocas no Benfica: 10 (76/86). Jogos: 314. Golos: 26. Títulos: 4 (Campeonato Nacional), 5 (Taça de Portugal) e 2 (Supertaça).
Outros clubes: Belenenses. Internacionalizações: 28.

(http://aycu24.webshots.com/image/46703/2003468974377546826_rs.jpg)

(http://aycu36.webshots.com/image/49635/2003464079941267152_rs.jpg)
Equipa 1981/1982

Era o Minervas para os companheiros de equipa. Talvez fizesse mais sentido que o fosse para os adversários. É que os enervava a valer. Pela sua pose, sempre de cabeça levantada. Pela sua técnica, colando a bola aos pés. Pela sua velocidade, galgando espaços amplos. Pela sua tenacidade, incapaz de fazer gazeta. Minervino Pietra não era um jogador naif. Pietra era um jogador de eleição. Que adorava desafios. Para vencer.

Ganhou expressão e tarimba no Belenenses. Esteve na equipa de Scopelli que foi vice-campeã nacional, em 72/73, a 18 pontos de distância do Benfica. Chegou, meritoriamente, a internacional A. Na Luz, a partir de 76/77, com John Mortimore, disparou para campanhas fulgurantes. Deve ter actuado em todas as posições, com excepção de ponta-de-lança ou de guarda-redes, tão vincada era a sua polivalência e beneficiado pelo facto de ser ambidextro.

No seu tempo, o Benfica não hegemonizava já se forma absoluta o futebol português. Daí que a tarefa fosse mais ingente ainda. Pietra saiu-se bem. Numa década exacta em tons de vermelho, ganhou quatro Campeonatos, cinco Taças e duas Supertaças, ultrapassando as três centenas de jogos oficiais. Enquanto isso, na Selecção, evoluiu em 28 circunstâncias, lamentando-se "por não ter ido ao Europeu de França, numa altura em que estava com as faculdades intactas" e muita experiência acumulada.

Porque os palcos europeus foram outros, de Pietra fica a grata recordação de uma eliminatória da Taça dos Campeões, em 77/78, frente ao B 1903 Copenhaga. O Benfica venceu as duas mãos pelo mesmo resultado (1-0). Os golos, esses, foram ambos assinados por Pietra. Também participou na espectacular campanha da Taça UEFA, em 82/83. Fez o pleno, 12 jogos foram. Ficou o amargo de boca, frente ao Anderlecht, vencedor da competição.

Concluiu a carreira, em Abril de 1986, num jogo com o Belenenses, no Restelo. Viu o cartão vermelho na partida, talvez crispado por ter chegado ao fim da rota. Nesse dia, cresceu-lhe como por encanto a alma benfiquista.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Pietra
Mensagem de: ednilson em 22 de Março de 2008, 18:44
Karel Poborsky. Jindinchuv/Hadec, República Checa. 30 de Março de 1972. Avançado.
Épocas no Benfica: 4 (1997/2001). Jogos: 112. Golos: 17. Outros clubes: Budejovice, V. Zizkov, Slavia Praga, Manchester United, Lazio e Sparta Praga. Internacionalizações: República Checa.

(http://aycu17.webshots.com/image/46856/2004484077915243901_rs.jpg)

(http://aycu12.webshots.com/image/50131/2004413767663001758_rs.jpg)
Equipa 1999/2000

A seu respeito, espera a família benfiquista que tenha sido o último dos abencerragens. O último dos grandes jogadores que, sarcasticamente, nada ganharam no clube. Karel Poborsky participou em quatro temporadas de luto competitivo. Mesmo com aqueles pés chamejantes. Mesmo com aquele jeito de máquina de costura, do tempo das avozinhas, mas dotada de inteligência, com que furava o pano defensivo dos oponentes. No seu ar de artista, combinação de jogador efusivo e profano, parecendo dizer, tal como um dia Michael Laudrup, que "no futebol não há nada pior do que correr atrás de uma bola". Com ela, então sim, tínhamos homem.

Poborsky havia entrado, em 1996, para a história do futebol português. Melhor, para a contra-história. Com aquele chapéu de aba larga, trocista, que liquidou Vítor Baia e as esperanças de Portugal no Euro da Inglaterra. A mal da Nação. A bem da sua República Checa, cujas cores defendeu ao longo dos anos, através de grandes desempenhos, atingindo a excelsitude da centena de internacionalizações.

(http://aycu10.webshots.com/image/49049/2004470658293943395_rs.jpg)

Proveniente do Manchester United, chegou ao Benfica, na presidência de João Vale e Azevedo, decorria a época de 96/97. Na mesma semana, quase sem se treinar, apresentou-se na Antas, frente ao FC Porto. Perdeu o Benfica (2-0), mas o treinador Graeme Souness ficou agradado e o checo tornou-se num dos inapeáveis do onze. Ainda na primeira temporada, já em plena segunda volta do Campeonato, participou com golos nos triunfos perante o Sporting e o FC Porto, dando mostras de uma especial queda para as jornadas mais mediáticas.

Fez 112 encontros com a camisola garrida, apontando 17 tentos. Depois de Souness, trabalhou sob o comando de Shéu, Jupp Heynckes, José Mourinho e Toni. Em ano de final de contrato, despediu-se no Algarve, num embate da Taça de Portugal, com o Louletano. Três dias tinha apenas o novo século.

(http://aycu33.webshots.com/image/50072/2004459746811754534_rs.jpg) (http://aycu18.webshots.com/image/47577/2004477330625659679_rs.jpg)

Karel Poborsky chegou a ser a imagem de marca do Benfica. Exemplo da qualidade, virtuosismo. Os adeptos dele se enamoraram, imputando-lhe a responsabilidade de construir a diferença. Por norma, não defraudou. Pena que o edifício colectivo acusasse insuficiências várias. Por isso, no Benfica só espreitou à janela do sucesso, que para mais não davam os frágeis alicerces. Assim percorreu sem glória a estrada vermelha, mas numa condução que deixou resquícios de beleza.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Poborsky (actualizado)
Mensagem de: Covenant em 22 de Março de 2008, 20:06
Karel... Que jogador! :drool:
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Poborsky (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 23 de Março de 2008, 19:11
Michel G. J. G. Preud'homme. Ougrée, Bélgica. 24 de Janeiro de 1959. Guarda-redes.
Épocas no Benfica: 5 (94/99). Jogos: 199. Títulos: 1 (Taça de Portugal).
Outros clubes: S. Liège e Malines. Internacionalizações: Bélgica.

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Equipa 1995/1996

No calendário benfiquista, 1 de Julho de 1978 significa o corte com a mais conhecida das suas tradições. Em reunião magna, agendada para o efeito, os associados autorizaram, maioritariamente, a contratação de jogadores estrangeiros para a equipa de futebol. É que encerrado estava o trânsito das ex-colónias, com a consequente perda da liderança. O brasileiro Jorge Gomes abriria espaço a um vasto contingente. Michel Preud'homme, por sua vez, foi o primeiro guarda-redes estrangeiro do Benfica.

Na pré-época de 1994, laureado com o titulo de melhor guardião do Mundial dos Estados Unidos, o prémio Yashin, doado pela FIFA, o belga chega a Lisboa, ingressando na equipa de Artur Jorge, campeão nacional da pretérita temporada. Tinha 35 anos, factor que gerou alguma controvérsia, mas que o tempo se encarregou de corrigir. Num ápice, Preud'homme virou o mais-que-tudo do universo benfiquista.

(http://aycu12.webshots.com/image/49931/2006293848667363621_rs.jpg)

Era um guarda-redes fenomenal. Com tarimba, escola, dominava altos e baixos, o céu e a terra, exibindo tenazes que íman pareciam esconder por dentro das luvas. Elástico também, de reflexos ultra-apurados. Mais parecia um certificado de segurança. Terá ingressado no Benfica fora de horas. O colectivo, com algumas excepções, não estava na sua bitola. Momento houve confrangedores, que quase só ele conseguia disfarçar.

Preud'homme, em cinco temporadas, disputou 199 jogos oficiais, consentindo 184 golos. Apenas garantindo um titulo, a vitória na Taça de Portugal, versão 95/96. Com Calado, Hélder, Ricardo Gomes, Dimas, Valdo, Paulo Bento, Bruno Caíres, Kenedy, João Pinto e Mauro Airez. Foi naquela vitória (3-1) sobre o rival Sporting, manchada pela morte de um jovem adepto leonino, atingido por um estúpido very light.

(http://aycu39.webshots.com/image/48558/2001435150048491099_rs.jpg) (http://aycu08.webshots.com/image/49247/2001483368556714615_rs.jpg)

Com 40 anos e carisma a rodos, Michel Preud'homme escolheu o Benfica para selar a carreira, após ter representado o Standard Liège e o Malines, somando 58 internacionalizações com o uniforme da equipa nacional belga. Na Luz, onde trabalhou durante mais alguns meses, deixou marca inestimável. Recordado será para sempre.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Poborsky (actualizado)
Mensagem de: Red skin em 23 de Março de 2008, 19:12
Saint-Michel... o melhor GR q já vi actuar!!!!! E jogava no glorioso!!!!!  :clap1:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Preud'homme
Mensagem de: Preacher em 24 de Março de 2008, 09:44
Eu estive no jogo de despedida contra o Bayern. Estou perfeitamente recordado do estádio em pé a aplaudir a volta que ele deu ao estádio. Infelizmente, também estou lembrado das frangas que o Bossio deu nesse jogo  ;D
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Preud'homme
Mensagem de: Dandy em 24 de Março de 2008, 15:41
Citação de: Preacher em 24 de Março de 2008, 09:44
Eu estive no jogo de despedida contra o Bayern. Estou perfeitamente recordado do estádio em pé a aplaudir a volta que ele deu ao estádio. Infelizmente, também estou lembrado das frangas que o Bossio deu nesse jogo  ;D


   Saberias dizer-me, por favor, qual foi o resultado desse jogo? Obrigado... :)

   Será que a ficha do encontro está disponível no arquivo?  ::)


Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Preud'homme
Mensagem de: VanBasten em 24 de Março de 2008, 15:54
Benfica 1-2 Bayern

Golo do Chano, livre directo à entrada da area.

O jogo não deve estar disponivel, porque foi um particular de apresentação aos sócios.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Preud'homme
Mensagem de: Dandy em 24 de Março de 2008, 17:11
Citação de: VanBasten em 24 de Março de 2008, 15:54
Benfica 1-2 Bayern

Golo do Chano, livre directo à entrada da area.

O jogo não deve estar disponivel, porque foi um particular de apresentação aos sócios.


   Muito obrigado.    O0

   Nunca, na História do clube, derrotámos o Bayern...nem mesmo em particulares. E temos levado com cada goleada no Olímpico de Munique... :ashamed:

   Veremos se no "Allianz Arena" a balança inicia nova orientação.

   "Um novo ciclo"... ;)




Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Preud'homme
Mensagem de: ednilson em 24 de Março de 2008, 21:28
Raul Soares Figueiredo. Lisboa. 22 de Janeiro de 1903-1941. Médio.
Épocas no Benfica: 2 (26/28). Jogos: 34. Golos: 4.
Outros clubes: Olhanense e Académico do Porto. Internacionalizações: 17.

(http://aycu09.webshots.com/image/49448/2000068038771588035_rs.jpg)

(http://aycu21.webshots.com/image/46740/2000062856159077011_rs.jpg)
Equipa 1927/1928

Definitivamente, Tamanqueiro não é alcunha de jogador de futebol. Quanto muito atribuível a algum desajeitado, a algum tosco. Nunca por nunca a Raul Figueiredo, o Tamanqueiro, menção talvez ao uso de tamancos, tão em voga nos anos 20, anos de penúria, anos de indigência. Como que desmentindo o impropério, foi um dos grandes jogadores, para alguns estudiosos o melhor jogador português da sua geração.

No Olhanense, era o contra-regra da famosa equipa que venceu o Campeonato de Portugal, em 1924. Era homem-de-sete-instrumentos. Marcava livres, cantos e penaltis. Jogava a defesa, a médio, a avançado. Jogava muito. Jogava sempre. Era o dono da bola.

A expedição vermelha durou três anos. De 1925 a 1928. Com Vítor Gonçalves, Vítor Hugo, Eugénio Salvador. Já nas Amoreiras, o novo repositório do orgulho benfiquista. Após curso intensivo, com disciplinas múltiplas e estágios vários, especializou-se a médio. A posição rimava com ele. Estava no centro nevrálgico, comandava as operações.

"Era um jogador de improvisos, de imprevistos. Fazia de tudo um pouco e... bem. Defendia com segurança, atacava com firmeza, rematava com pujança. Era um futebolista de inspiração: 90% de inspiração, 10% de conhecimentos adquiridos". Fica o retrato, rubricado por Alfredo Farinha.

Raul Figueiredo foi 17 vezes internacional, em nove das ocasiões representando o Benfica. Notável para a época, já que os compromissos internacionais eram muito espaçados no tempo. Participou no primeiro triunfo das cores nacionais, perante a Itália, a 18 de Junho de 1925. Na condição de património benfiquista, presença marcou nos Jogos Olímpicos de Amesterdão, em 1928. Teve ensejo de exibir a sua prodigiosa intuição. Estava ali o anúncio do novo jogador, do jogador do futuro.

Mergulhado no desassossego, Tamanqueiro optou por regressar ao Algarve, na defesa reiterada da divisa do Olhanense. Ainda jogou na capital nortenha, no Académico do Porto. Morreu, brutalmente, com uma doença incurável, nem tinha sequer 40 anos de vida.

Apagava-se o tornado. Misto de generosidade e audácia. Fez-se meia-luz. Sobrevivem os registos. Sobrevivem, melhor ainda, para uns quantos, só que cada vez menos. Para que conste, Raul Figueiredo, o Tamanqueiro, merece a perpetuidade benfiquista.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Raul Figueiredo (actualizado)
Mensagem de: Preacher em 24 de Março de 2008, 22:16
Karel Poborsky.. Nunca irei esquecer uma tarde soalheira de domingo aqui no Funchal, em que colado ao rádio ouvi o relato do fantástico golo que marcou ao Braga, golo de antologia diziam no rádio..inclusive que era um dos melhores golos que o estádio da luz alguma vez tinha visto! Depois, foi uma espera tremenda para ver o jogo passar na SIC, para ver se era tão bonito como diziam na rádio..

Tempos de uma juventude que já lá vai..Mas as recordações deste fabuloso mago do futebol, vão perdurar pela vida..

KAREL POBORSKYYYYYYYYYYYY

Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Raul Figueiredo (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 25 de Março de 2008, 21:22
Raul Martins Machado. Matosinhos. 22 de Setembro de 1937. Defesa.
Épocas no Benfica: 7 (62/69). Jogos: 197. Golos: 5. Títulos: 6 (Campeonato Nacional) e 2 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Leixões. Internacionalizações: 11.

(http://aycu36.webshots.com/image/49355/2000649949758954367_rs.jpg)

(http://aycu03.webshots.com/image/50082/2000686820586554659_rs.jpg)
Equipa 1963/1964

Quando uma militância de sete anos no Benfica representa a conquista de seis Campeonatos, só se poderia estar na presença de um privilegiado e, sem reservas, de um grande jogador, num grande colectivo. Está então feito o retrato de Raul Machado e da equipa do seu tempo.

Corria o Verão de 1962. Béla Guttmann abandonava o Benfica bicampeão europeu, abrindo a porta ao ingresso do chileno Fernando Riera. Ao mesmo tempo, em Matosinhos, no histórico Leixões, sinais havia já daquela que alguém, mais tarde, chamaria de máquina reprodutora de bebés, futuros craques da bola. Como Raul, exemplo maior, à Luz chegado, com 24 anos.

Esplendeceu logo na primeira temporada. Não menos substimável, assumiu-se responsável por disfarçar a ausência do grande Germano, apoquentado por uma séria lesão. Ao titulo nacional chegou e o europeu esteve perto, naquele cínico embate, frente ao AC Milan, com um Benfica algo apavonado a desperdiçar o ensejo da terceira vitória consecutiva na prova garantir.

(http://aycu04.webshots.com/image/46723/2000625206948229610_rs.jpg)

Ao longo da estupenda década de 60, Raul actuou em quase duas centenas de jogos. Ironicamente, só perdeu o Nacional de 66, no ano da safra dos Magriços, na Inglaterra, com uma inimitável quota vermelha. Jogava de forma serena, pelo menos na aparência. Até porque era valente e determinado. Cultivava o sentido prático, rejeitava floreados estéreis. Tinha um remate poderoso, fazia golos de fora da área. Viveu os últimos suspiros do WM e adaptou-se bem ao desabrochante 4-2-4. Passou com alta nota o exame da condução táctica.

Em 64/65, perante o Inter de Milão, voltou a descartar a hipótese de ser campeão da Europa, fazendo dupla com Germano, até ao minuto 57, altura em que o seu companheiro da retaguarda substituiu Costa Pereira, lesionado, na defesa das redes. Um guardião improvisado e apenas um defesa-central, mas nem por isso os italianos somaram mais golos ao pífio de Jair, obtido por entre as pernas do infeliz keeper benfiquista. Nessa noite, dia se não fez para Eusébio e seus pares da ofensiva.

Na temporada 68/69, com 11 presenças na equipa nacional, Raul abandonou a Luz. O tempo obrigava a mudanças no quadro de efectivos. Saiu campeão, tal como entrou campeão. Em sete anos, assistiu à despedida de Germano e à estreia de Humberto Coelho. Na condição de protagonista. A ponte, essa, fê-la com mestria.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Raul Machado (actualizado)
Mensagem de: LuigiSLB83 em 26 de Março de 2008, 17:25
ednilson, sem palavras. :bow2:
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Raul Machado (actualizado)
Mensagem de: Bola7 em 26 de Março de 2008, 18:03
 O0
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Raul Machado (actualizado)
Mensagem de: fish em 26 de Março de 2008, 18:05
Desculpem-me todos os users mas quanto a mim este é melhor post deste forum.

Que grande trabalho amigo.

Continua.

Ver este post faz-me sentir pele de galinha.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Raul Machado (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 26 de Março de 2008, 22:12
Ricardo Gomes Raimundo. Rio de Janeiro, Brasil. 13 de Dezembro de 1964. Defesa.
Épocas no Benfica: 4 (88/91 e 95/96). Jogos: 140. Golos: 27. Títulos: 2 (Campeonato Nacional), 1 (Taça de Portugal) e 1 (Supertaça).
Outros clubes: Fluminense e Paris SG. Internacionalizações: Brasil.

(http://aycu01.webshots.com/image/50160/2000992798790335929_rs.jpg)

(http://aycu06.webshots.com/image/48285/2000970189985203589_rs.jpg)
Equipa 1990/1991

Sustentam os especialistas da coisa redonda que uma equipa deve ser edificada de trás para a frente. Um conceito que encerra já muito de modernidade. No Benfica, perante esse exercício, que de retórica não é, saltam logo à memória os nomes de Félix, de Germano, de Humberto Coelho. Também de Mozer, de Aldair, de Gamarra. E forçosamente, de Ricardo Gomes, o primeiro jogador que, não tendo chegado ao mundo em Portugal ou nas colónias, a braçadeira de capitão envergaria. Líder congénito, impunha de forma espontânea a sua autoridade, sem levantar a voz, sem espalhafato, sem jactância. Sabia cofiar as hostes, pioneiro no exemplo. O exemplo de um defesa imbatível.

Após ter chegado à final da Taça dos Campeões de 87/88, o Benfica perdeu, no ano seguinte, Dito e Rui Águas, depois de uma vil tramóia, congeminada em gabinetes nortenhos. Lamentava-se Toni, então treinador, que lhe haviam dado "dois tiros no porta-aviões". Ferido o orgulho da águia, fria foi servida a vingança. Ricardo Gomes, pedra basilar do Fluminense e da selecção do Brasil, aterrava em Lisboa, rumo à vitória.

(http://aycu25.webshots.com/image/48864/2000947522449787352_rs.jpg)

Debaixo se sol algarvio, abriu as hostilidades, pela primeira vez, frente ao Portimonense, na terceira ronda do Nacional, que o golo de Vata transformou em sucesso. Seguiu-se uma campanha quase sem mácula. O Benfica recuperaria o titulo nacional. Ricardo Gomes fez 31 jogos e apontou oito golos, quase todos decisivos, naqueles últimos minutos de assomo da onda vermelha. Com Mozer ao lado, no centro da defensiva, em 38 encontros, apenas 15 (!) bolas sofridas.

Desfeita a melhor dupla de sempre, recepcionou outro compatriota, também internacional, de seu nome Aldair. O Campeonato escapou, mas a presença na final dos Campeões (0-1), frente a um super-Milan, era sinal indicativo da vitalidade competitiva do clube. De resto, no ano seguinte, novo titulo nacional para o Benfica, com nove golos de Ricardo Gomes na prova.

(http://aycu17.webshots.com/image/50376/2000985242842007530_rs.jpg)

Uma mala cheia de francos levou-a até à Cidade Luz, em representação do Paris Saint-Germain. Regressou em 95/96, 45 vezes internacional pelo escrete canarinho, sob o sábio e ternurento comando de Mário Wilson. No Jamor fez o aceno definitivo. Em glória.

Quatro épocas apenas jogou Ricardo Gomes no Glorioso. Só que mais pareceu uma eternidade, tão dominantes e sedutores foram os seus tempos. Agora, parece uma miragem. Assim se faz também o sortilégio do Benfica.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Ricardo Gomes
Mensagem de: Pedro Saraiva em 27 de Março de 2008, 09:09
É a minha maior referência de sempre a nível de jogadores do Benfica (aqueles que vi jogar ao vivo).
Parecia que entrava já cansado para o aquecimento mas era daqueles que ainda não tinha sacado a bola ao adversário e já sabia o que iria fazer com ela.

Talvez um dia regresse.................como treiandor.
Sigo-o atentamente.

Ednilson............. :clap1:.......obrigado pelo fantástico post
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Ricardo Gomes
Mensagem de: ednilson em 27 de Março de 2008, 22:16
Rogério Apolónio de Sousa. Funchal. 18 de Abril de 1910-1976. Avançado.
Épocas no Benfica: 8 (32/40). Jogos: 161. Golos: 101. Títulos: 3 (Iª Liga), 1 (Campeonato de Portugal), 1 (Taça de Portugal) e 2 (Campeonato de Lisboa).
Outros clubes: Nacional da Madeira e Sporting.

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Equipa 1939/1940 – Rogério Sousa ao centro, de pé.

No segundo quartel do século XX, pelo universo da bola indígena, Funchal era sinónimo de Pinga, esse primitivo milagre de que o FC Porto, à custa de algumas arteirices, se apropriou no arquipélago. Mas outro madeirense, por essa altura, também se lançou aventura dentro. Cortejado pelo Benfica, haveria de rumar a Lisboa. Era Rogério Sousa, avançado de posição, que teve uma permanência de oito temporadas no edifício vermelho.

Nasceu ainda no regime monárquico, mas hipótese não teve de dar conta. Estava com seis meses de vida, em 1910, quando a República foi implantada. Ainda garoto, fascinado pela bola de trapos, sinal da austeridade dos tempos, revelava queda para o oficio de futebolista. Caucinado pelo golo, mistela de criativo e finalizador parecia ser. E até sem as errâncias bem próprias da idade.

O Benfica, a partir de 1932, permitiu que vagueasse pelos afamados palcos da época. Era o elixir que faltava. Para dar cor à vontade. Rogério Sousa rejubilou e deu inicio à jornada. Logo na primeira época, ajudou a pôr termo ao interregno de 12 anos, com o clube a sagrar-se campeão de Lisboa, para gáudio do técnico Ribeiro dos Reis. Albino vendia segurança, Rogério oferecia desequilíbrio, Vítor Silva emprestava conclusão. Era muito assim aquele Benfica.

No total, conquistou três Campeonatos da I Liga, um Campeonato de Portugal, dois Campeonatos de Lisboa e uma Taça. Disputou 161 jogos, facturando 101 golos. Em 1936/37, ano em que se consagrou bicampeão, foi mesmo o melhor marcador da equipa, com 32 remates certeiros, apesar da presença já no plantel de Guilherme Espírito Santo e também de Xavier ou Valadas. Jogador mais vezes utilizado seria ainda. Com uma gerência técnica de cinco anos ininterruptos, o húngaro Lipo Hertzka terá sido o treinador que melhor soube optimizar os seus recursos. No papel de actor principal, do meio-campo para a frente, chegou a empolgar. Tinha o talento dos pensadores, a alma dos crentes, a energia dos combativos, a solidariedade dos simples.

Actuou pela derradeira vez em 16 de Junho de 1940, no triunfo (2-1) sobre o Carcavelinhos. Martins, Albino, Francisco Ferreira, Teixeira e Valadas, entre outros, testemunharam o último suspiro do madeirense. Dele, Rogério Sousa, um dos jogadores que mais relampaguearam no céu azul da felicidade vermelha.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Rogério Sousa (actualizado)
Mensagem de: Preacher em 28 de Março de 2008, 10:07
Ah ganda madeirense  :clap1:
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Rogério Sousa (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 28 de Março de 2008, 19:57
José Rosário. Porto. 15 de Agosto de 1924. Avançado.
Épocas no Benfica: 6 (48/54). Jogos: 98. Golos: 22. Títulos: 1 (Campeonato Nacional), 3 (Taça de Portugal) e 1 (Taça Latina).
Outros clubes: SL Cartaxo, SL Elvas e Atlético.

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Equipa 1950/1951

Tempos houve no Benfica, aí por volta da transição das décadas de 40 e 50, em que a expressão, não são contas do teu rosário era mais ou menos interdita. É que por lá, por entre outros artistas, havia um tal de Rosário, José de nome próprio, mas sem Rosário, que problema não foi, antes, muitas vezes mesmo, solução para benfiquistas encantar.

Chegou ao clube na época 48/49, instalado ficou na sala de espera da Taça Latina. Não demorou a chamada. Um ano apenas. A Lázio de Roma sucumbiu àqueles 3-0, com Rosário nas abertura das hostilidades. Seguiu-se o Bordéus, primeiro um empate (3-3), mais finalíssima, até prolongamentos à mistura (2-1). Depois, depois foi a glória. O primeiro grande troféu internacional do clube, do futebol luso. Com sabor doce, tão doce, tão doce, que a nível interno o Sporting e os seus Violinos faziam miséria, encostando o Benfica à traseira. Ser o primeiro na Europa de expressão latina, a vingança, o gozo maior foi.

Rosário, diriam os brasileiros, pegou destaque. Flanqueador por vocação, driblava intuitivamente. Era preciso nas assistências, não enjeitava a finalização. Ombreou com alguns dos históricos da praça vermelha. Com Bastos, Félix, Fernandes, Jacinto, Francisco Ferreira, Moreira, Corona, Espírito Santo, Arsénio, Julinho, Rogério. Mais tarde, Águas, Artur Santos, Caiado, Palmeiro. Atingiu quase uma centena de jogos oficiais na categoria principal, com o empréstimo de 22 golos. Tudo reunido numa colecção onde cabem também, em lugar de primazia, um Campeonato Nacional e três Taças de Portugal.

A 10 de Junho de 1951, no Jamor, alinhou a extremo-esquerdo, frente à Académica. Deu goleada (5-1), com quatro golos do inimitável Rogério, uma espécie de papa-golos e papa-taças. Houve festival e, sobretudo, desforra. É que tinham sido os estudantes a ultrapassar o Benfica, na primeira edição da prova, 12 anos antes. Sobrevivente ao naufrágio, Francisco Ferreira exultou com o troféu entre mãos, feito também da massa do talento de Rosário. Um ano depois, cairia o arqui-rival Sporting, após 5-4, com Rogério a desperdiçar um penalti, mas presente no fecho da contagem, a um minuto do fim. Ainda hoje, chovem loas a esse jogo épico, também com a presença de Rosário.

Em 53/54, o abandono, já na casa dos 30 anos. Sem capa, sem batina, ante a Académica. Mas com orgulho de águia. Com o aplauso da plateia. O abraço dos companheiros. A reverência dos adversários. O elogio dos críticos. E o lugar na parada de honra.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Rosário
Mensagem de: ednilson em 29 de Março de 2008, 18:23
Rogério Lantres de Carvalho. Lisboa. 7 de Dezembro de 1922. Avançado.
Épocas no Benfica: 12 (42/54). Jogos: 310. Golos: 207. Títulos: 3 (Campeonato Nacional), 6 (Taça de Portugal) e 1 (Taça Latina).
Outros clubes: Chelas, Botafogo e Oriental. Internacionalizações: 15.

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Equipa 1943/1944

Só tem menos 20 anos que o Benfica. Embeiçou pelo clube na infância, vestiu-lhe a camisola, deu-lhe glórias. Hoje, são recordações. Recordações de quem era conhecido por ter pés inteligentes, que faziam coisas incríveis com a bola. Espécie de antítese do jogador prosaico, cultivava a diferença. À custa de fintas prodigiosas, assistências perfeitas, finalizações requintadas. Era o Pipi, Rogério Pipi, elegante e aprumado, dentro... e fora do campo.

Nasceu em Chelas, a 7 de Dezembro de 1922, no mesmo ano em que da sua Lisboa partiu o hidroavião "Lusitânia" pilotado por Gago Coutinho e Sacadura Cabral, viajando entre Portugal e o Brasil. O pai havia sido fundador do Chelas, enquanto o irmão, Armindo França, um dos melhores atletas do clube, mais tarde Oriental, após se ter fundido com outra agremiação desportiva. Por isso, no Chelas começou a jogar, convivendo mal com o peso do parentesco, mesmo que reminiscente estivesse a paixão pueril pela bola.

Chegou ao 4º ano na Escola Afonso Domingues, que abandonou para trabalhar no Grémio das Carnes. Num jogo entre solteiros e casados, apitado por Fernando Peyroteo, deslumbrou de tal forma que o seu companheiro de profissão e mais tarde grande glória sportinguista o quis levar para o clube do Visconde de Alvalade. Ainda treinou no Sporting, mas o ambiente não o cativou, nem sequer a proposta de 25 notas para que de verde trajasse. Um conto de réis mais ofereceria o Benfica e o acordo acabou por ser selado.

Estreou-se com o Belenenses, nas Salésias, como extremo-direito. Mas foi sol de pouca dura, já que Janos Biri acabou por fixá-lo no lado canhoto. Ele que até preferia jogar como interior. "Teria sido melhor para mim e para o Benfica, decerto até com uma carreira mais prolongada". Que é como quem diz, menos sujeita às porradas de alguns ferrabrás, na altura proliferantes no posto de lateral-direito.

Tal como na literatura, também o futebol passou, nos anos 50, da fase romântica para um estádio de maior realismo. Seja como for, Rogério desceu os últimos degraus do "amor à camisola". E disso se ufana mesmo. "Por exemplo, em 1945, por nos sagrarmos campeões recebemos um prémio de 500 escudos. Pareceu-nos uma fortuna, porque, naquela altura, o ordenado mensal de um craque andava pelos mil escudos. Ninguém podia viver só do futebol. Eu jogava e trabalhava como Peyroteo no Grémio das Carnes. O Espírito Santo, o Jesus Correia e o Canário trabalhavam no Grémio das Mercearias". Era a fase agonizante do futebol romântico. Agonizante, mas bela.

(http://aycu01.webshots.com/image/50800/2001865122997831309_rs.jpg) (http://aycu11.webshots.com/image/49050/2001844894549304041_rs.jpg)

A primeira época no Benfica foi inesquecível. Ao lado de alguns dos seus ídolos, daqueles cujos cromos saiam nos rebuçados, contraditoriamente, a menos de um tostão cada qual, casos de Albino, Gaspar Pinto e Francisco Ferreira, logo a equipa garantiu a primeira e histórica dobradinha, vencendo o Campeonato e a Taça de Portugal. Foi em 42/43. Dois anos volvidos, novo triunfo no Nacional.

Seguiu-se um período penoso para o colectivo benfiquista, consubstanciado numa longa abstinência. Um titulo para o Belenenses e três consecutivos para o Sporting perturbaram as hostes e apelaram à retoma. Foi nesse período, corria o ano de 1947, que Rogério viveu a sua primeira e única experiência internacional, coisa virgem na altura. Ingressou no Botafogo. "No Brasil recebia cerca de 18 contos por mês. Pude mesmo comprar um automóvel, no regresso, que era, então, o sonho de qualquer jogador de futebol". Não se deu bem, já casado e à espera de um rebento. Voltou ao Benfica, que o cacau não estava à cabeça das suas prioridades.

Na dobragem da década, deu-se a primeira afirmação internacional do clube da águia. A época de 49/50 fez regressar a equipa ao topo caseiro, com a vitória no Nacional, mas também conquistar a Taça Latina ao Bordéus (2-1, após dois prolongamentos). "Quando o jogo acabou ficou tudo... louco. Só sei que entre empurrões, voando sobre os ombros dos benfiquistas em grande histeria, cheguei à tribuna. O presidente da República pôs-me a taça nas mãos. Ainda hoje não consigo descrever o que senti". Talvez a pré-história do Benfica europeu.

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Numa dúzia de anos vermelhos, Rogério foi 15 vezes internacional. Venceu três Campeonatos e seis Taças. Tinha, de resto, uma especial apetência para a prova-rainha do futebol indígena. Jogou e marcou em todas as finais. Ainda hoje, é o melhor a concretizar, mercê de 15 golos, alguns dos quais ainda lembrados pelo seu carácter decisório.

O maior jogador português do inicio dos anos 50 indemne tem passado ao longo dos anos. Mais que legenda é lenda. Que a nação benfiquista tem sabido proteger ou não se tratasse de alguém que inventou o futuro.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Rogério Pipi
Mensagem de: Kobille em 30 de Março de 2008, 08:21
Palavras para quê? É de uma pessoa ficar aqui algumas dezenas de minutos a ler isto. Especialmente pessoas como eu, jovens, que querem saber sempre mais e mais sobre o clube do coração. Parabéns e obrigado, ednilson!
O0
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Rogério Pipi
Mensagem de: pcssousa em 30 de Março de 2008, 11:09
Este é sem qualquer sombra de dúvida o melhor tópico do fórum! Mas que tal criar um para outras figuras do Benfica que não os futebolistas? que tal um tópico para Carlos Lisboa, António Livramento, Alexandre Yokoshi, António Leitão, as célebres Marias do vólei, os penta-campeões europeus de estrada, Manuel Dias, Francisco Lázaro, Vasco Vasconcelos, ou mesmo antigos dirigentes como Cosme Damião (que nunca chegou a ser presidente)  ou Borges Coutinho?
Eu tenho bastante material recolhido e se quiserem posso colaborar ou mesmo começar a médio prazo com um tópico assim, isto se houver interesse por parte dos restantes foristas...
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Rogério Pipi
Mensagem de: Red skin em 30 de Março de 2008, 11:15
Força pcssousa !!!!   :slb2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Rogério Pipi
Mensagem de: ednilson em 30 de Março de 2008, 18:49
José Rui Lopes Águas. Lisboa. 28 de Abril de 1960. Avançado.
Épocas no Benfica: 7 (85/88 e 90/94). Jogos: 237. Golos: 104. Títulos: 3 (Campeonato Nacional) e 3 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Cultural da Pontinha, Sporting, Sesimbra, Atlético, Portimonense, FC Porto, Reggiana e Estrela da Amadora. Internacionalizações: 31.

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Equipa 1987/1988

Não é seguramente no futebol, pelo menos ao nível do alto rendimento, que o aforismo "filho de peixe sabe nadar" encontra maior espaço de afirmação. Já o mesmo nunca poderia dizer (ou talvez sentir) o malogrado José e o seu filho Rui, que, fazendo excepção à regra, transformaram a família Águas na mais emblemática do futebol luso. E com a vantagem adicional – inclua-se também o sobrinho/primo Raul, outro jogador do Benfica – de se revelar pródiga em comunicar no idioma predilecto dos fãs da causa da bola – o golo.

Rui cresceu com a imagem do pai a erguer a Taça dos Campeões. Daquelas que inspiram mais que um quadro de Picasso ou de outro dos imortais da tela. Por isso, aos 12 anos, era vê-lo nos infantis do Benfica. Foi assim durante duas épocas, seguindo-se o Cultural da Pontinha e o Sporting. Depois de uma pausa, com o voleibol a fazer em exclusivo as despesas da prática desportiva, Rui Águas, já sénior, defendeu as cores do Sesimbra, do Atlético e do Portimonense, ingressando no Benfica, aos 24 anos, corria a temporada de 84/85.

(http://aycu10.webshots.com/image/51089/2003715179221150584_rs.jpg) (http://aycu32.webshots.com/image/49711/2000080986013358124_rs.jpg)

Ponta-de-lança nato, especialista no jogo aéreo, tinha mais intuição que escola. Mas tinha razão e coração. Mais ainda, tinha inteligência. O poder de salto e a execução técnica faziam o resto. E o resto eram golos, muitos golos. Um acervo deles. No total, fez 123 remates certeiros pelo Benfica, em 285 jogos, distribuídos por sete temporadas. Na época 90/91, sagrou-se mesmo o melhor marcador do Nacional. Conquistou três Campeonatos e outras tantas Taças de Portugal.

Durante dois anos (88/89 e 89/90) jogou no FC Porto, transferindo-se para o Norte, alegando que o Benfica "pagava mal". Em 31 ocasiões, vestiu a camisola das quinas, com o apreciável contributo de dez golos (seis pelo Benfica). Ainda disputou a final dos Campeões, em 87/88, frente ao PSV, mas não conseguiu imitar o italiano Paolo Maldini, vencedor do titulo europeu tal como o pai, Cesare Maldini, duas décadas atrás.

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Abandonou o Benfica com o estatuto de campeão, no último grande triunfo da história centenária. Pese embora um número significativo de semelhanças, o mérito maior de Rui Águas foi libertar-se do estigma do pai, decerto o melhor cabeceador de sempre do futebol português. Ou talvez o mérito do Rui assentasse mesmo, donairosamente, em ter sido o filho do Águas que (também) sabia marcar.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Rui Águas (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 31 de Março de 2008, 21:28
Rui Gouveia Rodrigues. Lourenço Marques, Moçambique. 17 de Maio de 1943. Defesa.
Épocas no Benfica: 3 (71/74). Jogos: 59. Golos: 2. Títulos: 2 (Campeonato Nacional).
Outros clubes: GD 1º Maio, Académica e V. Guimarães. Internacionalizações: 12.

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Equipa 1973/1974

Como sentiu Rui Rodrigues o encanto de Coimbra na hora da despedida da sua Académica! Era o velho amor, aquele que o terá inibido de mais cedo voar por outros horizontes nas asas da águia. Atrasado chegou ao Benfica, já com 28 anos, internacional feito, jogador maduro. Agridoce, assim foi a estada de Rui Rodrigues no clube. Um portento de técnica, um martírio de lesões.

Garantiu a entrada directa para o top mais da equipa-maravilha de Hagan. Na estreia, no anfiteatro das Antas, a 12 de Setembro de 1971, aquando da primeira ronda do Campeonato, um ciclone vermelho varreu a casa azul, com Eusébio (2) e Artur Jorge a darem maior expressão ao ribombar benfiquista.

Ao lado de Humberto Coelho, na zona central da defensiva, Rui Rodrigues cedo começou a ser reverenciado. Era um virtuoso, com pés astutos e matemáticos. A tarefa jamais terminava quando subtraia a bola aos adversários. Apropriava-lhes, subtilmente, qualquer dose de ambição. Era desmancha-prazeres no momento do desarme, logo virava fazedor de sonhos no inicio da construção do edifício ofensivo. Quem não recorda aquele golo que apontou ao Sporting, em Alvalade, na confortável vitória (3-0) do Benfica? Um golo de costa a costa. Impagável.

Em três temporadas, na Luz, venceu dois Campeonatos. Só não fez o pleno, porque o triunfo, por 5-3, no covil do leão, acabou por não ser suficiente para desalojar da liderança um Sporting menos exuberante, mas à época mais regular. Sopravam, então, os ventos de Abril. Começava também uma nova era no futebol. Rui Rodrigues partiu para o Vitória de Guimarães e para a sua farmácia, que os proventos da bola não davam para facilitar. Ainda regressou ao clube, semiprofissional de facto, muitos anos depois, pela mão de Artur Jorge, responsável de todo o aparelho técnico. Treinou os mais pequeninos. Campeão nacional de infantis foi.

De origem moçambicana, ao nascer tal como Eusébio e Coluna na antiga Lourenço Marques, só não foi mais um africano nas fileiras do Benfica, porque afinal Rui Rodrigues se exibia com singularidade. É que há os inimitáveis e os (muitos) outros. Ele pertencia, coercivamente, à primeira categoria.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Rui Rodrigues
Mensagem de: pcssousa em 31 de Março de 2008, 23:17
Grande Rui Rodrigues, grande academista mas também benfiquista! uma pessoa espectacular!
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Rui Rodrigues
Mensagem de: ednilson em 01 de Abril de 2008, 20:17
Joaquim Santana Silva Guimarães. Lobito, Angola. 22 de Março de 1936-1989. Avançado.
Épocas no Benfica: 12 (56/68). Jogos: 163. Golos: 79. Títulos: 2 (Taça dos Campeões), 7 (Campeonato Nacional) e 3 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Sport da Catumbela, Salgueiros e Freamunde. Internacionalizações: 5.

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Equipa 1960/1961

"O Quim? É duas vezes pior que as cobras". Era o que diziam aos amigos mais chegados os pais de Joaquim Santana, um dos geniais jogadores que passaram pelo Benfica. Com fama de mau na infância, dócil se tornou na adolescência, adulto exemplar e não menos esclarecido seria pela vida fora.

Nasceu no Lobito, na então província ultramarina de Angola, em Março de 1936. Iniciou-se como federado no Sport Clube de Catumbela, com fama de individualista e alcunha de Molengão. Era daqueles que queriam a bola só para si, fazendo ouvidos não poucas vezes moucos a quem pedia um passe, um centro.

Já no Benfica, para onde foi transferido, no defeso de 54/55, outro remédio não teve senão corrigir alguns egoísmos, mas concomitantemente aprimorou as suas melhores faculdades. Fez duas temporadas nos escalões jovens, aspirantes e juniores, marcando à média de quase um golo por desafio.

Na equipa principal, Santana estreou-se a 21 de  Outubro de 1956, na vitória, por 1-0, sobre o Caldas. Mas quase entrou em sabatina, devido à qualidade e quantidade do elenco vermelho. Sem se trigar, prosseguiu a fase de aprendizagem, com algumas aparições esporádicas na equipa de honra. No termo de 58/59, finalmente, conquistou o estatuto de titular. As exibições na Taça de Portugal, com a eliminação do Belenenses e do Sporting, bem como a derradeira vitória, frente ao FC Porto, protagonizando uma exibição de arregalar os olhos, permitiram descobrir o verdadeiro Santana. O jogador inteligente, mais incisivo e não menos inventivo.

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No inicio da década de 60, revelou-se fundamental na conquista da primeira Taça dos Campeões Europeus. No ano seguinte, já não jogou a final, porque havia... Eusébio, mas participou na campanha e teve direito à faixa. Na Taça Intercontinental, frente ao Santos, marcou os dois golos do Benfica, na derrota tangencial. Só que no jogo da segunda mão, Pele esteve diabólico e nem outro golo de Santana e um de Eusébio seriam suficientes.

A partir de 63/64, experimentou grandes dificuldades para continuar a impor-se. O quarteto José Augusto, Torres, Eusébio e Simões mostrava-se intocável. Só por essa razão um futebolista da sua qualidade poderia ser relegado para plano secundário. Era o tempo do dream team benfiquista. Mesmo assim, deixa um registo de 225 jogos e 93 golos. Com o triunfo em sete Campeonatos, três Taças de Portugal e duas dos Campeões. Pela Selecção, esteve presente em cinco desafios.

Foi uma das relíquias africanas do Benfica. Encantou a exigente association encarnada. Joaquim Santana ou o futebolista que não deveria ter sido contemporâneo de Eusébio.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Santana (actualizado)
Mensagem de: Mestre em 02 de Abril de 2008, 17:40
Muito me fala o meu pai de Santana. Um grande jogador e grande homem, que aceitou ser relegado para 2º plano por causa de Eusébio mas nunca deixou de dar tudo pelo Benfica.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Santana (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 02 de Abril de 2008, 21:59
Hans Jurgen Stefan Schwarz. Malmoe, Suécia. 18 de Abril de 1969. Defesa.
Épocas no Benfica: 4 (90/94). Jogos: 111. Golos: 10. Títulos: 2 (Campeonato Nacional) e 1 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Malmoe, Arsenal, Fiorentina, Valência e Sunderland.
Internacionalizações: Suécia.

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Equipa 1991/1992

Apesar da ausência do seleccionado nacional no Itália 90, os adeptos benfiquistas acompanharam entusiasticamente a prova. O fito era ver os desempenhos dos brasileiros Aldair, Ricardo e Valdo, bem como dos suecos Jonas Thern e Magnusson, quinteto que na Luz arraiais havia assentado. Em todo o caso, existia um motivo adicional de interesse. É que um jovem, de 21 anos, de nome Stefan Schwarz, lateral-esquerdo de posição, jogador do Malmoe, poderia estar na agenda das preocupações encarnadas. Era voz corrente em terras transalpinas, a imprensa não tardou a dar eco, Eriksson aparecia como o mentor da empreitada.

Após ter feito um Mundial positivo, Schwarz chegou à Luz, pouco tempo antes do arranque da época 90/91. Começou a titular, ainda que para o seu posto tivesse a concorrência do experiente capitão Veloso e do aguerrido Fernando Mendes. Uma lesão comprometedora afastou-o durante meses das lides, circunstância que não o impediu de garantir a faixa de campeão nacional.

(http://aycu15.webshots.com/image/48734/2002938104140561751_rs.jpg) (http://aycu29.webshots.com/image/49588/2002961790171935520_rs.jpg)

Para os dois anos subsequentes, o clube perdeu o concurso dos internacionais brasileiros Ricardo Gomes e Valdo. Fragilizou-se, pois tratava-se de duas pedras de grande influência no colectivo. O FC Porto conquistou o bicampeonato, embora por um triz à segunda. É que o Benfica argumentava já com Mozer, Vítor Paneira, Rui Costa, Paulo Sousa, Kulkov, Paulo Futre, Izaías, João Vieira Pinto, Rui Águas, Yuran. E naturalmente Schwarz, um dos atletas mais utilizados nas duas temporadas (28+42 jogos). Saboreou a vitória na final da Taça, no Jamor, frente ao Boavista (5-2), em tarde de belo recital vermelho.

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No decurso da crise do Verão de 93, o jogador sueco manteve-se imperturbável e... no clube, que via partir em litigio Paulo Sousa e Pacheco para o Sporting e Paulo Futre, a troco de grossa maquia, com destino ao Marselha. Sob o comando dedicado de Toni, Schwarz voltou a ser campeão nacional, com lugar cativo no elenco de um dos mais lembrados filmes produzidos pela equipa da Luz. A acção, essa, decorreu em Alvalade. Esmagadora a representação, titulo deu, após o cartaz dos 6-3.

Uma semana mais tarde, a 21 de Maio de 1994, vestiu pela última vez a camisola do Benfica. Arsenal e Fiorentina perfilaram-se no seu horizonte. Com o problema de lateral-esquerdo mal resolvido durante quase uma década, Schwarz esteve sempre presente no imaginário benfiquista. Está ainda, tanto quanto vale ser sinónimo de garra, de raça, imagem intocável de abnegação.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Schwarz
Mensagem de: Elvis the Pelvis em 02 de Abril de 2008, 23:23
Grande tópico ednilson, parabéns! :bow2:

Dos enormes jogadores que aqui tens postado, já tive o prazer de acompanhar de muito perto, os enormes Ricardo Gomes, Schwartz, Rui Águas e outros, e sinto uma enorme nostalgia. Essa ultima grande equipa do Benfica (de 1990 a 1994), era fabulosa. Apesar do Rui Águas ter cometido essa traição de trocar o nosso clube pelo fcp, é um jogador que marcou a nossa história. Mas destes ultimos que aqui colocaste, o Ricardo Gomes (pela sua classe, inteligência, etc), e o Schwartz (pela sua classe também, abnegação, garra, etc), estão lá no alto, muitas saudades mesmo. 
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Schwarz
Mensagem de: .:VMPT:. em 03 de Abril de 2008, 16:00
Todos tiveram a sua pagina na historia do Benfica....

Só n sei pq continuam a falar tão mal do Nuno Gomes, quando ele por exemplo tem muito melhore números que o Rui Aguas e nunca teve equipas tão boas como o Benfica tinha na era Rui Aguas...

Por isso o seu mérito ainda é maior na minha opinião.... Além de ter tido a oportunidade de ir para o FCP como o Rui Aguas, mas n preferiu-nos....

Eu aconselhava o Nuno Gomes a sair do Benfica, pq o Benfica, ou melhor certos adeptos n o merecem no Benfica, preferem idolatrar quem fez menos de metade e dignificou menos de um terço...

:slb2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Schwarz
Mensagem de: ednilson em 03 de Abril de 2008, 21:55
Silvino de Almeida Louro. Setúbal. 5 de Março de 1959. Guarda-redes.
Épocas no Benfica: 8 (86/94). Jogos: 259. Títulos: 4 (Campeonato Nacional), 2 (Taça de Portugal) e 1 (Supertaça).
Outros clubes: V. Setúbal, V. Guimarães, FC Porto e Salgueiros. Internacionalizações: 23.

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Equipa 1986/1987

Quando o patriarca Manuel Galrinho Bento se lesionou no Mundial do México, em 1986, o pânico quase se instalou nas hostes encarnadas. Desde José Bastos, passando por Costa Pereira e José Henrique, até ao mais internacional guarda-redes benfiquista de sempre, a baliza do Glorioso jamais tinha constituído motivo de apreensão. Exigente tarefa aguardava Silvino, contratado no início da época de 86/87, vindo de Guimarães, depois de ter entrado no pátio da fama pelas paragens da sua Setúbal natal.

Por apodo, Mãozinhas ficou. Doce e diminutiva alcunha essa. Mãozorras ficar-lhe-ia melhor. Ele que era mão-tenente, mão-posta, antítese de mãos-largas. Ou até mão-de-judas, apagador último dos vestígios ofensivos dos adversários. A mãos ambas, entregou-se à empreitada. Em primeira mão, passou incólume, com mãos de ferro, com mãos de mestre. Sem nunca meter os pés pelas mãos, sem nunca ficar fora de mão, mão de rédea exerceu, a mão ao sucesso deu.

Nas quatro primeiras épocas, a concorrência perdeu veleidades. Silvino era o dono das redes. Venceu dois Campeonatos, uma Taça, uma Supertaça ainda. Por duas vezes, participou na final dos Campeões Europeus. À primeira oportunidade, manteve a baliza inviolada durante 120 minutos, mas já não foi capaz de suster seis pontapés da marca de grande penalidade, desferidos por jogadores do PSV. Na segunda, dois anos depois (89/90), o holandês Rijkaard conseguiu desfeiteá-lo, dando o titulo ao Milan. Mesmo assim, teve uma atitude globalmente positiva e os pecados benfiquistas, se os houve, não podem ser assacados à retaguarda.

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No segundo ciclo da sua estada na Luz, as coisas não correram já tanto de feição. Laureado foi em mais dois Campeonatos e uma Taça, mas ficou muitos encontros na sombra do ágil Neno, seu principal candidato ao lugar. Só na temporada de 92/93 se aproximou das melhores anotações do passado recente. No termo de 94, na condição de campeão nacional, despediu-se no Bessa por entre lágrimas devido ao já conhecido abandono de Toni e os aplausos pela revalidação do titulo. Apenas esse jogo fez, durante a temporada, jogo merecido, jogo de consagração. Era à época o quarto guarda-redes mais internacional do futebol autóctone, depois de Vítor Baia, Bento e Vítor Damas.

No Benfica, Silvino revelou-se aposta ganha. Na linha dos melhores intérpretes da função no longo historial do clube, irradiou simpatia, conquistou adeptos, cimentou prestigio, na arte de bem defender a baliza.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Silvino (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 04 de Abril de 2008, 22:47
Shéu Han. Inhassoro, Moçambique. 3 de Agosto de 1953. Médio.
Épocas no Benfica: 17 (72/89). Jogos: 488. Golos: 45. Títulos: 9 (Campeonato Nacional), 6 (Taça de Portugal) e 2 (Supertaça).
Outros clubes: SL Beira. Internacionalizações: 24.

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Equipa 1974/1975

É bem um caso de veri, vidi, vici, o do menino africano de origem asiática, europeu se fez, por Shéu Han responde. Filho de um pescador, Low Fuck Him, que significa "aquele que nasceu da terra a ela há-de voltar um dia". Paciente como os chineses, harmonioso como os moçambicanos, determinado como os portugueses, de Inhassora viajou até à actualidade, absorvendo um misto de culturas, com denominador comum, a graça do jogo, a magia da bola.

Tinha Shéu seis anos quando foi para a cidade da Beira. Sentia-se sufocado, longe daqueles espaços infindáveis que calcorreava a seu bel-prazer. No colégio sentiu o valor da liberdade, mas as obrigações escolares não o amoleceram. Tornou-se prematuramente maduro, crescendo mais na vida que na idade, ele que já não adormecia nos olhos protectores da mãe.

A "chincha" colou-se-lhe ao destino. Começou por se recriar no a-e-i-o-u do pontapé. Sugeria dotes para a função. Depois, não muito depois, já menos ócio e mais sacerdócio, integrou-se na equipa do Sport Lisboa e Beira, filial moçambicana do Benfica, glosando o posto de extremo-direito e a vocação pelo golo. Não tardou que seleccionado fosse, no Dia do Júnior, para a equipa da Beira, que se bateu perante a congénere de Lourenço Marques. "Como era muitas vezes apanhado na situação de fora-de-jogo, talvez pela ânsia de marcar, o treinador fez-me recuar para a zona central do terreno". Virou médio, naquele instante. Médio seria, até ao termo da carreira.

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Se alguma virtude o colonialismo teve, talvez seja possível encontra-la nas frequentes deslocações de cidadão portugueses, socialmente importantes, aos territórios dos subjugados países africanos. Que o diga Shéu, quando foi observado pelo tenente-coronel Manuel da Costa, que logo se rendeu ao seu engenho. Benfiquista de gema, aquele militar abordou a família e a Lisboa comunicou o achado. Corria o ano de 1970. O ano do desembarque de Shéu na então metrópole.

Vivia no Lar, à Baixa só ia por necessidade, que "aquele movimento fazia uma enorme confusão", treinava-se nos escalões juniores do Benfica. Mário Coluna, o eterno capitão, foi o seu primeiro treinador, logo seguido de Ângelo Martins, outra das maiores referências do vermelho-vivo. Disciplinado, atento, colheu ensinamentos preciosos. Não regateou o trabalho, o esforço. Dava gosto vê-lo, sempre aprumado, naquelas milícias jovens, transportando ambição. A primeira consequência, foi o titulo no Campeonato de Lisboa, na categoria júnior, frente ao Sporting, por 2-1, com um golo da sua paternidade. Campeão nacional seria também no mesmo escalão etário.

Na passagem a sénior, o clube não prescindiu dos seus serviços, naquela que foi a sua primeira grande afirmação. Claro que era difícil impor-se, tão abundante se mostrava o quadro de jogadores. Nem por isso se deixou aperrear. A 15 de Outubro de 1972, experimentou o frenesim da estreia na turma de honra, no Barreiro, com José Henrique, Malta da Silva, Humberto Coelho, Rui Rodrigues, Adolfo, Jaime Graça, Toni, Simões, Nené, Eusébio, Artur Jorge e Jordão. O Benfica venceu, por 3-0. Campeão seria. Também Shéu, mercê dessa única aparição, no ano em que "o meu ídolo Eusébio, já com 31 anos, conquistou a sua segunda Bota de Ouro, ao marcar 40 golos". Nas duas temporadas seguintes, mais uma com Hagan e Cabrita, outra com Milorad Pavic, Shéu quase penou, só aparecendo de forma pouco mais que fugaz.

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A partir da regência de Mário Wilson, em 75/76, ganhou lugar quase cativo no onze. Assim continuaria durante anos a fio. Sempre discreto, no estilo de pézinhos de lã, era o melhor no combate da eficiência. Tornou-se um centro campista de características defensivas. Lajos Baroti, mestre da FIFA, chegou a dizer que "o Shéu bem merecia vestir a camisola com as insígnias da UEFA". Fez 17 épocas ininterruptas, garantindo nove Campeonatos, seis Taças e duas Supertaças. Participou ainda na final da Taça UEFA, mas o golo que marcou perante o Anderlecht, na Luz, revelou-se insuficiente para o triunfo sorrir ao Benfica. E, com a braçadeira de capitão, subiu ao palco do Neckarstadion, em Estugarda, na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, ganha pelo PSV, após aquele famigerado remate de Veloso da marca dos 11 metros. Internacional foi ainda por 24 ocasiões, com dois golos no bornal.

Figura incontornável do Benfica, com low profile, Shéu fixou-se no clube até à actualidade, no desempenho dos mais diferentes cargos. Fixou-se também, como se de verdadeiro general se tratasse, na galeria dos notáveis do exército vermelho.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Shéu
Mensagem de: .:VMPT:. em 04 de Abril de 2008, 23:34
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Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Shéu
Mensagem de: VitorPaneira7 em 05 de Abril de 2008, 14:51
Grande Shéu han  :bow2: . um tio meu de moçambique que foi defesa esquerdo no SL Beira ainda jogou com ele.

SHÉU QUEM É NATURAL NÃO TREME  :slb2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Shéu
Mensagem de: VanBasten em 05 de Abril de 2008, 14:56
Grande Sheu...há uns anos encontrei-o em Albufeira...sempre educado, sem tiques de vedeta, lá acedeu autografar-me um exemplar d'A Bola...Sheu é Benfica.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Shéu
Mensagem de: Elvis the Pelvis em 05 de Abril de 2008, 15:52
O Shéu é uma grande figura da história do Benfica. Para além do grande jogador que foi, parece ser uma pessoa extremamente simpática e educada, e isso só abona em seu favor.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Shéu
Mensagem de: ednilson em 05 de Abril de 2008, 19:25
António Simões Costa. Corroios. 14 de Dezembro de 1943. Avançado.
Épocas no Benfica: 14 (61/75). Jogos: 448. Golos: 70. Títulos: 10 (Campeonato Nacional), 5 (Taça de Portugal) e 1 (Taça dos Campeões).
Outros clubes: Estoril, Bóston Minutemen, San José Earthquakes e Dallas Tornado.
Internacionalizações: 46.

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Equipa 1961/1962

Quem diria que um jogador de futebol, pelas suas qualidade intrínsecas, a tantos heróis de banda desenhada pudesse ser comparado? Quem? Simões, António Simões, o genial extremo-esquerdo, que emergiu no começo da década de 60 e até meados da seguinte pontificou no Benfica. Ele era o Rato Mickey, na sua principal alcunha, imagem da agilidade em corpo minguado. Ele poderia ser o Speedy Gonzalez, conceito de rapidez, de velocidade. Ele poderia ser também o Astérix, noção de combatente, de indomável. Ele poderia ser ainda o Lucky Luck, ideal de oportunidade, de precisão. E porque parecia driblar mais rápido que a própria sombra, ele só poderia ser o nosso Simões. Que ao poema chamava finta.

Deu os primeiros passos na casa de pasto do pai, em Corroios, sem acompanhado por Amílcar, o irmão gémeo. Também por lá, um e outro ouviram as primeiras das depois recorrentes invectivas. O futebol jamais daria sustento, advogavam os pais, assim com quem água deita ao fogo da paixão. Aos 14 anos, já sem os carinhos e as censuras do progenitor, o Almada insistiu com a viúva, a D. Palmira, para que os jovens se inscrevessem nas fileiras do clube. Ao projectar dois sorrisos de orelha a orelha, a mãe permissão deu. Mesmo assim, António começou a trabalhar numa empresa de máquinas de escrever, enquanto Amílcar tão-pouco ingressou no Almada, optando pelos estudos, ele que mais tarde atravessaria o Atlântico, fixando-se no Brasil, no negócio livreiro.

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Pouco tempo depois, o Belenenses haveria de convidar António Simões. Prometeram-lhe 15 escudos por treino, depois dos primeiros testes em Belém, mas os dirigentes do seu clube fizeram abortar a transferência ao exigirem compensação de 50 contos. Apareceu o Sporting, com a oferta de 750 escudos mensais. Passou a treinar-se em Alvalade, embora ao domingo actuasse pelo Almada, que a época ainda não havia terminado e o dinheiro também não chegara à margem esquerda do Tejo.

Num desses jogos, o experiente Fernando Caiado foi ao Montijo. A intenção era observar Jorge e Moreira, mas os olhos derreteram-se-lhe com a exibição do miúdo António. O Benfica investiu célere. A Corroios chegaria um cheque de cinco mil escudos para Simões, outro de meia centena de contos para o Almada.

Começou pelos juniores, no começo de uma arrancada fulgurante. Ainda em 1960, jogou por Portugal, em Viena, terceiro classificado seria no então Torneio Internacional da UEFA, uma espécie de Campeonato Europeu. No ano imediato, debutava José Maria Pedroto como treinador, Simões venceu o troféu, em Lisboa, numa altura em que Guttmann o havia já chamado para trabalhar com os seniores.

De repente, tinha o mundo a seus pés. Campeão nacional e europeu se fez, titularidade garantida, passou a ser peça obrigatória no xadrez encarnado. Tinha um futebol virtuoso. Amava o drible. Actuava sempre com rapidez, versatilidade e alegria. Roçava a perfeição. Parecia gnomo contra titã. "Às vezes trocava os pés e até os dedos no auge do esforço", confessava. Era verdade.

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Momentos de volúpia foram mais que muitos. Sempre a serpentear pelos campos, ao longo de 14 anos no Benfica, coleccionou dez Campeonatos, cinco Taças de Portugal e uma dos Campeões Europeus. Rico palmarés esse, a que se soma o terceiro lugar no Mundial de Inglaterra. Sem pasmo que "Simões é, sem discussão também, o melhor extremo-esquerdo da Europa". O panegírico foi da autoria de Hermann Eppenhoff, treinador do Borússia de Dortmund. Tinha Simões 20 anos.

Em 1966, a campanha dos Magriços teve muito de Eusébio, mas dele também. De resto, ambos marcaram naquele alucinante jogo frente ao campeão Brasil de Pele. Ironicamente, o golo de Simões, que abriu o marcador, foi apontado com a cabeça. "Quando o Manga, guarda-redes brasileiro, de lágrimas nos olhos, me veio felicitar, mal a partida terminou, só sei que não consegui olhar para aquele gigante que estava a cumprimentar-me, depois de eu, quase um anão ao pé dele, lhe ter marcado um golo de cabeça". A mão, essa, estendeu; os olhos projectou no relvado.

O know-how de Simões foi, por mais do que uma ocasião, de grande utilidade para o Benfica. No clube assumiu o cargo de director desportivo. Simões e Benfica merecem-se. O Benfica lançou Simões. Simões projectou o Benfica. Em muitas das mais belas liturgias de cem anos de memórias.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Simões (actualizado)
Mensagem de: Corrosivo em 06 de Abril de 2008, 08:07
Shéu - 38 anos consecutivos de serviço prestados ao Sport Lisboa e Benfica.

ès grande
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Simões (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 06 de Abril de 2008, 19:58
Glenn Stromberg. Gotemburgo, Suécia. 5 de Janeiro de 1960. Médio.
Épocas no Benfica: 2 (82/84). Jogos: 44. Golos: 6. Títulos: 2 (Campeonato Nacional) e 1 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Gotemburgo e Atalanta. Internacionalizações: Suécia.

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Equipa 1983/1984

Tinha pressa, muita pressa, sempre pressa, mas não perdia a graciosidade. Era pressa de lutador, pressa de indomável, como a pressa dos vikings, seus antepassados. E depressa se afirmou na pressa das vitórias, na pressa dos títulos. Ainda à pressa, saiu do Benfica, ele que tão depressa conquistou dois Campeonatos e uma Taça. Tudo na pressa de apenas dois anos.

Longa cabeleira amarela ao vento, no alto dos seus quase um metro e 90, Stromberg destacava-se pelo sentido estético. Ora a defender, ora a atacar. Um nórdico recauchetado, com arte, com perfume de odor quente. "Foi dos jogadores que mais me entusiasmaram", revela Fernando Chalana, assinado gabo que nenhum amante do oficio enjeitaria receber. De olhar profundo, agressivo era, tinha mesmo instinto assassino. Pernalta, varria a zona de jurisdição com indisfarçável egoísmo. Era Stromberg, a panaceia do miolo encarnado.

Com o compatriota Eriksson, chegou ao Benfica ia já a mais de meio a temporada de 82/83. O clube sufocava de ambição, na perspectiva de recuperar o titulo nacional e de brindar com a excelência do seu futebol os melhores palcos europeus. Juntou-se a Bento, a Humberto, a Carlos Manuel, a Alves, a Nené, a Chalana. A uma equipa na esteia das melhores de 60 e do principio de 70. Uma delicia de colectivo, ademais superiormente regido. Que chegou à final da Taça UEFA, frente ao Anderlecht, após imperial trajecto. Soçobrou em glória, que o mesmo é dizer, no derradeiro fôlego.

(http://aycu17.webshots.com/image/51936/2005254410112793748_rs.jpg) (http://aycu03.webshots.com/image/51442/2003818387181559205_rs.jpg)

Na época seguinte, Stromberg revalidou o titulo e juntou-lhe uma Taça de Portugal, ganha à custa do FC Porto. Pela primeira vez, uma final disputava-se na temporada seguinte à da sua calendarização inicial. Tudo porque a teimosia do FC Porto era não abrir mão das Antas. Nas Antas foi. O Benfica venceu. Carlos Manuel marcou, Stromberg deslumbrou.

O belo edifício ruiu. Eriksson avançou para Itália, seduzido pelas liras de um contrato faraó. Chalana, em alta, rumou ao Bordéus. Stromberg decidiu-se, à semelhança do treinador, pelas paragens italianas, pela Atalanta. Trocavam-se jogadores por cimento, no fecho do Terceiro Anel da velha e majestática Luz. Sinal dos tempos. Tempos que consagraram Stromberg. Um autêntico glutão. Dois anos, dois títulos de campeão nacional. E o abandono. Depressa de mais.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Stromberg
Mensagem de: fish em 07 de Abril de 2008, 11:52
Stromberg: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Stromberg
Mensagem de: ednilson em 07 de Abril de 2008, 21:18
Joaquim Teixeira. Horta, Açores. 18 de Março de 1917. Avançado.
Épocas no Benfica: 7 (39/46). Jogos: 171. Golos: 119. Títulos: 3 (Campeonato Nacional) e 3 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Angústias, Vitória Guimarães, Elvas e Almada. Internacionalizações: 1.

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Equipa 1941/1942

No século XX, o ano de 1917 encerra um significado especial. Foi, a nível externo, a revolução russa, dirigida por Lenine. Foi, internamente, a aparição de Fátima, na jura de Jacinta, Francisco e Lúcia, os mais célebres pastores da história da pátria. E foi também, por mera coincidência, o ano do nascimento de Joaquim Teixeira, duas décadas depois goleador afamado do Sport Lisboa e Benfica. Aquele que seria o primeiro açoriano a envergar o uniforme da Selecção Nacional.

Permaneceu sete temporadas no clube. Garantiu três Campeonatos, o mesmo número de Taças de Portugal. Pertenceu, no Benfica, a uma geração com inegável poder de fogo. Ele era Espírito Santo, era Arsénio, era Julinho, era Valadas, era Rogério. Eram avançados do tempo, avançados de todos os tempos. Jogadores de eleição, tão raros, tão raros, como raro era também Joaquim Teixeira. Todos juntos, em jogos oficiais, fizeram 1056 golos (!) no Benfica.

Viviam-se os tempos do futebol romântico, do futebol atacante. A acção defensiva não era, como agora é, tão meritória quanto a ofensiva. O que valia mesmo era jogar para a frente. Quase só para a frente. O prazer do peão era o golo, eram os golos. Pediam-se, exigiam-se. Sem golos não havia futebol, havia outra coisa qualquer. Dificilmente se verificava um nulo, esse resultado abjecto, verberado, antiespectáculo.

(http://aycu36.webshots.com/image/50275/2006207012814930780_rs.jpg)

Joaquim Teixeira fez 171 jogos oficiais pelo Benfica, assinando 119 tentos. Tinha expressão individual, tinha também a noção do colectivo. Tinha embalo, tinha codícia. Sabia fugir às marcações, era preciso nos passes, fatal nos remates. Na sua primeira época (39/40), após percurso invicto, venceu o Campeonato de Lisboa, mas perdeu o Nacional, ganho pelo FC Porto. Curiosamente, os portistas haviam ficado em terceiro lugar na competição distrital do Porto e, por consequência, não lhes era permitido disputar a mais importante das provas. Nos gabinetes do poder, em Lisboa, por ironia, foi engendrada uma solução, a do alargamento, para o FC Porto incluir. E ainda se queixam de descriminação. Dá para rir...

Na temporada seguinte, em vez de dez, de novo oito clubes, que já não fazia sentido manter o Nacional alargado. Venceu o Sporting, mas o fim do jejum estava à distância de um ano. Do sucesso, plural o Benfica fez (41/42 e 42/43). Actuava já no recém-inaugurado reduto do Campo Grande, com o magiar Janos Biri na liderança técnica. Joaquim Teixeira foi quase totalista.

Abandonou o clube no ano em que o Belenenses conquistou o seu único Campeonato. Mesmo assim, em sete jogos fez sete golos. Teixeira foi, seguramente, no Benfica, um dos mais emblemáticos intérpretes do idioma golo.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Teixeira (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 08 de Abril de 2008, 21:10
Jonas Magnus Thern. Falkoping, Suécia. 20 de Março de 1967. Médio.
Épocas no Benfica: 3 (89/92). Jogos: 101. Golos: 10. Títulos: 1 (Campeonato Nacional) e 1 (Supertaça).
Outros clubes: Malmoe, Zurique, Nápoles, Roma e Rangers. Internacionalizações: Suécia.

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Equipa 1991/1992

Tempos houve em que a Suécia era uma espécie de segunda pátria do Benfica. A influência de Sven-Goran Eriksson, a sua erudição, o alto rendimento dos jogadores que apadrinhou no clube, numa torrente iniciada com Stromberg, transformaram aquele país do Norte da Europa numa referência obrigatória para a nação benfiquista. Na época de 89/90, a par de Magnusson, a equipa recepcionou Jonas Thern, um centrocampista de 21 anos, internacional sueco. À Luz se fez com uma miríade de sonhos.

Depressa virou menino-bonito da plateia. No seu jeito grave, excitante. O ímpeto e o fôlego eram as melhores vias de acesso ao diploma da fama. Até porque com Jonas Thern o jogo era coisa sagrada. Tinha no bolso a chave da fortaleza, mas também o plano de ataque ao território adversário.

O meio-campo do Benfica dependia em larga medida do jogador sueco. Mesmo com Valdo. Mesmo com Rui Costa. Mesmo com Kulkov ou Paulo Sousa. Na primeira época, fez o pleno até à chegada a Viena, palco da final da Taça dos Campeões. Perdeu o titulo europeu, é certo, mas frente ao AC Milan, à época a melhor esquadra mundial. Na segunda temporada, conquistou o titulo português, num dramático mano-a-mano com o FC Porto e um espectacular triunfo nas Antas. À terceira jejuou, mas 42 jogos dão bem conta de quão imprescindível era.

(http://img239.imageshack.us/img239/5371/resizeofresizeofresizeonb1.png) (http://aycu09.webshots.com/image/49688/2000263221547497619_rs.jpg)

Foras três anos rápidos, demasiados rápidos. Sempre na liça, sempre também na equipa nacional sueca. Rumou a Itália, a troco de muitas liras, estabelecendo-se durante cinco temporadas, primeiro no Nápoles e depois na defesa de um dos dois mais representativos emblemas romanos, a AS Roma. Em 1999, no Glasgow Rangers, ao lado de Paul Gascoine e Brian Laudrup, foi forçado a renunciar, após intricada lesão.

No flashback benfiquista, o nome de Jonas Thern surge com naturalidade absoluta. Entrou a sonhar, bebeu saber na fonte da Luz, saiu no patamar maior da consideração colectiva.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Jonas Thern (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 09 de Abril de 2008, 21:59
António José Conceição Oliveira. Mogofores. 14 de Outubro de 1946. Médio.
Épocas no Benfica: 13 (68/81). Jogos: 395. Golos: 24. Títulos: 8 (Campeonato Nacional), 4 (Taça de Portugal) e 1 (Supertaça).
Outros clubes: Académica, Las Vegas Quick Silver. Internacionalizações: 33
Treinador do Benfica entre 1987 e 1989, 1992 e 1994, 2000 e 2002 (conquistou dois títulos nacionais e venceu uma Taça de Portugal).

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Equipa 1978/1979

Os mais arreigados militantes da causa sustentam, como Artur Semedo, que "o Benfica é uma religião". Culto esse, anos a fio, praticado por Toni, que mal se deu quase sempre por outras paragens. Ele que fez parte da sua formação no Instituto Salesiano, que se derretia perante as aptidões de Matateu e do Belenenses, que sonhava com a advocacia. Outra causa abraçou, o futebol e, no caso vertente, o seu Benfica, "com orgulho muito seu".

Da equipa dos Salesianos passou para o Anadia. Em 63, num jogo como vitória sobre a Académica (3-0), fez uma exibição todo-o-terreno, esclarecedora e vibrante. Já com Mário Wilson na cidade dos doutores, transferiu-se, depois da aquiescência do pai Ventura, a troco da promessa de lhe pagarem os estudos. Os deuses da fortuna estavam como ele e quando "o Gervásio foi atacado de febre tifóide, fui chamado à equipa que jogou a final da Taça com o Setúbal. Destaquei-me, sobretudo pela minha grande capacidade física. Foi um desafio dramático, com dois prolongamentos sofridos, e já era noite quando o Jacinto João, depois do Rocha ter atirado à barra, marcou o golo que nos levou a Taça".

A 9 de Junho de 1968, o Jornal "A Bola" fazia manchete com o ingresso de Toni na Luz, por 1305 contos de rei. Viviam-se os tempos de "Fátima, Benfica e Fado". Rodeado de estrelas, o Craque Saloio, como passou a ser conhecido, experimentou algumas dificuldades para se impor. Mesmo assim, episodicamente, lá ia assinando o ponto.

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Batia-se bem, revelava-se proficiente. Refulgia na intermediária, com a cadência de um relógio de hora certa, sobretudo valorizava a força do pulmão, num jeito alegre, contagiante, abnegado, jamais precisou fazer mea culpa. Marcou uma geração de ouro no carrossel das vitórias encarnadas.

No tempo da equipa-maravilha do inicio dos anos 70, ficou ligado à saída do britânico Jimmy Hagan. Involuntariamente. No dia da festa de Eusébio, com Humberto e Nélinho, foi proscrito da convocatória, que o exigente britânico não transigia com faltas de disciplina, menores elas fossem. Afinal, os três jogadores haviam apenas negligenciado um mero exercício físico. Tentativas houve de reconciliação. Inflexível foi Hagan. Borges Coutinho ordenou que os jogadores participassem "na festa do amigo e do ídolo". Desautorizado, o inglês partiu para sempre.

A bonomia sempre foi uma das suas características, um lado humano fascinante. No termo da década de 70, num jogo com o FC Porto, disputado nos rigores do Inverno, partiu uma perna ao portista Marco Aurélio. Sem querer. Inviperou-se com a desgraça. Caíram-lhe lágrimas de uma dor patente. Até o resultado da contenda subestimou.

O apego à justiça, o amor pelo colectivo, fizeram de Toni um lutador. Nos dias da democracia-bebé, dedicou-se às lutas sindicais, pelo fim da abjecta lei de opção dos futebolistas. Viviam-se tempos em que os atletas necessitavam até de autorização das directorias para se... casarem. Campeão também nesse combate contra o futebol-escravidão acabava por ser.

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Dos outros títulos reza a história. Oito Campeonatos Nacionais, quatro Taças e uma Supertaça. Anos a fio capitão de equipa, líder se afirmou, com simplicidade, com a naturalidade dos grandes homens. A Selecção Nacional também o chamou, ao todo 33 vezes. Jogou a Minicopa no Brasil. Mas, tal como Humberto Coelho, João Alves ou Artur Jorge, não interveio em nenhuma fase final de uma grande competição. É o seu maior azedume.

Despediu-se dos relvados no dia 24 de Maio de 1981. Com o Vitória de Setúbal. E com a correspondente faixa do titulo. Pouco mais tarde, era convidado para treinador-adjunto. Com Eriksson. Com outros depois. Intocável, que a lealdade era das suas principais virtudes. Até que chegou a técnico principal, transformando-se, historicamente, no único campeão, na dupla tarefa de jogador e treinador, da longa caminhada benfiquista.

Campeão europeu poderia ter sido. Ficou a um pontapé de distância. O pontapé fatídico de Veloso, na final de Estugarda, em 1988. Foi o último técnico ganhador no Benfica. As gigantescas bancadas da velha Luz tributaram-lhe o justo e prolongada aplauso. Era gente feliz com lágrimas. Já se sabia que para o seu cargo estava apalavrado Artur Jorge. Só não se sabia que era o inicio da mais prolongada hibernação competitiva do Benfica.

António Mega Ferreira, notável escritor, bem poderá ter assinado o melhor elogio, ao passar a letra de forma que "foi com homens como Toni que se fez o Glorioso".
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Toni
Mensagem de: VitorPaneira7 em 09 de Abril de 2008, 22:26
O meu pai diz que o Toni era uma força da natureza
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Toni
Mensagem de: Elvis the Pelvis em 09 de Abril de 2008, 22:55
Grande Toni! :bow2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Toni
Mensagem de: RodrigoTacuara em 09 de Abril de 2008, 23:08
Toni tive o prazer de  o ver jogar na sua ultima época.No celébre 5-0 sporting golos todos marcados 1ª parte. Era um enorme jogador.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Toni
Mensagem de: Mestre em 10 de Abril de 2008, 09:23
Tive uns tempos sem cá aparecer e revejo agora Schwarz, Stromberg, Silvino, Sheu e Thern, jogadores que me encantaram pela entrega e alma que punham em campo, dando tudo pelas nossas cores.

Toni e Simões apenas os conheço das histórias à mesa, onde o meu pai revê cada nome deste post com um brilho nos olhos. Acho que já encontrei a prenda de aniversário deste ano.  :)

Não vale a pena enaltecer mais o autor do tópico, ele sabe a opinião que tenho.

Abraço benfiquista e esperança no futuro.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Jonas Thern (actualizado)
Mensagem de: Corrosivo em 10 de Abril de 2008, 09:25
Citação de: ednilson em 09 de Abril de 2008, 21:59

António Mega Ferreira, notável escritor, bem poderá ter assinado o melhor elogio, ao passar a letra de forma que "foi com homens como Toni que se fez o Glorioso".


E foi mesmo  :bow2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Toni
Mensagem de: Bola7 em 10 de Abril de 2008, 14:39
gd Toni! :metal:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Toni
Mensagem de: VitorPaneira7 em 10 de Abril de 2008, 15:36
é bom ver aqui estas memorias, lembra-me as boas conversas que tenho com o meu pai. Lembrando agora isto do Toni durante o jogo com o Nacional de Montevideu em que houve porrada pelo que me lembro o meu pai contou que era o Alberto e mais um a dar com as placas de substituição nos jogadores uruguaios que iam descendo apra o balneário. O outro não sei se era o toni.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Toni
Mensagem de: ednilson em 10 de Abril de 2008, 21:40
José Augusto C. Sénica Torres. Torres Novas. 8 de Setembro de 1938. Avançado.
Épocas no Benfica: 12 (59/71). Jogos: 259. Golos: 226. Títulos: 9 (Campeonato Nacional) e 4 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Torres Novas, V. Setúbal e Estoril. Internacionalizações: 33

(http://img505.imageshack.us/img505/6066/torres5th0.jpg)

(http://img168.imageshack.us/img168/8613/19691970rg4.jpg)
Equipa 1969/1970

São muitos os que dizem que jamais se pode ser boa pessoa se de animais não se gostar. José Torres, o Bom Gigante, sempre gostou. Sempre, não. Um dia houve, já adolescente, acometido de raiva, em que matou todos os pombos voejantes da casa de família. Ao cair em si, chacina consumada, não susteve lágrimas de arrependimento. Deu-lhe o pai uma bola, para que o sorriso substituísse o desespero. Fez-se jogador de futebol e columbófilo. As duas paixões de uma vida.

Bem se pode falar de hereditariedade no gosto de José Torres pelo oficio do chuto. Francisco, o pai, havia jogado no Carcavelinhos; o tio, Carlos, no Benfica. No Desportivo de Torres Novas, o clube da terra, estrear-se-ia José Torres. Com uma fisionomia invulgar, começou a marcar golos ao ritmo de enxurrada. Como poderiam os adversários escondê-lo no jogo? Era de todos o maior, no alto do seu cerca de metro e noventa. Acima dele só céu...

As proezas de Torres começaram a ser badaladas. Logo se acoitou no Benfica, no início do ano de 1959. Três temporadas penosas passou, tão intenso era o brilho de José Águas e tão ingratos eram também os regulamentos da época. "Durante a minha carreira de jogador, tive momentos em que o azar me bateu à porta mais do que devia. Por exemplo, na final da Taça dos Campeões Europeus, contra o Real Madrid, quando o Benfica conquistou o segundo titulo europeu. Só não joguei e não me sagrei, de facto, campeão da Europa, porque os regulamentos ainda impediam, estupidamente, que se fizessem substituições. O Cavem lesionou-se, eu era o único avançado no banco, o Benfica continuou a jogar com dez só porque... substituir era proibido!".

(http://img168.imageshack.us/img168/2728/torres2hu2.jpg) (http://img169.imageshack.us/img169/2807/torresad7.png)

Atravessou o melhor bocado da saga europeia vermelha sem intervenção. Até que, em 62/63, já com Fernando Riera no posto de Bela Guttmann, em pleno se afirmou. Inclusive, foi o artilheiro-mor do Campeonato, com 26 golos (21 jogos), mais três que Eusébio. De resto, nesse ano, só o Sporting (71) e o FC Porto (61) marcaram mais que a nova dupla (49) da voluptuosidade benfiquista.

Faltou a Torres o ceptro europeu. Frente ao AC Milan, derrota por 2-1, apesar de Eusébio ter inaugurado a contagem, prenunciando uma superioridade que não veio a confirmar-se. O Bom Gigante, na tarefa ciclópica de fazer esquecer a boa pinta de José Águas das duas edições anteriores, não se saiu bem, em branco ficou. Distante, muito distante, do que havia rendido, no começo desse ano, no torneio Ramon Carranza, com a Fiorentina. A meia hora do fim, subsistia um empate a três bolas. Torres entrou e... quatro tentos fez, de rajada, naquela heróica vitória. Confirmava-se nova profecia de Guttmann, que meses antes havia dito: "Esse jovem gigante que não tem físico de futebolista chama-se Torres, é suplente de José Águas, mas um dia será avançado-centro do Benfica e a Europa ouvirá falar muito dele. Apesar de pouco jogar na equipa, se algum clube o quisesse contratar teria de dar dois mil contos ao Benfica, mas dentro de três anos nem pelo dobro...".

(http://img169.imageshack.us/img169/3409/torres1oz1.jpg)

José Torres continuou a caminhar em glória. E se epifenómeno foi, a responsabilidade é de Eusébio, que todos (quase) eclipsou. Durante uma dúzia de anos no clube, Torres fez 259 jogos oficiais e marcou 226 golos. Venceu nove Campeonatos e quatro Taças de Portugal. Um registo impressionante, valorado ainda com o titulo de melhor marcador do Nacional 62/63. Para já não referir as três presenças noutras tantas finais europeias. "Sinceramente, a minha maior tristeza foi não ter sido campeão da Europa".

Na equipa nacional, José Torres está indissociavelmente ligado à campanha dos Magriços. Três golos marcou na Inglaterra, com destaque para o último, frente à União Soviética, que permitiu a Portugal subir ao pódio. Foi 31 vezes internacional, enquanto jogador do Benfica, logrando 14 golos.

Terminou a carreira no Estoril, na condição de treinador-jogador, após uma digna passagem pelo melhor Vitória de Setúbal de sempre, nos píncaros da Europa, circunstância que até o (re)conduziu à Selecção Nacional. Justamente na qual, já como responsável máximo, pouco depois de ter dado inicio à carreira de treinador, viria a garantir a qualificação para o México 86. Depois do monumental golo do benfiquista Carlos Manuel, em Estugarda, no tal jogo em que pediu que o deixassem sonhar.

Se mais sonhos teve, talvez nem às paredes confesse, como se ouve na popular canção. Uma coisa, porém, é certa, José Torres fez os adeptos sonharem mais alto. E, não poucas vezes, foi ele o arquitecto do sonho.

Força Bom Gigante!!! :bow2:
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Torres (actualizado)
Mensagem de: Elvis the Pelvis em 10 de Abril de 2008, 23:51
Grande José Torres! :bow2:

Não sei se o Benfica o tem ajudado ou não, mas é uma obrigação da Direcção. Quem conhece o Torres (antes da terrível doença de que padece actualmente), diz que ele era uma pessoa fantástica.

Força Torres! :slb2:
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Torres (actualizado)
Mensagem de: Corrosivo em 11 de Abril de 2008, 09:32
O nosso bom Gigante!!!!
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Torres (actualizado)
Mensagem de: t_rex em 11 de Abril de 2008, 11:00
Um lutador, um dos nossos!

Força Bom Gigante!

:bandeiraslb2: :slb2: :ptflag:
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Torres (actualizado)
Mensagem de: Bola7 em 11 de Abril de 2008, 12:26
Citação de: Jamez em 10 de Abril de 2008, 23:51
Grande José Torres! :bow2:

Não sei se o Benfica o tem ajudado ou não, mas é uma obrigação da Direcção. Quem conhece o Torres (antes da terrível doença de que padece actualmente), diz que ele era uma pessoa fantástica.

Força Torres! :slb2:
nem mais...
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Torres (actualizado)
Mensagem de: .:VMPT:. em 11 de Abril de 2008, 15:51
Toni e Tores...

Nem tenho palavras para os classificar...

Nunca os vi jogar, melhor, vi em alguns jogos gravados, mas sei que são enormes....

É mesmo de homens assim que o Benfica precisa....

Gostava muito que o Toni estivesse ligado ao Benfica...

E gostava que o Torres pode-se viver com a dignidade que ele sempre teve como jogador....

Torres é nosso, n nos podemos esquecer.....  :slb2:
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Torres (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 12 de Abril de 2008, 08:51
Alfredo Valadas Mendes. Minas de São Domingos. 16 de Fevereiro de 1912-1994. Avançado.
Épocas no Benfica: 10 (34/44). Jogos: 263. Golos: 162. Títulos: 1 (Campeonato Portugal), 6 (Campeonato Nacional), 1 (Campeonato de Lisboa) e 3 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Luso de Beja, Sporting e SL Beja. Internacionalizações: 6

(http://img508.imageshack.us/img508/9656/valadaswx1.png)

(http://img505.imageshack.us/img505/4948/194219432vj9.jpg) 
Equipa 1942/1943

Esforço, devoção e glória. Não, não há plágio, não há equívoco, não há gralha. É mesmo o lema do Sporting Clube de Portugal. Um normativo que Alfredo Valadas desejava ardentemente interpretar. A obsessão prolongou-se até ao início da idade adulta. "Eu era um leão ferrenho", chegou a confessar.

Nasceu em Fevereiro de 1912, ano em que se afundou o Titanic. Alentejano de Beja, das Minas de São Domingos, parecia ter herdado o espírito mineiro, consubstanciado na têmpera, na coragem, no ardor. Iniciou-se pelo Luso de Beja, actual Desportivo, com apenas 15 anos. Três temporadas depois, atributos confirmados, ingressou no Sporting, consumando o sonho. Sonho não, pesadelo. "Desde o início, os dirigentes prometeram-me um emprego e não cumpriram; aborreci-me e voltei à terra, onde estive um ano sem jogar para ficar livre". Era assim nesses tempos.

Passada a dolorosa abstinência, Valadas foi convidado a ingressar no Benfica. Aires da Fonseca responsabilizou-se pela abordagem. Corria o ano de 1934. "Embora sem me conseguirem o tal emprego, fizeram uma proposta que me agradou; jogava com a carta na mão, até me arranjarem colocação como funcionário público". Compromisso honrado, à Benfica, em 1937 estava nos quadros do Governo Civil de Lisboa.

(http://img149.imageshack.us/img149/2049/valadas4cp2.jpg)

A nova afeição durou dez temporadas. Profícua foi também. Valadas conquistou 11 títulos, espalhados por seis Campeonatos Nacionais, um de Portugal, outro de Lisboa e três Taças. Actuou em 263 partidas e obteve 162 golos. Ainda hoje faz parte da lista dos dez melhores marcadores do historial encarnado. À Selecção Nacional emprestou, por seis ocasiões, os seus préstimos, com dois golos apontados.

Valadas era extremo-esquerdo. Alto e corpulento, mesmo assim dotado de grande velocidade e forte disparo. Não abjurava a posição, fintando com sapiência. Chamavam-lhe repentista, conceito que nasceu do seu talento. A 7 de Fevereiro de 1943, um jogo houve que aparece sublinhado a vermelho no livro de honra das proezas benfiquistas. Triunfo por 12-2 (!) sobre o FC Porto, no Campo Grande, a contar para o Nacional. Olímpica jornada essa, com Martins, Gaspar Pinto e César Ferreira; Jordão, Albino e Francisco Ferreira, Manuel da Costa, Barros, Julinho, Teixeira e Valadas.

Em 43/44, despedir-se-ia, com mais um triunfo na Taça de Portugal. Já não actuou no embate decisivo, no Campo das Salésias, na vitória do Benfica perante o Estoril (8-0), com cinco golos de Rogério. Rogério de Carvalho, o Pipi das delicias berrantes, era o substituto na posição. Trocava-se ouro por... ouro. Ganhou o clube. Como ganhou Valadas o livre-trânsito na praça dos mais intrépidos. Com esforço, dedicação e glória. Só que no Benfica.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Valadas
Mensagem de: Elvis the Pelvis em 12 de Abril de 2008, 15:50
Este topic até me faz sentir mal. Olhar para as glórias do passado glorioso, e depois ver a actualidade que é uma merda, dói muito. :cry2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Valadas
Mensagem de: ednilson em 12 de Abril de 2008, 19:04
Valdo Cândido Filho. Sidéropolis, Brasil. 12 de Janeiro de 1964. Médio.
Épocas no Benfica: 5 (88/91 e 95/97). Jogos: 184. Golos: 28. Títulos: 2 (Campeonato Nacional), 1 (Taça de Portugal) e 1 (Supertaça).
Outros clubes: Cruzeiro, Paris SG, Nagoia Grampus Eight (Japão), Grémio, Santos, Sport Recife e Botafogo. Internacionalizações: Brasil.

(http://img86.imageshack.us/img86/3232/valdo5dl2.jpg)

(http://img519.imageshack.us/img519/7660/resizeof19961997lh2.jpg)
Plantel 1996/1997

A gente engalispava-se a vê-lo jogar. A gente salivava de prazer. "Dá ao Valdo que ele resolve", pedia a gente. E o Valdo satisfazia a gente. "A gente simplesmente sabe, mas não faz a menor ideia disso", dizia Tostão, também brasileiro e gente artista. Era mesmo assim aquele meio-palmo-de-gente. Gente grande do futebol. Gente com lugar na história de outra gente. A da gente do Benfica.

Deliciava no Grémio de Porto Alegre, quando enveredou pela primeira aventura além-fronteiras. A empreitada conheceu engulhos. Valdo era um ídolo e só a persistência do Benfica lhe aguçou a tentação. Logo na estreia, em Espinho, no inicio da temporada 88/89, a sua classe parecia não caber no campo. O jogo até deu empate, mas deu Valdo, muito Valdo. Estava encontrado o playmaker, como sói dizer-se em inglês, essa quase língua universal. Foi uma temporada deslumbrante. O tridente brasileiro (Valdo, Mozer e Ricardo Gomes) pintava a festa do campeonato a vermelho... verde e amarelo. Foi um triunfo com sotaque. O centrocampista actuou em 28 jogos e marcou cinco golos. No ano seguinte, ainda que não revalidasse o titulo, ao Benfica presença reservada estava no mais desejado palco europeu da especialidade. Em jogo equilibrado, o Milan levou a melhor, mas Valdo haveria de provar quão insubmissa era a sua equipa, perante a melhor formação mundial daquele tempo a nível de clubes. Em 90/91, terminou a época, curtindo de novo o prazer da faixa de campeão, antes de rumar a Paris, com o ego em alta e as finanças em prosperidade.

(http://img183.imageshack.us/img183/9475/valdols5.jpg) (http://img501.imageshack.us/img501/3542/valdo8it4.jpg)

Regressou em 95/96, já luso-brasileiro, para de novo pautar as operações a meio-campo. Vivia-se o inicio da era horribilis do Benfica. Disfarçou, porque qualidades não havia perdido. Ainda venceu uma Taça de Portugal, última nota do quadro de honra benfiquista até à celebração do Centenário.

De Valdo fica a recordação do operário especializado no jogo das multidões. O perfume dos seus passes. A arte dos seus rendilhados. A música dos seus concertos. Com a magia das suas viagens, Valdo foi um dos melhores jogadores estrangeiros do Benfica. Daqueles para quem a vida só dura hora e meia. Assim incendiou degraus e degraus pejados de fãs do seu futebol. Do seu Benfica.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Valdo (actualizado)
Mensagem de: VanBasten em 12 de Abril de 2008, 19:08
A famosa "folha seca" de Valdo...qual Simão, qual Cardozo, qual crl...aquilo sim, eram penaltis fora da area!
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Valdo (actualizado)
Mensagem de: Pedro Neto em 13 de Abril de 2008, 15:49
O Valdo foi o melhor #10 que vi no Benfica. Melhor até que Rui Costa.

http://encarnados.blogspot.com/2006/06/dream-team-parte-vii-valdo.html
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Valdo (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 13 de Abril de 2008, 18:35
António Augusto Silva Veloso. São João da Madeira. 31 de Janeiro de 1957. Defesa.
Épocas no Benfica: 15 (80/95). Jogos: 536. Golos: 8. Títulos: 7 (Campeonato Nacional), 6 (Taça de Portugal) e 3 (Supertaça).
Outros clubes: Sanjoanense e Beira Mar. Internacionalizações: 40.

(http://img101.imageshack.us/img101/9588/velosonf6.jpg)

(http://img391.imageshack.us/img391/7408/19871988kb2.jpg)
Equipa 1987/1988

Se jogador no Benfica houve campeão da polivalência, Veloso foi. Para ele, actuar na retaguarda, à direita, à esquerda, ao meio, era igual. Actuar na intermediária, à direita, à esquerda, ao meio, igual também. Veloso era daqueles que queriam jogar. Jogar no Benfica. Jogar à Benfica. Jogar e receber o aplauso da plateia. Pelo esforço, pelo sacrifício, pelo combate. Pela emoção, pela alegria, pela raça. Com características defensivas, a Veloso como que competia jurisdicionar umas das áreas da batalha. À direita, à esquerda, ao meio, pouco importava. E também mais parecia ser ele a desfraldar a bandeira. Da luta, da garra, da vitória. Do Benfica.

Nasceu em 1957, ano em que se iniciaram as transmissões regulares de televisão em Portugal. Na pacata São João da Madeira, terra de tradições futebolísticas, afamada também por recepcionar uma próspera indústria de calçado. Aos 11 anos, começou a trabalhar numa fábrica desse ramo, ainda que o futebol já lhe despertasse o mais guloso dos apetites. Dois anos depois, inscreveu-se na Associação Desportiva Sanjoanense, que representou durante cinco temporadas, de juvenil a sénior. Nessa altura, na retina tinha ainda um fabuloso golo de Eusébio, que as redes da Sanjoanense havia furado, tão violento saiu o pontapé. Era o benfiquismo a dar sinais. Por isso, após duas temporadas no Beira Mar e a rejeição de propostas do FC Porto e Sporting, Veloso rumava à Luz, no inicio da temporada 80/81, já na condição de internacional das camadas jovens portuguesas.

Com 23 anos, estreou-se de águia ao peito, numa digressão, em Toronto, frente ao Pannellenie, clube canadiano da comunidade grega local. A vitória sorriu, por 4-0, tendo Veloso entrado no reatamento para o último golo marcar, num cirúrgico remate de fora da área. Conquistou o torneio, conquistou também um lugar na equipa.

Era a época de 80/81, com o húngaro Lajos Baroti no comando técnico. O Benfica venceu tudo a nível doméstico, o Campeonato, a Taça de Portugal, a Supertaça Cândido de Oliveira. Nené foi Bola de Prata, símbolo do melhor goleador do Nacional. Com Bento, Pietra, Humberto Coelho, Carlos Manuel, Alves, Shéu e Chalana, entre outros, só falhou uma competição europeia. Foi por um triz, já que às meias-finais da Taça dos Vencedores das Taças haveria de chegar a novel equipa de Veloso.

(http://img101.imageshack.us/img101/2514/velosodl3.png) (http://img391.imageshack.us/img391/7036/veloso9ch5.jpg)

A Selecção abriu-lhe as portas. Por 40 vezes haveria de ouvir os acordes do Hino Nacional. Esteve no Euro 84, em França, onde jogou frente à Alemanha, após ter substituído o portista Frasco. Falhou o México 86, por uma daquelas nódoas que deixam marcas para sempre. Acusou positivo num controlo anti-doping, requereu a contra-análise e o resultado foi negativo. Clamou pela sua inocência, mas já não foi a tempo, terminado estava o prazo para a entrega da lista de seleccionados. Anos depois, na Antas, numa jornada deslumbrante, Portugal haveria de bater a mágica Holanda, de Gullit, Rijkaard e Van Basten. Foi com um golo solitário do benfiquista Rui Águas. Veloso actuou a defesa-central, numa altura de crise no sector, saindo-se a contendo, na elegância da veterania.

Pelo Benfica, conquistou sete Campeonatos, seis Taças e três Supertaças. Efectuou 658 jogos, com expressão de grande versatilidade. Na cortina defensiva, 546 a titular (309 à direita, 224 à esquerda, 13 ao meio). No miolo, 69 também de inicio (17 à direita, 18 à esquerda, 34 ao meio). É o recordista de presenças nas competições europeias (77). Como capitão da equipa, actuou 322 vezes. Quedou-se a seis jogos apenas de Mário Coluna, o Monstro Sagrado, aquele que mais vezes colocou a fita no braço esquerdo.

"Acho que fiz uma carreira bonita e só tenho pena que o maldito penálti da final dos Campeões me seja sistematicamente atirado à cara". Pois é, a cada vez mais actual tendência de ver as coisas pela negativa. Foi a grande hipótese de o Benfica voltar, ao cabo de precisamente uma vintena de anos, ao galarim do futebol europeu. No final do tempo regulamentar, ante o PSV, subsistia a igualdade a zero. Nada se alterou no sofrido prolongamento. Cinco remates certeiros e consecutivos para cada lado. Na sexta tentativa, ele que não tinha sido indigitado para a série inaugural, Veloso desferiu o mais incompetente remate de toda uma vida. O Benfica não era campeão da Europa.

Ainda teve alguns anos para se ressarcir daquela imoralidade. Com novas conquistas, outras glórias. Não tão grandes, mas sempre glórias. E a maior glória de Veloso é ter cativado um lugar à luz da Luz.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Veloso
Mensagem de: ednilson em 14 de Abril de 2008, 21:27
Vítor Manuel Ferreira Baptista. Setúbal. 18 de Outubro de 1948-1999. Avançado.
Épocas no Benfica: 7 (71/78). Jogos: 150. Golos: 64. Títulos: 5 (Campeonato Nacional) e 1 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Setúbal, Boavista, San Jose, Amora, Montijo, União de Tomar, Monte da Caparica e Estrelas do Faralhão. Internacionalizações: 11.

(http://img245.imageshack.us/img245/7936/vitorbatista8uq0.jpg)

(http://img253.imageshack.us/img253/6562/197519762uq0.jpg)
Equipa 1975/1976

Ele era o maior, no seu desassombrado exercício de auto-avaliação. Ele era Vítor Baptista. Seguramente, o mais controverso jogador do universo benfiquista e nacional.

O pai transportava peixe da lota para a praça de Setúbal. Morreu novo, era o Vítor pouco menos que imberbe. "Eu fazia recados às prostitutas, apanhava moedas que os 'camones' atiravam para a água e trabalhava numa mercearia", enquanto a mãe se viu na contingência de emprego pedir numa fábrica de conservas.

Fervia de paixão por Eusébio, quando principiou a sua odisseia. Entrou num torneio de futebol de sala, 15 anos tinha, segundo melhor marcador foi, atrás de Quinito, esse mesmo, o treinador de futebol. Olheiros do Vitória ficaram desvanecidos perante uma boa fornada, que sinais dava de querer trepar nas lides. Vítor Baptista não foi escolhido, mas tanto insistiu, tanto clamou justiça, que Emídio Graça, irmão do benfiquista Jaime, acabaria por dar anuência.

Meteórico foi o ascenso. Aos 18 anos, venceu a Taça de Portugal, num jogo tremendo com a Académica. Sob a direcção técnica de Pedroto, pedaços de talento distribuiu, no Bonfim e noutros recintos. Chegou a comprometer-se com o Sporting, mais leonina era a proposta, só que o Benfica antecipou-se, cedeu Praia, Torres e Matine ao Vitória. Viu-se compelido a trajar de vermelho. Não houve sinal de lamúria. Afinal, entrava nos píncaros da fama. Até nem desbotou, apesar da concorrência de Nené, Eusébio, Artur Jorge e Jordão. Disse ao que ia, naquele estilo cavalgante, nem sempre a primar pela estética, mas sólido, sólido como uma rocha.

(http://img245.imageshack.us/img245/9994/vitorbatista9zw2.jpg) (http://img245.imageshack.us/img245/1480/vitorbatistarf2.jpg) 

O seu traço de exotismo não passava despercebido. Era um desadaptado, indulgente sobretudo fora das quatro linhas. Recorda Shéu, quão perplexo ficou, no dia em que Vítor Baptista prendeu um exemplar da raça canina ao poste de uma baliza, poucos minutos antes de um treino.

E para a posteridade ficou o mais hilariante dos episódios que a Luz conheceu, quando após ter marcado o golo do triunfo do Benfica, em dia de derby, frente ao Sporting, se apercebeu que lhe faltava o brinco na orelha. Parado esteve o jogo quase cinco minutos. Agachado, gatinhando mais e mais, era ver Vítor Baptista a passar a relva a pente fino. Incrédulos ficaram os colegas, os adversários, a multidão que coloria as bancadas. Não mais apareceu o brinco e a vitória, essa, recusou-se a comemorar.

Sempre autista, pôs a cabeça em água a muitos dos seus treinadores. No Benfica e na Selecção, protagonizando falhas graves de indisciplina. Apesar de tanta incontinência, o povo gostava de Vítor Baptista. Apreciava o seu código de jogo, a forma como se recreava com a bola, o apetite insaciável pelo golo.

(http://img395.imageshack.us/img395/2222/vitorbatista3gq4.jpg)

Esteve sete épocas no Benfica e ganhou cinco Campeonatos. À entrada da última, foi categórico e sustentou que "o melhor futebolista português não pode continuar a jogar se lhe pagarem como até aqui". Assim falou, talvez ao volante daquele Jaguar, que havia adquirido por 150 contos a um milionário aterrorizado com a Aliança Povo/MFA e o avanço para o socialismo. Contrição fez e regressou ao activo. Para uma das suas conseguidas temporadas.

Ainda que houvesse interesse do Benfica na sua continuidade, muito por força da pressão popular, que os comportamentos desviantes se iam acentuando, Vítor Baptista regressou a Setúbal, no começo de uma deambulação por vários clubes, que culminou no Estrelas do Faralhão, da Distrital setubalense.

Nos últimos anos de vida, ele que morreu num 1º de Janeiro, com meio século de vida, aparecia com frequência no Estádio da Luz. Degradado, infelizmente muito degradado. Mas para Vítor Baptista, aquele que levantou estádios, à custa do perfume do seu futebol, fica a mais portuguesa das palavras, aquela que tradução não tem, a portuguesíssima saudade.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Vitor Baptista (actualizado)
Mensagem de: Elvis the Pelvis em 14 de Abril de 2008, 23:14
Grande Valdo! :bow2:

Quanto ao Veloso, grande capitão, mas aquele penalty falhado em Estugarda. :cry2:
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Vitor Baptista (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 15 de Abril de 2008, 21:22
Vítor Cândido Gonçalves. Lisboa. 12 de Abril de 1896-1965. Avançado.
Épocas no Benfica: 9 (18/27). Jogos: 72. Golos: 5. Títulos: 1 (Campeonato de Lisboa).
Internacionalizações: 2. Treinador do Benfica em 1934/35 (conquistou um Campeonato de Portugal).

(http://img99.imageshack.us/img99/9619/vitorgonalvescj6.png)

(http://img231.imageshack.us/img231/5250/19191920hk9.jpg)
Equipa 1919/1920

Se o general Vasco Gonçalves, antigo Primeiro-Ministro, na politica, dividiu opiniões, já o seu pai, Vítor Gonçalves, mas no futebol, granjeou unanimidade. A todos os níveis, fosse como adepto, fosse como praticante, fosse como capitão, fosse como treinador. Um poço de virtudes. Da integridade à honra.

Vítor Gonçalves deixou vestígios inapagáveis no Benfica e no futebol português. Foi companheiro de Ribeiro dos Reis e de Cândido de Oliveira, personalidades respeitadas, como ele credoras do magister dixer. Companheiro foi também, com a divisa da águia, de António Pinho, Alberto Augusto, Homem de Figueiredo, Vítor Hugo, Raul Tamanqueiro.

Actuou quase uma década no Benfica. Era avançado. Futebolista inteligente, na percepção do binómio espaço/tempo. Jogador evoluído, com apreciáveis recursos técnicos. Atleta maduro, de forte sustentáculo emocional. Desportista irrepreensível, admirado até pelos adversários. Benfiquista inveterado, sorvedor da mística do clube. Que tão bem encarnou. Que tão bem transmitiu às gerações vindouras. Desde logo como treinador. Treinador campeão.

(http://img238.imageshack.us/img238/649/vitorgonalves1sh9.jpg)

Na sua trajectória garrida, por uma vez chegou ao titulo regional de Lisboa, a principal prova do velho calendário. Foi em 1919/20, altura em que a equipa viajou por Espanha. Bateu o Atlético de Madrid (2-1) e o Pontevedra (7-3), tendo capitulado perante o Real Madrid (1-4) e o Real Vigo (0-2). Melhor, muito melhor, arrecadou, em dinheiro vivo, duzentos e onze escudos e quarenta centavos. Pasta era naqueles tempos.

Clube popular, talvez por isso mesmo, o Benfica dava sinais de vitalidade. Até na engenharia financeira. Assim foi para erguer o Campo das Amoreiras. O melhor de Lisboa era, também do país, um dos mais completos da Península Ibérica. Foi inaugurado a 13 de Dezembro de 1925, na época de Vítor Gonçalves, presente já no pequeno rol de internacional do futebol indígena.

Foi um homem vertical, um homem de fôlego, de talento. No futebol e na vida. No seu Benfica. O povo dos ideais vermelhos sempre lhe tributou sentido aplauso. Admirava-lhe, louvava-lhe a seriedade, a coragem, a dedicação, a arte. Era assim no Benfica. Era assim o Benfica. Muitos, muitos anos depois, deve ser, pode ser, tem de ser assim o Benfica.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Vitor Gonçalves
Mensagem de: pcssousa em 16 de Abril de 2008, 10:50
Quem já não ouviu falar do célebre brinco do Vitor Batista? ou de quando apareceu no aeroporto aquando de uma deslocação do Benfica a Moscovo, na altura à URSS, para um jogo para as competições europeias, vestido de ganga toda coçada enquanto todos os outros apareceram de fato deixando o treinador e responsáveis de cabelos em pé? histórias impagáveis daquele que se autointitulava "o maior", pois considerava-se o melhor jogador português a seguir a Eusébio!
Vitor, onde quer que estejas quero que saibas que os benfiquistas não esquecem os anos em que de vermelho trajaste!
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Vitor Gonçalves
Mensagem de: ednilson em 16 de Abril de 2008, 22:42
Vítor Manuel Rosa Martins. Alcobaça. 27 de Março de 1950. Médio.
Épocas no Benfica: 9 (69/78). Jogos: 192. Golos: 27. Títulos: 5 (Campeonato Nacional) e 1 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Nazarenos. Internacionalizações: 3.

(http://img501.imageshack.us/img501/4258/vitormartins5ln8.jpg)


(http://img378.imageshack.us/img378/1469/197219733lh0.jpg)
Equipa 1972/1973

No apogeu da carreira, contava 27 anos apenas, Vítor Martins interrompeu de forma abrupta o melhor ciclo da sua vida. Um cruel acidente vascular quase o inutilizava. Perdeu o Benfica um dos seus mais cotados futebolistas, com matriz de alto rendimento, portentoso na técnica, até parecia bailar em campo, de tão suave na execução.

Recrutado ao Nazarenos, Vítor Martins chegou à Luz para os escalões mais jovens. Esteve no gérmen das melhores castas de sempre do futebol juvenil do clube. Com Humberto Coelho, Nené, João Alves, Shéu, Jordão e Bastos Lopes, toda uma ínclita geração. Ganhou depressa o hábito da vitória, mas também o engenho para lá chegar. E a internacional, já com títulos nacionais no palmarés.

Em Dezembro de 1969, fez a sua aparição na equipa principal. Um golo marcou, no triunfo esclarecedor (6-0) sobre o União de Tomar. Foi nessa tarde que o seu ídolo Eusébio recebeu as Bolas de Prata, referentes ao melhor marcador dos Nacionais de 66/67 e 67/68. Continuou a lutar por um lugar ao sol, com chamadas mais ou menos frequentes ao convívio dos craques. Assim atravessou o rico magistério de Jimmy Hagan, concorrendo, na zona intermediária, com Toni, Jaime Graça, Matine e Simões, nomes fortes da nomenclatura vermelha.

(http://img381.imageshack.us/img381/4694/vitormartinshy7.png)

A partir de 72/73, firmou-se em definitivo. Era um jogador do gosto popular. Tinha carradas de talento. Se era bom discípulo da ordem e do rigor, não deixava de cultivar o espaço de liberdade, onde o seu génio limites parecia não ter. Assim foi durante cinco grandes temporadas, com mais de 150 jogos na equipa principal e golos, vários golos à mistura.

Vítor Martins venceu por cinco ocasiões o Campeonato Nacional e por uma vez a Taça de Portugal. Foi três vezes internacional A, com destaque para a presença em Wembley, frente à Inglaterra, num surpreendente empate a zero. O Garoupa, como era conhecido, abateu, nesse dia, a grimpa aos ingleses.

A 13 de Novembro de 1977, em jogo a contar para a Taça de Portugal, ante o Desportivo de Chaves, lesionou-se ao minuto 52. Operado mais tarde, tudo se complicou. Drasticamente. O futebol era passado. "Estava na melhor fase da minha vida", confessa, de forma comovente. O Dínamo de Moscovo associar-se-ia à festa de homenagem, já o homem havia recuperado. O jogador, esse, morreu. No palco principal. Ficou a mágoa dos benfiquistas. E a nostalgia.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Vitor Gonçalves
Mensagem de: Mestre em 16 de Abril de 2008, 22:51
Grandes Veloso e Valdo, guardo alguns dos melhores momentos do Benfica com eles no 11.
Quanto a Vitor Baptista, não havia palavras para descrever o talento e a irreverência de um dos melhores jogadores portugueses.

E já estamos na letra V.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Vitor Martins (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 17 de Abril de 2008, 22:02
Vítor Marcolino da Silva. Lisboa. 20 de Fevereiro de 1909-1982. Avançado.
Épocas no Benfica: 9 (27/36). Jogos: 133. Golos: 113. Títulos: 3 (Campeonato Nacional) e 1 (Iª Liga).
Outros clubes: Hóquei CP e Carcavelinhos. Internacionalizações: 19.

(http://img72.imageshack.us/img72/997/vitorsilvane5.png)

(http://img72.imageshack.us/img72/3097/19311932md2.jpg)
Equipa 1931/1932

Num clube centenário, seria estranho que não existisse uma expressão dinossáurica, corporizada por alguém que houvesse marcado os primórdios da prática competitiva. Somente cinco anos mais novo que o Benfica, em Vítor Silva se descobre tal figura. Ele que nasceu poucos meses antes da implantação da República, responsável foi, nos anos 30, pelo aumento da falange de apoio benfiquista, em virtude da sua reputação como jogador de futebol.

Vítor Marcolino da Silva inventou para o jogo o chamado salto de peixe, uma acrobacia que deleitava o público. Foi mesmo o primeiro atleta português contratado por dinheiro, circunstância que provocou um chorrilho de críticas na nossa sociedade da época.

Tinha apenas dois anos, quando os seus pais se mudaram, de armas e bagagens, para uma casa, em frente do antigo Campo das Laranjeiras, propriedade do CIF, a cujos quadros pertenceu na categoria de infantis. Só que o clube deixou de praticar futebol de competição e Vítor Silva optou pelo Hóquei Clube de Portugal, também sediado em Sete Rios. Jogou mais tarde no Carcavelinhos, chegando a marcar três golos ao Benfica, no início da época 27/28, em jogo a contar para a Taça de Preparação. Quinze contos valeu o seu passe. Parecia uma heresia, só que a vida veio provar quão justa foi a opção dos responsáveis encarnados.

Logo na estreia, com 18 anos, no dia 1 de Janeiro de 1928, Vítor Silva empurrou o Benfica, no campo das Amoreiras, para uma categórica vitória (4-1) sobre o FC Porto, ainda nos posto de interior-direito. Só interveio nesse encontro, porque indiferente não ficou ao apelo dos Jogos Olímpicos de Amesterdão. Fez os três jogos do calendário, marcou outros tantos golos, um em cada partida, ao Chile (4-2), à Jugoslávia (2-1) e ao Egipto (1-2).

(http://img519.imageshack.us/img519/8984/vitorsilvawh5.jpg)

Regressou em grande plano na época subsequente, transformando-se na coqueluche da equipa, mas a operação a uma hérnia afastá-lo-ia da competição durante um longo período.

No ano de 1930, foi decisivo na conquista do Campeonato de Portugal, prova que antecedeu a Taça de Portugal, ainda que nova enfermidade tivesse obstaculizado a sua presença na final. Já na época seguinte, guindado foi à condição de líder da equipa, recebendo a braçadeira de João Oliveira. No epílogo da temporada, com dois golos da sua autoria, o Benfica bateu o FC Porto (3-0), em Coimbra, sagrando-se bicampeão de Portugal. Em 1934/35, verificou-se a terceira conquista, a que se soma o Campeonato da I Liga, sempre com a veia goleadora de Vítor Silva a marcar pontos.

Se é certo que o futebol português, nesses tempos, vivia numa espécie de obscurantismo, certo é também que Vítor Silva parecia de outra galáxia. Era mesmo. Nasceu à frente no tempo. Enquanto os outros, quase todos os outros, se imitavam na mediania, dele já se poderiam esperar improvisações, passes de mágica, fintas desconcertantes, remates mortíferos. Era também um jogador tacticamente adiantado em relação aos demais. Já sabia ler o jogo, medir os espaços, executar os tempos. E jogava, fazendo jogar, subordinando o colectivo às suas características, à sua regência.

Após nove épocas ininterruptas no Benfica, onde chegou com o português Ribeiro dos Reis e de onde partiu com o húngaro Lipo Hertczka, despediu-se como jogador a 13 de Setembro de 1936. Tinha Mário Coluna um ano de vida. Faltavam seis anos para nascer Eusébio, catorze para Humberto Coelho, vinte e três para Chalana, quarenta e três para Simão Sabrosa ver também a luz do dia.

(http://img519.imageshack.us/img519/2741/vitorsilva5ur8.jpg) (http://img72.imageshack.us/img72/7097/vitorsilva7eu2.jpg)

A homenagem a Vítor Silva agitou todo o universo benfiquista. Com o Campo das Amoreiras lotado, o Benfica venceu o Sporting, por 2-1. Nesse jogo, marcaria um golo pela última vez. Era o abandono precoce, aos 27 anos de idade, devido a uma inflamação na membrana interna das veias, cientificamente uma flebite. Era a sua saúde que estava em perigo, ele que tantas vezes havia sido cruelmente castigado pelos seus opositores, mercê da superioridade do futebol que praticava.

Vítor Silva, nessa pré-história da bola, atingiu 19 internacionalizações, com oito golos apontados, ainda hoje ocupando um lugar no ranking dos 25 melhores de sempre. Já depois de abandonar a modalidade, retomou a sua actividade profissional de estofador de automóveis. Durante anos, sempre que solicitado, colaborou na secção de futebol do seu Benfica.

Já não pertence ao mundo dos vivos, mas vivos continuam os seus feitos. Por vezes, até enfatizados. Porque Vítor Silva lenda virou no imaginário benfiquista.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Vitor Silva
Mensagem de: ednilson em 18 de Abril de 2008, 22:14
Vítor Manuel da Costa Araújo. Calendário, Vila Nova de Famalicão. 16 de Fevereiro de 1966. Médio.
Épocas no Benfica: 7 (88/95). Jogos: 289. Golos: 44. Títulos: 3 (Campeonato Nacional), 1 (Taça de Portugal) e 1 (Supertaça).
Outros clubes: Famalicão, Vizela, Vitória de Guimarães e Académica. Internacionalizações: 44.

(http://img186.imageshack.us/img186/2107/vitorpaneira5mq7.jpg)

(http://img180.imageshack.us/img180/5097/199319943hz0.jpg)
Equipa 1993/1994

Foi um jogador às direita. Na direita. Pelo lado direito das coisas. Descoberto no Norte, em Famalicão, escondido dos principais holofotes. Vítor Paneira chegou ao Benfica e não tardou a impor-se. Era rei do corredor direito, assim numa espécie de monarquia absoluta. Naquela faixa do rectângulo, divertia-se e contagiava. Bem pode a paternidade reivindicar de alguns trechos do melhor futebol que se viu no Benfica dos anos mais recentes.

Cedo integrou um forte conjunto de jogadores. Talvez começasse temeroso, naquele 88/89, no meio de vice-campeões da Europa. Miraculado ou quase, à terceira jornada do Nacional, presença cativaria no onze, para nunca mais perder a confiança dos treinadores. Sagrou-se campeão nacional na primeira temporada em que usou acessórios vermelhos.

Mais dois títulos haveria de obter, em 90/91 e 93/94, com quase meia centena de golos apontados nos jogos oficiais.

Faltou a Vítor Paneira disputar a fase final de um Europeu ou de um Mundial. Mesmo assim, contabilizou 44 internacionalizações, tendo até vencido metade das partidas em que participou. Já a nível do clube, mesmo sem ter levantado uma Taça europeia, interveio na final dos Campeões, em 89/90, frente ao poderoso Milan (0-1), chegando ainda à meia-final da Taça dos Vencedores das Taças, em 93/94, ante o Parma, com uma grande penalidade falhada e porventura decisiva. Já a Taça de Portugal e a Supertaça Cândido de Oliveira foram outros troféus que haveria de conquistar.

(http://img186.imageshack.us/img186/6888/vitorpaneiracl3.jpg) (http://img180.imageshack.us/img180/9499/vitorpaneira2hk4.jpg)

Vítor Paneira não era, como se diz na gíria, um goleador. Competia-lhe desbravar, isso sim, os melhores caminhos, encurtando espaço e tempo. Para o efeito, socorria-se de um drible precioso e também desconcertante, de assistências geométricas e também fatais, de cruzamentos preciosos e também eficazes. Convidava ao golo, avolumando sempre o caudal ofensivo da equipa. Formou com Rui Costa, Paulo Sousa e Paulo Futre o último meio-campo do Benfica de dimensão mundial. Mas também marcou o ritmo da intermediária, valorizando, até por emulação, os recortes técnicos de Elzo, Valdo, Jonas Thern, Kulkov ou Izaías. Da mesma forma, muito lhe ficaram a dever finalizadores com o instinto de Vata, Magnusson, César Brito, Rui Águas ou Yuran.

À sagacidade que sempre patenteou ficou-lhe também muito a dever o Benfica. E porque é norma da casa, já lá vão cem anos, respeitar quem a (bem) serviu, Vítor Paneira sabe que o clube lhe reservou um lugar na galeria dos mais brilhantes.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Vitor Paneira (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 19 de Abril de 2008, 19:44
Rui Manuel César Costa. Lisboa. 29 de Março de 1971. Médio.
Épocas no Benfica: 5 (91/94 e 06/08). Jogos: 176. Golos: 29. Títulos: 1 (Campeonato Nacional) e 1 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Fafe, Fiorentina e Milan. Internacionalizações: 86.

(http://img176.imageshack.us/img176/9548/ruicosta4yw7.jpg)

(http://img176.imageshack.us/img176/2538/19921993cm8.jpg)
Equipa 1992/1993

Ele é príncipe encantado, que benfiquistas desencanta por um regresso sempre adiado. Ele é Rui Costa, o número 10 dos tempos já não tão românticos da bola. Tempos mais geométricos. Com a etiqueta rigor.

Cedo se revelou fantasista. De início, com seis anos apenas, nos torneios de futebol de salão, era treinador o pai, presença tutelar que não prescinde. Depois, a partir dos nove anos, nas escolinhas do Benfica, para todo um percurso até ao escalão júnior. Quis a vida que o seu primeiro treinador fosse Eusébio, logo "a mais excepcional das pessoas, a minha maior referência, o maior motivo de orgulho", na sua divida eterna de gratidão.

Já sénior, Rui Costa viajou para o Minho, fixou-se em Fafe. "Não foi uma equipa que me desse currículo nem um grande prestígio, mas, por se tratar de um clube humilde, foi-me possível trabalhar bem, com pessoas que me ajudaram e me ensinaram muito. Consegui sair de lá para o Campeonato do Mundo de Juniores, no qual tive a sorte de as coisas me terem saído bem, e regressei ao Benfica".

Fez-lhe mesmo bem o tirocínio no distrito de Braga. Por lá começou a dar-se ao respeito. Sempre presente e dinâmico, talentoso e versátil, atlético e útil, era jogador para outras galáxias. Definitivamente.

(http://img89.imageshack.us/img89/3073/ruicostadg5.jpg) (http://img89.imageshack.us/img89/2241/ruicosta5mt6.jpg)

No Portugal 91, naquela noite mágica de 26 de Junho, na sua Luz, um portento de pontapé colocou a turma lusitana na final da competição, vencendo a resistência teimosa de uma Austrália sempre rija nos movimentos defensivos. Depois foi a maior enchente que os arquivos registam na catedral benfiquista, na final, com o Brasil, vista ao vivo por 240 mil olhos. De esperança, de emoção, de alegria. Venceu Portugal. Rui Costa marcou o penálti conclusivo. Conquistou o titulo, a juventude, o país. E ao Benfica voltou.

Fez a pré-temporada com Sven-Goran Eriksson, um dos treinadores que maior cartel deixaram no clube. O sueco enamorou-se do bálsamo daquele futebol irreverente, quase virginal, mas profundo. Gradativamente, começou a entrar na equipa, até garantir a titularidade. Foram três anos excepcionais. Ganhou um Campeonato e uma Taça de Portugal. Percorreu uma avenida que sucesso poderia chamar-se. À Selecção A chegou, também, com naturalidade. Na retina ficou aquela memorável final do Jamor (5-2, ao Boavista), com Toni ao leme das operações, ao lado de Vítor Paneira, Paulo Sousa, Paulo Futre, João Pinto e Rui Águas, numa manifestação de gala. Como também o magistral desempenho no empate a quatro bolas, frente ao Bayer Leverkusen, no tal jogo impróprio para cardíacos, assim reza o cliché.

Pelas portas que o Benfica abriu, saiu também Rui Costa, em 94/95, com destino à Fiorentina, a troco de um milhão e 200 mil contos, a maior transferência mundial dessa temporada. Foi um balão de oxigénio para o Benfica, com as finanças depauperadas, mas uma baixa dificilmente suprível nos anos subsequentes. Ele que até queria ingressar no Barcelona, rendido ao cantos de sereia do grande Joan Cruyiff, na monumental cidade italiana se estabeleceu. Florença viria a estremecer, amiudadas vezes, com a sua elegância em campo, o seu saber, a sua arte. Até que chegou ao Milan e campeão europeu se fez. Um feito igual, haviam-lhe contado quando criança, àquele de Coluna, de José Augusto, de Eusébio, de Simões. Pena não ter sido com a camisola do Glorioso, o clube que ama, do qual é sócio, tal qual o filho, que também inscreveu, "com apenas um dia de idade", no vasto rol de massa associativa do Benfica.

(http://img292.imageshack.us/img292/5976/ruicosta3jd2.jpg) (http://img292.imageshack.us/img292/4153/ruicosta2cy4.jpg)

No Verão quente de 93, ainda na presidência de Jorge de Brito, o clube viveu uma das crises mais humilhante. Com os cofres vazios e ordenados em atraso, jogadores houve que rescindiram os contratos, rumando até para a mais directa concorrência. Não foi o caso de Rui Costa, sem embargo de ter sido assediado como talvez nenhum outro. Manteve-se irredutível na defesa do et pluribus unum. A sua divisa.

Mais tarde, a 13 de Agosto de 1996, pela Fiorentina jogou frente ao Benfica. Profissionalismo oblige, um golo fez. Assim como quem ficou apoderado pelo complexo de Édipo, não comemorou. Antes, chorou. E, sobre esse episódio enternecedor, também poderia escrever Eusébio de Andrade: "É juventude. Juventude ou claridade. É um azul puríssimo, propagado. Isento de peso e crueldade."

Na época de 2006/2007 regressou finalmente ao Benfica, cumprindo o desejo de toda uma carreira, o desejo de a terminar no clube do seu coração. Mais duas épocas jogou, envergando a camisola encarnada com enorme classe e dedicação, propiciando momentos à muito ansiados pelos adeptos benfiquistas. Os momentos de Rui Costa! De novo na Luz, Rui Costa é símbolo-vitória.


THE END

Pois é... acabou...

Agradeço a todos quantos me incentivaram a realizar este tópico, não vale a pena referir nomes, agradeço a todos os que diariamente visitaram o tópico, ver o número de visualizações a subir foi também um enorme incentivo. Agradeço à minha patroa, que diariamente me ajudou a escrever os textos.

Como sabem, quem não sabe tem de ficar a saber, os textos que aqui inseri são do livro, Memorial Benfica – 100 Glórias, escrito pelo grande benfiquista João Malheiro, é certamente um livro excelente para que todos os benfiquistas tenham em casa!!!

Como todo este trabalho, de escrita, mas também de pesquisa, arquivei 306 imagens de jogadores e 149 imagens de equipas do Benfica!!!

Quanto ao tópico e como optei por não comentar, aproveito para o fazer agora, e faço-o apenas a algumas coisas que me marcaram. Ângelo, não sabia das suas performances enquanto treinador nas camadas jovens, fantástico trabalho, o responsável pelo lançamento dos maiores craques benfiquistas. Espírito Santo, aquela história do hotel da Madeira, em que por ser negro o queriam colocar num anexo e a equipa em sinal de amizade, respeito e solidariedade a ele se juntou no tal anexo, é isto o Benfica. O José Águas que não gostava de jogar futebol e que por isso mesmo jogar, era como vestir o fato de macaco para ir trabalhar como qualquer outro profissional, dando tudo o tinha para dar em prol da sua profissão e neste caso do seu clube. Enfim foi bom escrever estes textos, pois permitiram-me ficar com mais algumas coisas na cabeça.

Informo que ficaram de fora todos os jogadores ainda no activo, Luisão, Mantorras, Miguel, Nuno Gomes, Petit e Simão.

Gostei tanto de escrever neste tópico, que meus amigos....não vou parar....pois é, vou agora escrever sobre todos os treinadores, os treinadores de trás dos 31 títulos nacionais do Sport Lisboa e Benfica, são 17 caras. Espero sinceramente que adiram da mesma forma que aos jogadores, levará mais tempo, pois o trabalho de pesquisa é bastante maior, não sei até que ponto conseguirei fazê-lo diariamente.

Começo por Lipo Herczka. Amanhã.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Rui Costa
Mensagem de: pcssousa em 19 de Abril de 2008, 21:31
Parabéns Ednilson, por este fantástico trabalho!
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Rui Costa
Mensagem de: 46Rossi em 19 de Abril de 2008, 21:54
Obrigado pelo empenho e dedicação neste magnífico tópico :bow2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Rui Costa
Mensagem de: JM21 em 19 de Abril de 2008, 21:56
Exelente   :bow2:   :bow2:   :bow2: 

Pena não incluir o Nuno Gomes...       
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Rui Costa
Mensagem de: VitorPaneira7 em 19 de Abril de 2008, 23:33
Vitor Paneira  aquela noite contra Juve ou os dribles para ganhar espaço para cruzar  , tu foste o 7 por direito. :metal:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Rui Costa
Mensagem de: ednilson em 20 de Abril de 2008, 17:14
Lipo Herczka.
Épocas no Benfica: 5 (35/39 e 47/48). Jogos: 153, 101 vitórias, 24 empates e 28 derrotas. Títulos: 3 (Iª Liga) e 1 (Campeonato de Portugal).
Outros clubes: Belenenses, Académica, Vila Real, FC Porto, Estoril e União de Montemor.

(http://img297.imageshack.us/img297/2825/lippohertzkapz4.jpg)

Ainda longe da profissionalização, o futebol do Benfica procurou melhorar os aspectos organizativos e da preparação técnica das suas equipas. A contratação de treinadores estrangeiros, com experiências acumuladas no estrangeiro, inseria-se nesse propósito fundamental. O austro-húngaro Lipo Herczka foi o homem à altura da inovação.

Ao longo das quatro épocas ao serviço dos encarnados, conduziu o Benfica a um inédito tri no Campeonato da I Liga (35/36, 36/37 e 37/38), as figuras da equipa na altura eram Albino, Gaspar Pinto, Vítor Silva e Valadas.

Saiu em Junho de 1939, após uma derrota na final da Taça de Portugal, frente à Académica (3-4). Regressou ainda em 1947, substituindo Janos Biri, num momento de crise, deixando no ar sinais de confiança. Apesar dos violinos. E foi veranear para as termas de Vidago. Na penúltima jornada, o Sporting perde em Setúbal (0-1), mas o Benfica não aproveita a ocasião, sendo derrotada em casa, pelo Elvas (1-2). Assim o Sporting acabou com os mesmos pontos do Benfica, mas com mais um golo. O que valeu à prova, o curioso rótulo de "Campeonato do Pirolito".

Sobre ele, escreveu-se muita coisa elogiosa, como o que disse o antigo dirigente benfiquista e jornalista Carlos Carvalho: "Teve a rara intuição de saber adaptar as qualidades do futebolista português, de intuição e combatividade, ao estilo solto do futebol austríaco, onde a desmarcação e o toque suave de bola têm cunho de arte".

O avançado Rogério "Pipi", contratado ao Chelas na era-Herczka, confirmou isso mas também desvendou outra faceta do técnico: "Quando estava mal-disposto, era impossível. Desatava a chamar nomes aos jogadores. Assim, sem mais nem menos no meio dos treinos. Mas nós já estávamos tão habituados que nem ligávamos".

Lipo Herczka fez o primeiro jogo como treinador a 13 de Outubro de 1935, numa vitória sobre o Sporting (4-0), no Campo Grande, tendo disputado o último jogo a 27 de Junho de 1948, numa derrota frente ao Sporting (3-0), nas meias-finais da Taça de Portugal.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Lipo Herczka (actualizado)
Mensagem de: Elvis the Pelvis em 21 de Abril de 2008, 20:36
Parabéns Ednilson, grande tópico! :drunk:

Rui Costa e Vitor Paneira GRANDES!!! :bow2: :bow2:
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Lipo Herczka (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 21 de Abril de 2008, 20:59
Janos Biri. Budapeste, Humgria. 21 de Julho de 1900.
Épocas no Benfica: 8 (39/47). Jogos: 272, 194 vitórias, 25 empates e 53 derrotas. Títulos: 3 (Campeonato Nacional) e 3 (Taça de Portugal).
Outros clubes: FC Porto, Académico do Porto, Estoril, Vitória de Guimarães, Atlético, Vitória de Setúbal, Oriental, CUF, Académica e Lusitano de Évora.

(http://img397.imageshack.us/img397/9893/janosbiritd7.jpg)

De nacionalidade húngara, mas naturalizado português, foi um treinador que marcou pela inovação metodológica nos treinos e pela conquista da primeira Taça de Portugal, em 40. Além disso, fez a transição do Campo das Amoreiras para o Campo Grande, no período de oito épocas ao serviço dos encarnados.

Mas a sua história com o Benfica é muito mais antiga. Como jogador, na época 34/35, foi ele quem defendeu as redes do Boavista nas Amoreiras e o "causador" da confusão desse jogo da primeira eliminatória, quando foi empurrado por um adversário e embateu na quina de um poste, fracturando a clavícula. Mesmo continuando a jogar, em ambiente de grande tensão e dramatismo, não evitou a derrota por 6-2.

De regresso às Amoreiras, como treinador, deixou um legado impressionante: passava os treinos a melhorar a capacidade técnica dos jogadores, assim como explorava a variação de flanco, aproveitando a versatilidade dos grandes jogadores daquela época, como Francisco Ferreira, Albino, Julinho e Rogério "Pipi"...

Foi este último quem deixou um testemunho elucidativo: "Impunha a disciplina, tipo Camacho. Era duro mas educado. Nos treinos, estava sempre a ensinar-nos como marcar penalties e livres. E a sua teoria era perfeitamente lógica. Nos penalties, dizia para marcarmos para cima e não para os lados, para onde os guarda-redes se atiravam sempre".

A década de 40 foi dominada pela presidência de Augusto da Fonseca e pela acção de Janos Biri, tendo o Benfica com o húngaro no comando técnico vencido 3 Campeonatos Nacionais e 3 Taças de Portugal, conseguindo a "dobradinha" em 1942/43.

De Janos Biri, fica um dia memorável, 7 de Fevereiro de 1943. O dia em que o FC Porto cobriu a cara de vergonha. Em jogo disputado no Campo Grande, em Lisboa, o Benfica venceu por 12-2. Um resultado que ainda é um recorde na história dos clássicos. Uma tarde gloriosa para os encarnados, que haveriam de ser campeões, perante um rival eterno que teve um ano horrível, terminando em sexto lugar. Perante a felicidade do treinador Janos Biri, o Benfica marcou quatro golos na primeira parte, fez o quinto a abrir a segunda parte, deixou que o FC Porto fizesse o tento de honra, mas logo aumentou para 9-1. Até final os azuis e brancos marcaram mais um golo, enquanto os encarnados fizeram três. No final 12-2.

Janos Biri fez o primeiro jogo como treinador a 8 de Outubro de 1939, numa vitória sobre o Belenenses (3-2), nas Amoreiras, tendo disputado o último jogo, a 2 de Julho de 1947, numa vitória frente ao Boavista (6-2), no Campo Grande.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Janos Biri (actualizado)
Mensagem de: .:VMPT:. em 21 de Abril de 2008, 21:52
Grande Ednilson....

Parabéns a ti e à tua "Patroa" pelo trabalho feito...

:slb2:
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Janos Biri (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 22 de Abril de 2008, 21:47
John Edward Smith (Ted Smith).
Épocas no Benfica: 4 (48/52). Jogos: 108, 75 vitórias, 18 empates e 15 derrotas. Títulos: 1 (Campeonato Nacional), 3 (Taça de Portugal) e 1 (Taça Latina).
Outros clubes: Millwall e Atlético.

(http://img182.imageshack.us/img182/4764/tedsmithfs0.jpg)
Ted Smith à esquerda.

O segundo dos quatro ingleses a treinar o Benfica, depois de Artur John e antes de Jimmy Hagan e John Mortimore. O seu nome é Ted Smith e está ligado à história do clube por uma série de feitos em plena época de intenso domínio por parte dos Cinco Violinos do Sporting.

Na época de estreia (48/49), levantou a Taça de Portugal, com um percurso impressionante: 36 golos marcados em cinco jogos, o que dá uma média superior a sete golos por encontro (!!), e a maior goleada até então (13-1 ao Académico de Viseu). Uma marca que seria batida em 89, com o triunfo sobre o Riachense (14-1).

Em 50, foi a vez de ganhar o campeonato e a Taça Latina, precursora da Taça dos Campeões (2-1 ao Bordéus, ao fim do segundo prolongamento, no Jamor, da finalíssima), na primeira conquista de um clube português numa prova internacional. Ted Smith, o treinador responsável pelo primeiro sucesso internacional dos encarnados diria: "Em 20 anos de futebol, nunca vi festa assim...". Sempre foi assim o Benfica!

Nas outras duas temporadas seguintes, repetiu os êxitos na Taça de Portugal, ainda que tivesse saído sem razão aparente a meio da época 51/52, alegando problemas pessoais. Em Março, também inexplicavelmente, regressou à equipa, a tempo de a guiar à goleada sobre o FC Porto (8-2) na inauguração do Estádio da Antas e à conquista da Taça de Portugal na final mais brilhante e goleadora de que há memória: 5-4 ao Sporting. Abandonou, pois, em beleza.

Ted Smith fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 18 de Setembro de 1948, numa vitória sobre o Olhanense (1-0), no Campo Grande, tendo disputado o último jogo, a 6 de Abril de 1952, numa vitória frente ao FC Porto (2-0), no Jamor.

NOTA: Após a pesquisa efectuada, nomeadamente no Almanaque do Benfica, fica a dúvida quanto à Final da Taça de Portugal de 51/52 e o técnico que comandava a equipa, dúvida que se mantém sobre o responsável técnico na Inauguração do Estádio da Antas. Ted Smith saiu a meio dessa época e foi substituído por Cândido Tavares, tendo regressado em Março. Diz-se que o último jogo foi frente ao FC Porto, na última jornada do Campeonato. Nessa altura a Taça de Portugal disputava-se após a finalização do Campeonato. Em todos os locais diz-se que Ted Smith tem no seu curriculum três Taças de Portugal (48/49, 50/51 e 51/52), mas por todos os meios onde pesquisei,  Cândido Tavares é dado como o treinador da final de 51/52, inclusive no Almanaque, que se contradiz depois ao dizer que foi Ted Smith, após regressar, que guiou a equipa a essa vitória.

Caso tenham um local mais credível onde confirmar estes dados, agradecia.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Vitor Paneira (actualizado)
Mensagem de: Mestre em 22 de Abril de 2008, 22:38
Citação de: ednilson em 19 de Abril de 2008, 19:44

Informo que ficaram de fora todos os jogadores ainda no activo, Luisão, Mantorras, Miguel, Nuno Gomes, Petit e Simão.


Os dois a bold são muito discutíveis. As épocas no Benfica foram poucas e muito pouco deram ao clube. Juntá-los neste grupo de eleitos é colocá-los uns furos acima do que foram na realidade, mas a culpa não é tua, é do autor da obra.  O0

Durante semanas, especialmente nesta fase menos feliz do nosso clube, este tópico foi o único responsável para regressar ao forum. Obrigado por teres partilhado a obra e, acima de tudo, por mostrares a todos o que é o Benfica. :slb2:
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Janos Biri (actualizado)
Mensagem de: slbpm em 23 de Abril de 2008, 08:22
Citação de: ednilson em 22 de Abril de 2008, 21:47


NOTA: Após a pesquisa efectuada, nomeadamente no Almanaque do Benfica, fica a dúvida quanto à Final da Taça de Portugal de 51/52 e o técnico que comandava a equipa, dúvida que se mantém sobre o responsável técnico na Inauguração do Estádio da Antas. Ted Smith saiu a meio dessa época e foi substituído por Cândido Tavares, tendo regressado em Março. Diz-se que o último jogo foi frente ao FC Porto, na última jornada do Campeonato. Nessa altura a Taça de Portugal disputava-se após a finalização do Campeonato. Em todos os locais diz-se que Ted Smith tem no seu curriculum três Taças de Portugal (48/49, 50/51 e 51/52), mas por todos os meios onde pesquisei,  Cândido Tavares é dado como o treinador da final de 51/52, inclusive no Almanaque, que se contradiz depois ao dizer que foi Ted Smith, após regressar, que guiou a equipa a essa vitória.

Caso tenham um local mais credível onde confirmar estes dados, agradecia.


Segundo a minha base de dados Ted Smith regressou a 02/03/52 na 22ª J tendo sido o treinador até final da época no jogo de 15/06 para a final da TP, sendo substiruido pelo argentino Alberto Zozaya.
A inauguração das Antas foi em 28/05 com Ted Smith.

Nota: atenção ao Almanaque, em quase todas as épocas há informação incorrecta.
Ao dispor para qualquer ajuda que seja necessária.
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Janos Biri (actualizado)
Mensagem de: slbpm em 23 de Abril de 2008, 12:00

Após análise mais cuidada acrescento que na época 51/52 Cândido Tavares, tal como na época anterior, era treinador-adjunto de Ted Smith, daí ter assumido a equipa no periodo de ausência do treinador principal.
Só assim se justifica que surja nas fotos do jogo de inauguração das Antas e final TP.
No final da época Ted Smith foi dispensado a seu pedido para regresso a Inglaterra e Cândido Tavares afastado do Clube tendo ingressado a meio da época seguinte no Vit. Guimarães a substituir Alexandre Peics.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Ted Smith
Mensagem de: ednilson em 23 de Abril de 2008, 22:20
Otto Martins Glória. Rio de Janeiro, Brasil. 9 de Janeiro de 1917.
Épocas no Benfica: 8 (54/59 e 67/70). Jogos: 244, 159 vitórias, 45 empates e 40 derrotas. Títulos: 4 (Campeonato Nacional) e 5 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Vasco da Gama, América, Sporting, Belenenses, FC Porto, Marselha, Atlético de Madrid, CF Monterrey, Nigéria, Portuguesa e Santos.

(http://img88.imageshack.us/img88/2669/ottoglria1gx1.jpg) (http://img171.imageshack.us/img171/11/ottoglriaxz5.jpg)

Neto de portugueses, nasceu no Brasil e fez história em Portugal. Comandou Benfica, Sporting, Belenenses, FC Porto e a selecção portuguesa, como treinador de campo, rumo ao terceiro lugar no Mundial de 66, tendo-lhe pertencido também o comando da selecção no inicio da qualificação para o Euro 84. É ainda o técnico com mais títulos de campeão nacional pelos benfiquistas, e só este facto serve para entrar na lista dos notáveis. Mas há mais...

Otto Glória chegou a Lisboa em 1954 para limpar a face ao futebol amador português. O Benfica contratou-o para profissionalizar o clube e Otto Glória revelou-se à altura do desafio. Criou o Lar do Jogador, implementou concentrações e estágios com regras rígidas (os jogadores foram proibidos de jogar cartas ou dados e de falar calão), proibiu o próprio presidente do clube (Joaquim Bogalho) de ir ao balneário ou falar com os futebolistas e introduziu a táctica 4x2x4, que já se praticava no Brasil. O novo sistema implementado – a célebre "diagonal" – que fez furor no futebol português.

Não era "bruxo" nem fazia milagres: a sua receita era trabalho, organização e disciplina. E um perfume de criatividade que tornou o futebol português mais bonito, mais artístico e... mais eficaz.

À fama de disciplinador e duro, juntava-se uma outra personalidade paternalista e humana. Aliás, essa faceta ficou bem à vista aquando da segunda passagem pelo Benfica, em 1968. Chegou a cinco jornadas do fim, foi campeão nacional e não quis ficar com o prémio de 50 contos. Propôs à Direcção que o desse, na sua totalidade, aos jogadores. "Eles é que merecem", justificou. Ficou sem dinheiro, mas ganhou ainda mais respeito e admiração de todos. Um senhor!

Otto Glória conquistou quatro Campeonatos Nacionais e cinco Taças de Portugal, mas a nível europeu não foi particularmente feliz no seu regresso ao clube. Foi finalista vencido, após prolongamento (1-4), em Wembley, frente ao Manchester United de Charlton, Law e Best, na época de 67/68.

Otto Glória fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 12 de Setembro de 1954, numa vitória sobre o Vitória de Setúbal (5-0), no Jamor, tendo disputado o último jogo, a 8 de Fevereiro de 1970, numa derrota frente à CUF (0-1), no Jamor.
Título: Re: Memorial Benfica, Glórias - Otto Glória (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 24 de Abril de 2008, 22:39
Béla Guttmann. Budapeste, Hungria. 26 de Janeiro de 1905.
Épocas no Benfica: 4 (59/62 e 65/66). Jogos: 162, 113 vitórias, 27 empates e 22 derrotas. Títulos: 2 (Campeonato Nacional), 1 (Taça de Portugal) e 2 (Taça dos Clubes Campeões Europeus).
Outros clubes: SC Hakoah Wien, FC Twente, Ujpest, Vasas, Ciokanul, Ujpest, Kispest, Pádova, Triestina, AC Milan, Lanerossi Vicenza, Peñarol, São Paulo, F.C.Porto, Selecção Austríaca, APOEL, Áustria Viena, Servette e Panathinaikos.

(http://img106.imageshack.us/img106/8634/bella3ik6.jpg) (http://img106.imageshack.us/img106/7404/bella1pb2.jpg)

Chamaram-lhe de tudo. Feiticeiro, bruxo, mago... Este húngaro naturalizado austríaco é um nome incontornável no futebol português. O FC Porto foi a sua primeira equipa em Portugal. Conquistado o titulo de campeão nacional, foi para o Benfica, com exigências impensáveis para a época!: 400 contos líquidos por ano, 150 pelo titulo nacional, 50 pela Taça de Portugal e... 200 pela Taça dos Campeões. 200 não! Um dirigente bem disposto e, pelos vistos, nada crente, encorajou-o a subir a parada para 300 e foi o que se viu. O Benfica venceu duas Taças dos Campeões, em 61 e 62, e só Guttmann recebeu mais que toda a equipa junta.

Na ocasião do bicampeonato, foi recebido por Américo Tomás e António Salazar e nomeado comendador, tal como os jogadores. À saída de São Bento, virou-se para Fezas Vital, que substituíra Maurício Vieira de Brito na presidência, e segredou-lhe que se iria demitir. "Não posso treinar 14 comendattori". Todos julgavam que era bluff, mas não. Guttmann saiu mesmo e até deixou uma frase maldita no ar, que ainda perdura. "Nem daqui a cem anos uma equipa portuguesa será bicampeã europeia e o Benfica sem mim jamais ganhará uma Taça dos Campeões". Sem ele, nunca mais ganhou, de facto, apesar de ter estado em mais cinco finais. A última (1990), em Viena, bem perto do cemitério judeu onde Guttmann está sepultado. Na véspera da final com o AC Milan, Eusébio foi ao túmulo rezar pela alma do técnico e pediu aos deuses que desfizessem a maldição. Em vão...

Foi o treinador campeão por excelência, com uma notável influência psicológica sobre os jogadores, com grande experiência internacional e profundos conhecimentos que tinha das tácticas e técnicas do jogo. Guttmann tinha uma concepção de futebol de ataque, que encontrou, naquele inicio dos anos sessenta, intérpretes privilegiados nos jogadores do Benfica. Costa Pereira explicou, muitos anos depois, qual era o segredo da defesa de Béla Guttmann: "A nossa marcação à zona era feita com um sentido objectivo de antecipação". Mas essa não era a marca do estilo do treinador húngaro: "não me importa sofrer três ou quatro golos por jogo, se marcar sempre mais um", disse uma vez, respondendo às críticas de que a linha defensiva do Benfica não era muito segura.

Béla Guttmann fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 20 de Setembro de 1959, numa vitória sobre o Vitória de Setúbal (4-1), na Luz, tendo disputado o último jogo, a 1 de Maio de 1966, numa vitória frente ao Belenenses (3-1), no Restelo.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Béla Guttmann
Mensagem de: Elvis the Pelvis em 25 de Abril de 2008, 00:22
Um dos melhores treinadores da história do Benfica!
Aquela maldição é que pronto... está à espera de ser quebrada.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Béla Guttmann
Mensagem de: SevenStars em 25 de Abril de 2008, 00:26
Citação de: Jamez em 25 de Abril de 2008, 00:22
Um dos melhores treinadores da história do Benfica!
Aquela maldição é que pronto... está à espera de ser quebrada.

Bem, pelos resultados...o melhor.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Béla Guttmann
Mensagem de: ednilson em 25 de Abril de 2008, 19:32
Fernando Riera Bauzá. Santiago, Chile. 27 de Junho de 1920.
Épocas no Benfica: 3 (62/63 e 66/68). Jogos: 92, 69 vitórias, 12 empates e 11 derrotas. Títulos: 3 (Campeonato Nacional).
Outros clubes: Belenenses, Selecção do Chile, Universidad Católica (Chile), Nacional Montevideo (Uruguai), Espanyol, Boca Juniors, FC Porto, Corunha, Marselha, Sporting, Monterrey (México), Palestino (Chile), Universidad Chile e Everton (Chile).

(http://img178.imageshack.us/img178/9730/rierafu0.jpg)

Duas passagens pelo Benfica equivaleram a três títulos. Esta é a principal imagem de marca do Chileno Fernando Riera, o qual teve a honra de trabalhar nos quatro "grandes" de Portugal: Belenenses (54/57), Benfica (em dois períodos: 62/63 e 66/68), FC Porto (72/73) e Sporting (74/75).

Fernando Riera ainda hoje é considerado o treinador com mais sucesso na história do futebol chileno. Durante a década de 40, foi um bem sucedido avançado chileno que se destacou na Universidad Católica e na Selecção do Chile. "El Tata", como ficou conhecido, foi o primeiro jogador chileno a jogar na Europa (Stade de Reims e FC Rouen). Finalizada a carreira de jogador, Riera iniciou o curso de treinador em França

Em Portugal, iniciou-se no Belenenses. Participou na Taça Latina 55 e, nesse mesmo ano, perdeu o campeonato a quatro minutos do fim da última jornada (2-2 com Sporting) para o Benfica. Regressou ao Chile, onde faria boa figura à frente da selecção, com terceiro lugar no Mundial 62. Daí transitou para o Benfica, com a espinhosa tarefa de substituir Bela Guttmann, bicampeão europeu. Não se amedrontou. Na estreia, ganhou o titulo nacional e chegou à final da Taça dos Campeões, perdida para o AC Milan (2-1), em Wembley.

Na época seguinte saiu para o Espanyol, passaria ainda por Boca Juniors, Corunha, Marselha e Monterrey, antes de regressar à Luz para mais época e meia (saiu à sétima jornada). Serviu para mais dois títulos de campeão.

Fernando Riera fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 21 de Outubro de 1962, numa vitória sobre o Belenenses (4-1), no Restelo, tendo disputado o último jogo, a 30 de Novembro de 1967, numa derrota frente ao St. Étienne (1-0), em França.
Título: Re: Memorial Benfica, Glórias - Fernando Riera (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 27 de Abril de 2008, 19:17
Lajos Czeizler. Heres, Húngria. 5 de Outubro de 1893.
Épocas no Benfica: 1 (63/64). Jogos: 41, 33 vitórias, 6 empates e 2 derrotas. Títulos: 1 (Campeonato Nacional) e 1 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Udinese, Faenza (Itália), Lázio, IFK Norrköping, AC Milan, Podova, Selecção Italiana, Sampdoria e Fiorentina.

(http://img102.imageshack.us/img102/9969/czeizlermg3.jpg)

Contabiliza em toda a sua carreira 11 grandes títulos, Lajos Czeizler  permanece como um dos treinadores de maior sucesso de todos os tempos.

Começou a sua carreira de treinador no fim dos anos 20, em Itália, mas a imortalidade conseguiu-a na Suécia, onde teve o seu grande sucesso com o IFK Norrköping, onde conseguiu o recorde de cinco campeonatos (1943, 45, 46, 47, 48) e duas Taças (1943, 45). Quando liderou o Norrköping ao titulo de 1948 tornou-se o treinador mais velho a consegui-lo, uma honra especial que mantém até à data. Tinha 54 anos, 8 meses e 1 dia.

Depois da passagem pela Suécia, retornou a Itália para liderar o AC Milan, em 1951, onde conquistou um campeonato italiano. Treinou também a Selecção Italiana, a qual levou ao Mundial de 54. Em 1961 venceu outro título em Itália, quando a sua Fiorentina venceu a Lázio (2-0) na final da Taça.
Chegou ao Benfica, para apenas uma temporada, 63/64. Lajos Czeizler, já com alguma idade e, por isso, com uma experiência e conhecimentos muito grandes, liderou o Benfica à dobradinha, com seis pontos de avanço sobre o segundo classificado e derrotando o mesmo (FC Porto), na final da Taça por 6-2. Segundo José Augusto " o seu relacionamento com os jogadores era extraordinário e estava bem acompanhado pelo Fernando Caiado".

Na Europa, não foi capaz de reeditar as finais dos anos anteriores, tendo caído na 2ª eliminatória, perante o Borussia Dortmund (2-1 em casa, 5-0 fora). "Não há nenhuma equipa imbatível. A regra é haver um descalabro e foi isso que se passou em Dortmund".

Lajos Czeizler fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 20 de Outubro de 1963, numa vitória sobre o Vitória de Setúbal (5-2), na Luz, tendo disputado o último jogo, a 5 de Julho de 1964, numa vitória frente ao FC Porto (6-2), no Jamor.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Lajos Czeizler
Mensagem de: ednilson em 28 de Abril de 2008, 22:03
Elek Schwartz. Timisoara, Roménia. 23 de Outubro de 1908.
Épocas no Benfica: 1 (64/65). Jogos: 46, 33 vitórias, 7 empates e 6 derrotas. Títulos: 1 (Campeonato Nacional).
Outros clubes: Tomesvar (Roménia), Ripensia (Roménia), Mónaco, Cannes, Le Havre, Draguinan e Duisburgo (RDA), Rot Eissen (RFA), Selecção Holandesa, Eintracht Frankfurt, FC Porto, 1860 Munich, Estrasburgo e SR Haguenau.

(http://img100.imageshack.us/img100/6106/elekxu3.jpg) (http://img175.imageshack.us/img175/1897/elek1vv2.jpg) 

Aconselhado pelo antecessor Lajos Czeizler, mudou-se para Lisboa e para a Luz em 64.

Com um currículo sem títulos como treinador, embora já com uma razoável experiência internacional, vindo da Selecção holandesa, o novo técnico apresentava-se, assim, sem grandes credenciais numa equipa que tentava voltar à ribalta europeia. Natural, por isso, algum cepticismo em redor da sua contratação. Incertezas que, depressa, se dissiparam, acabando até por ter sucesso.

Na altura, era o que dava treinar Coluna, Eusébio, Torres, José Augusto, Simões, Costa Pereira, Cavém... Como diria Mário Wilson: "Quem treina o Benfica, arrisca-se a ser campeão". E foi mesmo, com seis pontos de avanço sobre o FC Porto, oito sobre a CUF e onze sobre o Sporting, quinto classificado! Era o primeiro "tri" da história do Benfica no campeonato. Em contrapartida, perdeu as finais da Taça de Portugal (1-3 com Vitória de Setúbal) e da Taça dos Campeões (0-1 com o Inter, naquele célebre jogo em San Siro, com "frango" de Costa Pereira).

A par dele, só Sven-Goran Eriksson em 83, repetiu o feito de chegar tão longe nas citadas três provas. Otto Glória, em 55, também o conseguiu, se considerarmos a Taça Latina como antecessora da Taça dos Campeões.

Saiu no Verão de 65, cedendo o lugar ao mago Béla Guttmann.

Elek Schwartz fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 10 de Outubro de 1964, numa vitória sobre o Lusitano de Évora (5-0), na Luz, tendo disputado o último jogo, a 4 de Julho de 1965, numa derrota frente ao Vitória de Setúbal (1-3), no Jamor.
Título: Re: Memorial Benfica, Glórias - Elek Schwartz (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 29 de Abril de 2008, 20:35
Fernando Cabrita. Lagos. 1 de Maio de 1923.
Épocas no Benfica: 2 (67/68 e 73/74). Jogos: 53, 37 vitórias, 8 empates e 8 derrotas. Títulos: 1 (Campeonato Nacional).
Outros clubes: Covilhã, Portimonense, Estrela de Unhais da Serra, União de Tomar, Boavista, Beira Mar, Rio Ave, Académico de Viseu, Penafiel, Estrela da Amadora, Raja de Casablanca, Esperança de Lagos e liderou a comissão técnica da Selecção Nacional no Europeu 84.

(http://img403.imageshack.us/img403/2559/fernandocabrita1km2.jpg) (http://img292.imageshack.us/img292/9858/fernandocabritawb6.jpg)

Fernando Cabrita distinguiu-se como jogador ao serviço do Olhanense, do Sporting da Covilhã e do Portimonense. Na Selecção Nacional ficou famoso por ter marcado, no Jamor, o gigante Okcwirk, grande estrela da selecção austríaca que tinha esmagado (1-9) Portugal no Pratter.

Chegou a treinador principal do Benfica, na temporada de 67/68, substituindo à 7ª jornada Fernando Riera, acabando por vir a ter o mesmo destino que o chileno à 22ª jornada, entrando para o seu lugar Otto Glória. O Benfica acabaria por vencer o campeonato nacional, entrando desta forma Fernando Cabrita para o lote de treinadores campeões ao serviço do Benfica.

O mesmo acabaria por acontecer na temporada de 73/74, já que substituiu Jimmy Hagan à 4ª jornada, terminando o campeonato em segundo lugar, a dois pontos do campeão Sporting e perdendo para o mesmo rival a final da Taça de Portugal (2-1, após prolongamento).

Em 1983, Otto Glória, com quem já havia trabalhado no Benfica,  chamou-o para seu adjunto na Selecção Nacional. Duas goleadas consecutivas (0-5 com a URSS e 0-4 com o Brasil) ditaram a saída de Otto Glória. Fernando Cabrita substitui-o e, com uma equipa técnica reforçada, da qual faziam parte José Augusto, Toni e António Morais, conseguiu apurar Portugal para o Campeonato da Europa, fazendo um final de apuramento impressionante, com três vitórias, sobre Finlândia, Polónia e URSS, sem sofrer qualquer golo. Durante a fase final do Euro 84, os poderes de Fernando Cabrita diluíram-se e o quarteto de treinadores assumiu as suas divergências.

Fernando Cabrita fez o primeiro jogo como treinador principal do Benfica a 5 de Dezembro de 1967, numa vitória sobre a CUF (3-1), na Luz, tendo disputado o último jogo, a 9 de Junho de 1974, numa derrota frente ao Sporting (1-2), no Jamor.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Fernando Cabrita
Mensagem de: Bola7 em 30 de Abril de 2008, 12:25
Riera...o homem que recusou a marcação individual ao Pelé na Luz pq era crime de lesa majestada...depois levamos uma abada...
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Fernando Cabrita
Mensagem de: fish em 30 de Abril de 2008, 18:06
Tenho a honra de ser amigo do Sr. Fernando Cabrita.
Ainda está com uma frescura física invejável.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Fernando Cabrita
Mensagem de: ednilson em 30 de Abril de 2008, 22:16
Jimmy Hagan. Washington, Inglaterra. 21 de Janeira de 1918.
Épocas no Benfica: 4 (70/74). Jogos: 120, 94 vitórias, 14 empates e 12 derrotas. Títulos: 3 (Campeonato Nacional) e 1 (Taça de Portugal).
Outros Clubes: Peterborough United, West Bromwich Albion, Sporting, Estoril, Boavista, Vitória de Setúbal, Belenenses.

(http://img228.imageshack.us/img228/3848/haganvd0.jpg) (http://img395.imageshack.us/img395/5947/jimmyhaganft0.jpg)

Como jogador, Jimmy Hagan contabilizou apenas uma internacionalização pela Selecção inglesa, não lhe fazendo justiça, já que foi considerado um dos mais talentosos jogadores ingleses da sua época. A sua carreira como futebolista foi interrompida pela 2ª Guerra Mundial, mas permaneceu como uma lenda para o fans do Sheffield United, clube que serviu durante cerca de 20 anos.

Começou a sua carreira de treinador no Peterborough United, onde esteve entre 1958 e 1962. Seguiu-se o West Bromwich Albion em 1963, onde conquistou a Taça da Liga Inglesa em 1966.

Jimmy Hagan chegou ao Benfica em 1970. De 1970 a 1973 liderou a equipa a três vitórias consecutivas no Campeonato e a uma Taça de Portugal, um recorde que nenhum outro treinador desde então conseguiu repetir ao serviço do Benfica. Neste período, enquanto treinador do Benfica, também chamou a atenção da Europa, quando a equipa chegou às meias-finais da Taças dos Campeões Europeus, sendo apenas afastado pelo lendário Ajax daquela era.

Com sorriso fechado e ar sisudo, Hagan celebrizou-se também pela expressão "no comments", que, afinal, definia todo o seu carácter frio e distante. Tinha ainda o hábito de treinar nos dias dos jogos e sempre "a doer", com subidas e descidas constantes das bancadas do estádio, em passo de corrida.

Em 1972/1973, com Jimmy Hagan, o Benfica tornou-se o único clube português a terminar o campeonato sem derrotas, contabilizando 28 vitórias – 23 consecutivas – em 30 jogos, empatando dois. Nesse mesmo ano, Eusébio foi o melhor marcador europeu com 40 golos, naquela que foi a sua penúltima época como jogador do Benfica. A equipa marcou 101 golos, ultrapassando a marca dos 100 apenas pela segunda vez na sua história.

Jimmy Hagan saiu do Benfica, em Setembro de 1973. Na festa de despedida de Eusébio, colocou toda a gente a correr à volta do campo e, às tantas, Humberto Coelho, Toni e Nélinho atrasaram-se dos restantes elementos e encurtaram distância, fazendo corta-mato. O colérico Hagan ameaçou multá-los com mil escudos e obrigá-los a treinar à tarde, deles prescindindo para o jogo da noite entre o Benfica e o Resto da Europa. Depois de meditar, perdoou a multa e o treino da tarde, mas manteve o castigo para a noite. O presidente Borges Coutinho tomou então o partido dos jogadores e ordenou que se fossem equipar, algo que Hagan não admitiu. Bateu com a porta do balneário. No dia seguinte, Hagan apresentou a sua carta de demissão. Um adeus abrupto para um homem de repentes e com um tri no bolso.

Desde os tempos em que treinou o Benfica, Jimmy Hagan manteve uma relação de grande amizade com Eusébio, que o descreveu como "forte disciplinador". "Todos os jogadores pensaram que os seu treinos eram bastante penalizadores e fisicamente extenuantes, após a primeira semana de treinos. Mas passado pouco tempo, a equipa começou a vencer jogos e todos concluíram que tinha valido a pena. Ele deu-nos uma força extra e a ele se deve o facto Benfica ter vencido três campeonatos consecutivos".

Jimmy Hagan fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 13 de Setembro de 1970, numa vitória sobre a CUF (1-0), na Jamor, tendo disputado o último jogo, a 23 de Setembro de 1973, numa vitória frente ao Belenenses (2-1), em Lisboa.
Título: Re: Memorial Benfica, Glórias - Jimmy Hagan (actualizado)
Mensagem de: MANOCAS37 em 02 de Maio de 2008, 00:39
Incrivel como passo tanto tempo no forum e só hoje encontrei este topico
Parabens Ednilson
Acho que um dia se tiver um filho mal ele nasça vou o obrigar a ler isto para saber o que é verdadeiramente o Benfica se não souber ler hade aprender logo
Título: Re: Memorial Benfica, Glórias - Jimmy Hagan (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 02 de Maio de 2008, 22:16
Milorad Pavic. Valjevo. Sérvia (ex-Jugoslávia). 11 de Novembro de 1921.
Épocas no Benfica: 1 (74/75). Jogos: 41, 27 vitórias, 10 empates e 4 derrotas. Títulos: 1 (Campeonato Nacional).
Outros Clubes: Estrela Vermelha de Belgrado, FK Vojvodina, Club Brugge, Standard Liege, RFC Liege, Sporting, Athletic Bilbao, CD Málaga e Celta de Vigo.

(http://img175.imageshack.us/img175/6049/paviciy7.jpg) (http://img92.imageshack.us/img92/1027/pavic1od8.jpg)

Como jogador, Milorad Pavic defendeu as cores do Estrela Vermelha de Belgrado, clube no qual iniciou a sua carreira de treinador, vencendo três campeonatos e três taças. Em sete temporadas, de 1957 a 1964, liderou a equipa em 216 jogos oficiais (113 vitórias, 52 empates e 51 derrotas).

Na sua carreira, seguiu-se o Standard Liege (64/67) e o Club Brugge (67/69), conquistando duas taças da Bélgica pelo primeiro destes clubes. Em 1972 assumiu o comando do Athletic Bilbao, conquistando a Copa do Rei em 1973.

Milorad Pavic, chegou ao Benfica para a temporada 1974/1975. Nesta temporada o Benfica recuperou o titulo de campeão, naquela que foi a época de despedida de Simões, de malas feitas para o futebol norte-americano. Depois de uma pré-época agitada mas a todos os títulos brilhante, com jogos no México, no Brasil, nos EUA, na Bélgica, em Espanha e novamente no Brasil, o Benfica acabaria por vencer o campeonato com cinco ponto de avanço sobre o segundo classificado, o FC Porto. A dobradinha, Milorad Pavic não foi capaz de dar ao Benfica, já demissionário, o Benfica perdeu a final, em Alvalade, frente ao Boavista por 2-1.

Na Taça das Taças, um momento único com a passagem aos quartos-de-final pela regra dos golos fora frente ao Carl Zeiss Jena. Depois o cenário mudou: o PSV empatou em casa e ganhou na Luz, quando os encarnados não perdiam em casa desde 1969 (1-3 com Ajax). Foi este o percurso europeu de Milorad Pavic à frente do Benfica, o "Cavalheiro com Luvas de Ferro", como ficou conhecido por essa Europa fora.

Milorad Pavic ficou também na história do Benfica, como um dos grandes responsáveis pela contratação de Fernando Chalana ao Barreirense, quando não hesitou em mandar entregar nos cofres do Barreirense 750 contos, quando Chalana apenas tinha realizado 6 jogos pelos seniores, senda ainda juvenil.

Milorad Pavic fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 11 de Setembro de 1974, numa vitória sobre o Belenenses (4-0), na Luz, tendo disputado o último jogo, a 15 de Junho de 1975, numa derrota frente ao Boavista (1-2), em Alvalade.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Milorad Pavic
Mensagem de: ednilson em 03 de Maio de 2008, 18:32
Mário Wilson. Lourenço Marques, Moçambique. 17 de Outubro de 1929.
Épocas no Benfica: 3 (75/76, 79/80 e 95/96). Jogos: 125, 83 vitórias, 22 empates e 20 derrotas. Títulos: 1 (Campeonato Nacional) e 2 (Taça de Portugal).
Outros Clubes: Académica, Belenenses, Vitória de Guimarães, Boavista, Estoril, Cova da Piedade, Louletano, Torreense, Olhanense, Águeda, FAR Rabat e Alverca. Seleccionador Nacional 78/80.

(http://img180.imageshack.us/img180/505/wilson1kp9.jpg) (http://img180.imageshack.us/img180/7608/wilsonsg5.jpg) (http://img512.imageshack.us/img512/9320/wilson2ll3.jpg) 

Além de grande jogador, actuou no Sporting como avançado e na Académica como defesa, Mário Wilson foi um treinador carismático e uma referência para o Benfica em situações de aperto.

Dono de frases que ficaram na história, como "quem treina o Benfica, arrisca-se a ser campeão" ou "se não confiasse no Benfica, ia vender preservativos para o Rossio", Mário Wilson cumpriu o primeiro período de treinador em 66/67, logrando um inédito segundo lugar para a Académica.

Chegou ao Benfica em 75/76 para fazer a transição entre Milorad Pavic e John Mortimore. Uma época rendeu-lhe o titulo numa acérrima e inesperada disputa com o Boavista, que ficou a dois pontos. Seria o bi do Benfica, numa época marcada pelo aparecimento, ainda que fugaz, de Chalana. Na equipa de Wilson, figuram os dois melhores marcadores do Nacional: Jordão (30) e Nené (29), que, juntos, facturam mais que 13 das restantes 15 equipas, incluindo o Sporting!!

Em 1978, atingiu o ponto mais alto da sua carreira, na selecção nacional. Em Setembro de 79, convocou nove portistas para o particular com a Espanha, em Vigo, a oito dias do AC Milan - FC Porto, da segundo eliminatória da Taça dos Campeões. Ganhou dois inimigos de peso (José Maria Pedroto e Pinto da Costa), mas não foi por isso que trocou Portugal por Marrocos, para treinar o FAR Rabat.

Regressou ao Benfica na época 79/80, época histórica para o Benfica. A 1 de Julho de 1979, numa Assembleia Geral extraordinária, presidida por Adriano Afonso, e que durou oito horas, foi aprovada por maioria a utilização de jogadores estrangeiros. O resultado foi a contratação do brasileiro Jorge Gomes ao Boavista, que assim se tornou no primeiro estrangeiro do Benfica. A época, essa, não correu de feição. No campeonato, terceiro lugar, o que não acontecia desde 1962. Na Taça UEFA, eliminação prematura na ronda inicial, frente aos gregos do Aris de Salónica. Salvou-se a conquista da Taça de Portugal, com a eliminação do Sporting nos oitavos, e FC Porto na final.

Depois de muitas experiências em variadíssimos clubes, seria chamado para o Benfica por Artur Jorge, que (coincidência) Wilson fora buscar para a Académica dos juniores do FC Porto. Com a saída de Artur Jorge, tomou conta da equipa e levantou a Taça, repetindo o feito de 80, aquando da segunda passagem pelos encarnados.

Mário Wilson fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 10 de Setembro de 1975, num empate com o Boavista (0-0), na Luz, tendo disputado o último jogo, a 18 de Maio de 1996, numa vitória frente ao Sporting (3-1), no Jamor.
Título: Re: Memorial Benfica, Glórias - Mário Wilson (actualizado)
Mensagem de: AG em 03 de Maio de 2008, 22:02
 :bow2:
Grande Mário Wilson, o "velho capitão"... Pode dizer-se que este senhor fez-me orgulho em ser benfiquista quando ganhámos a Taça 95/96, apesar do very light... Tinha 9 anos, e foi a primeira alegria como benfiquista "a sério".
Falta dizer que ainda fez um jogo em 96/97, na transição entre Autuori e Manuel José (derrota contra o Belenenses,em casa, por 1-2), e em 97/98, entre a saída de Manuel José e a entrada de Souness, 4 jogos, 2 vitórias e 2 empates. O último jogo dele foi: Chaves 0-1 Benfica.
Obrigado Mário Wilson!
:clap1:
Título: Re: Memorial Benfica, Glórias - Mário Wilson (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 04 de Maio de 2008, 20:17
John Henry Mortimore. Farborgough, Inglaterra. 17 de Outubro de 1934.
Épocas no Benfica: 5 (76/79, e 85/87). Jogos: 203, 140 vitórias, 41 empates e 22 derrotas. Títulos: 2 (Campeonato Nacional), 2 (Taça de Portugal) e 1 (Supertaça).
Outros Clubes: Ethnikos (Grécia), Southampton e Belenenses.

(http://img81.imageshack.us/img81/2658/resizeofresizeofresizeoti7.jpg) (http://img120.imageshack.us/img120/3617/johnmortimorefl9.jpg)

Mesmo sem currículo, Borges Coutinho arriscou em Mortimore para a época 76/77. Trabalhador, sério e bastante organizado, o ex-técnico do Southampton teve o mérito de agarrar numa equipa em mudança, lançar os "putos" Chalana e Nelinho e... ser campeão nacional, com nove pontos de avanço sobre o Sporting e dez sobre o FC Porto! Era o tri para o Benfica.

Nas duas épocas seguintes, o Benfica não ganhou nenhum titulo, o que já não acontecia desde 1948. Com a inacreditável  particularidade de em 77/78, o Benfica não ter perdido um único jogo (21 vitórias e 9 empates)! O FC Porto venceu por diferença de golos (mais 15). Em pontos (51) e no confronto directo (0-0 na Luz e 1-1 nas Antas), tudo empatado.

John Mortimore, voltou a Inglaterra e ao seu Southampton. Mas não demorou muito para uma visita à Luz. Aconteceu a 26 de Fevereiro, por ocasião do 76º aniversário dos benfiquistas, e os "Saints" perderam 4-0.

Em 85, foi a vez de Fernando Martins ir buscar Mortimore. E este não defraudou, conquistando a Taça e a Supertaça em 85/86, o campeonato e a Taça em 86/87, na nona e última dobradinha de sempre dos benfiquistas. Nesse dia de festa, já tem a ideia definida de abandonar o clube, devido a divergências com a Direcção, entretanto representada por João Santos. "Não desejo continuar a trabalhar num clube onde não me querem, nem quero continuar a trabalhar com quem não deseja trabalhar comigo".

Para a história, ficou um treinador com conhecimentos profundos de preparação física, o que explica a ausência de lesões musculares no seu tempo, já para nem falar dos resultados desportivos, que se situaram sempre acima da média.

John Mortimore fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 4 de Setembro de 1976, numa derrota com o Sporting (3-0), em Alvalade, tendo disputado o último jogo, a 7 de Julho de 1987, numa vitória frente ao Sporting (2-1), no Jamor.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - John Mortimore
Mensagem de: ednilson em 05 de Maio de 2008, 20:58
Lajos Baroti. Szeged, Hungria. 19 de Agosto de 1914.
Épocas no Benfica: 2 (80/82). Jogos: 93, 63 vitórias, 17 empates e 13 derrotas. Títulos: 1 (Campeonato Nacional), 1 (Taça de Portugal) e 1 (Supertaça).
Outros Clubes: Gyor (Hungria), Postas (Hungria), Ujpest Dosza (Hungria), Vasas Budapeste (Hungria), SSW Innsbruck (Hungria). Seleccionador Nacional da Hungria e Peru.

(http://img175.imageshack.us/img175/2504/baroti1wz5.jpg)

À procura de inovação, o Benfica recebeu mais um ilustre visitante da credenciada escola húngara. Membro do Conselho Técnico da UEFA e com carreira feita na selecção húngara (participou nos mundiais de 58, 62, 66 e 78) e em clubes de sucesso como o Ujpest Dosza e o Vasas Budapeste, Lajos Baroti aventurou-se em Portugal, sucedendo a Mário Wilson. Baroti levou os magiares à conquista da medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Roma em 1960 e no Europeu de futebol de 1964, disputado em Espanha.

Com 66 anos, aterrou em Lisboa para ser o treinador mais bem sucedido de sempre no Benfica, numa só época. Aconteceu logo na estreia em 80/81, quando venceu as três provas nacionais: campeonato (dois pontos de avanço sobre o FC Porto e 13 sobre o Sporting), Taça (3-1 ao FC Porto) e Supertaça (2-2 e 2-1 ao Sporting). Na Taça das Taças, ficou-se pelas meias-finais, aos pés do Carl Zeiss Jena.

Na época seguinte, as coisas já não correram tão bem, com o segundo lugar no campeonato, atrás do Sporting, e as eliminações prematuras na Taça de Portugal (Braga nas meias-finais) e na Taça dos Campeões (Bayern Munique na segunda eliminatória).

Cansado, desmotivado e sem o apoio da Direcção, optou pela saída, regressando à base. Aqui fica o registo de Nené sobre Baroti: "Era um verdadeiro 'gentleman'. Dava gosto falar e ser treinado por ele. Nas palestras, antes das partidas, dizia sempre a mesma frase: 'Eu ter muito medo deste jogo'"

Lajos Baroti faleceu em 2005, com 91 anos, tendo o presidente da Federação húngara, na altura, a seguinte expressão: "o melhor treinador da nossa história". Como jogador, foi também internacional, mas para o presidente da federação o que o tornava verdadeiramente especial era "o seu amor pelo jogo".

Lajos Baroti fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 24 de Agosto de 1980, numa vitória com o Boavista (1-0), no Bessa, tendo disputado o último jogo, a 23 de Maio de 1982, numa vitória frente ao Boavista (2-0), na Luz.
Título: Re: Memorial Benfica, Glórias - Lajos Baroti (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 06 de Maio de 2008, 22:07
Sven-Goran Eriksson. Torsby, Suécia. 5 de Fevereiro de 1948.
Épocas no Benfica: 5 (82/84, e 89/92). Jogos: 233, 159 vitórias, 47 empates e 27 derrotas. Títulos: 3 (Campeonato Nacional), 1 (Taça de Portugal) e 1 (Supertaça).
Outros Clubes: Degefors, IFK Gotemburgo, Roma, Fiorentina, Sampdória, Lázio, Manchester City. Seleccionador Inglês entre 2001 e 2006.

(http://img176.imageshack.us/img176/6061/erikssonuz1.jpg) (http://img120.imageshack.us/img120/1016/eriksson4km8.jpg)

Chegou, viu e venceu. Ambicioso, metódico e extremamente simpático nas relações humanas com os jogadores, jornalistas e adeptos, Eriksson cativou logo o povo português mal chegou a Lisboa. Tinha 32 anos e acabara de se sagrar vencedor da Taça UEFA pelo IFK Gotemburgo.

Fascinado pela criatividade e pelo golo, detestava o antifutebol. "Não admito que joguemos para o 0-0. O futebol tem de ser algo mais que estar hora e meia a não deixar jogar", referiu no dia do primeiro treino na Luz, depois de ficar espantado por saber que Bento era uns meses mais velho que ele. A sua palavra-chave era profissionalismo. E Alves sentiu isso na pele, quando chegou atrasado a um treino e foi recambiado para o banco na decisão da Taça UEFA, com o Anderlecht, em 83. Esse duelo permitiu a Eriksson ser o primeiro treinador de sempre a disputar duas finais das competições europeias por clubes diferentes. Os belgas ganharam e, enquanto o presidente Fernando Martins acusava o árbitro, Eriksson mantinha a sua pose de cavalheiro, atribuindo a derrota à falta de sorte.

Na sua primeira época, 82/83, conquistou o campeonato, jogando um futebol ofensivo, eficiente e espectacular e que rendeu nesse ano 51 pontos, contra 47 do FC porto. No seu segundo ano, o titulo de campeão foi conseguido ainda com mais pontos (52) e marcaram-se mais golos (86 contra 67). Treinador de grande carácter e sobriedade,  também conquistou a Taça de Portugal de 82/83.

Conquistado o bicampeonato nacional, tentou a sorte em Itália. Treinou a Roma, 84/89, e a  Fiorentina, 87/89, conquistando a Taça de Itália ao serviço dos romanos em 86.

Voltou ao Benfica em 89, com João Santos. Em três anos, foi campeão nacional no célebre triunfo nas Antas, com bis de César Brito, venceu a Supertaça de 89/90 e perdeu a outra final europeia (1-0 com AC Milan).

Na sua segunda passagem pelo futebol italiano, treinou a Sampdória entre 92 e 97, conquistando a Taça de Itália em 94, e a Lázio entre 97 e 2001, conquistando duas Taças de Itália (98 e 2000), duas Supertaças italianas (98 e 2000), uma Taça das Taças (99), uma Supertaça europeia (99) e um campeonato de Itália (2000). Um curriculum invejável.

Em 2001 assumiu o comando da Selecção inglesa, tornando-se no primeiro treinador estrangeiro a assumir a liderança dos britânicos. Qualificou os ingleses para os Mundiais de 2002 e 2006 e para o Europeu de 2004. Depois de problemas com a exigente e maldosa imprensa britânica, acabou por sair logo após o Mundial de 2006.

Em 2007/2008 assumiu o comando do Manchester City, onde se mantém actualmente.

Continua a passar férias em Portugal, encantado com o sol de Cascais e o peixe grelhado.

Eriksson fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 22 de Agosto de 1982, numa vitória com o Espinho (1-0), em São João da Madeira, tendo disputado o último jogo, a 17 de Maio de 1992, num empate frente ao Salgueiros (1-1), na Luz.
Título: Re: Memorial Benfica, Glórias - Otto Glória (actualizado)
Mensagem de: JoMi¹¹ em 07 de Maio de 2008, 18:24
Citação de: ednilson em 24 de Abril de 2008, 22:39
Béla Guttmann. Budapeste, Hungria. 26 de Janeiro de 1905.
Épocas no Benfica: 4 (59/62 e 65/66). Jogos: 162, 113 vitórias, 27 empates e 22 derrotas. Títulos: 2 (Campeonato Nacional), 1 (Taça de Portugal) e 2 (Taça dos Clubes Campeões Europeus).
Outros clubes: SC Hakoah Wien, FC Twente, Ujpest, Vasas, Ciokanul, Ujpest, Kispest, Pádova, Triestina, AC Milan, Lanerossi Vicenza, Peñarol, São Paulo, F.C.Porto, Selecção Austríaca, APOEL, Áustria Viena, Servette e Panathinaikos.

(http://img106.imageshack.us/img106/8634/bella3ik6.jpg) (http://img106.imageshack.us/img106/7404/bella1pb2.jpg)

Chamaram-lhe de tudo. Feiticeiro, bruxo, mago... Este húngaro naturalizado austríaco é um nome incontornável no futebol português. O FC Porto foi a sua primeira equipa em Portugal. Conquistado o titulo de campeão nacional, foi para o Benfica, com exigências impensáveis para a época!: 400 contos líquidos por ano, 150 pelo titulo nacional, 50 pela Taça de Portugal e... 200 pela Taça dos Campeões. 200 não! Um dirigente bem disposto e, pelos vistos, nada crente, encorajou-o a subir a parada para 300 e foi o que se viu. O Benfica venceu duas Taças dos Campeões, em 61 e 62, e só Guttmann recebeu mais que toda a equipa junta.

Na ocasião do bicampeonato, foi recebido por Américo Tomás e António Salazar e nomeado comendador, tal como os jogadores. À saída de São Bento, virou-se para Fezas Vital, que substituíra Maurício Vieira de Brito na presidência, e segredou-lhe que se iria demitir. "Não posso treinar 14 comendattori". Todos julgavam que era bluff, mas não. Guttmann saiu mesmo e até deixou uma frase maldita no ar, que ainda perdura. "Nem daqui a cem anos uma equipa portuguesa será bicampeã europeia e o Benfica sem mim jamais ganhará uma Taça dos Campeões". Sem ele, nunca mais ganhou, de facto, apesar de ter estado em mais cinco finais. A última (1990), em Viena, bem perto do cemitério judeu onde Guttmann está sepultado. Na véspera da final com o AC Milan, Eusébio foi ao túmulo rezar pela alma do técnico e pediu aos deuses que desfizessem a maldição. Em vão...

Foi o treinador campeão por excelência, com uma notável influência psicológica sobre os jogadores, com grande experiência internacional e profundos conhecimentos que tinha das tácticas e técnicas do jogo. Guttmann tinha uma concepção de futebol de ataque, que encontrou, naquele inicio dos anos sessenta, intérpretes privilegiados nos jogadores do Benfica. Costa Pereira explicou, muitos anos depois, qual era o segredo da defesa de Béla Guttmann: "A nossa marcação à zona era feita com um sentido objectivo de antecipação". Mas essa não era a marca do estilo do treinador húngaro: "não me importa sofrer três ou quatro golos por jogo, se marcar sempre mais um", disse uma vez, respondendo às críticas de que a linha defensiva do Benfica não era muito segura.

Béla Guttmann fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 20 de Setembro de 1959, numa vitória sobre o Vitória de Setúbal (4-1), na Luz, tendo disputado o último jogo, a 1 de Maio de 1966, numa vitória frente ao Belenenses (3-1), no Restelo.


Já Li :ashamed:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Sven-Goran Eriksson
Mensagem de: Mestre em 07 de Maio de 2008, 18:55
Grandes Mortimer, Baroti e Erikson. Tive o prazer e o orgulho de ver o Glorioso liderado por estes senhores e foram épocas onde, mesmo nas que não ganhámos nada, nos batiamos de cabeça erguida, honrando a camisola.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Sven-Goran Eriksson
Mensagem de: ednilson em 07 de Maio de 2008, 23:01
António José Conceição Oliveira (Toni). Mogofores. 14 de Outubro de 1946.
Épocas no Benfica: 6 (87/89, 92/94 e 00/02). Jogos: 215, 127 vitórias, 58 empates e 30 derrotas. Títulos: 2 (Campeonato Nacional) e 1 (Taça de Portugal).
Outros Clubes: Bordéus, Sevilha, Shenyang Jinde, Al-Ahly e Al-Ettifaq. Treinador da Selecção Nacional (Comissão Técnica) no Euro 84 e treinador adjunto Emirados Árabes Unidos.

(http://img139.imageshack.us/img139/4590/toni2xf8.jpg) (http://img230.imageshack.us/img230/1884/tonicj1.jpg)

O que o Benfica deve a António José Conceição Oliveira é imenso: a abnegação, o espírito de sacrifício, a descrição com que suportou sobressaltos de humor e variações de sensibilidade se sucessivas equipas dirigentes, aceitando, uma e outra vez, dar ao futebol do Benfica o melhor do seu esforço. O que os benfiquistas devem a Toni é, para lá deste exemplo de benfiquismo que não tem paralelo nas últimas décadas de vida do clube, a alegria de dois dos quatro últimos títulos nacionais conquistados, em 1989 e em 1994. E as enormes alegrias que os que têm mais de quarenta anos recordam, enquanto passeou a sua classe de grande jogador, durante toda a década de setenta.

É que Toni é um ícone do Sport Lisboa e Benfica: ele é o único a ter acumulado títulos de campeão nacional como jogador e treinador. Elemento preponderante da equipa-maravilha dos anos setenta, sustentando o meio campo de um grupo de esmagador futebol de ataque, Toni ganhou então oito títulos nacionais. Juntem-se-lhe os dois já referidos e temos números de inédita proeza. Como se não chegasse, também fez a "dobradinha" na Taça de Portugal: ganhou 3 como jogador e uma como treinador.

Toni iniciou a sua carreira de treinador como adjunto, na segunda época de Baroti: "Quando estivemos em Madrid, no início da época 1980/81, fui comprar um livro sobre futebol e o mister Baroti, quando me viu com ele na mão, virou-se para mim e perguntou-me se não queria ser seu adjunto. Disse-lhe que não, que queria mesmo é jogar, mas percebi que a minha carreira como jogador tinha chegado ao fim. Ainda fui campeão nacional, disputando o último jogo na Luz com o V. Setúbal, partindo depois, com Baroti, para a minha primeira experiência como adjunto".

Assumiu a responsabilidade pela equipa principal do clube em 1987, substituindo Ebbe Skovdhal, que se dera mal com os ares da Luz. Nessa altura, não se perdoavam três derrotas em sete jornadas, mesmo a um treinador de alto gabarito acabado de chegar. Toni não fez milagres: já não foi a tempo de ganhar o campeonato, ficou-se pelas meias-finais da Taça, mas – divina surpresa! – conduziu o Benfica à sua sexta final da Taça dos Campeões, contra o PSV, em Estugarda, vinte anos depois da final de Wembley contra o Manchester United.

Toni não era um treinador de tudo ou nada: privilegiava um futebol de contenção, calculista e cauteloso. Conhecia bem os jogadores que tinha e uma das suas estrelas, o extremo Diamantino, lesionado, teve que ver o jogo da linha lateral. Talvez por isso não tenha ganho a final de Estugarda, contra um PSV que entrou em campo aterrorizado com o prestígio do Benfica. O treinador esticou a corda até aos penalties: ao sexto, a estratégia caiu.

Não ganhou, mas embalou a equipa para um triunfo no campeonato nacional da época seguinte, num onze em que Veloso era o capitão, Mozer e Ricardo compunham uma dupla de centrais de luxo, e Paneira, Valdo e Chalana faziam o que lhes estava destinado: ganhar jogos, nem que fosse pela diferença mínima. Apesar da vitória, aceitou ser adjunto do mais querido dos treinadores benfiquistas: o sueco Sven-Goran Eriksson. Foi com ele campeão em 1991, mas, depois da partida do sueco, aceitou render Tomislav Ivic a meio da época, em nova missão de sacrifício, durante a temporada de 92/93. E no ano seguinte, levando a pulso uma equipa que procurava remediar as saídas de Paulo Sousa e Pacheco para o Sporting, conquistou o titulo de campeão nacional.

Entrara para a História do clube, mas, pela segunda vez, foi preterido em favor de outro. Ganhara, entretanto, uma reputação de salvador. Mas, quando voltou ao clube, de novo, a meio da época de 2000/01, nada se comparava com os seus anos de ouro: o vendaval de loucura que assolara o Benfica durante a presidência de Vale e Azevedo tinha transformado o maior clube português numa equipa remendada, a viver de jogadores emprestados ou comprados em última mão. Toni ainda começou a época de 2001/02; mas não resistiu à onda de maus resultados e, antes que o mandassem embora, saiu. Sem um reparo, sem azedume, sem uma critica mais ácida. Como manda a consciência de quem, acima de quaisquer interesses conjunturais, põe o prestigio e a grandeza do clube que fez seu para toda a vida.

Toni fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 13 de Dezembro de 1987, numa vitória com o Académica (4-2), em Coimbra, tendo disputado o último jogo, a 23 de Dezembro de 2001, numa derrota frente ao Boavista (1-0), no Bessa.
Título: Re: Memorial Benfica, Glórias - Toni (actualizado)
Mensagem de: ednilson em 08 de Maio de 2008, 20:55
Giovanni Trapattoni. Cusano Milanino, Itália. 17 de Março de 1939.
Épocas no Benfica: 1 (2004/05). Jogos: 51, 31 vitórias, 9 empates e 11 derrotas. Titulos: 1 (Campeonato Nacional).
Outros clubes: AC Milan, Juventus, Inter, Bayer Munique, Cagliari, Fiorentina, Estugarda e Red Bull Salzburg. Seleccionador nacional italiano entre 2000 e 2004, no verão de 2008 assumirá o comando da Selecção da República da Irlanda.

(http://img371.imageshack.us/img371/8402/trapwk5.jpg) (http://img371.imageshack.us/img371/5950/trap1gf2.jpg)

Despertou para o mundo do futebol como jogador, ao serviço do AC Milan, foi internacional italiano e conquistou por este clube dois campeonatos italianos, uma Taça de Itália, duas Taças dos Campeões Europeus (curiosamente uma frente ao Benfica em 1963), uma Taça das Taças e uma Taça Intercontinental. Famosos ficaram os seus confrontos com Pelé, assim como, ainda hoje gerando grande controvérsia, com Coluna, mais precisamente na referida final da Taça dos Campeões Europeus. "Nesse jogo, o Trapattoni rachou-me o peito do pé. Infelizmente, pelos regulamentos, não se podia fazer substituições e ficámos logo diminuídos. Uma pena, porque tínhamos equipa e aquela era uma final para ganhar. Aguentei em campo, mas só lá estive a fazer número", disse Coluna.

Depois de uma curta passagem pelo banco do AC Milan, começou a treinar o Juventus no ano 1976. Foi na altura uma decisão arriscada, do então presidente bianconero, Giampiero Boniperti, confiar a liderança de um dos clubes mais prestigiados de Itália a um jovem treinador. A verdade é que logo na primeira época, conquistou o campeonato italiano e a Taça UEFA, batendo na final os espanhóis do Atlético de Bilbau.

Assim se iniciou na carreira de treinador, aquele que é uma das figuras maus prestigiadas do futebol italiano. Entre o vasto palmarés destacam-se dez campeonatos nacionais (Juventus-6, Inter-1, Bayern-1, Benfica-1 e Red Bull Salzburg-1), uma Taça dos Campeões Europeus e uma Taça Intercontinental com a Juventus, três Taças UEFA (duas com a Juventus e uma com o Inter). Este excepcional palmarés é complementado com uma Supertaça Europeia, uma Supertaça italiana, duas Taças de Itália e uma Taça da Alemanha.

Em Julho de 2000, chegou ao comando técnico da squadra azurra, substituindo o demissionário Dino Zoff, tendo qualificado a selecção italiana para o Mundial de 2002 e para o Euro 2004. Saiu no final do Europeu português, após resultados decepcionantes em ambas as competições.

Foi assim, que Giovanni Trapattoni chegou ao Benfica na temporada de 2004/05. Para o Benfica era uma época importante, estava em plenas comemorações do Centenário e tinha chegado a altura de terminar com um jejum de 11 anos sem conquistar o mais importante troféu nacional, o campeonato. O campeonato foi difícil, disputado até à última jornada, colocando o Benfica uma mão no troféu na penúltima jornada, após vencer o rival Sporting, em casa, com um golo de Luisão nos últimos instantes. O mérito de Trapattoni nesta conquista, pode ser definido por esta sua frase: "Não comprometo resultados. Os riscos que corro são sempre calculados ao milímetro." E, como treinador do Benfica, sempre assim foi.

Nas comemorações de tão desejado título e depois dos festejos protagonizados pelos benfiquistas, revelou que "em 40 anos de futebol nunca vi adeptos como os do Benfica"!!!

Mais brilhante poderia ter sido a sua passagem pelo clube, caso tivesse conquistado a "dobradinha", mas não conseguiu evitar a derrota na final (2-1), frente ao Vitória de Setúbal. Dias mais tarde assumiu a sua saída do clube, invocando motivos de ordem familiar. Motivos que não o impediram de aceitar o convite do Estugarda pouco tempo depois.
No clube alemão a sua passagem foi catastrófica e foi demitido ao fim de sete meses. Em Maio de 2006 assumiu o comando do Red Bull Salzburg, juntamente com o seu antigo jogador Lothar Matthäus, e juntos conquistaram o campeonato austríaco.

Este verão assumirá o cargo de seleccionador da República da Irlanda, tendo como principal objectivo a qualificação para o Mundial de 2010.

Trapattoni fez o primeiro jogo como treinador do Benfica a 10 de Agosto de 2004, numa vitória com o Anderlecht (1-0), na Luz, tendo disputado o último jogo, a 29 de Maio de 2005, numa derrota frente ao Vitória de Setúbal (2-1), no Jamor.



E pronto são estes os 17 treinadores responsáveis pelos 31 campeonatos nacionais do Sport Lisboa e Benfica.

Termino por aqui a minha participação mais activa neste tópico, mas o mesmo não irá ficar parado. A ideia ao iniciá-lo seria introduzir também as Glórias das Modalidades. Durante estes meses um outro user apareceu com essa ideia e será ele que irá prosseguir com o tópico. Nos próximos dias terão novidades. ;)

Espero que adiram da mesma forma que até aqui. A mim deu-me bastante trabalho, mas quando o trabalho está aliado ao prazer, não custa nada.

Obrigado a todos quantos seguiram o tópico.


:slb2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Giovanni Trapattoni
Mensagem de: Covenant em 09 de Maio de 2008, 01:52
Obrigado digo eu por este trabalho. Grande ednilson. :clap1: :bow2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Giovanni Trapattoni
Mensagem de: 46Rossi em 09 de Maio de 2008, 11:21
Obrigado grande Trap pela última grande alegria :bow2: :bow2:


Grande trabalho ednilson, foi um prazer acompanhar este tópico :clap1: :bow2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Giovanni Trapattoni
Mensagem de: Elvis the Pelvis em 09 de Maio de 2008, 14:33
Obrigado ednilson pelo teu trabalho meritório. O0

Nos tempos actuais do Benfica(que vão passar), ler este tópico faz-nos sentir um pouco melhor.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Giovanni Trapattoni
Mensagem de: fish em 09 de Maio de 2008, 16:40
Todos os elogios são poucos para este grande trabalho.
Obrigado ednilson
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Giovanni Trapattoni
Mensagem de: Bola7 em 13 de Maio de 2008, 10:06
Já tem direito a reforma... :tonge:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Giovanni Trapattoni
Mensagem de: Mestre em 13 de Maio de 2008, 20:17
A velha raposa, aquele que conseguiu o que poucos acreditaram e que pintou o país de vermelho. Uma prova que o saber perdura com os anos, o pragmatismos e a atitude em campo, os assobios, enfim, um estilo inconfundível.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Giovanni Trapattoni
Mensagem de: Di Nes em 13 de Maio de 2008, 20:40
Trapattoni regressa a Portugal
PARA ESTÁGIO COM A SELECÇÃO DA IRLANDA

Giovanni Trapattoni regressa a Portugal nos próximos dias, para orientar o estágio que a selecção nacional de futebol da República da Irlanda vai fazer no Algarve, com vista aos jogos particulares ante a Sérvia e a Colômbia.

O carismático treinador italiano orientou o Benfica em 2004/2005, levando as águias ao título, na que foi a sua única passagem como técnico por Portugal, numa longa carreira.

O arranque prático da "era Trapattoni" na selecção irlandesa dá-se agora com este estágio de 28 elementos, na Praia da Luz, estando previstos dois jogos-treino, antes do regresso à Irlanda, para jogar contra a Sérvia a 24 de Maio, no Croke Park.

Cinco dias depois o adversário escalado é a Colômbia, jogo que serve, tal como o da Sérvia, para lançar as bases da equipa que vai tentar a qualificação para o Mundial de futebol de 2010.

"As próximas duas semanas são muito importantes, é a minha primeira oportunidade de trabalhar com os jogadores e estou ansioso por isso. Teremos dois jogos-treino e os jogos contra a Sérvia e contra a Colômbia, pelo que vou ver em acção todos os jogadores", disse Giovanni Trapattoni.

Record
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Giovanni Trapattoni
Mensagem de: MrcFlp em 15 de Maio de 2008, 19:26
Este tópico devia ser inamovível e devia estar no Geral, há muitos, mais e menos novos que não conhecem o percurso das pessoas que aqui se fala.

Isto é o Benfica!
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Giovanni Trapattoni
Mensagem de: Mestre em 16 de Maio de 2008, 17:22
Citação de: MrcFlp em 15 de Maio de 2008, 19:26
Este tópico devia ser inamovível e devia estar no Geral, há muitos, mais e menos novos que não conhecem o percurso das pessoas que aqui se fala.

Isto é o Benfica!

Muitos nem conhecem as pessoas quanto mais o percurso no Benfica. :disgust:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Giovanni Trapattoni
Mensagem de: Eagle Fly Free em 17 de Maio de 2008, 01:21
Posso participar ?
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Giovanni Trapattoni
Mensagem de: Subsultans Papaver em 20 de Maio de 2008, 04:15
Parabéns!  :clap1:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Giovanni Trapattoni
Mensagem de: Corrosivo em 20 de Junho de 2008, 16:09
Então Ed, meteste férias ou quê?
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Giovanni Trapattoni
Mensagem de: m20 em 22 de Junho de 2008, 13:08
tenho uma profunda admiraçao pelo trapatonni! se nao fosse ele talvez ainda nunca tivesse visto o benfica ter sido campeao, sem ser no berço claro! :bow2: :bow2: :clap1: :clap1:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Giovanni Trapattoni
Mensagem de: Pedro Saraiva em 24 de Junho de 2008, 14:44
Ednilson

:bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Giovanni Trapattoni
Mensagem de: Bola7 em 25 de Junho de 2008, 16:22
Citação de: Pedro Saraiva em 24 de Junho de 2008, 14:44
Ednilson

:bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2:
ednilson?...parecia bom...
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Giovanni Trapattoni
Mensagem de: Platini em 10 de Julho de 2008, 14:57
Obrigado Trap  :bow2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Giovanni Trapattoni
Mensagem de: Paulo Silva em 19 de Julho de 2008, 14:35
(http://epluribusunum.com.sapo.pt/imagens/slb_camp.jpg)
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Giovanni Trapattoni
Mensagem de: isaias em 22 de Agosto de 2008, 12:22
Nem imaginam como eu odiava o futebol praticado pelas equipas de Trap. Na primeira metade dos anos 90 a Juventus, treinada pela "Velha Raposa" era uma máquina de títulos e de futebol mesquinho, traiçoeiro, cruel para os adversários, quer pela dureza dos seus jogadores quer pelo cinismo patenteado quer pelas estranhas ajudas dos árbitros. Dele o Benfica foi vítima algumas vezes. Mal eu sabia que aquele senhor iria um dia devolver-me o sorriso de benfiquista. A "Velha Raposa" merece-me agora as maiores considerações.     
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Giovanni Trapattoni
Mensagem de: ednilson em 31 de Agosto de 2008, 18:29
Estou de volta, agora com as Glórias da modalidades amadoras.

Vai levar o seu tempo, pois a procura de informação é maior e porque tenho pouco tempo, mas actualizarei à medida que for tendo disponibilidade.

Começo com o mais célebre ciclista da História do Sport Lisboa e Benfica.


José Maria Nicolau. Cartaxo. 15 de Outubro de 1910-1969. Ciclista.
Épocas no Benfica: 10 (29/39). Títulos: 2 (Volta a Portugal), 2 (Volta a Lisboa) e 3 (Porto-Lisboa).
Outros Clubes: Carcavelos.

(http://img353.imageshack.us/img353/4263/josmarianicolau2he9.jpg)

O ciclismo chegou ao Benfica antes do... Sport Lisboa e Benfica.

O mais célebre ciclista do Benfica veio a ser, a partir de 1929, José Maria Nicolau, que se tornaria um símbolo do próprio clube. Com ele, o Benfica obteve vitórias colectivas nas edições de 1931, 1932 e 1934 da Volta a Portugal – e ele ganharia a primeira e a última dessas edições, a título individual. Nessa época, o ciclismo era a modalidade que mais troféus rendera ao clube: 136 contra 77 do futebol e 27 do hóquei em patins.

José Maria Nicolau, ferreiro, natural do Cartaxo, é justamente considerado um nome histórico do clube. Venceu a segunda edição da Volta disputada em 1931, culminando um período de grande afirmação com vitórias indiscutíveis em vários critérios e circuitos disputados de norte a sul do país. O ciclista do Benfica correu as 19 etapas do percurso, na extensão de 2074 km, à média horária de 25,087 km/h. A popularidade de que o Benfica gozava, ampliou-se de forma extraordinária com esta vitória.

Segundo relatos do acontecimento, a aglomeração de público depois da chegada de Nicolau foi de tal ordem, que só no balneário lhe pode ser entregue o ramos de cravos, referente à vitória.

Nicolau saiu do Rossio, de comboio, acompanhado dos restantes colegas de equipa, dos dirigentes do clube e dos jornalistas. Conta a edição do jornal Os Sports de 2 de Outubro de 1931: "Até à Azambuja não houve nada de anormal, mas aí ouviram-se os primeiros foguetes em honra de José Maria Nicolau. Duas estações adiante, no Setil, foi o corredor arrancado da carruagem, por entre vivas, palmas, foguetes e música. (...) O primeiro encontro entre os manifestantes, e Nicolau teve cunho de afectividade e teve uma grandeza que subjugaram por completo o forte ânimo do corredor. Conduzido Nicolau aos ombros dos seus admiradores, tomou depois lugar num automóvel, organizando-se o cortejo. À frente 300 ciclistas, muitos deles equipados, levando quase todos, nos guiadores, pequeninas bandeiras com as cores do Benfica".

(http://img153.imageshack.us/img153/5195/josmarianicolau3nl1.jpg)


Em 1932, a Volta foi ganha por Alfredo Trindade, seu grande rival, da União Ciclista do Rio de Janeiro, Nicolau ficou em segundo. Das 19 etapas venceu doze, ficou em 2º em quatro e em 3º em duas. Venceu a 17 de Julho a clássica Porto-Lisboa, após interregno de cinco anos, batendo o recorde da prova em 2h 35m e 11s. O ciclista do Cartaxo realizou o tempo de 12h 7m e 10s, rolando a uma velocidade média de 27,601 km/h. Em 7 de Agosto, na disputa da Taça União, Nicolau bateu o recorde dos 100 km, fixando-o no tempo de 3h e 7m.

Na volta de 1933, Trindade, agora no Sporting, voltou a vencer, aproveitando a desistência do seu rival. José Maria Nicolau abandonou logo na segunda etapa, invocando problemas renais e musculares.

Após a recuperação, Nicolau regressou à estrada para conquistar o Campeonato Nacional de Fundo. E em 1934 venceu a Volta, desta feita após desistência de Alfredo Trindade, vítima de grave acidente na etapa que ligava Faro a Évora.

Há muitos episódios pitorescos envolvendo Nicolau e Trindade, que, apesar de adversários, eram conterrâneos e amigos. "Pôs-se a correr que Trindade era meu compadre, por ser padrinho do meu Eduardo e isso não é verdade. (...) Entre mim e o meu valoroso rival há apenas ligações de amizade. O padrinho do meu garoto é realmente um antigo corredor, mas o Eduardo Santos", explicou Nicolau em Os Sports (22.07.1938).

(http://img379.imageshack.us/img379/6663/josmarianicolau1fa6.jpg) (http://img353.imageshack.us/img353/4831/josmarianicolau4qz5.jpg) 

Nicolau ainda venceu, em 1935, a clássica Porto-Lisboa, averbando a terceira vitória.

Na Volta, contudo, tinha terminado o empolgante duelo que manteve com Trindade e que tanto contribuiu para o prestigio da modalidade e a popularidade dos respectivos clubes. Foram muitos os admiradores que Nicolau, pela alquimia da sedução, transformou em indefectíveis benfiquistas.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - José Maria Nicolau
Mensagem de: SevenStars em 31 de Agosto de 2008, 19:58
Outro que é o Benfica!
Um dos poucos a ter o nome numa das Praças em torno do Estádio, e muito justamente!!!

:metal: :clap1:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - José Maria Nicolau
Mensagem de: ednilson em 06 de Setembro de 2008, 19:05
Alexandre Selske Tadayuki Yokochi. Lisboa. 13 de Fevereiro de 1965. Nadador.
Épocas no Benfica: 13 (79/92).

(http://img246.imageshack.us/img246/1161/yokochi4tf4.jpg)

A emergência de Alexandre Yokochi, nos anos 80, como o mais bem sucedido nadador da história do Sport Lisboa e Benfica não foi um daqueles acasos felizes em que o desporto, aliás, é pródigo. Quando se começou a ouvir falar dele, já o apelido Yokochi era familiar aos adeptos: o pai, Shintaro, em Portugal desde 1958, viera para o Benfica em 1972, iniciando uma longa carreira de treinador, responsável pelo aparecimento de uma geração de grandes nadadores, entre os quais Sandra Neves, Diogo Madeira e Nuno Laurentino.

A irmã de Alexandre, Ana Cristina Yokochi, fora a primeira atleta desse apelido a brilhar no Benfica, conquistando títulos nacionais e internacionais na primeira metade da década. Fazia equipa com Luísa Cavaleiro Madeira e com Liliana Santos, esta consagrada em 1976 como a melhor nadadora completa de Portugal.

Alexandre iniciou a sua carreira em 1979, com 14 anos de idade, batendo o recorde juvenil de 200m bruços; no ano seguinte estabeleceria um novo máximo absoluto e ganhava duas medalhas de ouro no Torneio de Darmstadt, sendo considerado o melhor juvenil ali presente. Mas nos Campeonatos da Europa ia ainda mais longe: conquistava a medalha de prata batendo o recorde nacional.

Campeão latino, sempre em 200m bruços, em 1981, 1982 e 1983, Yokochi continuou a acumular títulos: em 1984, alcançava a melhor classificação de sempre de um nadador português, obtendo o 7º lugar na final dos 200m bruços, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, sendo condecorado pelo Governo com a Medalha de Mérito Desportivo. Mais tarde, seu pai Shintaro foi distinguido pelo Governo, com a medalha de Bons Serviços Desportivos.

(http://img82.imageshack.us/img82/6145/yokochi3jh0.jpg) (http://img82.imageshack.us/img82/9543/shintarobw1.jpg)
Alexandre Yokochi                             Shintaro Yokochi

Foi medalha de prata nos Europeus de 1985, ano em que foi vice-campeão da Universíada disputada em Kobe, no Japão, tendo sido então distinguido com a Medalha de Honra do clube.

Em 1987, Yokochi ganhava a medalha de ouro no Meeting Gold Cup de Estrasburgo e alcançava a medalha de ouro em 200m bruços nas Universíadas de Zagreb. No ano seguinte, vencia a final B da Olimpíadas de Seul, batendo uma vez mais o recorde nacional.

Em 1990, fez parte da equipa do Benfica que venceu o Campeonato de Clubes da Comunidade Europeia e no ano seguinte, com Diogo Madeira, participou nos Mundiais da Austrália. Em 1992, participou ainda nos Jogos Olímpicos de Barcelona e venceu pela última vez os 200m bruços nos Campeonatos Nacionais e anunciou a sua retirada: em 13 anos de carreira acumulara centenas de medalhas e um palmarés invejável, a nível nacional e internacional.

(http://img246.imageshack.us/img246/3818/yokochi2rs4.jpg)
Os nadadores Diogo Madeira, Sandra Neves e Alexandre Yokochi, com o treinador Shintaro.

Alexandre Yokochi é hoje investigador e Director do Laboratório de Cristalografia Química da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos. Trata-se portanto de um exemplo de que não existe contradição entre a carreira desportiva de um atleta e o seu percurso escolar e académico.

(http://img246.imageshack.us/img246/6460/yokochiad3.jpg)
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Alexandre Yokochi
Mensagem de: Pedro Neto em 06 de Setembro de 2008, 19:53
Onde é que tens arranjado esta informação das glórias das modalidades, Ednilson?
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Alexandre Yokochi
Mensagem de: Andrew86 em 06 de Setembro de 2008, 20:01
E ainda o presidente da federação de natação falava em igual os feitos do Yokochi.....não houve um nadador sequer numa meia/final quanto mais chegar a uma final olimpica. :whistle2: :buck2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - José Maria Nicolau
Mensagem de: Lordlothar em 08 de Setembro de 2008, 01:05
Citação de: ednilson em 06 de Setembro de 2008, 19:05
Alexandre Selske Tadayuki Yokochi. Lisboa. 13 de Fevereiro de 1965. Nadador.
Épocas no Benfica: 13 (79/92).

(http://img246.imageshack.us/img246/1161/yokochi4tf4.jpg)

A emergência de Alexandre Yokochi, nos anos 80, como o mais bem sucedido nadador da história do Sport Lisboa e Benfica não foi um daqueles acasos felizes em que o desporto, aliás, é pródigo. Quando se começou a ouvir falar dele, já o apelido Yokochi era familiar aos adeptos: o pai, Shintaro, em Portugal desde 1958, viera para o Benfica em 1972, iniciando uma longa carreira de treinador, responsável pelo aparecimento de uma geração de grandes nadadores, entre os quais Sandra Neves, Diogo Madeira e Nuno Laurentino.

A irmã de Alexandre, Ana Cristina Yokochi, fora a primeira atleta desse apelido a brilhar no Benfica, conquistando títulos nacionais e internacionais na primeira metade da década. Fazia equipa com Luísa Cavaleiro Madeira e com Liliana Santos, esta consagrada em 1976 como a melhor nadadora completa de Portugal.

Alexandre iniciou a sua carreira em 1979, com 14 anos de idade, batendo o recorde juvenil de 200m bruços; no ano seguinte estabeleceria um novo máximo absoluto e ganhava duas medalhas de ouro no Torneio de Darmstadt, sendo considerado o melhor juvenil ali presente. Mas nos Campeonatos da Europa ia ainda mais longe: conquistava a medalha de prata batendo o recorde nacional.

Campeão latino, sempre em 200m bruços, em 1981, 1982 e 1983, Yokochi continuou a acumular títulos: em 1984, alcançava a melhor classificação de sempre de um nadador português, obtendo o 7º lugar na final dos 200m bruços, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, sendo condecorado pelo Governo com a Medalha de Mérito Desportivo. Mais tarde, seu pai Shintaro foi distinguido pelo Governo, com a medalha de Bons Serviços Desportivos.

(http://img82.imageshack.us/img82/6145/yokochi3jh0.jpg) (http://img82.imageshack.us/img82/9543/shintarobw1.jpg)
Alexandre Yokochi                             Shintaro Yokochi

Foi medalha de prata nos Europeus de 1985, ano em que foi vice-campeão da Universíada disputada em Kobe, no Japão, tendo sido então distinguido com a Medalha de Honra do clube.

Em 1987, Yokochi ganhava a medalha de ouro no Meeting Gold Cup de Estrasburgo e alcançava a medalha de ouro em 200m bruços nas Universíadas de Zagreb. No ano seguinte, vencia a final B da Olimpíadas de Seul, batendo uma vez mais o recorde nacional.

Em 1990, fez parte da equipa do Benfica que venceu o Campeonato de Clubes da Comunidade Europeia e no ano seguinte, com Diogo Madeira, participou nos Mundiais da Austrália. Em 1992, participou ainda nos Jogos Olímpicos de Barcelona e venceu pela última vez os 200m bruços nos Campeonatos Nacionais e anunciou a sua retirada: em 13 anos de carreira acumulara centenas de medalhas e um palmarés invejável, a nível nacional e internacional.

(http://img246.imageshack.us/img246/3818/yokochi2rs4.jpg)
Os nadadores Diogo Madeira, Sandra Neves e Alexandre Yokochi, com o treinador Shintaro.

Alexandre Yokochi é hoje investigador e Director do Laboratório de Cristalografia Química da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos. Trata-se portanto de um exemplo de que não existe contradição entre a carreira desportiva de um atleta e o seu percurso escolar e académico.

(http://img246.imageshack.us/img246/6460/yokochiad3.jpg)

:bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2: :bow2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Alexandre Yokochi
Mensagem de: nucleopn em 08 de Setembro de 2008, 12:24
uma das grandes mágoas q tenho, é pensar q a malta dos seus 20, 20 e mt poucos, n teve oportunidade de ver um Benfica verdadeiramente Glorioso...

espero q saibam q o nosso Benfica foi durante anos a fio uma das melhores equipas do mundo. Que n havia jogo nenhum q n fosse para ganhar, fosse jogado em cAmp Nou, no Bernabeu ou em San Siro...

o q mais desejo, por todos os adeptos do Benfica q n puderam assistir ao q eu assisti (ainda bem novo, mas mtas x presente no estadio,pela mao do meu pai), é q o Benfica volte a ser grande... e volte a ter jogadores de nivel mundial... Benfica tem de ser eterno!
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Alexandre Yokochi
Mensagem de: Bola7 em 09 de Setembro de 2008, 15:12
Citação de: Pedro Neto em 06 de Setembro de 2008, 19:53
Onde é que tens arranjado esta informação das glórias das modalidades, Ednilson?
não respondas....ele que trabalhe... >:(
sobre o José Maria Nicolau...a ele se deve 50% da popularidade do Benfica...os outros á equipa de futebol...
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Alexandre Yokochi
Mensagem de: Elvis the Pelvis em 10 de Setembro de 2008, 13:42
Grandes os Yokochi! :bow2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Alexandre Yokochi
Mensagem de: pica_foices em 10 de Setembro de 2008, 17:06
Citação de: Bola7 em 09 de Setembro de 2008, 15:12
Citação de: Pedro Neto em 06 de Setembro de 2008, 19:53
Onde é que tens arranjado esta informação das glórias das modalidades, Ednilson?
não respondas....ele que trabalhe... >:(
sobre o José Maria Nicolau...a ele se deve 50% da popularidade do Benfica...os outros á equipa de futebol...

julgo q há no simbolo uma referencia ao ciclismo devido à sua importancia para o clube..
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Alexandre Yokochi
Mensagem de: injustissado em 10 de Setembro de 2008, 18:32
apenas uma palavra                     espectaculo  adoro recordar ,aqui posso fazelo. :bandeiraslb2: :bandeiraslb2: :bandeiraslb2: :bandeiraslb2: :bandeiraslb2: :bandeiraslb2: :bandeiraslb2: :bandeiraslb2: :bandeiraslb2: :bandeiraslb2: :bandeiraslb2: :bandeiraslb2: :bandeiraslb2: :bandeiraslb2: :bandeiraslb2: :bandeiraslb: :amigo:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Alexandre Yokochi
Mensagem de: ednilson em 13 de Setembro de 2008, 17:41
António Carlos Carvalho Nogueira Leitão. Espinho. 22 de Julho de 1960. Meio-fundista.
Épocas no Benfica: 10 (81/91).

(http://img123.imageshack.us/img123/5108/leito5gp4.jpg)

Correndo os 5000 metros nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, António Leitão tornou-se o primeiro atleta benfiquista a ganhar uma medalha olímpica. Foi terceiro na corrida da légua e recebido entusiasticamente juntamente com os outros dois medalhados olímpicos desse ano, Rosa Mota e Carlos Lopes. Foi, por esse feito, condecorado com a Medalha de Mérito Desportivo pelo governo.

(http://img123.imageshack.us/img123/8600/leito3en1.jpg)  (http://img123.imageshack.us/img123/9168/leito4ez8.jpg)
 
Leitão viera para o Benfica três anos antes, depois de ter arrecadado, em 1979, uma medalha de bronze nos campeonatos europeus de juniores. Logo em 1982, classificou-se em 2º lugar no meeting de Florença (atrás do italiano Fontanela) e fez parte da equipa do Benfica, que se sagrou campeã regional e nacional. Nesse ano, correu a prova da légua em Roma, na Gala de Ouro, tendo obtido a medalha de bronze, com o 4º melhor tempo de sempre.

Em 1983, ganhou a prova dos 5000 metros na Taça dos Campeões Europeus com o tempo de 13.28,90, contribuindo para o 4º lugar alcançado pela equipa do Benfica, e repetiu o êxito no meeting de Estocolmo. Em Bruxelas, António Leitão bateu o recorde nacional dos 3000 metros com o tempo de 7.39,69.

(http://img123.imageshack.us/img123/6851/leito2sl6.jpg)
António Leitão e Carlos Lopes.

Iniciou 1984 com um 2º lugar na corrida de S. Silvestre de Madrid e bateu o recorde de 3000 metros obstáculos; foi 4º classificado na prova dos Mundiais de Pista Coberta em que João Campos (Benfica) arrecadou a medalha de ouro. Ganhou então a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos, tendo ainda feito parte da equipa portuguesa que conquistou a medalha de bronze nos Mundiais de Corta-mato, disputados em Nova Iorque.

(http://img123.imageshack.us/img123/8735/leito1fe5.jpg)
Jogos Olímpicos de Los Angeles, 1984. António Leitão comanda a corrida da légua.

Após a presença nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, debateu-se com uma série de problemas físicos que marcaram a parte final da sua carreira. Em 1986, ocupava o 6º lugar no ranking mundial dos 5000 metros. A sua última grande participação internacional foi nos Europeus de 1990. Retirou-se no ano seguinte, regressando à sua terra natal (Espinho), onde se estabeleceu com uma loja de artigos desportivos.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - António Leitão
Mensagem de: Bola7 em 17 de Setembro de 2008, 12:20
mais um com uma medalha roubada á conta do doping...
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - António Leitão
Mensagem de: ednilson em 20 de Setembro de 2008, 19:25
António José Parreira do Livramento. São Manços, Évora. 28 de Fevereiro de 1943-1999. Hoquista.
Épocas no Benfica: 14 (59/70 e 71/74). Títulos Jogador/Treinador: 3/2 (Campeonato do Mundo), 7/3 (Campeonatos da Europa) e 7 (Campeonato Nacional).
Outros clubes: Candy Monza (Itália), Banco Pinto & Sotto Mayor, Sporting, Amatori Lodi (Itália) e Hockey Novara (Itália). Como Treinador: Sporting, Hóquei Clube de Turquel, Porto e A.S. Bassano Hockey (Itália). Internacionalizações: 209 (425 golos).

(http://img156.imageshack.us/img156/2074/antniolivramentodz4.jpg)

Consideremos o hóquei em patins nas suas características básica: um jogo praticado por pessoas que se deslocam em cima de patins com rodas, cada uma delas segurando um pau encurvado na ponta, com o objectivo de, impelindo uma bola de pequenas dimensões, fazê-la entrar numa baliza onde o guarda-redes ocupa a sua posição agachado. É o menos natural (ou quase) de todos os desportos. Até parece que o objectivo que presidiu à sua criação é criar obstáculos à concretização do objectivo para que foi criado: a marcação de golos. E, no entanto, este jogo ganhou em Portugal uma extraordinária difusão, projectando os praticantes portugueses para o primeiro nível europeu e mundial, quando ainda nem sequer se sonhava com êxitos internacionais em outras modalidades.

Para a difusão da modalidade contribuíram praticantes de alto nível técnico, desde os pioneiros do Benfica até às grandes gerações de hoquistas: os Adriões, Cruzeiro, Perdigão, Mário Lopes, José Lisboa, Jesus Correia e Correia dos Santos. Uma plêiade de hoquistas moçambicanos (Adrião, Velasco e Bouçós) fez furor nos anos cinquenta; mas, nos anos sessenta e setenta, o grande ídolo da modalidade foi um alentejano de S. Manços, que foi internacional aos 17 anos, ganhou o seu primeiro titulo aos 18, e acumulou, durante duas décadas, uma galeria impressionante de distinções e troféus. Para muitos, António Livramento foi o maior hoquista de todos os tempos.

(http://img156.imageshack.us/img156/8713/antniolivramento5jf4.jpg) (http://img223.imageshack.us/img223/9534/antniolivramento1xt5.jpg)

Livramento era um mago do sitck; mas era, acima de tudo, um artista do hóquei, limando, com o seu génio, as arestas de um jogo difícil. Parecia que nascera para patinar: deslocava-se sem esforço, a uma velocidade impressionante e com um domínio superior do meio, invertendo a direcção, travando sem esforço, desenhando elegantemente trajectórias vertiginosas. Nele, o stick não era um instrumento usado para bater a bola, mas uma espécie de extensão do braço, manejando-o com a destreza natural com que se mexem os dedos da mão. E até parecia que a baliza era enorme, tal a eficácia com que marcava golos. Era um malabarista e, por isso, a comparação com Pelé era inevitável. "Não será antes Pelé o Livramento do Futebol".

António Livramento começou por jogar futebol (a sua paixão na adolescência), no Venda Nova (perto de Benfica), na posição de avançado, sendo considerado um avançado de nível mediano, marcava apenas alguns golos. A certa altura, um treinador de Hóquei em Patins do Futebol Benfica, de nome Torcato Ferreira, achou que o "miúdo" teria muito jeito para jogar Hóquei em Patins, tendo-o convidado para aparecer no ringue do Fofo.  Recusa mas perante a insistência de Torcato decide experimentar, e a partir daí o futebol passa para segundo plano. Teve uma aprendizagem inicial dos 10 aos 15 anos, onde segundo o próprio, passava sem qualquer tipo de exagero, 8 horas com uns patins nos pés. Para surpresa do próprio, descobriu que era realmente bom, foi então que Torcato Ferreira o levou para o Benfica, numa operação algo complicada, tinha o génio 16 anos.

(http://img156.imageshack.us/img156/4256/antniolivramento6nd8.jpg)
Campeões em 1973/74: Livramento, Rolo, Ramalhete e Pereira;
Garrancho, Casimiro, Virgílio e Jorge Vicente.


É em 1959 que o artista desponta verdadeiramente para o hóquei, a jogar Benfica é chamado pela primeira vez a uma selecção nacional, neste caso a selecção nacional de juniores, liderada por António Raio, estreia-se na competição auspiciosamente frente à selecção da casa - a Bélgica – onde marca 3 golos na vitória por 5-1. Vence o prémio de melhor jogador e melhor marcador do torneio e mais que isso, ganha o seu primeiro título, o campeonato da Europa de juniores. No ano seguinte vence o campeonato nacional já pelos seniores do Benfica, é então que surge a primeira convocatória para a selecção A portuguesa, para disputar o Campeonato da Europa de 1961.

No europeu marca 17 golos e forma com Fernando Adrião uma dupla imbatível no ataque, dupla essa que no ano seguinte volta a fazer estragos, no Mundial de Santiago do Chile. Neste Mundial, António Livramento faz frente à Argentina um dos golos mais conhecidos em todo o Mundo, estando atrás da sua baliza, parte até à baliza adversária passando por todos os argentinos e finaliza com o golo, levando o público ao total delírio, Livramento, emocionado, pede para sair. Foi o seu primeiro Mundial conquistado.

(http://img156.imageshack.us/img156/2606/antniolivramento3xu5.jpg)
Uma das melhores formações de sempre do hóquei benfiquista:
Livramento, Jorge Vicente, Garrancho, Casimiro e Ramalhete.


Em 1963, torna-se pela segunda vez campeão europeu, e em 1965 repete o feito, marcando nesta competição 7, dos 17 golos marcados por Portugal à Bélgica. Em 1966 volta a vencer um campeonato nacional pelo Benfica, feito que volta a repetir em 1967 e 1968. Nestes mesmos anos torna-se campeão europeu pela 4ª vez consecutiva (67) e campeão do Mundo pela 2ª vez, no Porto (68), onde marca 42 golos em 9 jogos, quase metade dos da selecção das quinas (92). Por três vezes (Japão, Nova Zelândia e Suíça) marca 10 golos num só jogo. Em 1969 torna-se pela 5ª vez campeão nacional sénior pelo Benfica, as suas fantásticas exibições valeram-lhe a transferência para o Candy Monza de Itália (1970).

Esteve um ano em Itália, a sua não convocação para o Europeu de 1971 (que Portugal venceu) fez com que Livramento volta-se a Portugal, para jogar novamente no Benfica, onde conquistou mais dois campeonatos pelos encarnados (1972 e 1974), terminou aqui a sua ligação com o Benfica, tendo conquistado no total 7 campeonatos nacionais de seniores na sua longa passagem pelo clube da Luz. Na selecção nacional conquista o europeu de 1973 e o Mundial de Lisboa de 74.

A seguir ao Mundial de Lisboa ingressa no clube onde trabalhava como bancário, o Banco Pinto & Sotto Mayor, aí venceu o campeonato nacional da 2ª divisão num dos 2 anos que lá esteve. Ingressou depois no Sporting e posteriormente regressou a Itália, para actuar no Amatori Lodi e no Hockey Novara (78/79), mas mais uma vez não foi feliz, e regressa a Alvalade para fazer a sua última época dentro dos ringues (79/80).

(http://img223.imageshack.us/img223/9310/antniolivramento2gh6.jpg) (http://img156.imageshack.us/img156/5720/antniolivramento4xd0.jpg)

Terminou assim a carreira dum jogador muito supersticioso - quando o jogo lhe corria bem, voltava a equipar-se da mesma maneira, repetindo os mesmos passos no jogo seguinte – e muito fumador – a ponto de nos estágios da selecção dividir o quarto com o massagista para não fumar. Em 21 anos de patins calçados ao mais alto nível, o artista fez mais de 1700 jogos e marcou cerca de 3500 golos! Sempre muito frontal, confessou um dia o porquê da sua gloriosa carreira: "Jogava contra o Sporting, Benfica ou selecção espanhola com a mesma alegria e com o mesmo empenho que contra o Estremoz, talvez resida nesse pormenor a grande parte do êxito da minha carreira".

Foi ainda treinador, continuando a acumular títulos nessa condição. Morreu no ano de 1999, provocando uma onda de comoção invulgar em relação a um antigo atleta. É inesquecível.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - António Livramento
Mensagem de: Elvis the Pelvis em 20 de Setembro de 2008, 23:59
Infelizmente não o vi jogar, mas segundo relatos do meu Pai(natural de Estremoz), o Livramento para além de um jogador excepcional, era uma pessoa 5 estrelas. Ficará para sempre na memória dos Portugueses em geral e dos Benfiquistas em particular, porque foi sem dúvida nenhuma, o melhor de todos os tempos!
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - António Livramento
Mensagem de: Andrew86 em 21 de Setembro de 2008, 11:49
O António Livramento, tem sido vergonhosamente utilizado como uma figura do sporting, quase como só tivesse jogado nos lagartos........pois não só jogou mais tempo no Benfica como ganhou mais titulos no SLB.


PS:é verdade que ele ainda é da familia do João Moutinho?
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - António Livramento
Mensagem de: Bola7 em 23 de Setembro de 2008, 09:45
grande...grande... :metal:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - António Livramento
Mensagem de: AG em 24 de Setembro de 2008, 17:56
Que carreira notável: 21 anos de alta competição é verdadeiramente notável. :bow2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - António Livramento
Mensagem de: Pedro Neto em 27 de Setembro de 2008, 12:35
Portugal ter o melhor atleta de sempre a nível mundial, é obra. Eusébio e Livramento são mitos.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - António Livramento
Mensagem de: SevenStars em 29 de Setembro de 2008, 00:14
Pois. Há por aí alguns esquecidos...
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - António Livramento
Mensagem de: ednilson em 12 de Outubro de 2008, 10:54
Fernando Matos Fernandes. Luanda, Angola. 1921 -1991. Barreirista. Decatlonista.
Épocas no Benfica: 17 (39/56). Títulos: 52 (Campeonato Nacional, diversas especialidades).

(http://img406.imageshack.us/img406/9972/matosfernandes1sr6.jpg)

Na inauguração do antigo Estádio da Luz, ele aparecia na primeira fila, ao lado do porta-estandarte, o pingue-ponguista Oliveira Ramos: era um dos mais antigos atletas em actividade e um dos mais medalhados de sempre, na história, então com meio século, do Sport Lisboa e Benfica.

Com 35 anos, Matos Fernandes era ainda um dos mais destacados praticantes de atletismo do Benfica: no ano seguinte conseguiria mesmo a sua melhor marca nos 110 metros barreiras.

E, no entanto, a história atlética de Matos Fernandes começou ao contrário: estreou-se em 1939, numa prova de corta-mato corrida num percurso de 3.000 metros. Ficou em terceiro, mas chegou à meta "mais morto que vivo"...

Nesse mesmo ano, porém, viria a ingressar no Benfica, disputando a sua primeira prova no velho campo das Amoreiras. Numa carreira onde acumulou recordes nacionais (12) em diversas especialidades, o seu primeiro recorde tem uma história curiosa. Não havia ninguém para os 83 metros barreiras (prova que antecedeu os 110m), o clube precisava de pontuar nessa prova, Matos Fernandes foi chamado, saltou mal mas correu bem: ganhou a prova e bateu o recorde da categoria.

Porque Matos Fernandes era um atleta multifacetado e eficaz; alguns consideraram-no mesmo o mais completo atleta português de todos os tempos. Barreirista emérito, foi 5 vezes campeão no salto em altura, correu 100 e 300 metros planos, fez salto com vara, praticou salto em comprimento. Em 1951, em Barcelona, bateu o recorde nacional dos 400 metros barreiras com o 3º melhor tempo europeu do ano: tinha 32 anos. Já depois disso, ainda tentou uma perninha no râguebi. Por isso, entre 1944 e 1956 dominou o decatlo, cujo recorde bateu por sete vezes, obtendo oito títulos nacionais em doze decatlos disputados.

(http://img236.imageshack.us/img236/2298/matosfernandes2xa6.jpg)

Abandonou a prática em 1956, tendo acumulado 282 primeiros lugares em 321 provas disputadas. Ganhou 52 títulos de campeão de Portugal em diversas especialidades; foi atleta olímpico (Helsínquia, 1952) e internacional contra a Espanha, Bélgica e França.

Depois de se retirar, Matos Fernandes foi técnico do clube durante quinze anos. Águia de Prata, Sócio de Mérito e Medalha de Mérito Desportivo, em 1970 foi para Angola treinar o Sport Luanda e Benfica. Ocupou cargos de representação do continente africano no Comité Olímpico Internacional e na Federação Internacional de Atletismo (FIAA). Quando morreu, aos 70 anos, em 1991, era o sócio nº 909 do Sport Lisboa e Benfica, único clube cuja camisola envergou durante quase duas décadas.

Partes de um texto publicado no Novo Jornal em Luanda e retirado do Blog "Recordações da Casa Amarela" http://recordacoescasamarela.blogspot.com :

Recuando ao dealbar dos anos 40, vemos o Matos Fernandes como recordista português dos 110 barreiras, 400 barreiras, 400m planos, estafeta de 4x100m, 4x400, altura e no decatlo onde foi campeão por 8 vezes com 6458 pontos, uma marca impressionante para a época. Neste conjunto de disciplinas do atletismo convém salientar que entre 1940 e 1957, não havia quase espaço para a concorrência, pois o então jovem Matos Fernandes, ganhava quase tudo que havia para ganhar. Na disciplina de altura sucedeu no lugar de campeão a outro angolano, ainda vivo, o Guilherme Espírito Santo, que ainda correu e venceu, com Matos Fernandes, o campeonato português na estafeta de 4x100m no ano de 1942.

Já na segunda metade da sua extensa e brilhante carreira, Matos Fernandes participou em 1952 nos J. O. de Helsínquia, nos 400 m barreiras, onde se ficou pelas eliminatórias e ficou em 16º na final do decatlo, com uns modestos 5604 pontos, muito longe do seu recorde português. O decatlo é um conjunto de dez provas de várias disciplinas do atletismo, que exige um virtuosismo e um ecletismo só disponíveis a poucos eleitos.

(http://img385.imageshack.us/img385/717/matosfernandesvf6.jpg)
Matos Fernandes, quarto a contar da esquerda.

Lembro com particular saudade as suas memórias sobre o atletismo "dos anos ontem", que para as pessoas hoje já são "dos anos antes de ontem", pois Matos Fernandes já nos deixou há vinte anos. Foi numa dessas conversas que ele me disse que tinha sido o fundador da "filarmónica benfícólica", que podia bem ser uma coisa do tipo claque organizada, com outros contornos também ligados ao filantropismo e ao apoio aos atletas de todas as modalidades do clube, ao nível da sua vida quotidiana, quando ainda vinha longe o profissionalismo.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Matos Fernandes
Mensagem de: SevenStars em 12 de Outubro de 2008, 13:59
Mais um ENORME e BRUTAL monstro das nossas modalidades!
:pray:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Matos Fernandes
Mensagem de: ednilson em 18 de Outubro de 2008, 18:20
Alberto Ló. Macau. 1925 -1975. Ténis de Mesa.
Épocas no Benfica: 5 (58/63). Títulos: 4 (Campeonato Individual de Lisboa), 4 (Campeonato Individual Nacional) e 5 (Campeonato Nacional de Equipas).
Internacionalizações: 40.

(http://img142.imageshack.us/img142/4164/albertol2fo5.jpg)

Em 1958, a imprensa noticiava a chegada a Portugal de um jogador macaísta de ténis de mesa, que integrara a selecção nacional nos Mundiais de Tóquio de 1956, mas que Lisboa nunca vira jogar. Aos 33 anos de idade, Alberto Ló fora contratado pelo Benfica para pôr ordem na modalidade, que entrara em lento declínio, depois de quase duas décadas de supremacia incontestada. No Benfica ainda jogava Oliveira Ramos, um dos atletas mais medalhados da história do clube; mas saíra Manuel Carvalho e José Louro só iria brilhar nos anos seguintes. Ló era campeão individual de Macau e trazia consigo 18 anos de prática da modalidade. Vinha para jogar e para treinar.

Em poucos meses, Alberto Ló tornou-se um dos atletas mais conhecidos do Benfica. O Benfica Ilustrado não passava uma edição sem dar noticia dos êxitos sucessivos do jogador macaísta: tecnicamente, era "de outra galáxia", rápido no contra-ataque, eficaz no corte, de reflexos apurados. Tornou-se imbatível e relançou o interesse pela modalidade, no Benfica e no país: nas escolas, os jovens praticantes que assaltavam as mesas no intervalo entre as aulas sonhavam em jogam como ele.

(http://img337.imageshack.us/img337/1033/albertolev4.jpg) 
Trio Magnifico. Louro, Ló e Ramos. Campeão Nacional 1957/1958. 
 
Em seis anos, Alberto Ló transformou-se numa figura querida dos adeptos e num adversário temível. Foi campeão individual de Lisboa de 1959 a 1963, campeão nacional em 1958, 1959, 1960 e 1962 e membro da equipa do Benfica que, entre 1958 e 1963, ganhou cinco dos seis campeonatos nacionais em disputa. Ficou célebre uma final do campeonato regional de Lisboa, contra o Sporting. O Benfica perdia por 4-2 e cabia a Alberto Ló defrontar o melhor jogador sportinguista, António Osório. Ló ganhou facilmente o primeiro set, mas, durante o segundo, ressentiu-se de uma lesão antiga. Mesmo assim, aguentou as dores até ao final do jogo e o Benfica acabou por ganhar o título.

(http://img142.imageshack.us/img142/8261/albertol1xi3.jpg)
Trio Majestoso. Ramos, Carvalho e Ló. Taça de Portugal 1960/1961.


A fama de Alberto Ló tornou-se então quase lendária: representou Portugal por 40 vezes, defrontando 26 países. Em 1963, com 38 anos, pôs termo à sua carreira em Portugal: queria voltar para a família, que deixara em Macau. Recebeu uma Águia de Bronze pelos serviços prestados ao clube e, sabe-se lá como, acabou por participar num filme com Ava Gardner (55 Dias em Pequim), rodado em Espanha. Alberto Ló morreu aos 50 anos de idade, em 1975.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Alberto Ló
Mensagem de: ednilson em 25 de Outubro de 2008, 17:43
João Queimado.1964. Râguebi.
Épocas no Benfica: 19 (78/97). Títulos: 3 (Campeonato Nacional), 3 (Taça de Portugal) e 2 (Taça Ibérica).
Internacionalizações: 50.

(http://img115.imageshack.us/img115/839/jooqueimado1jh1.jpg)

Em quase duas décadas de prática constante da sua modalidade preferida, João Queimado tornou-se o mais internacional dos jogadores portugueses; para muitos, ele é o melhor jogador de râguebi que Portugal até hoje produziu.

Entrou no Benfica em 1978, com 14 anos, quando o seu pai, José Ferreira Queimado, era presidente do clube. Apesar da dedicação à modalidade, João Queimado não interrompeu os estudos, licenciando-se em gestão. Mas grande parte do seu tempo era consagrado ao desporto: como atleta federado, foi ainda praticante de hipismo e de ginástica.

Provavelmente, essa formação diversificada contribuiu para o altíssimo nível que atingiu como jogador de râguebi, onde ocupava a posição de médio de abertura.

(http://img357.imageshack.us/img357/3452/jooqueimadote1.jpg)

É o melhor marcador de sempre do Benfica em jogos oficiais (mais de 3.200 pontos!) e também da selecção nacional, pela qual alinhou 50 vezes. Mas não só: foi duas vezes seleccionado pela FIRA (Federação Internacional de Râguebi Amador) para integrar selecções europeias de quinze e de Sevens.

Apesar dos altos e baixos da secção, João Queimado nunca deixou de praticar a modalidade no seu clube de sempre. Quando se retirou, aos 33 anos de idade, tinha ganho três campeonatos nacionais, três Taças de Portugal e duas Taças Ibéricas.

E, como a paixão não se extingue de um dia para o outro, é hoje o Presidente do Sport Lisboa e Benfica Rugby.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - João Queimado
Mensagem de: Elvis the Pelvis em 27 de Outubro de 2008, 11:42
Grande João, o melhor jogador de rugby que Portugal alguma vez viu.
Conheço-o pessoalmente porque o meu Pai trabalhou com o Ferreira Queimado, e é uma pessoa à maneira. Grande jogador e grande benfiquista!
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - João Queimado
Mensagem de: Corrosivo em 31 de Outubro de 2008, 13:40
Chutava bem o João
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - João Queimado
Mensagem de: ednilson em 01 de Novembro de 2008, 18:05
Tomás Paquete. Bissau. 1923. Velocista.
Épocas no Benfica: 16 (42/58). Títulos: Campeão Nacional e recordista dos 100m, da estafeta 4x100 e da estafeta sueca.

(http://img374.imageshack.us/img374/5079/dsc047581zv0.jpg)

Foi Joaquim Ferreira Bogalho que lhe pôs a alcunha: chamava-lhe Tomás "Foguete", em homenagem ao seu estilo nervoso e à rapidez que fez dele um dos mais notáveis sprinters portugueses – durante quase duas décadas. Tomás Paquete foi um caso notável de longevidade, mantendo-se praticante de primeira linha durante 16 anos, sem evoluir para distâncias mais longas: nascera sprinter, foi como sprinter que se retirou, em 1958, no meio de louvores e homenagens invulgares para um praticante de atletismo.

Natural de Bissau, onde nasceu em 1923, Tomás Paquete ingressou no Benfica aos 19 anos, tendo corrido 210 provas, das quais ganhou 120. Atingiu o ponto máximo da carreira quando estava a chegar aos trinta anos: em 1950 tornou-se co-recordista dos 100 metros, com 10,6, marca que só seria suplantada vinte anos depois. No ano seguinte, ganhou a prova do hectómetro no Espanha-Portugal, disputado em Barcelona. Em 1952, esteve nos Jogos Olímpicos de Helsínquia e dois anos depois nos Europeus de Berna.

(http://img374.imageshack.us/img374/1997/tomspaquete1ey1.jpg)
Tomás Paquete, Gabriel Dores, Eugénio Eleutério e Vieira da Fonseca.

No decurso da sua longa carreira, ganhou mais de meia centena de campeonatos e coleccionou mais de 100 medalhas. Retirou-se em 1958, tendo mais de 10 mil pessoas participado na sua festa de despedida. Aos 35 anos, ainda corria dos 100 metros em 11 segundos. Águia de Prata do Sport Lisboa e Benfica, Tomás Paquete viria a receber, em 2002, mais de quarenta anos depois de ter deixado a competição, o Prémio Carreira Desportiva da Fundação do Desporto. E isso é o reconhecimento de que foi, na história do Benfica e do desporto português, uma referência inesquecível.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, 100 Glórias - Ângelo
Mensagem de: Dixi em 03 de Novembro de 2008, 16:03
Citação de: ednilson em 24 de Janeiro de 2008, 22:15
Arsénio Trindade Duarte. Barreiro. 16 de Outubro de 1925-1986. Avançado.
Épocas no Benfica: 12 (43/55). Jogos: 298. Golos: 220. Títulos: 3 (Campeonato Nacional), 6 (Taças de Portugal) e 1 (Taça Latina).
Outros Clubes: Barreirense, CUF, Montijo e Cova da Piedade. Internacionalizações: 2.

(http://img159.imageshack.us/img159/6323/arsnio1es3.png)

(http://img120.imageshack.us/img120/1449/arsnio2du0.jpg)
Equipa vencedora da Taça Latina 18.08.1950

Deu-se Arsénio a descobrir com a inocência comparável aos pés desnudados gozando com a bola de trapos. Era o brinquedo dos pobres. Também no Barreiro. Sobretudo no Barreiro, terra de operários, de gente laboriosa, mas com vida inclemente. A dos pais dos "homens que nunca foram meninos", no retrato de Soeiro Pereira Gomes.

Menino não foi Arsénio, o Pinga para os amigos das traquinices e das pelejas nos areais. Na década de 30, Pinga (que era o seu ídolo) era o mais cobiçado dos elogios, já que o jogador do FC Porto, nascido no Funchal resplandecia nos primitivos recintos da bola lusitana.

No inicio da adolescência deu-se o sortilégio. Ofereceram-lhe o palco. No Barreirense se estreou. Foi perante o Sporting, na festa do adeus a Francisco Câmara. "Ainda não tinha 16 anos e quem me marcou foi o Aníbal Paciência. Ao principio estava um pouco enervado, mas, depois, serenei e perdi o respeito ao valoroso jogador do Sporting". Arsénio viria a sagrar-se esse ano, campeão nacional da II Divisão, consumado o triunfo (6-1) sobre a Sanjoanense, nas Amoreiras, com gente ilustre do Benfica atenta ao desenrolar do encontro.

Na companhia de Moreira, o conhecido Pai Natal, Arsénio ainda tentou a sorte no mais reputado Vitória de Setúbal, mas do reputadíssimo Benfica chegou a proposta. Recebeu seis contos pela assinatura e 750 escudos mensais daí para a frente. Mas continuou a trabalhar como aprendiz de serralheiro, mais tarde oficial, na CUF. De cacilheiro viajava, com toque madrugador, às 5.45 horas. Era assim três vezes por semana. Treinava-se pela manhã, trabalhava à tarde. Foi assim durante anos. In illo tempore.

Com apenas 18 anos, a 19 de Dezembro de 1943, Arsénio envergou pela primeira vez a camisola do Benfica. Logo aos cinco minutos, disse ao que ia, apontando o primeiro golo. Foi no Campo Grande, nesse triunfo (5-1), ante o Vitória de Guimarães. Titularidade garantida, a ouro fechou a temporada, através da conquista da Taça de Portugal, na maior goleada (8-0) de sempre, com o Estoril Praia.

Actualmente, Arsénio seria número 10. Nesses tempos, actuava como interior-direito. De baixa estatura, era rápido, driblava bem e tinha apurado instinto de golo. Em 446 jogos pelo Benfica marcou 350 golos. Trezentos e cinquenta que a imponência merece escrita por extenso. Até aos nossos dias, só Eusébio, José Águas e Nené mais golos fizeram. Sempre a dissertar na sua linguagem favorita, ganhou a idolatria das massas, o carinho dos companheiros, o respeito dos antagonistas. Um dia, frente ao Estoril Praia, na vitória (7-0), fez seis golos. Melhor ainda, em plena festa de inauguração do Estádio das Antas, marcou cinco, fazendo os nortenhos......perder o Norte!

(http://img159.imageshack.us/img159/6527/arsnio3im6.jpg)

Numa dúzia de temporadas, venceu três Campeonatos e seis Taças de Portugal, quatro delas consecutivas. Mentalmente forte, adepto dos grandes ambientes e decisões, nunca perdeu uma Taça. Que o digam o Sporting (duas vezes), o Estoril, o Atlético, a Académica e o FC Porto. E quase sempre com golos probatórios dos seus amplos recursos de finalizador. Como aquele, memorável e decisivo, que marcou ao Bordéus, na final da Taça Latina. Os franceses estavam em vantagem, por 1-0, desesperavam as hostes encarnadas, quando, a 15 segundo do fim, Arsénio restabeleceu a igualdade. Jogaram-se dois prolongamentos, até que Julinho haveria de selar o primeiro grande triunfo europeu do Benfica.

Na Selecção Nacional, por ironia, não fez mais que dois golos, ambos com a Espanha. O talentoso Manuel Vasques, grande amigo de infância no Barreiro, barrou-lhe também o lugar, numa altura em que a maleabilidade táctica vinha ainda distante. Quando o brasileiro Otto Glória ingressou no Benfica, outros ventos sopraram, os ventos do profissionalismo. Já na casa dos trinta, Arsénio optou por abandonar o clube e aderir ao projecto da CUF, empresa onde mantinha o seu posto de trabalho. Com 33 anos, para mal dos pecados dos benfiquistas, seria ainda o melhor goleador do Nacional.

Exibiu o requinte dos predestinados, naquela relação apaixonada pelo golo. Arsénio marcou mais, muito mais, que uma geração do Benfica. Arsénio marcou o Benfica.


5.º Melhor marcador do Benfica para o Campeonato:

Nome: Arsénio Trindade Duarte
Data de nascimento: 16 de Outubro de 1925, no Barreiro
Data de falecimento: 11 de Fevereiro de 1986
Posição: Avançado
Campeonato Nacional: 3 títulos (44/45, 49/50 e 54/55)
Taças de Portugal: 6 vitórias (43/44, 48/49, 50/51, 51/52, 52/53 e 54/55)
Taça Latina: 1 vitória (1950)
Selecção Nacional: 2 jogos

Carreira na Liga:
1943/44: 06 jogos e 02 golos - 2.º Classificado
1944/45: 17 jogos e 11 golos - 1.º Classificado
1945/46: 20 jogos e 14 golos - 2.º Classificado
1946/47: 18 jogos e 19 golos - 2.º Classificado
1947/48: 24 jogos e 17 golos - 2.º Classificado
1948/49: 19 jogos e 13 golos - 2.º Classificado
1949/50: 24 jogos e 10 golos - 1.º Classificado
1950/51: 23 jogos e 24 golos - 3.º Classificado
1951/52: 25 jogos e 20 golos - 2.º Classificado
1952/53: 20 jogos e 12 golos - 2.º Classificado
1953/54: 18 jogos e 06 golos - 3.º Classificado
1954/55: 10 jogos e 04 golos - 1.º Classificado

Total: 224 jogos / 152 golos

Era um atacante de todo o espaço ofensivo. Não sendo um ponta-de-lança como os outros, tinha engodo fantástico pela baliza - e os números estão aí para confirmar o fenómeno. Arsénio marcou 152 golos pelo Benfica e depois de abandonar o clube, já veterano, havia de ser o melhor marcador do Campeonato ao serviço da CUF.

Fonte: Jornal Record de 3 de Novembro de 2008 (destacável com a história de todos os golos do Benfica)
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Tomás Paquete
Mensagem de: O_Glorioso em 04 de Novembro de 2008, 21:00
ednilson, sem palavras.  :pray: :pray: :pray:

Grande, enorme trabalho!  :clap1: :drool: :clap1:

Vou continuar a ler...  O0
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Tomás Paquete
Mensagem de: Mestre em 08 de Novembro de 2008, 12:27
Ednilson

Tenho andado um pouco afastado do forum por razões profissionais mas foi com muita alegria que voltei a este tópico e reencontrei nomes como Yokochi, António Leitão, João Queimado (tive um vizinho que jogou com ele nos séniores do Benfica, mas não teve lá muito tempo) e o grande António Livramento, que via muitas vezes na Estrada de Benfica sempre agarrado ao cigarrito.

Um grande abraço e continua o bom trabalho.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Tomás Paquete
Mensagem de: ednilson em 09 de Novembro de 2008, 16:43
João Campos. Faro. 1959. Meio-fundista.
Épocas no Benfica: 14 (79/93). Títulos: Campeão Nacional em diversas especialidades, Campeão do Mundo e Medalha de Bronze Europeu  de 3000 metros.

(http://img204.imageshack.us/img204/2994/joocampos1tn0.jpg)

Na longo história do atletismo no Benfica (é uma das modalidades mais antigas, tendo começado a ser praticada em 1906), entre nomes gloriosos que marcaram o imaginário de sucessivas gerações, o de João Campos ocupa lugar especial: foi ele o primeiro praticante benfiquista de atletismo a conquistar um titulo mundial. Aconteceu em 1985, em Paris, nos Campeonatos do Mundo e na prova dos 3000 metros – que nem sequer era a sua distância preferida.

João Campos tinha então 26 anos. Começara no Liceu de Faro, aos 13 anos de idade. Quatro anos depois, correu os Europeus de Juniores, na Polónia, classificando-se em 9º lugar nos 3000 metros. Em 1979, com 20 anos, veio para o Benfica, e no ano seguinte chegou às meias-finais dos 1500 metros nos Jogos Olímpicos de Moscovo.

Nos anos seguintes, João Campos especializou-se em 1500 metros, ganhando diversos títulos nacionais e participando em numerosas competições internacionais. Em 1985, quando começava já a fazer a transição para uma distância superior (5000 metros), correu os 3000 metros nos Campeonatos Mundiais de pista coberta, ganhando a prova em 7.57,63.

(http://img240.imageshack.us/img240/4923/joocampos2po2.jpg)

Em 1986, participou nos Europeus de pista coberta, correndo a mesma distância: obteve a medalha de bronze. A sua passagem pelos 5000 metros não foi, no entanto, inteiramente conseguida: viria a vencer os 10000 metros nos Campeonatos de Portugal de 1989, ano em que completou 30 anos. Participou na equipa do Benfica que se sagrou campeã nacional de corta-mato em 1990.

Desde a sua chegada ao Benfica, até que resolveu retirar-se, em 1993, João Campos contribuiu para os sucessos da equipa que ganhou quase todos os campeonatos nacionais em que participou. Foi um dos expoentes de uma época de ouro do atletismo benfiquista.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - João Campos
Mensagem de: O_Glorioso em 11 de Novembro de 2008, 18:45
Grande, enorme, tópico, sem dúvida.  O0 Acabei agora de ler tudo.

Não sei explicar o que sinto, é um misto de orgulho e nostalgia.

E, depois, olho para os tempos mais recentes e sinto um vazio... :(
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - João Campos
Mensagem de: ednilson em 15 de Novembro de 2008, 10:18
Carlos Humberto Lehman de Almeida Benholiel Lisboa Santos. Cidade da Praia, Cabo Verde. 23 de Julho de 1958. Basquetebolista.
Épocas no Benfica: 12 (84/96). Títulos: 10 (Campeonato Nacional), 5 (Taça de Portugal), 6 (Taça da Liga) e 3 (Supertaças)
Outros Clubes: Sporting de Lourenço Marques, Sporting e Queluz. Internacionalizações: 103.

(http://img529.imageshack.us/img529/7256/carloslisboa4vi7.jpg)

No início dos anos oitenta, o panorama do basquetebol português sofreu uma profunda alteração. De um momento para o outro, começaram a "afundar" nos recintos portugueses jogadores estrangeiros, na sua esmagadora maioria americanos, que viriam revolucionar completamente a prática da modalidade entre nós.

Um dos primeiros americanos a jogar no Benfica foi Mike Plowden. Mas o factor decisivo que transformou a equipa do Benfica no Dream Team do basquetebol nacional durante uma década foi o ingresso de Carlos Lisboa, que quase unanimemente é hoje considerado o melhor basquetebolista português de todos os tempos.

Carlos Lisboa nascera na Cidade da Praia, em Cabo Verde, em Julho de 1958. Com 15 anos começou a jogar nos juvenis do Benfica, onde não viria a ficar muito tempo "o treinador do Benfica dizia que eu era muito bom, muito bom, mas não me punha a jogar, ao fim de quatro jogos fui para o Sporting", onde conquistaria três títulos nacionais, tendo ingressado mais tarde no Queluz (um titulo nacional). Regressou ao Benfica em 1984, iniciando então uma carreira triunfal ao serviço do Glorioso, com dez títulos nacionais conquistados, cinco Taças de Portugal, seis Taças da Liga e três Supertaças.

(http://img529.imageshack.us/img529/4339/carloslisboa5cq5.jpg) (http://img143.imageshack.us/img143/6369/carloslisboa6mj4.jpg)

Dava gosto vê-lo jogar. Quando estava com "mão quente" era um temível triplista, capaz de resolver os jogos com a sua eficácia mortífera. "As minhas principais características foram a velocidade de execução, a explosividade, a imaginação. Julgo que fui também um bom lançador", assim se definia o próprio. Foi, muitas vezes, o "abono de família", em tardes de menor acerto. Carlos Lisboa era um líder, que gostava muito de jogar na Luz mas também gostava da adversidade, "sentia a responsabilidade de defender a equipa e não de me defender a mim próprio lançando apenas quando estava no melhor ângulo. Queria ganhar e, portanto, não me podia esconder".

Em Carlos Lisboa nada passava despercebido e até o período de aquecimento servia para deliciar o público presente, por uma questão de fé e para completar a preparação mental para o jogo, nunca o terminava sem lançar e marcar três vezes consecutivas.

(http://img529.imageshack.us/img529/7830/carloslisboa8ch5.jpg)
Em cima: Carlos Lisboa, Hélder Silva, Jorge Barbosa, Alfredo Sousa
e José Carlos Guimarães; Em baixo: Rui Miranda, José Luís, Fernando Marques,
Luís Marques e Enrique Vieira.
 
(http://img529.imageshack.us/img529/5205/carloslisboa9xl0.jpg)
Em cima: Jean Jacques, José Silvestre, Mike Plowden, Artur Cruz
e Steve Rocha; Em baixo: Carlos Lisboa, Pedro Miguel, Nuno Ferreira,
Carlos Seixas e José Carlos Guimarães.


Variadíssimos factos notáveis marcaram a sua carreira. Numa partida em casa com o Barreirense, entrou poucos minutos, marcando 29 pontos, tendo para tal cometido a proeza de encestar nove triplos seguidos! Num jogo europeu, frente ao Partizan, em 15 triplos marcou 10. Jogo importante este, frente aos sérvios, disputado no dia 5 de Outubro de 1995, no velhinho estádio. Marcou 45 pontos e o Benfica conseguiu o acesso à fase final do Europeu de Clubes.

Carlos Lisboa foi várias vezes tentado a mudar de clube, inclusive quando terminou a sua carreira, tendo convites do estrangeiro e da Portugal Telecom, mas como o próprio diz "não aceitei o convite, porque depois de se vestir durante 12 anos a camisola do Benfica não se consegue vestir mais nenhuma. A partir do momento em que fui para o Benfica seria muito difícil ir para outro clube". Também dos Estados Unidos os convites não faltaram, de universidades e a certa altura de uma equipa da NBA que estava a ser formada, convite este que aceitou, mas que não chegou a concretizar-se uma vez que o projecto não teve continuidade.

(http://img143.imageshack.us/img143/4266/carloslisboa7xv1.jpg) (http://img529.imageshack.us/img529/8277/carloslisboa1zm2.jpg)

Capitão do cinco, comandava o grupo com autoridade e correcção e levava-o às costas quando tudo parecia perdido. A sua arte e a elegância do seu jogo enchiam os pavilhões onde, durante essa década gloriosa, se exibia a imparável equipa do Benfica. Quem não se recorda do vibrante "cheira bem, cheira a Lisboa"!

Retirou-se em 1996, tendo abraçado a carreira de treinador, onde chegou a desempenhar essas mesmas funções no Benfica. Actualmente é o director-geral das modalidades do Benfica.

(http://img522.imageshack.us/img522/1749/carloslisboa3aq1.jpg)
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Carlos Lisboa
Mensagem de: Corrosivo em 15 de Novembro de 2008, 11:38
Lisboa, Jean Jacques, Pedro Miguel, Plowden, JC Guimarães....que grande equipa  :slb2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Carlos Lisboa
Mensagem de: Elvis the Pelvis em 15 de Novembro de 2008, 12:36
Deste Senhor não é preciso dizer nada, apenas  :bow2:.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Carlos Lisboa
Mensagem de: Mestre em 17 de Novembro de 2008, 20:13
Citação de: Corrosivo em 15 de Novembro de 2008, 11:38
Lisboa, Jean Jacques, Pedro Miguel, Plowden, JC Guimarães....que grande equipa  :slb2:

Muitas vitórias nos deram no velhinho pavilhão do terceiro anel. Os duelos com a Ovarense pelo título nacional e os jogos europeus, onde tive o prazer equipas de top como o Philips Milão, o Treviso, Pau-Orthez, Panathinaikos, Maccabi Haifa, entre outros.

Enorme Lisboa numa década onde o Benfica dominou.

Ednilson, para quando o Andebol e nomes como Applegreen, Paulo Bunze, Miguel Fernandes, Mário Gentil ou Armando Pires? Nessa altura tinhamos grandes equipas nas amadoras.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Carlos Lisboa
Mensagem de: Bordeus25 em 27 de Novembro de 2008, 13:02
Grande topico, Obrigado !!!  :bow2: :bow2: :bow2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Carlos Lisboa
Mensagem de: ednilson em 30 de Novembro de 2008, 18:19
Edite Cruz. Patinadora.

(http://img404.imageshack.us/img404/9497/editecruzgt6.jpg)

Em 1950, Edite Cruz foi eleita "Rainha do Patim".

Aluna do professor belga Eulaers, fez parte dum grupo do patinadores que actuou na Europa, no Brasil e na Argentina dois anos depois.

Diplomada pelo Comité Internacional de Rink Hóquei, conquistou a "Plaquette" de prata e de bronze, medalhas de prata e a "Plaquette" de bronze internacional.

É a patinadora benfiquista mais medalhada.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Edite Cruz
Mensagem de: Corrosivo em 02 de Dezembro de 2008, 16:50
Ed agora perdeste-me...tenho que admitir a minha ignorância, mas o historial é impressionante
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Carlos Lisboa
Mensagem de: SevenStars em 05 de Dezembro de 2008, 00:51
Citação de: ednilson em 30 de Novembro de 2008, 18:19
Edite Cruz. Patinadora.

(http://img404.imageshack.us/img404/9497/editecruzgt6.jpg)

Em 1950, Edite Cruz foi eleita "Rainha do Patim".

Aluna do professor belga Eulaers, fez parte dum grupo do patinadores que actuou na Europa, no Brasil e na Argentina dois anos depois.

Diplomada pelo Comité Internacional de Rink Hóquei, conquistou a "Plaquette" de prata e de bronze, medalhas de prata e a "Plaquette" de bronze internacional.

É a patinadora benfiquista mais medalhada.


Grande expoente do desporto benfiquista, e do desporto feminino no Benfica e em Portugal.
:bow2: :bow2:
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Vitor Paneira (actualizado)
Mensagem de: Billy the Kid em 05 de Dezembro de 2008, 13:33
Citação de: ednilson em 19 de Abril de 2008, 19:44
Rui Manuel César Costa. Lisboa. 29 de Março de 1971. Médio.
Épocas no Benfica: 5 (91/94 e 06/08). Jogos: 176. Golos: 29. Títulos: 1 (Campeonato Nacional) e 1 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Fafe, Fiorentina e Milan. Internacionalizações: 86.

(http://img176.imageshack.us/img176/9548/ruicosta4yw7.jpg)

(http://img176.imageshack.us/img176/2538/19921993cm8.jpg)
Equipa 1992/1993

Ele é príncipe encantado, que benfiquistas desencanta por um regresso sempre adiado. Ele é Rui Costa, o número 10 dos tempos já não tão românticos da bola. Tempos mais geométricos. Com a etiqueta rigor.

Cedo se revelou fantasista. De início, com seis anos apenas, nos torneios de futebol de salão, era treinador o pai, presença tutelar que não prescinde. Depois, a partir dos nove anos, nas escolinhas do Benfica, para todo um percurso até ao escalão júnior. Quis a vida que o seu primeiro treinador fosse Eusébio, logo "a mais excepcional das pessoas, a minha maior referência, o maior motivo de orgulho", na sua divida eterna de gratidão.

Já sénior, Rui Costa viajou para o Minho, fixou-se em Fafe. "Não foi uma equipa que me desse currículo nem um grande prestígio, mas, por se tratar de um clube humilde, foi-me possível trabalhar bem, com pessoas que me ajudaram e me ensinaram muito. Consegui sair de lá para o Campeonato do Mundo de Juniores, no qual tive a sorte de as coisas me terem saído bem, e regressei ao Benfica".

Fez-lhe mesmo bem o tirocínio no distrito de Braga. Por lá começou a dar-se ao respeito. Sempre presente e dinâmico, talentoso e versátil, atlético e útil, era jogador para outras galáxias. Definitivamente.

(http://img89.imageshack.us/img89/3073/ruicostadg5.jpg) (http://img89.imageshack.us/img89/2241/ruicosta5mt6.jpg)

No Portugal 91, naquela noite mágica de 26 de Junho, na sua Luz, um portento de pontapé colocou a turma lusitana na final da competição, vencendo a resistência teimosa de uma Austrália sempre rija nos movimentos defensivos. Depois foi a maior enchente que os arquivos registam na catedral benfiquista, na final, com o Brasil, vista ao vivo por 240 mil olhos. De esperança, de emoção, de alegria. Venceu Portugal. Rui Costa marcou o penálti conclusivo. Conquistou o titulo, a juventude, o país. E ao Benfica voltou.

Fez a pré-temporada com Sven-Goran Eriksson, um dos treinadores que maior cartel deixaram no clube. O sueco enamorou-se do bálsamo daquele futebol irreverente, quase virginal, mas profundo. Gradativamente, começou a entrar na equipa, até garantir a titularidade. Foram três anos excepcionais. Ganhou um Campeonato e uma Taça de Portugal. Percorreu uma avenida que sucesso poderia chamar-se. À Selecção A chegou, também, com naturalidade. Na retina ficou aquela memorável final do Jamor (5-2, ao Boavista), com Toni ao leme das operações, ao lado de Vítor Paneira, Paulo Sousa, Paulo Futre, João Pinto e Rui Águas, numa manifestação de gala. Como também o magistral desempenho no empate a quatro bolas, frente ao Bayer Leverkusen, no tal jogo impróprio para cardíacos, assim reza o cliché.

Pelas portas que o Benfica abriu, saiu também Rui Costa, em 94/95, com destino à Fiorentina, a troco de um milhão e 200 mil contos, a maior transferência mundial dessa temporada. Foi um balão de oxigénio para o Benfica, com as finanças depauperadas, mas uma baixa dificilmente suprível nos anos subsequentes. Ele que até queria ingressar no Barcelona, rendido ao cantos de sereia do grande Joan Cruyiff, na monumental cidade italiana se estabeleceu. Florença viria a estremecer, amiudadas vezes, com a sua elegância em campo, o seu saber, a sua arte. Até que chegou ao Milan e campeão europeu se fez. Um feito igual, haviam-lhe contado quando criança, àquele de Coluna, de José Augusto, de Eusébio, de Simões. Pena não ter sido com a camisola do Glorioso, o clube que ama, do qual é sócio, tal qual o filho, que também inscreveu, "com apenas um dia de idade", no vasto rol de massa associativa do Benfica.

(http://img292.imageshack.us/img292/5976/ruicosta3jd2.jpg) (http://img292.imageshack.us/img292/4153/ruicosta2cy4.jpg)

No Verão quente de 93, ainda na presidência de Jorge de Brito, o clube viveu uma das crises mais humilhante. Com os cofres vazios e ordenados em atraso, jogadores houve que rescindiram os contratos, rumando até para a mais directa concorrência. Não foi o caso de Rui Costa, sem embargo de ter sido assediado como talvez nenhum outro. Manteve-se irredutível na defesa do et pluribus unum. A sua divisa.

Mais tarde, a 13 de Agosto de 1996, pela Fiorentina jogou frente ao Benfica. Profissionalismo oblige, um golo fez. Assim como quem ficou apoderado pelo complexo de Édipo, não comemorou. Antes, chorou. E, sobre esse episódio enternecedor, também poderia escrever Eusébio de Andrade: "É juventude. Juventude ou claridade. É um azul puríssimo, propagado. Isento de peso e crueldade."

Na época de 2006/2007 regressou finalmente ao Benfica, cumprindo o desejo de toda uma carreira, o desejo de a terminar no clube do seu coração. Mais duas épocas jogou, envergando a camisola encarnada com enorme classe e dedicação, propiciando momentos à muito ansiados pelos adeptos benfiquistas. Os momentos de Rui Costa! De novo na Luz, Rui Costa é símbolo-vitória.


THE END

Pois é... acabou...

Agradeço a todos quantos me incentivaram a realizar este tópico, não vale a pena referir nomes, agradeço a todos os que diariamente visitaram o tópico, ver o número de visualizações a subir foi também um enorme incentivo. Agradeço à minha patroa, que diariamente me ajudou a escrever os textos.

Como sabem, quem não sabe tem de ficar a saber, os textos que aqui inseri são do livro, Memorial Benfica – 100 Glórias, escrito pelo grande benfiquista João Malheiro, é certamente um livro excelente para que todos os benfiquistas tenham em casa!!!

Como todo este trabalho, de escrita, mas também de pesquisa, arquivei 306 imagens de jogadores e 149 imagens de equipas do Benfica!!!

Quanto ao tópico e como optei por não comentar, aproveito para o fazer agora, e faço-o apenas a algumas coisas que me marcaram. Ângelo, não sabia das suas performances enquanto treinador nas camadas jovens, fantástico trabalho, o responsável pelo lançamento dos maiores craques benfiquistas. Espírito Santo, aquela história do hotel da Madeira, em que por ser negro o queriam colocar num anexo e a equipa em sinal de amizade, respeito e solidariedade a ele se juntou no tal anexo, é isto o Benfica. O José Águas que não gostava de jogar futebol e que por isso mesmo jogar, era como vestir o fato de macaco para ir trabalhar como qualquer outro profissional, dando tudo o tinha para dar em prol da sua profissão e neste caso do seu clube. Enfim foi bom escrever estes textos, pois permitiram-me ficar com mais algumas coisas na cabeça.

Informo que ficaram de fora todos os jogadores ainda no activo, Luisão, Mantorras, Miguel, Nuno Gomes, Petit e Simão.

Gostei tanto de escrever neste tópico, que meus amigos....não vou parar....pois é, vou agora escrever sobre todos os treinadores, os treinadores de trás dos 31 títulos nacionais do Sport Lisboa e Benfica, são 17 caras. Espero sinceramente que adiram da mesma forma que aos jogadores, levará mais tempo, pois o trabalho de pesquisa é bastante maior, não sei até que ponto conseguirei fazê-lo diariamente.

Começo por Lipo Herczka. Amanhã.


Acho que a estória sobre o Nuno Gomes, Mantorras, Simão, Petit, Miguel e Luisão deveria, também, ser postada. Eles merecem porque também constam do livro do Malheiro. É só uma opinião.

Quanto à ti Ednilson,  :bow2: :bow2: :bow2: :bow2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Edite Cruz
Mensagem de: ednilson em 06 de Dezembro de 2008, 08:41
As Marias. Voleibol.

(http://img89.imageshack.us/img89/6681/marias2ng2.jpg)
Em Baixo: Ana Varela, Filomena Moreira, Conceição Posser,
Lúcia, Leonor Santos e Fernanda Gomes; Em Cima: José Magalhães,
Lia Santos, Luísa Costa, Paula Antunes, Conceição Roriz, Teresa d'Orei
e Madalena Canha (cap.).


"As Marias", sob o comando do treinador José Magalhães, conquistaram nove títulos nacionais consecutivos (1965/66 a 74/75) e duas Taças de Portugal (72/73 e 73/74), e por estas vias o acesso às respectivas competições europeias. Além disso, venceram sete vezes seguidas o Campeonato de Lisboa (63/64 a 69/70).

"As Marias", como ressalta, era um conjunto de nível muito acima da média, em que sobressaia Madalena Canha, durante anos considerada a melhor jogadora ibérica. A sua capacidade e força de remate, "remates à Eusébio", dizia-se, tornavam-na particularmente temida.

Em 1965 a equipa feminina de voleibol foi campeã de Lisboa, sendo constituída por Maria José Pacheco, Lurdes Figueiredo, Luísa Torgal, Madalena Cunha, Maria Luísa, Adelaide Canas, Graça Delgado, Manuela Peres, Luísa Marques, Luísa Sousa e Fernanda Simões.

(http://img404.imageshack.us/img404/344/marias1ek0.jpg)
Equipa Campeã de Lisboa em 1965

Em 1975, em nove épocas seguidas, as "Marias" triunfaram no campeonato nacional de voleibol e sem qualquer derrota.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - "As Marias"
Mensagem de: Preacher em 06 de Dezembro de 2008, 11:54
oh boas  :)
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - "As Marias"
Mensagem de: ednilson em 13 de Dezembro de 2008, 08:34
João Gonçalves. Andebolista.

(http://img66.imageshack.us/img66/8053/joogonalvesgq2.jpg)

João Gonçalves, representou o Benfica em 16 temporadas e a selecção em 88 jogos, nos quais marcou 334 golos. Ajudou o Benfica na conquista de dois campeonatos nacionais (74/75 e 81/82) e três Taças de Portugal consecutivas (84/85, 85/86 e 86/87), como jogador mais emblemático da equipa.

Em 1976, no Mundial do Grupo C de andebol disputado no nosso país, com a colaboração do sócio José Gomes Machado, na equipa portuguesa, destacaram-se os atletas benfiquistas Carlos Silva, Costa, Vasco, Diamantino e principalmente João Gonçalves, que foi considerado de craveira internacional.
É considerado um dos melhores andebolistas portugueses de sempre.

(http://img66.imageshack.us/img66/6928/joogonalves1sn5.jpg)
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - João Gonçalves
Mensagem de: Preacher em 13 de Dezembro de 2008, 12:46
Nunca tinha ouvido falar!
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - João Gonçalves
Mensagem de: O_Glorioso em 19 de Dezembro de 2008, 02:36
Uma só palavra: fantástico!  O0
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - João Gonçalves
Mensagem de: SevenStars em 20 de Dezembro de 2008, 11:18
Citação de: Preacher em 13 de Dezembro de 2008, 12:46
Nunca tinha ouvido falar!
Nunca???
Um esteio daquelas equipas. Era apresentador na televisão, que é feito dele?
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - Edite Cruz
Mensagem de: SevenStars em 20 de Dezembro de 2008, 11:22
Citação de: ednilson em 06 de Dezembro de 2008, 08:41
As Marias. Voleibol.

(http://img89.imageshack.us/img89/6681/marias2ng2.jpg)
Em Baixo: Ana Varela, Filomena Moreira, Conceição Posser,
Lúcia, Leonor Santos e Fernanda Gomes; Em Cima: José Magalhães,
Lia Santos, Luísa Costa, Paula Antunes, Conceição Roriz, Teresa d'Orei
e Madalena Canha (cap.).


"As Marias", sob o comando do treinador José Magalhães, conquistaram nove títulos nacionais consecutivos (1965/66 a 74/75) e duas Taças de Portugal (72/73 e 73/74), e por estas vias o acesso às respectivas competições europeias. Além disso, venceram sete vezes seguidas o Campeonato de Lisboa (63/64 a 69/70).

"As Marias", como ressalta, era um conjunto de nível muito acima da média, em que sobressaia Madalena Canha, durante anos considerada a melhor jogadora ibérica. A sua capacidade e força de remate, "remates à Eusébio", dizia-se, tornavam-na particularmente temida.

Em 1965 a equipa feminina de voleibol foi campeã de Lisboa, sendo constituída por Maria José Pacheco, Lurdes Figueiredo, Luísa Torgal, Madalena Cunha, Maria Luísa, Adelaide Canas, Graça Delgado, Manuela Peres, Luísa Marques, Luísa Sousa e Fernanda Simões.

(http://img404.imageshack.us/img404/344/marias1ek0.jpg)
Equipa Campeã de Lisboa em 1965

Em 1975, em nove épocas seguidas, as "Marias" triunfaram no campeonato nacional de voleibol e sem qualquer derrota.

Esta equipa dos anos 60/70 era um espanto.
Ena pá, a Madalena Canha foi minha professora de ginástica no Benfica. Em 70/71, salvo erro!!!
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - João Gonçalves
Mensagem de: Deus Ex-Machina em 20 de Dezembro de 2008, 16:02
um grande bem haja ao Ednilson, um grande Benfiquista, daqueles com B maiúsculo. 


:metal: :slb2: :flagglorioso: :bandeiraslb2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias - João Gonçalves
Mensagem de: ednilson em 21 de Dezembro de 2008, 17:21
Pois é, agora sim parece que acabou.....quanto às modalidades, como podem ver pelos últimos posts, fiquei com manifesta falta de informação, o que não quer dizer que não existam bem mais atletas que merecessem figurar aqui, nas Glórias do Benfica.
Destaco mais alguns:

Martins Vieira: Foi o mais eclético desportista português de todos os tempos. Praticou nada menos de 17 modalidades, com especial relevo o atletismo, em que alcançou títulos e recordes nacionais e ibéricos.

(http://img254.imageshack.us/img254/1540/martinsvieiraqb2.jpg)
Martins Vieira à esquerda, com Vítor Silva e Manuel Dias.
(http://img185.imageshack.us/img185/7534/martinsvieira1lh4.jpg)
Martins Vieira numa corrida de 110 m barreira, com Matos Fernandes.

José Martins. Ciclista: Depois de Nicolau, José Martins foi o primeiro ciclista do Benfica a ganhar a Volta, em 1947.

(http://img254.imageshack.us/img254/9875/josmartinsui9.jpg)
José Martins

Peixoto Alves, Francisco Valada,Américo Silva, Fernando Mendes e Firmino Benardino todos vencedores da Volta a Portugal.

(http://img150.imageshack.us/img150/4484/franciscovaladaku5.jpg)(http://img150.imageshack.us/img150/2900/peixotoalvesvz0.jpg) 
Francisco Valada          Peixoto Alves

(http://img150.imageshack.us/img150/6580/amricosilvamf3.jpg) (http://img254.imageshack.us/img254/1297/fernandomendesdu5.jpg) 
Américo Silva                                              Fernando Mendes

(http://img150.imageshack.us/img150/1772/firminobenardinoan7.jpg)
Firmino Benardino

Alfredo Camecelha: Atletismo: O primeiro atleta a ganhar uma prova para o Benfica. Num torneio realizado em 7 de Fevereiro de 1909, com a participação de dez clubes, lançou o peso (7,250 kg) a 9.30 m. Fez também parte da equipa de luta de tracção no mesmo torneio.

(http://img185.imageshack.us/img185/7016/alfredocamecelhavu8.jpg)
Alfredo Camecelha

Francisco Lázaro: Atletismo: Em 1912, recordista da maratona, participou nos Jogos Olímpicos de Estocolmo. Supostamente vitima de insolação, morreu no hospital da capital sueca.

(http://img185.imageshack.us/img185/525/franciscolzarops9.jpg)
Francisco Lázaro

José Urbano, António Pinto, Mário Aníbal, Carla Sacramento e Lucrécia Jardim: Atletismo.

(http://img254.imageshack.us/img254/2117/mrioanibaltq3.jpg) (http://img150.imageshack.us/img150/3041/carlasacramentovh8.jpg) 
Mário Aníbal                                                                 Carla Sacramento

(http://img150.imageshack.us/img150/9813/lucrciajardimhr7.jpg)
Lucrécia Jardim

Bernardo Leite: Basquetebolista: Um dos melhores jogadores do Benfica de sempre. Os acasos da competição não permitiram que ficasse ligado a qualquer titulo.

Henrique Vieira, Pedro Miguel, José Carlos Guimarães, Jean Jacques, Mike Plowden, Steve Rocha, Carlos Seixas e o treinador Mário Palma: Basquetebol.

(http://img254.imageshack.us/img254/9203/equipa9293gq3.jpg) (http://img71.imageshack.us/img71/9548/mriopalmawk5.jpg)
Equipa 1992/1993                                                                               Mário Palma

(http://img150.imageshack.us/img150/1113/mikeplowdenmd1.jpg) (http://img254.imageshack.us/img254/8599/jeanjacqueszk7.jpg) 
Mike Plowden                                             Jean Jacques

(http://img150.imageshack.us/img150/8886/pedromiguelgw5.jpg)
Pedro Miguel

Fernando Adrião: Hoquista: Nasceu em 1908 e representou o Benfica de 1923 a 1934, tendo depois actuado nove anos do Futebol Benfica. Considerado o melhor guarda-redes português, registou, por isso, o maior número de presenças em jogos das selecções nacional e de Lisboa.

Germano Magalhães: Hoquista: Estará, porventura, entre os jogadores de maior longevidade, no desporto português. Fez parte da primeira selecção nacional que disputou o I Campeonato da Europa em 1939, participou no I Campeonato do Mundo, realizado na Alemanha, em 1936, e foi campeão de Lisboa de 1927 a 1931 e em 1937. Abandonou as provas oficiais em Dezembro de 1947, com 47 anos, dos quais 42 como praticante e 30 como jogador. É uma das mais relevantes figuras do clube. Ao despedir-se, no Pavilhão dos Desportos, declarou à revista Stadium: "A minha maior consolação está em oferecer ao Benfica todas as medalhas que ganhei desde 1911. Assim, ao menos, sinto que vivo no clube e para o clube. A vida é tão curta."

Fernando Cruzeiro, José Lisboa e Domingos Perdigão, admiráveis hoquistas dos anos 50, no Benfica e na selecção.

(http://img150.imageshack.us/img150/3031/fernandocruzeiroxi1.jpg) (http://img254.imageshack.us/img254/4994/joslisboafb1.jpg) 
Fernando Cruzeiro                                              José Lisboa

(http://img185.imageshack.us/img185/1236/domingosperdigoxq7.jpg)
Domingos Perdigão

Ramalhete, Carlos Garrancho, Jorge Vicente, Casimiro com António Livramento, um "cinco" que ficou para o memorial do hóquei em patins.

(http://img185.imageshack.us/img185/8747/equipa7374wi8.jpg)
Campeões em 73/74: Livramento, Rolo, Ramalhete e Pereira;
Garrancho, Casimiro, Virgílio e Jorge Vicente.


Rui Lopes, José Carlos, Vítor Fortunato, Luís Ferreira, Paulo Almeida, Felipe Gaidão, Ricardo Pereira, Mariano e Panchito Vélasquez. Hoquistas.

(http://img150.imageshack.us/img150/145/equipa88dw4.jpg)
Equipa que participou na Taça CERS/88: Rui Lopes, Chambel,
Carlos Silva e Vítor Rosado; Pina, Garção, Vital, Vítor Pinheiro
(treinador), Leste, Fana e Zeferino.


(http://img150.imageshack.us/img150/3655/luisferreiratr8.jpg)             
Luís Ferreira

Liliana Santos: Nadadora: A partir de 75, começava o reinado de Liliana Santos, com seis RN e 12 titulos nos Campeonatos Nacionais. Um anos depois, é consagrada como a melhor nadadora completa de Portugal e até 1981, quando se retira e passa a monitora, Liliana Santos estará sempre na primeira linha, campeão e recordista em todos os estilos. Uma sensação na época.

(http://img254.imageshack.us/img254/6078/lilianasantosmq3.jpg)
Liliana Santos

Paulo Frischknetch (olímpico em Montreal e Moscovo) e Henrique Villaret (olímpico em Seul): Natação: Tiveram alguns anos de evidência, contribuindo para dezenas de títulos do Benfica no Campeonato Nacional e outras vitórias no estrangeiro, como a de Villaret em Casablanca, em 85, medalha de ouro nos 50 m livres (24,5 RN).

(http://img150.imageshack.us/img150/1525/paulofrischknetchqe3.jpg)
Paulo Frischknetch

Álvaro Gião e Torcato Ferreira: Hóquei em Campo.

(http://img254.imageshack.us/img254/295/equipa82go3.jpg)
A equipa de hóquei em campo que conquistou a Taça de Portugal
em 82, batendo na final o União de Lamas.


Alfredo Ferraz: Bilhar: Campeão mundial de partida livre em 1939.

Mário Ribeiro: Bilhar: Vice-campeão mundial às três tabelas e 3.º lugar em 88 na Taça dos Campeões.

(http://img185.imageshack.us/img185/8585/mrioribeiroec8.jpg)
Mário Ribeiro

João Cunha e Silva: Ténis: Um dos mais consagrados tenistas portugueses.

(http://dn.sapo.pt/2005/08/05/126820.jpg)
João Cunha e Silva

António Fernandes: Xadrez: Aos 11 anos vencedor do torneio internacional de cadete, em Nice.

António Antunes: Xadrez: Olímpico em Salónica e o primeiro português a obter a Primeira Norma para Mestre Internacional.

(http://img254.imageshack.us/img254/562/antnioantunesfp1.jpg)
António Antunes

FIM

A ideia seria iniciar agora com o Presidentes do clube, mas constatei que neste aspecto ( :o ), o site do Benfica está bastante completo, pelo que não se justifica.

Foi um ano completo dedicado a este tópico, iniciou-se no inicio de Janeiro, percorri futebolistas, treinadores campeões de futebol e agora mais recentemente, os atletas das modalidades. Foram 190 páginas de Word, 307 imagens de futebolistas, 150 imagens de equipas de futebol, 39 imagens de treinadores e 78 imagens de atletas das modalidades. Foram muitas horas dedicadas a este tópico, mas fi-lo por satisfação pessoal e por saber que não existe na Internet informação de qualidade sobres estes temas sobre o Benfica.

Espero que este site, no qual participo desde 2001, tenha ficado mais completo e com mais qualidade.

Especial agradecimento a todos os que comentaram, às mensagens de apoio, um abraço a todos. Agradecimento também a todos os que visualizaram, é sempre bom ter chegado às quase 24 mil visualizações. Obrigado.


:slb2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: trainmaniac em 21 de Dezembro de 2008, 20:59
Um grande abraço ednilson, por este fantástico tópico. Já o li de ponta a ponta, e aproveito agora para te agradecer o esforço para cultivares mais gente sobre o nosso glorioso passado. :)
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: 46Rossi em 21 de Dezembro de 2008, 21:42
Brutal!!! Tantos e tantos grandes campeões que passaram pelo nosso clube!!! :bow2:


Ednilson nunca é demais agradecer-te este grande trabalho!!! :bow2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: Elvis the Pelvis em 31 de Dezembro de 2008, 12:03
Parabéns pelo teu empenho neste tópico, sem dúvida nenhuma dos melhores do serbenfiquista.

Um abraço para ti! :drunk:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: ednilson em 31 de Dezembro de 2008, 12:14
 O0

Pelo menos valeu, nada mais nada menos, 1 voto para user mais trabalhador!

:dance:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: IPASLB em 31 de Janeiro de 2009, 12:14
Muito obrigado, amigo Benfiquista, embora eu já tivesse conhecimento de tudo aqui postado, foi graças a ti, que eu soube em pormenor sobre o Campeonato Europeu de clubes da CEE, vencido pelo SLB, na Natação. O0 :slb2: :winner:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: jborges em 14 de Fevereiro de 2009, 00:15
Muitos parabéns, sinceramente tens aqui um trabalho espectacular
Título: Motos 1936
Mensagem de: escarlate em 09 de Março de 2009, 14:19
Campeões de motos 1936:

http://picasaweb.google.pt/ventosuao/Benfas?feat=directlink#5311184114760766034 (http://picasaweb.google.pt/ventosuao/Benfas?feat=directlink#5311184114760766034)
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: Tiago#30 em 14 de Março de 2009, 01:08
Como é que eu consegui passar tanto tempo ao lado deste tópico ?!

Digno de um museu. Tenho vindo a lê-lo aos poucos, há uns dias para cá... Ainda agora, estive umas 3 horas seguidas a virar a paginas deste "livro".

Que grande trabalho Ednilson, uma vénia para ti e um GRANDE obrigado !

PS: Acho que vai custar voltar ao Geral nos próximos dias...
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: rambo em 17 de Maio de 2009, 03:56
EDNILSON  :bow2: :bow2: :bow2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: Becken em 02 de Julho de 2009, 23:50
Este Tópico é uma verdadeira reliquia!


Que grande trabalho!  :huh: :huh: :huh:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: Deus Ex-Machina em 09 de Julho de 2009, 18:53
ESTE É O SENHOR TÓPICO.

:bow2: :pray: :bow2: :pray: :bow2: :pray: :bow2: :pray: :bow2: :pray: :bow2: :pray: :bow2: :pray: :bow2: :pray: :bow2:

Isto devia estar no geral, como inamomível.

Um grande abraço para o Ednilson, para a sua patroa e para o rebento. Obrigado por estes momentos de puro BENFIQUISMO.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: aalavic em 14 de Julho de 2009, 01:30
Citação de: Deus Ex-Machina em 09 de Julho de 2009, 18:53
ESTE É O SENHOR TÓPICO.

:bow2: :pray: :bow2: :pray: :bow2: :pray: :bow2: :pray: :bow2: :pray: :bow2: :pray: :bow2: :pray: :bow2: :pray: :bow2:

Isto devia estar no geral, como inamomível.

Um grande abraço para o Ednilson, para a sua patroa e para o rebento. Obrigado por estes momentos de puro BENFIQUISMO.

Concordo contigo! Há tanto tempo por aqui e só ontem topei este tópico! Tem de haver alguma maneira de o tornar mais visível para os milhares de utilizadores do fórum!
Obrigado Ednilson!
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: lcferreira em 30 de Julho de 2009, 21:37
Ednilson, descobri hoje por causa de uma foto da selecção olímpica de 28 que o meu Pai conheceu o Raul de Figueiredo e os 2 filhos dele.

A irmã dele viveu aqui na minha rua... mas eu não conheci como é óbvio, é do tempo de infância do meu Pai... e segundo a irmã, a alcunha dele vem desde os tempos do PAI que fazia Tamancos... porque eles eram algarvios (ele até nasceu em Setubal) e era o calçado que o pai fazia para os pescadores... e também porque fundou um clube que era os Tamanqueiros.

E deixa que te diga, vi post a post... está aqui um trabalho de outro mundo... que dedicação fantástica.

MUITOS PARABÉNS
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: lcferreira em 30 de Julho de 2009, 21:49
Peço aos administradores para mudarem este tópico da Saudade para os IMORTAIS, pois aqui respira-se e transpira-se BENFIQUISMO.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: No20__ em 27 de Outubro de 2009, 10:07
Página 18!!!
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: m20 em 08 de Dezembro de 2009, 10:53
O Senhor que fez este tópico e que o tornou possível é muito mais que um Eusébio.
Já se falou nisso nas Sugestões da secção Site e realço aqui de novo.
Pensem nisso moderadores e administradores
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: Elvis the Pelvis em 31 de Janeiro de 2010, 14:39
O Ednilson sabe bem a excelência do seu trabalho neste tópico. O seu objectivo segundo a minha percepção é dar a conhecer a história gloriosa do maior clube do mundo. Eu pessoalmente acho que conseguiu atingir plenamente o seu objectivo.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: Strata em 05 de Março de 2010, 12:13
Citação de: Elvis the Pelvis em 31 de Janeiro de 2010, 14:39
O Ednilson sabe bem a excelência do seu trabalho neste tópico. O seu objectivo segundo a minha percepção é dar a conhecer a história gloriosa do maior clube do mundo. Eu pessoalmente acho que conseguiu atingir plenamente o seu objectivo.

E conseguiria ainda mais se o tópico não tivesse "escondido" no fórum. Mas isso são questões que não lhe cabem a ele resolver.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: Miguel Gouveia em 29 de Outubro de 2010, 17:40
Que tópico... :bow2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: Far(away) em 29 de Dezembro de 2010, 09:38
O melhor tópico deste fórum, fantástico. Tive algum tempo livre durante esta noite no trabalho, e li-o de ponta a ponta. Isto devia estar no geral.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: H em 05 de Janeiro de 2011, 22:05
Acho sinceramente que devias pegar em todos os posts teus neste tópico e fazer um livro. Eu comprá-lo-ia, garanto-te.

Acabei de descobrir este tópico e tão cedo não o vou largar, ainda vou na página 3 e já estou com receio de chegar à última página...
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: ednilson em 06 de Janeiro de 2011, 09:43
Citação de: H em 05 de Janeiro de 2011, 22:05
Acho sinceramente que devias pegar em todos os posts teus neste tópico e fazer um livro. Eu comprá-lo-ia, garanto-te.

Acabei de descobrir este tópico e tão cedo não o vou largar, ainda vou na página 3 e já estou com receio de chegar à última página...

Os textos dos jogadores de futebol, são retirados de um livro do João Malheiro. Os das modalidades e treinadores, são de pesquisas em vários livros e internet.
No entanto, obrigado por gostares do tópico, que me deu trabalho, deu.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: H em 11 de Janeiro de 2011, 02:10
Hehe, grande falhanço meu, pensei que os textos todos eram da tua autoria. De qualquer modo, grande trabalho!
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: Juvelacio em 04 de Abril de 2012, 23:26
Tópico completamente fabuloso. Não tem valor o que aprendi aqui.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: Aloutre em 21 de Agosto de 2012, 01:49
Acabei de ler todas as 25 páginas deste tópico, que confesso que desconhecia! Merecia outro destaque...
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: RitaS em 21 de Agosto de 2012, 22:28
Estive a ler as primeiras páginas do tópico. Fantástico!

Parabéns e obrigada! :)
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: hugo1904 em 06 de Fevereiro de 2013, 18:26
Fantástico tópico.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: Zlatan em 13 de Abril de 2013, 18:28
Caramba, tinha ido mesmo agora procurar o meu livro do Malheiro e ia transcrever todos os textos no tópico respectivo de cada jogador.

Enquanto procurava o tópico do Adolfo, vi que o Ednilson se tinha adiantado. Há alguns anos ;D

Também tenho o livro e achei que era uma boa ideia. Mas já foi feito, ainda melhor :)
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: Zlatan em 13 de Abril de 2013, 18:37
Mas acho que era interessante colocar cada texto no tópico do jogador. Vou-me encarregar disso, acho que ainda ficava mais completo e aproveitaria o fantástico trabalho do Ednilson.

Mas todos os jogadores têm tópico? É que não encontro o do Adolfo, por exemplo...
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: pcssousa em 13 de Abril de 2013, 18:44
Citação de: Zlatan em 13 de Abril de 2013, 18:37
Mas acho que era interessante colocar cada texto no tópico do jogador. Vou-me encarregar disso, acho que ainda ficava mais completo e aproveitaria o fantástico trabalho do Ednilson.

Mas todos os jogadores têm tópico? É que não encontro o do Adolfo, por exemplo...
Vai a este tópico e encontras links para quase todos os jogadores que actuaram oficialmente pelo Benfica desde 59/60 até aos dias de hoje:
http://serbenfiquista.com/forum/index.php?topic=23297.0

Vai a este do palmarés e escontras na parte do plantel todos os jogadores para os quais há tópicos e que actuaram nas épocas em que ganhámso os troféus descritos (o campeonato nacional ainda vai só nos anos 80 mas vão haver textos para todos os troféus):
http://serbenfiquista.com/forum/index.php?topic=51179.0

cumprimentos
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: Zlatan em 13 de Abril de 2013, 19:20
Obrigado Paulo  :amigo:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: Zlatan em 19 de Abril de 2013, 00:18
Citação de: Zlatan em 13 de Abril de 2013, 18:37
Mas acho que era interessante colocar cada texto no tópico do jogador. Vou-me encarregar disso, acho que ainda ficava mais completo e aproveitaria o fantástico trabalho do Ednilson.

Mas todos os jogadores têm tópico? É que não encontro o do Adolfo, por exemplo...

Pelos vistos ando atrasado uns bons anos, isto também já foi feito ;D

Ainda melhor!
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: Shoky em 19 de Abril de 2013, 00:37
Citação de: pcssousa em 13 de Abril de 2013, 18:44
Citação de: Zlatan em 13 de Abril de 2013, 18:37
Mas acho que era interessante colocar cada texto no tópico do jogador. Vou-me encarregar disso, acho que ainda ficava mais completo e aproveitaria o fantástico trabalho do Ednilson.

Mas todos os jogadores têm tópico? É que não encontro o do Adolfo, por exemplo...
Vai a este tópico e encontras links para quase todos os jogadores que actuaram oficialmente pelo Benfica desde 59/60 até aos dias de hoje:
http://serbenfiquista.com/forum/index.php?topic=23297.0

Vai a este do palmarés e escontras na parte do plantel todos os jogadores para os quais há tópicos e que actuaram nas épocas em que ganhámso os troféus descritos (o campeonato nacional ainda vai só nos anos 80 mas vão haver textos para todos os troféus):
http://serbenfiquista.com/forum/index.php?topic=51179.0

cumprimentos

Por falar nisso...a minha ideia é chegar ao ano da fundação do clube...
Mas não tenho tido tanto tempo...infelizmente.
Mas aos poucos vai-se fazendo.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: Zlatan em 19 de Abril de 2013, 13:22
Shoky, se precisares de ajuda nisso, conta comigo.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: dfernandes em 19 de Abril de 2013, 15:19
Se precisarem da minha ajuda também alinho.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: Slb23 em 19 de Abril de 2013, 16:02
Se pagarem bem podem contar comigo ^-^

Agora a sério, no que puder ajudar estou disponivel.
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: EB_94_SLB em 07 de Julho de 2013, 15:23
Estive a ler este tópico todo nestes últimos dias.

Um dos melhores tópicos do fórum. Simplesmente fabuloso!  :bow2:
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: JDiogo20 em 26 de Janeiro de 2014, 20:28
O livro mais actualizado é o de capa vermelha correcto?
Título: Re: Memorial Benfica, 100 Glórias - Torres (actualizado)
Mensagem de: Sá das Violas30 em 26 de Junho de 2017, 22:30
Citação de: ednilson em 12 de Abril de 2008, 08:51
Alfredo Valadas Mendes. Minas de São Domingos. 16 de Fevereiro de 1912-1994. Avançado.
Épocas no Benfica: 10 (34/44). Jogos: 263. Golos: 162. Títulos: 1 (Campeonato Portugal), 6 (Campeonato Nacional), 1 (Campeonato de Lisboa) e 3 (Taça de Portugal).
Outros clubes: Luso de Beja, Sporting e SL Beja. Internacionalizações: 6

(http://img508.imageshack.us/img508/9656/valadaswx1.png)

(http://img505.imageshack.us/img505/4948/194219432vj9.jpg) 
Equipa 1942/1943

Esforço, devoção e glória. Não, não há plágio, não há equívoco, não há gralha. É mesmo o lema do Sporting Clube de Portugal. Um normativo que Alfredo Valadas desejava ardentemente interpretar. A obsessão prolongou-se até ao início da idade adulta. "Eu era um leão ferrenho", chegou a confessar.

Nasceu em Fevereiro de 1912, ano em que se afundou o Titanic. Alentejano de Beja, das Minas de São Domingos, parecia ter herdado o espírito mineiro, consubstanciado na têmpera, na coragem, no ardor. Iniciou-se pelo Luso de Beja, actual Desportivo, com apenas 15 anos. Três temporadas depois, atributos confirmados, ingressou no Sporting, consumando o sonho. Sonho não, pesadelo. "Desde o início, os dirigentes prometeram-me um emprego e não cumpriram; aborreci-me e voltei à terra, onde estive um ano sem jogar para ficar livre". Era assim nesses tempos.

Passada a dolorosa abstinência, Valadas foi convidado a ingressar no Benfica. Aires da Fonseca responsabilizou-se pela abordagem. Corria o ano de 1934. "Embora sem me conseguirem o tal emprego, fizeram uma proposta que me agradou; jogava com a carta na mão, até me arranjarem colocação como funcionário público". Compromisso honrado, à Benfica, em 1937 estava nos quadros do Governo Civil de Lisboa.

(http://img149.imageshack.us/img149/2049/valadas4cp2.jpg)

A nova afeição durou dez temporadas. Profícua foi também. Valadas conquistou 11 títulos, espalhados por seis Campeonatos Nacionais, um de Portugal, outro de Lisboa e três Taças. Actuou em 263 partidas e obteve 162 golos. Ainda hoje faz parte da lista dos dez melhores marcadores do historial encarnado. À Selecção Nacional emprestou, por seis ocasiões, os seus préstimos, com dois golos apontados.

Valadas era extremo-esquerdo. Alto e corpulento, mesmo assim dotado de grande velocidade e forte disparo. Não abjurava a posição, fintando com sapiência. Chamavam-lhe repentista, conceito que nasceu do seu talento. A 7 de Fevereiro de 1943, um jogo houve que aparece sublinhado a vermelho no livro de honra das proezas benfiquistas. Triunfo por 12-2 (!) sobre o FC Porto, no Campo Grande, a contar para o Nacional. Olímpica jornada essa, com Martins, Gaspar Pinto e César Ferreira; Jordão, Albino e Francisco Ferreira, Manuel da Costa, Barros, Julinho, Teixeira e Valadas.

Em 43/44, despedir-se-ia, com mais um triunfo na Taça de Portugal. Já não actuou no embate decisivo, no Campo das Salésias, na vitória do Benfica perante o Estoril (8-0), com cinco golos de Rogério. Rogério de Carvalho, o Pipi das delicias berrantes, era o substituto na posição. Trocava-se ouro por... ouro. Ganhou o clube. Como ganhou Valadas o livre-trânsito na praça dos mais intrépidos. Com esforço, dedicação e glória. Só que no Benfica.
Posso usar numa coisinha minha?
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: Trezeguet em 07 de Fevereiro de 2018, 08:36
(https://i.imgur.com/XatygUx.jpg)
Título: Re: (actualizado) Memorial Benfica, Glórias
Mensagem de: bruno cardoso em 02 de Março de 2023, 16:09
Violinista da Luz
@ViolinistadaLuz
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11 min
José Augusto e Mário Coluna pelo Benfica em 1964 num treino em Stamford Bridge, antes de um jogo amigável contra o Chelsea FC. Benfica venceu esse jogo 4-2.
(https://pbs.twimg.com/media/FqOe_DsWYAIKpVL?format=png&name=small)