Donner sai no fim da época

O_Glorioso

Está visto que não há volta a dar... Só espero é que depois não voltemos novamente ao marasmo andebolístico...  ::)

Pedro Neto

#331
Não me conformo com o que fizeram ao Donner. É inqualificável!

Aleksander Donner: "Não tenho perfil para treinador do Benfica"

P | No final do jogo de ontem, em que devolveu o título ao Benfica, parecia estar triste e disse que se sentia traído. Por quem e por que razão?

R | Não é bem assim. Estava feliz, entusiasmado, mas cinco/dez minutos depois lembrei-me que a festa já não era para mim. E foi nessa altura que os jornalistas me chamaram e que eu disse isso. Não vou dizer nomes, não é correcto. Mas foi gente do Benfica, naturalmente. Sinto-me traído, porque até Dezembro, altura em que o Fernando Tavares deu aquela entrevista ao vosso jornal, disseram-me sempre que só faltava assinar para renovar. Em Janeiro, comecei a perguntar se sempre ficava. Para o caso de não ficar, ter tempo para procurar clube. Do Dínamo de Astrakhan, ligavam-me todos os dias, e havia outras propostas, mas sempre disseram para não me preocupar, que era tudo uma questão de dias. Não tenho nada contra o Benfica, nem contra a decisão, só acho que me deviam ter dito mais cedo, em Janeiro, pelo menos Fevereiro, para eu ter tempo. Dizer em Maio não é correcto.

P | Disse também que se ia dedicar às obras, tal como o haviam aconselhado. Quem o aconselhou a isso?

R | Isso foi na polémica do ano passado, no "play-off", quando eu disse que não concordava com a fórmula de disputa. Na altura, o presidente da Liga disse que quem não gostava, como o Donner, podia ir trabalhar para a pedreira. O que é ridículo é que depois acabaram por mudar para... como eu dizia.

P | Disse ainda que precisava de três anos para levar o Benfica ao título. E cumpriu...

R | Mas, para mim, o primeiro ano não conta. Era a equipa que o Benfica tinha, e dela só ficaram o Cláudio Pedroso e o Edgar Madureira. Na realidade, trabalhei dois anos com os jogadores que escolhi. Desses, no primeiro chegamos às meias-finais da Liga e ganhámos a Taça da Liga. Este ano, ganhámos a Taça Presidente da República e o título.

P | Perante isso, e não ganhando o Benfica o campeonato há 18 anos, e tendo quebrado, no ano passado, na Taça da Liga, com um jejum total de 13 anos no andebol, como entende a saída?

R | Acho que é por causa do meu carácter. Sou uma pessoa que diz o que pensa na cara... Ouvi do director que não tenho perfil para treinador do Benfica. Não sei qual é esse perfil, mas o meu não presta. Dizem que o meu comportamento no banco não é bom. É só isso, não há mais explicações. Aos jogadores, proibiram de falar com o jornalistas, e dizem sempre que ainda não chegou a hora para falar sobre mim.

P | Como se sente nesta situação?

R | Já tenho uma certa idade, e, para mim, três anos não é como para um treinador novo. Esta situação é pior do que uma pedreira. Foram muitas noites sem sono e dias sem comer, sem apetite, com a cabeça virada apenas para os jogos. E esta equipa ganhou o título, e agora tenho de deixar o meu trabalho. Ganhar o título é difícil, mas isto era só o princípio, pois no ABC ganhei o primeiro título e... mais sete. No Madeira, foi diferente, mas porque fui eu que quis sair, atraído com o que me contaram os directores do Benfica, com o projecto que me apresentaram. Agora fiquei com o título, mas sem trabalho.

P | O facto de lhe terem anunciado que não iria continuar ainda nas meias-finais do "play-off" dificultou mais a tarefa?

R | Claro que sim. A equipa são 16 pessoas, e não são todos meus grandes amigos. Alguns podiam ver-me a falar, mas, sabendo que eu me ia embora, já não trabalhar da mesma forma. Isto é lógico! Claro que foi mais difícil, mas, com o apoio de todos os jogadores, uns mais do que outros, pois não tinha nenhum inimigo, acabámos por conseguir. Os rumores de que eu tenho problemas com os jogadores saíram de gente que me queria mandar embora e não sabia como o explicar. Não tinha como o justificar.

"Atletas com quem já trabalho há anos"

P | Com tantas dificuldades, para lá das colocadas pelos adversários, qual foi a chave do êxito?

R | O núcleo da equipa são atletas com quem já trabalho há anos. O Jerónimo, o Carneiro, o Luís Nunes, que fui buscar a Fafe para o ABC, até o Zaikin, que é de Astrakhan. Esses atletas passaram muito comigo. Claro que senti apoio desta gente. Mesmo do Luís Gomes - apesar da sua grave lesão -, a quem agradeço muito. O resto são os jovens a quem ensinei a jogar andebol verdadeiro.

P | No final do jogo, à televisão, Cláudio Pedroso disse que o Donner era o melhor treinador em Portugal...

R | Só posso agradecer. Eu e ele fizemos um bom trabalho. Agora está na Selecção e, se continuar a trabalhar sério, vai ser dos melhores jogadores portugueses.^

"Estou no desemprego"

P | Disse há pouco que talvez o seu carácter tenha sido a razão para não continuar no Benfica. O seu feitio, transparecendo um homem duro e fechado, está a prejudicá-lo?

R | Não sei se sou duro, mas fechado sim. Mas sempre fui assim, não cheguei ontem. Todos me conhecem e já sabem como sou. Trabalhei em três clubes, e todos foram campeões. Se isto não agrada, não posso fazer ou dizer mais nada. Se querem um Pai Natal, que vá andar aos beijos e só dizer "Sim, senhor!", então não contactem o Donner.

P | É um campeão triste?

R | Estou no desemprego... Não sou um campeão triste. Sou treinador da equipa que ganhou o título. Estou triste como pessoa. Não como treinador, função na qual cumpri o meu dever. Sou humano, e, mesmo sendo duro e fechado, levei mais uma lição de vida. Não se pode confiar em toda a gente.

P | Do que diz, resultam duas conclusões: aos 59 anos, ainda aprende lições e, afinal, tem sentimentos...

R | A lição, já a sabia, mas voltaram a lembrar-ma. Quanto aos sentimentos, o meu cão podia dizer-lhe que os tenho...

"Não caiu o céu nem fugiu o mar..."

P | Em 18 épocas em Portugal, conquistou dez títulos e deixou a sua marca nos três clubes por onde passou, ABC, Madeira e Benfica. O que o separa dos outros treinadores para ter tamanho sucesso?

R | Sou profissional. O andebol não é alta matemática. Toda a gente conhece tácticas. A questão é como trabalhar, seis horas por dia. Às vezes só tenho dois/três atletas de manhã, mas não falho, estou lá com eles. E não tenho medo de conflitos com jogadores, com os que não queiram cumprir ordens, mesmo que seja um craque, o melhor da equipa. E não tenho medo de arriscar com os novos, mas isso não são segredos, todos o podem fazer.

P | Como passou o dia seguinte à conquista do título?

R | Fui ao ginásio, o que faço três vezes por semana. De resto, não aconteceu nada de especial. Não caiu o céu, nem fugiu o mar. Vida normal.

P | Esta foi uma final equilibrada, com o Benfica a ganhar sempre por um golo e o ABC a vencer por cinco, mas num jogo que só se desequilibrou no final.

R | Foi por cinco, porque já não dava para ganhar e não valia a pena correr riscos. Ganhámos o título, mas continuo a achar que o "play-off" não é a melhor solução. Quem venceu a fase regular foi o ABC, e sempre disse que o campeonato de andebol não deve ser um "play-off", porque isso é lotaria. Pode-se ter um ou outro lesionado, e isso vai desvirtuar toda a época. "Play-off" é para vólei e basquete, onde o contacto não é tão duro e não há grandes riscos. A melhor fórmula era a antiga, a duas voltas e fase final com metade dos pontos.

P | Como viu a equipa do ABC?

R | Em organização, espírito de luta e amor ao clube, o ABC não tem adversário. Em atletas, individualmente, o ABC não é o mais forte. Individualmente, o Benfica tem uma primeira linha muito boa, com o Cláudio, o Carlos [Carneiro] e o Zaikin... A segunda linha nem sempre esteve bem. O Bogas é um vencedor nato. Ninguém tem o espírito do Bogas e do Chapa [José Costa]. O ABC é organização de jogo, espírito de luta e amor pela camisola. Ninguém tem isso como eles. Isso é importantíssimo. No Benfica, FC Porto ou Sporting, somos uns no meio de muitos.

P | Custou-lhe ganhar o título ao ABC?

R | Não. Não foi o ano passado que deixei o ABC, já passaram quatro anos. Depois, sou profissional. Lutei pelo ABC contra todos, e no Benfica fiz exactamente o mesmo. Isso está fora de questão. Mas estou contente por o ABC continuar, internamente, no mesmo nível. A nível internacional, baixaram, mas isso foram todos. Em Portugal, o ABC continua a ser a melhor escola de andebol.^

in O Jogo

http://www.ojogo.pt/24-86/artigo718336.asp

Excelente entrevista!

3kids

Não é possivel passar este tópico para o geral?

É que direcção do Benfica está a cometer a maior barbaridade do século no que respeita às modalidades.
Temos (Sócios e adeptos) tomar uma posição.

Por favor passem este tópico para o "GERAL" uma vez que é mais lido. Obrigado

goncalo_88

Mostrem a prodidão do nosso benfica Tavares o que que esses percebem de andebol basket volei hokei?? n´so não ganhamos nada no hoquei, mandam esse sim embora.

ednilson

Era bom que este Homem ficasse a saber que os Benfiquistas lhe reconhecem a competência, o profissionalismo e tudo o que fez pelo clube  ::)

Loki_04

Claro que o Donner não tem perfil para treinador do Benfica!

O Donner é um ganhador,e este benfiquinha perdedor requer um treinador falhado e apático,bem ao jeito desta direcção.

Afinal de contas não nos podemos acostumar a ganhar...

JM21

José António Silva a caminho do Benfica
PERTO DE SER O SUCESSOR DE ALEKSANDER DONNER

José António Silva poderá suceder a Aleksander Donner como treinador do Benfica. O nosso jornal apurou que o professor de Educação Física é o que está mais próximo de ocupar a vaga em aberto, na sequência da saída do ucraniano que levou a equipa encarnada, 18 anos depois, à conquista do título.

O técnico, contudo, recusou confirmar a notícia. "Terá de confirmar isso junto de outras pessoas, não comigo. Neste momento, não há nada a dizer sobre esse assunto. Nem para confirmar nem para desmentir seja o que for. São boatos", destacou.

Para José António Silva não será a primeira experiência como treinador das principais equipas do andebol nacional, tendo já orientado o Madeira SAD e o Águas Santas, sendo que antes foi seleccionador nacional feminino.
http://www.record.pt/noticia.asp?id=787136&idCanal=84


KRF

Citação de: Loki_04 em 17 de Maio de 2008, 10:31
Claro que o Donner não tem perfil para treinador do Benfica!

O Donner é um ganhador,e este benfiquinha perdedor requer um treinador falhado e apático,bem ao jeito desta direcção.

Afinal de contas não nos podemos acostumar a ganhar...

Sem tirar nem por... estamos a tornar-nos numa equipa mediana com dirigentes mediocres que lidam mal com o sucesso (pouco em abono da verdade excepção para o Andebol e Futsal) e acabem com o discurso populista que somos o maior clube do mundo pois os maiores clubes do mundo revêem-se no sucesso e não nas derrotas.

:bah2:

VALEBEM

 Não sei o que está por detrás desta decisão, mas fico obviamente triste...
Donner é um ganhador, e o Benfica deve ser formado por ganhadores na sua estrutura...
Obrigado Donner!
E que, ao menos, a estrutura ao nível de jogadores não se desmorone... E, se possível, que seja reforçada com mais 1 ou 2 jogadores de qualidade...

Red skin

Tou a ver q n é por causa de conflitos com jogadores q o Donner sai... mas por conflitos com os dirigentes!!! Q saiam os dirigentes!!!!! O homem é um grande e competente profissional!

BigSLB

Está na hora de um esclarecimento oficial sobre o que se passou, mas está-se a ver que andam a ver se a situação passe e que as pessoas se esqueçam.

ppfinder

Como os dirigentes do meu clube não se dignam em dar uma explicação oficial.

continuo na minha: FORA DONNER. NÓS GOSTAMOS MAIS DA INCOMPETÊNCIA !!!!

:bah2:

Dixi

Citação de: Pedro Neto em 17 de Maio de 2008, 03:50
Não me conformo com o que fizeram ao Donner. É inqualificável!

Aleksander Donner: "Não tenho perfil para treinador do Benfica"

P | No final do jogo de ontem, em que devolveu o título ao Benfica, parecia estar triste e disse que se sentia traído. Por quem e por que razão?

R | Não é bem assim. Estava feliz, entusiasmado, mas cinco/dez minutos depois lembrei-me que a festa já não era para mim. E foi nessa altura que os jornalistas me chamaram e que eu disse isso. Não vou dizer nomes, não é correcto. Mas foi gente do Benfica, naturalmente. Sinto-me traído, porque até Dezembro, altura em que o Fernando Tavares deu aquela entrevista ao vosso jornal, disseram-me sempre que só faltava assinar para renovar. Em Janeiro, comecei a perguntar se sempre ficava. Para o caso de não ficar, ter tempo para procurar clube. Do Dínamo de Astrakhan, ligavam-me todos os dias, e havia outras propostas, mas sempre disseram para não me preocupar, que era tudo uma questão de dias. Não tenho nada contra o Benfica, nem contra a decisão, só acho que me deviam ter dito mais cedo, em Janeiro, pelo menos Fevereiro, para eu ter tempo. Dizer em Maio não é correcto.

P | Disse também que se ia dedicar às obras, tal como o haviam aconselhado. Quem o aconselhou a isso?

R | Isso foi na polémica do ano passado, no "play-off", quando eu disse que não concordava com a fórmula de disputa. Na altura, o presidente da Liga disse que quem não gostava, como o Donner, podia ir trabalhar para a pedreira. O que é ridículo é que depois acabaram por mudar para... como eu dizia.

P | Disse ainda que precisava de três anos para levar o Benfica ao título. E cumpriu...

R | Mas, para mim, o primeiro ano não conta. Era a equipa que o Benfica tinha, e dela só ficaram o Cláudio Pedroso e o Edgar Madureira. Na realidade, trabalhei dois anos com os jogadores que escolhi. Desses, no primeiro chegamos às meias-finais da Liga e ganhámos a Taça da Liga. Este ano, ganhámos a Taça Presidente da República e o título.

P | Perante isso, e não ganhando o Benfica o campeonato há 18 anos, e tendo quebrado, no ano passado, na Taça da Liga, com um jejum total de 13 anos no andebol, como entende a saída?

R | Acho que é por causa do meu carácter. Sou uma pessoa que diz o que pensa na cara... Ouvi do director que não tenho perfil para treinador do Benfica. Não sei qual é esse perfil, mas o meu não presta. Dizem que o meu comportamento no banco não é bom. É só isso, não há mais explicações. Aos jogadores, proibiram de falar com o jornalistas, e dizem sempre que ainda não chegou a hora para falar sobre mim.

P | Como se sente nesta situação?

R | Já tenho uma certa idade, e, para mim, três anos não é como para um treinador novo. Esta situação é pior do que uma pedreira. Foram muitas noites sem sono e dias sem comer, sem apetite, com a cabeça virada apenas para os jogos. E esta equipa ganhou o título, e agora tenho de deixar o meu trabalho. Ganhar o título é difícil, mas isto era só o princípio, pois no ABC ganhei o primeiro título e... mais sete. No Madeira, foi diferente, mas porque fui eu que quis sair, atraído com o que me contaram os directores do Benfica, com o projecto que me apresentaram. Agora fiquei com o título, mas sem trabalho.

P | O facto de lhe terem anunciado que não iria continuar ainda nas meias-finais do "play-off" dificultou mais a tarefa?

R | Claro que sim. A equipa são 16 pessoas, e não são todos meus grandes amigos. Alguns podiam ver-me a falar, mas, sabendo que eu me ia embora, já não trabalhar da mesma forma. Isto é lógico! Claro que foi mais difícil, mas, com o apoio de todos os jogadores, uns mais do que outros, pois não tinha nenhum inimigo, acabámos por conseguir. Os rumores de que eu tenho problemas com os jogadores saíram de gente que me queria mandar embora e não sabia como o explicar. Não tinha como o justificar.

"Atletas com quem já trabalho há anos"

P | Com tantas dificuldades, para lá das colocadas pelos adversários, qual foi a chave do êxito?

R | O núcleo da equipa são atletas com quem já trabalho há anos. O Jerónimo, o Carneiro, o Luís Nunes, que fui buscar a Fafe para o ABC, até o Zaikin, que é de Astrakhan. Esses atletas passaram muito comigo. Claro que senti apoio desta gente. Mesmo do Luís Gomes - apesar da sua grave lesão -, a quem agradeço muito. O resto são os jovens a quem ensinei a jogar andebol verdadeiro.

P | No final do jogo, à televisão, Cláudio Pedroso disse que o Donner era o melhor treinador em Portugal...

R | Só posso agradecer. Eu e ele fizemos um bom trabalho. Agora está na Selecção e, se continuar a trabalhar sério, vai ser dos melhores jogadores portugueses.^

"Estou no desemprego"

P | Disse há pouco que talvez o seu carácter tenha sido a razão para não continuar no Benfica. O seu feitio, transparecendo um homem duro e fechado, está a prejudicá-lo?

R | Não sei se sou duro, mas fechado sim. Mas sempre fui assim, não cheguei ontem. Todos me conhecem e já sabem como sou. Trabalhei em três clubes, e todos foram campeões. Se isto não agrada, não posso fazer ou dizer mais nada. Se querem um Pai Natal, que vá andar aos beijos e só dizer "Sim, senhor!", então não contactem o Donner.

P | É um campeão triste?

R | Estou no desemprego... Não sou um campeão triste. Sou treinador da equipa que ganhou o título. Estou triste como pessoa. Não como treinador, função na qual cumpri o meu dever. Sou humano, e, mesmo sendo duro e fechado, levei mais uma lição de vida. Não se pode confiar em toda a gente.

P | Do que diz, resultam duas conclusões: aos 59 anos, ainda aprende lições e, afinal, tem sentimentos...

R | A lição, já a sabia, mas voltaram a lembrar-ma. Quanto aos sentimentos, o meu cão podia dizer-lhe que os tenho...

"Não caiu o céu nem fugiu o mar..."

P | Em 18 épocas em Portugal, conquistou dez títulos e deixou a sua marca nos três clubes por onde passou, ABC, Madeira e Benfica. O que o separa dos outros treinadores para ter tamanho sucesso?

R | Sou profissional. O andebol não é alta matemática. Toda a gente conhece tácticas. A questão é como trabalhar, seis horas por dia. Às vezes só tenho dois/três atletas de manhã, mas não falho, estou lá com eles. E não tenho medo de conflitos com jogadores, com os que não queiram cumprir ordens, mesmo que seja um craque, o melhor da equipa. E não tenho medo de arriscar com os novos, mas isso não são segredos, todos o podem fazer.

P | Como passou o dia seguinte à conquista do título?

R | Fui ao ginásio, o que faço três vezes por semana. De resto, não aconteceu nada de especial. Não caiu o céu, nem fugiu o mar. Vida normal.

P | Esta foi uma final equilibrada, com o Benfica a ganhar sempre por um golo e o ABC a vencer por cinco, mas num jogo que só se desequilibrou no final.

R | Foi por cinco, porque já não dava para ganhar e não valia a pena correr riscos. Ganhámos o título, mas continuo a achar que o "play-off" não é a melhor solução. Quem venceu a fase regular foi o ABC, e sempre disse que o campeonato de andebol não deve ser um "play-off", porque isso é lotaria. Pode-se ter um ou outro lesionado, e isso vai desvirtuar toda a época. "Play-off" é para vólei e basquete, onde o contacto não é tão duro e não há grandes riscos. A melhor fórmula era a antiga, a duas voltas e fase final com metade dos pontos.

P | Como viu a equipa do ABC?

R | Em organização, espírito de luta e amor ao clube, o ABC não tem adversário. Em atletas, individualmente, o ABC não é o mais forte. Individualmente, o Benfica tem uma primeira linha muito boa, com o Cláudio, o Carlos [Carneiro] e o Zaikin... A segunda linha nem sempre esteve bem. O Bogas é um vencedor nato. Ninguém tem o espírito do Bogas e do Chapa [José Costa]. O ABC é organização de jogo, espírito de luta e amor pela camisola. Ninguém tem isso como eles. Isso é importantíssimo. No Benfica, FC Porto ou Sporting, somos uns no meio de muitos.

P | Custou-lhe ganhar o título ao ABC?

R | Não. Não foi o ano passado que deixei o ABC, já passaram quatro anos. Depois, sou profissional. Lutei pelo ABC contra todos, e no Benfica fiz exactamente o mesmo. Isso está fora de questão. Mas estou contente por o ABC continuar, internamente, no mesmo nível. A nível internacional, baixaram, mas isso foram todos. Em Portugal, o ABC continua a ser a melhor escola de andebol.^

in O Jogo

http://www.ojogo.pt/24-86/artigo718336.asp

Excelente entrevista!

Porquê fazer isto ao Donner?

fmb