
Ângelo Martins
1952 - 1965
Estatísticas
Oficiais | Não Oficiais | ||||||
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Jogos | Minutos | Golos | Cartões (A./V.) | Jogos | Golos | ||
Total | 291 | 25920 | 4 | 75 | 0 | ||
Seniores > 1952/1953 > SL Benfica | 19 | 1710 | 2 | 0 / 0 | 3 | 0 | |
Seniores > 1953/1954 > SL Benfica | 16 | 1440 | 0 | 0 / 0 | 4 | 0 | |
Seniores > 1954/1955 > SL Benfica | 27 | 2430 | 1 | 0 / 0 | 6 | 0 | |
Seniores > 1955/1956 > SL Benfica | 26 | 2340 | 1 | 0 / 0 | 14 | 0 | |
Seniores > 1956/1957 > SL Benfica | 31 | 2790 | 0 | 0 / 0 | 0 | 0 | |
Seniores > 1957/1958 > SL Benfica | 33 | 2970 | 0 | 0 / 0 | 18 | 0 | |
Seniores > 1958/1959 > SL Benfica | 22 | 1980 | 0 | 0 / 0 | 6 | 0 | |
Seniores > 1959/1960 > SL Benfica | 13 | 1170 | 0 | 0 / 0 | 1 | 0 | |
Seniores > 1960/1961 > SL Benfica | 34 | 2970 | 0 | 0 / 0 | 2 | 0 | |
Seniores > 1961/1962 > SL Benfica | 39 | 3510 | 0 | 0 / 0 | 8 | 0 | |
Seniores > 1962/1963 > SL Benfica | 22 | 1980 | 0 | 0 / 0 | 10 | 0 | |
Seniores > 1963/1964 > SL Benfica | 6 | 360 | 0 | 0 / 0 | 2 | 0 | |
Seniores > 1964/1965 > SL Benfica | 3 | 270 | 0 | 0 / 0 | 1 | 0 |
Do prelo de Ângelo Martins saíram algumas das melhores criações do Benfica. Ele era um burilador de diamantes, criador de craques. Mostrou sempre cartão vermelho à incompetência. As suas impressões digitais podiam ver-se em Humberto Coelho ou Nené, Alves ou Jordão, Artur ou Shéu, Vítor Martins ou Chalana. E tantos, tantos outros. Se benficómetro houvesse, atingiria o limite dessa ardência que vida fora o acompanhou. Ele foi também jogador brioso, na combinação da técnica com a velocidade, da força com a resistência. Ele que ganhou todas as competições possíveis a nível de clubes. Todas? “Excepção feita à Taça Intercontinental, que se me escapou, para mal dos meus pecados”, confessa, assim como quem pede remissão.
O pai era sapateiro, numa travessa das Antas. Ângelo caracterizava-se por uma irrequietude sem limites e pelo apego à trapeira. Já exibia dotes apreciáveis, quando gritava “sou do Benfica”, sempre que o confrontavam com a hipótese de fazer carreira no FC Porto. Ainda garoto, jogou no Académico. Três anos depois do debute seria irradiado. Funcionou a cruel justiça federativa, já que havia assinado duas fichas, uma pelo Académico e outra pelo FC Porto. “Foi um dirigente portista que me enganou, dizendo que tinha tudo tratado com o meu clube”. Ingénuo foi.
Já não sonhava com os terraços da bola, quando cumpria serviço militar em Santarém. Tinha 20 anos, mas dele se falava ainda. O Benfica manifestou interesse em recrutá-lo, comprometendo-se a diligenciar o levantamento da irradiação. Demorou alguns meses, mas as instâncias superiores condescenderam. Era jogador do Benfica, do clube da sua devoção.
Na época de 52/53, provou que jamais poderia ser um dissidente dos jogo, ao lado de Artur, Moreira, Caiado, Rogério, Félix, Arsénio, Águas e Corona. Com esse e outros companheiros muito contribuiu para por termo ao reinado dos Cinco Violinos do Sporting. A tarefa foi árdua, mas a soma de onze indómitas vontades, domingo a domingo, a tanto conduziu. E esse Benfica, o Benfica dos anos 50, lançavam as sementes que germinariam na década seguinte, a década da glória, do mítico clube da águia.
“Como espero jogar ainda muitos anos, é possível que possa enriquecer bastante o meu álbum”, dizia Ângelo, em 1957. Premonitoriamente. Aprendeu muito com Otto Glória, mas com Bela Guttmann chegaria ao cume. Era já lateral, sobretudo na faixa canhota, ele que havia começado a médio, quase indistintamente à direita ou à esquerda. “Rompe-se todo e morde a relva em sinal de alegria ou de desespero”, retratavam-no à época.
Foi bicampeão da Europa, venceu sete Campeonatos e cinco Taças de Portugal. Despediu-se em Guimarães, frente ao Vitória local, em Maio de 1965, após 13 temporadas consecutivas no Benfica.
A dedicação ao clube, o irreplicável profissionalismo e os conhecimentos adquiridos conduziram-no à estrutura técnica do futebol juvenil. Montou a sua oficina com o jeito dos predestinados, deu-lhe o cunho dos dotados, o prazer dos apaixonados e a glória dos jubilados. Venceu sete Campeonatos Nacionais de juniores, seis de juvenis e dois de iniciados.
A loja do mestre Ângelo fabricou talentos em série, passe o contraditório. “Claro que sinto um enorme orgulho por ter trabalhado com muitos miúdos que garantiram um lugar ao sol no panorama do futebol português e até internacional. Não se pense, porém, que o mérito foi meu. Muitos contribuíram, desde logo eles próprios, mas é o Benfica e só o Benfica a justificar os louros”.
As camisolas berrantes das últimas gerações devem muito a Ângelo. Ao seu exemplo. Ao seu esforço. À sua competência. Por isso também garantiu um lugar cativo, lugar destacado, na historiografia benfiquista.
Épocas no Benfica: 13 (52/65)
Jogos: 284
Golos: 4
Títulos: 7CN, 5 TP, 2 TCE
Texto: Memorial Benfica, 100 Glórias
Copiado de Ednilson