Ângelo Martins

Nome completo
Ângelo Gaspar Martins
Posição
defesa
Número
3
Data de nascimento
19 Abril 1930 (93 anos)
País
Portugal
Naturalidade
Porto
Periodo na equipa principal

1952-1965

Do prelo de Ângelo Martins saíram algumas das melhores criações do Benfica. Ele era um burilador de diamantes, criador de craques. Mostrou sempre cartão vermelho à incompetência. As suas impressões digitais podiam ver-se em Humberto Coelho ou Nené, Alves ou Jordão, Artur ou Shéu, Vítor Martins ou Chalana. E tantos, tantos outros. Se benficómetro houvesse, atingiria o limite dessa ardência que vida fora o acompanhou. Ele foi também jogador brioso, na combinação da técnica com a velocidade, da força com a resistência. Ele que ganhou todas as competições possíveis a nível de clubes. Todas? “Excepção feita à Taça Intercontinental, que se me escapou, para mal dos meus pecados”, confessa, assim como quem pede remissão.

O pai era sapateiro, numa travessa das Antas. Ângelo caracterizava-se por uma irrequietude sem limites e pelo apego à trapeira. Já exibia dotes apreciáveis, quando gritava “sou do Benfica”, sempre que o confrontavam com a hipótese de fazer carreira no FC Porto. Ainda garoto, jogou no Académico. Três anos depois do debute seria irradiado. Funcionou a cruel justiça federativa, já que havia assinado duas fichas, uma pelo Académico e outra pelo FC Porto. “Foi um dirigente portista que me enganou, dizendo que tinha tudo tratado com o meu clube”. Ingénuo foi.

Já não sonhava com os terraços da bola, quando cumpria serviço militar em Santarém. Tinha 20 anos, mas dele se falava ainda. O Benfica manifestou interesse em recrutá-lo, comprometendo-se a diligenciar o levantamento da irradiação. Demorou alguns meses, mas as instâncias superiores condescenderam. Era jogador do Benfica, do clube da sua devoção.

Na época de 52/53, provou que jamais poderia ser um dissidente dos jogo, ao lado de Artur, Moreira, Caiado, Rogério, Félix, Arsénio, Águas e Corona. Com esse e outros companheiros muito contribuiu para por termo ao reinado dos Cinco Violinos do Sporting. A tarefa foi árdua, mas a soma de onze indómitas vontades, domingo a domingo, a tanto conduziu. E esse Benfica, o Benfica dos anos 50, lançavam as sementes que germinariam na década seguinte, a década da glória, do mítico clube da águia.

“Como espero jogar ainda muitos anos, é possível que possa enriquecer bastante o meu álbum”, dizia Ângelo, em 1957. Premonitoriamente. Aprendeu muito com Otto Glória, mas com Bela Guttmann chegaria ao cume. Era já lateral, sobretudo na faixa canhota, ele que havia começado a médio, quase indistintamente à direita ou à esquerda. “Rompe-se todo e morde a relva em sinal de alegria ou de desespero”, retratavam-no à época.

Foi bicampeão da Europa, venceu sete Campeonatos e cinco Taças de Portugal. Despediu-se em Guimarães, frente ao Vitória local, em Maio de 1965, após 13 temporadas consecutivas no Benfica.


A dedicação ao clube, o irreplicável profissionalismo e os conhecimentos adquiridos conduziram-no à estrutura técnica do futebol juvenil. Montou a sua oficina com o jeito dos predestinados, deu-lhe o cunho dos dotados, o prazer dos apaixonados e a glória dos jubilados. Venceu sete Campeonatos Nacionais de juniores, seis de juvenis e dois de iniciados.

A loja do mestre Ângelo fabricou talentos em série, passe o contraditório. “Claro que sinto um enorme orgulho por ter trabalhado com muitos miúdos que garantiram um lugar ao sol no panorama do futebol português e até internacional. Não se pense, porém, que o mérito foi meu. Muitos contribuíram, desde logo eles próprios, mas é o Benfica e só o Benfica a justificar os louros”.

As camisolas berrantes das últimas gerações devem muito a Ângelo. Ao seu exemplo. Ao seu esforço. À sua competência. Por isso também garantiu um lugar cativo, lugar destacado, na historiografia benfiquista.



 

Épocas no Benfica: 13 (52/65)

Jogos: 284
Golos: 4

Títulos: 7CN, 5 TP, 2 TCE

 

 

Texto: Memorial Benfica, 100 Glórias
Copiado de Ednilson

 

 


Equipa Principal Jogos Minutos Cartões (A./V.) Golos
  1952/1953 19 1710 0 / 0 2  
Campeonato Nacional 13 1170 0 / 0 0
Taça de Portugal 6 540 0 / 0 2
Amigáveis 3 0
  1953/1954 16 1440 0 / 0 0  
Campeonato Nacional 14 1260 0 / 0 0
Taça de Portugal 2 180 0 / 0 0
Amigáveis 4 0
  1954/1955 27 2430 0 / 0 1  
Campeonato Nacional 21 1890 0 / 0 1
Taça de Portugal 6 540 0 / 0 0
Amigáveis 6 0
  1955/1956 26 2340 0 / 0 1  
Campeonato Nacional 22 1980 0 / 0 1
Taça de Portugal 2 180 0 / 0 0
Taça Latina 2 180 0 / 0 0
Amigáveis 14 0
  1956/1957 31 2790 0 / 0 0  
Campeonato Nacional 23 2070 0 / 0 0
Taça de Portugal 6 540 0 / 0 0
Taça Latina 2 180 0 / 0 0
Amigáveis 0 0
  1957/1958 33 2970 0 / 0 0  
Campeonato Nacional 23 2070 0 / 0 0
Taça de Portugal 8 720 0 / 0 0
Taça dos Campeões Europeus 2 180 0 / 0 0
Amigáveis 18 0
  1958/1959 22 1980 0 / 0 0  
Campeonato Nacional 22 1980 0 / 0 0
Amigáveis 6 0
  1959/1960 13 1170 0 / 0 0  
Campeonato Nacional 7 630 0 / 0 0
Taça de Portugal 6 540 0 / 0 0
Amigáveis 1 0
  1960/1961 34 2970 0 / 0 0  
Campeonato Nacional 23 2070 0 / 0 0
AF Lisboa Taça de Honra 1ª Divisão 1 0 0 / 0 0
Taça de Portugal 2 180 0 / 0 0
Taça dos Campeões Europeus 8 720 0 / 0 0
Amigáveis 2 0
  1961/1962 39 3510 0 / 0 0  
Campeonato Nacional 22 1980 0 / 0 0
AF Lisboa Taça de Honra 1ª Divisão 2 180 0 / 0 0
Taça de Portugal 6 540 0 / 0 0
Taça dos Campeões Europeus 6 540 0 / 0 0
Taça Intercontinental 3 270 0 / 0 0
Amigáveis 8 0
  1962/1963 22 1980 0 / 0 0  
Campeonato Nacional 17 1530 0 / 0 0
AF Lisboa Taça de Honra 1ª Divisão 1 90 0 / 0 0
Taça de Portugal 2 180 0 / 0 0
Taça dos Campeões Europeus 1 90 0 / 0 0
Taça Intercontinental 1 90 0 / 0 0
Amigáveis 10 0
  1963/1964 6 360 0 / 0 0  
Campeonato Nacional 3 270 0 / 0 0
AF Lisboa Taça de Honra 1ª Divisão 2 0 0 / 0 0
Taça de Portugal 1 90 0 / 0 0
Amigáveis 2 0
  1964/1965 3 270 0 / 0 0  
Campeonato Nacional 3 270 0 / 0 0
Amigáveis 1 0
Total Jogos Amigáveis 75 0
Total Jogos Oficiais 291 25920 0 / 0 4
Na equipa principal

Primeiro jogo

Último jogo


Por administrador a Segunda, 6 Novembro 2023