Pál Csernai

Treinador, (1932-10-21 - 2013-09-01),
Hungria
Equipa Principal: 1 época (1984-1985), 47 jogos (29 vitórias, 7 empates, 11 derrotas)

Títulos: Taça de Portugal (1)

Saïd Old Roof

Falar-se de Csernai...


Fonte: "Diário de Lisboa" de 11 de Setembro de 1985.

DanizaoSlb

Palavras de Toni: Daquilo que aturei da besta do Csernai posso ser adjunto de qualquer treinador


faneca_slb4ever

Surreal treinador do que sei...

pcssousa

Citação de: luis.live em 23 de Setembro de 2011, 13:36
do que me lembro foi o pior treinador que alguma vez vi no SL BENFICA...
Eusébio disse-o há uns 20 anos atrás, penso. Aliás, acho mesmo que o "king" se incompatibilizou comn ele, após um desentendimento qualquer em que o Csernai o tratou bastante mal a ponto de Eusébio simplesmente lhe deixasse de falar ou ligar aquilo que ele diz. E parece que de facto tratava tudo e todos mal, culpando os jogadores publicamente pelas derrotas nos jogos

Tanto quanto se sabe, Eriksson quando saiu para Roma recomendou Toni para treinador. Fernando Martins, contudo, achando-o inexperiente contratou Ivic que chegou a estar na pré-época, quinze dias à frente da equipa, mas acabou por se ir por querer receber em dólares e não em Escudos. aí, o "pedreiro" convidou Toni, que recusou por não ter sido a primeira escolha e então lá contrataram Csernai, um peso-pesado na Alemanha já bi-campeão teutónico e vice-campeão europeu.
Fez a vida-negra a vários jogadores, acusou álvaro de ser o respionsável pela derrota contra o Estrela Vermelha, acusou Silvino de intencionalmente querer lesionar Veloso num treino, colocou Néné de parte, disse que acabaria com a carreira de Bento incompatibilizou-se com quase todos, só tinha boa relação e gostava de Carlos Manuel e Wando.

Aqui fica a célebre entrevista a Carlos Manuel, Diamantino e Pietra ao "Record" acerca da final da Taça de Portugal 84/85, 20 anos após a mesma... há por aqui muito material do bom:

Citação
RECORD – Que memórias têm da final da Taça de 1984/85?


PIETRA – Lembro-me de que tínhamos feito uma época miserável, marcada pelas peripécias do Csernai, que não era bom da cabeça. O FC Porto era favorito mas encarámos o jogo como tábua de salvação. Estávamos muito mais empenhados no triunfo do que o treinador, que era chanfrado, já sabia que ia embora e para quem ganhar ou perder era igual ao litro.


DIAMANTINO – Eu, o Carlos Manuel e José Luís estávamos de saída, porque o contrato ia terminar e os ordenados eram muito baixos – o máximo eram 300 contos por mês. O Sp. Braga surgiu na corrida e o acordo era total. Antes da final, o Fernando Martins disse ao mister que não podíamos jogar. O Csernai deu uma de treinador a sério e respondeu que fosse ele à cabina dizer isso aos jogadores. Claro que não foi.


RECORD – Csernai pareceu sempre muito distante e indiferente aos resultados...


PIETRA – Era a maneira de ser do homem e essa foi a sua resposta perante o facto consumado de ter as malas feitas. Nos treinos parava, fechava os olhos e virava a cara para o sol. Tanto lhe fazia ganhar como perder. Nós, jogadores, é que encarámos o jogo com sentido de responsabilidade, empenhados em vencer.


DIAMANTINO – Dúvida nenhuma de que a Taça de 1985 foi uma vitória dos jogadores. Era no tempo em que terminar uma época sem títulos beliscava o nosso orgulho, era uma catástrofe. Agora dá ideia de que isso já não incomoda assim tanto.


RECORD – Têm ideia se a Taça de Portugal alterou o comportamento do técnico?


PIETRA – Só quando acabou o jogo. No fim, o tipo não largava a taça, empenhado em aparecer nas fotografias, todo sorridente e feliz.


DIAMANTINO – Eu acho que, a partir de certa altura, ele começou a fazer certas coisas de propósito.


PIETRA – Eh pá, um tipo que aos 18 anos, em plena II Guerra Mundial, foge da Hungria para se ir meter na Alemanha não pode regular bem da cabeça.


DIAMANTINO – Pois não, mas no Benfica também teve as suas razões. Por isso digo que fez muita asneira de propósito. Uma vez foi convidado para se reunir com a direcção; disseram-lhe depois que o encontro fora cancelado. À noite foi com o Pedro Magro ao Bairro Alto; numa das ruas de lá, cruzou-se com todos os dirigentes, acabadinhos de sair da tal reunião...


RECORD – Csernai foi vítima das circunstâncias?


PIETRA – Talvez. O facto é que não havia ambiente para encarar o trabalho com firmeza. Eram as obras e os conflitos; Ivic entrou e saiu ao fim de duas semanas. Com Csernai a bagunça só aumentou, não mais do que isso. A gente estava nos treinos e, à volta, eram tijolos a cair, guindastes a trabalhar, máquinas a fazer barulho, lama até ao pescoço...


DIAMANTINO – A preocupação era o estádio. Eriksson, Chalana e Stromberg tinham saído; o Humberto nunca mais jogou. Neste cenário chegou um treinador do leste, sem conhecimentos do futebol português, com dificuldades de comunicação e um carácter muito particular. A final da Taça foi um regresso ao passado, no qual reencontrámos a força de união, querer, orgulho e respeito pela história da instituição.


RECORD – No meio de tudo isso, surgiu também um intérprete que serviu para atenuar o choque...


PIETRA – No meio da confusão apareceu um jovem tímido, estudante de medicina, oriundo de família benfiquista, que não percebia um boi de futebol. Agora vejam o que foi, num grupo composto por jogadores experientes e cúmplices entre si, aparecer um passarinho daqueles... O Pedro Magro foi muito bem recebido e tornou-se uma peça fundamental para que nem tudo fosse para esquecer.


DIAMANTINO – Por ser educado e não conhecer todos os termos futebolísticos, nem sempre traduzia correctamente o que Csernai dizia. Por vezes, bastava o tom de voz do treinador, a teatralização dos gestos e a irritação que mostrava para percebermos que o Pedro estava a ser simpático.


RECORD – Que importância teve naquele grupo?


PIETRA – A importância dele foi decisiva, porque amenizou o ambiente ao longo do ano. É preciso entender que houve conflitos próximos das vias de facto entre treinador e alguns jogadores.


DIAMANTINO – O Csernai ficava louco com atrasos. Uma vez empurrou o Nivaldo, que tinha vindo do Guimarães, e desatou aos gritos. O rapaz tinha tanto medo que nunca mais se atrasou; quando via que não chegava a horas, voltava para casa e dizia que tinha febre.


RECORD – Era verdade o que se falava sobre a relação apaixonada que Csernai tinha com o álcool?


PIETRA – Quando ele foi embora e fizeram limpeza à casa, por cada armário aberto descobriram dezenas de garrafas vazias. Parece que tinha transformado a casa numa adega...


DIAMANTINO – Fomos jogar a Macedo de Cavaleiros e tivemos de lá ficar, porque a viagem era muito longa. À noite, os jogadores quiseram sair, mas Csernai recusou. Por fim, resolvemos insistir no pedido, com uma proposta irrecusável: os jogadores trocavam as duas caixas de vinho (uma de tinto, outra de branco) que a Câmara Municipal nos tinha dado, pela autorização de uma noite livre. Antes da saída, agarrámos nas caixas todas (eram umas 40) e pusemo-las, emparedadas, junto à porta do quarto dele. Não agradeceu, não recriminou, manteve apenas o ar senhorial do costume, como se nada tivesse acontecido.


RECORD – É uma boa imagem do que era no dia-a-dia?


PIETRA – Em certas coisas. Ele gostava da noite e os treinos eram quase sempre à tarde. Um dia marcou uma sessão para de manhã; apareceu toda a equipa menos ele, que veio à tarde. Não deu parte de fraco e disse que tínhamos sido nós todos a perceber mal.


DIAMANTINO – O Tozé, que veio do Torreense, quando se atrasava vinha da cabina sempre muito bem disposto; chegava ao pé dele e dizia-lhe: "Mister, não é uma garrafa, é um garrafão." Csernai sorria, agarrava-se a ele e, pronto, estava tudo resolvido.


PIETRA – O homem gostava da pinga e era tão amigo do Pedro, que o rapaz apanhou uma hepatite. O miúdo só bebia leite, águas e sumos naturais; como andava sempre com Csernai e este o obrigava a beber o mesmo que ele, desgraçou o rapaz: ao fim de meses a experimentar vinhos, aguardentes, conhaques e uísques o fígado deu de si.


Pietra: «Não demos a táctica»


RECORD - Como nasceu a ideia segundo a qual quem fez a equipa foi o Pietra e o Carlos Manuel?


PIETRA – Estávamos em estágio e o Csernai mandou o Pedro Magro chamar-nos. O Toni também foi connosco mas, quando chegámos ao pé do homem, ele apontou para o adjunto e fez-lhe sinal para sair dali. E começou por nos pedir opinião sobre a equipa que devia jogar com o FC Porto.


RECORD – E vocês deram-na...


PIETRA – Ele já levava o onze e nós apenas fizemos o que ele pediu: demos opinião. Basicamente, discordámos da colocação do José Luís a trinco, em detrimento do Shéu.


RECORD - Mas isso não tinha sido habitual durante toda a época?


PIETRA – É verdade, o Shéu tinha jogado muito pouco. Mas, por acaso ou não, actuou frente ao FC Porto e fez uma grande exibição.


Carlos Manuel: «Sugerimos o Shéu»

Carlos Manuel, ausente no estrangeiro, recordou o jogo decisivo da época 1984/85: "Em pleno estágio para a final, eu e o Pietra fomos chamados por Csernai. Queria saber a opinião sobre a equipa que escolhera. Disse os onze nomes e, no fim, apenas sugerimos o Shéu como titular – ele queria pôr o José Luís a trinco. Não saímos de lá muito convencidos de que nos iria fazer a vontade. Mas fez. Foi um tempo difícil. Os dirigentes estavam-se nas tintas para o futebol, só falavam em obras, cimento e terceiro anel. No meio da confusão, num clube deprimido pelas saídas de Eriksson, Chalana e Stromberg, chegou um treinador peculiar e distante, cuja dureza foi mais sentida por vocês, jornalistas. Para relativizar o impacto na relação com a equipa, valeu a presença do Pedro Magro como intérprete, com quem estabelecemos uma relação espectacular – já nos perdoou algumas judiarias engraçadas que lhe fizemos. Ah, e ainda apanhou uma hepatite, por ter sido obrigado a beber aquilo que o outro lhe impingia."
http://www.record.xl.pt/Futebol/Nacional/taca_portugal/interior.aspx?content_id=197419

MOZ

"PIETRA – Eh pá, um tipo que aos 18 anos, em plena II Guerra Mundial, foge da Hungria para se ir meter na Alemanha não pode regular bem da cabeça."

lindo!

Dejavu_Text

O Toni hoje lembrou este senhor na entrevista Record,pelas palavras do Toni foi um castigo ser adjunto dele.

Shoky



Darkboy


Sum41


L3GEND


Dandy









   Um ícone da minha meninice.

   Oh vida vã e frágil!






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Muitas peripécias com este senhor e a sua passagem pelo Benfica.

Que descanse em Paz.

Dandy

Citação de: fabioxleite em 04 de Setembro de 2012, 23:34
"PIETRA – Eh pá, um tipo que aos 18 anos, em plena II Guerra Mundial, foge da Hungria para se ir meter na Alemanha não pode regular bem da cabeça."

lindo!




   Ou isso ou ser simpatizante nazi...