As Finanças do Benfica

BERNA_1961

Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 13:53
Vou publicar isto aqui, porque me parece relevante neste tópico.


Citação de: yerlow em 02 de Janeiro de 2023, 06:17
Citação de: _JonasThern_ em 02 de Janeiro de 2023, 01:12
O que é escabroso no meio disto tudo é o Benfica ter 2 das 5 transferências mais caras de sempre da história do futebol, sendo que foram feitas nos últimos 3 anos, e ainda assim não dominar como quer o futebol português.

E ainda ter 430M€ de passivo.

Este argumento do Passivo é um argumento que vejo repetido de forma recorrente e que acho que deve ser explicado, porque é enganador. Não vou dizer que não houve aproveitamento, pelo menos de Luís Filipe Vieira, porque é óbvio que houve. O Ministério Público confirmou as suspeitas que há muito tempo havia. Mas mesmo assim há uma ideia errada da forma como o Benfica tem sido gerido, nomeadamente sobre o Passivo e sobre as vendas milionárias do clube que mesmo assim não emagreceram (à primeira vista) o Passivo. Passo a explicar:

O Passivo desde logo é muito diferente do que era. Vou comparar o passivo actual com o pior passivo, dos últimos 10 anos, o passivo de 2013-14.

Nessa altura, o Benfica tinha um Passivo de 449 milhões. Desses 449 milhões, 317 milhões eram empréstimos, e à volta de 70-72 milhões eram dívidas relativas a passes de jogadores. E na altura, o Benfica tinha cerca de 47 milhões a receber de dividas de outros clubes pelos seus jogadores.

Hoje, o Passivo do Benfica é de 424 milhões, dos quais 171 milhões são empréstimos, 126 são dividas a outros clubes pelos seus jogadores, e há 115 milhões a receber de dívidas de outros clubes ao Benfica.

Qual é a grande diferença aqui? Em grande parte, o adiantamento da NOS. São 66 milhões de adiantamento da NOS que o Benfica tem registado no Passivo sobre o qual não terá qualquer encargo, apenas não vai receber metade do dinheiro.

Convém também dizer que devido ao reforço do plantel tanto no ano de 2020 como neste ano, a situação económica do Benfica piorou. O nosso passivo, nomedamente os valores em empréstimos, era signficativamente mais baixo em 2019 (cerca de 50-60 milhões).

Tudo isto vem relativamente bem resumido neste gráfico aqui. O gráfico da dívida líquida:



A dívida liquida do Benfica baixou em 100 milhões neste oito anos. E antes do all-in por causa do Jorge Jesus e das correções feitas este ano, até tinha baixado 160 milhões. Os valores do Passivo são mais ou menos os mesmos, mas o que está no passivo é bastante diferente do que estava em 2014. Ter passivo por si só não é uma coisa má, especialmente quando não se tem custos extras com o Passivo e quando o Activo evolui em sintonia. O impacto que estes 100 milhões tem no que pagamos juros é monumental. Estamos a falar na pior das hipóteses de uma poupança de 3-4 milhões por ano. O que num espaço de 10 anos, são 30-40 milhões (e reforço: na pior das hipóteses).

Há outro ponto que é constantemente ignorado. É que o Passivo não diminuiu (à primeira vista porque a estrutura do Passivo é bastante diferente), mas o Activo explodiu. O Activo do Benfica subiu 170 milhões nesse espaço de tempo. O clube saiu de uma situação de falência técnica (capital próprio negativo) para uma situação de um capital próprio 109 milhões (que em 2020, antes do all-in no Jorge Jessus, era de 161 milhões).

Agora, estabelecendo que o Passivo é hoje bastante mais baixo, pela sua estrutura, do que era em 2014, e que o Activo subiu muito significativamente neste período, é importante também notar a situação do Benfica.

A frase "os clubes portugueses estão obrigados a vender" não é uma frase feita. O Benfica, sem a venda dos jogadores, tem sistematicamente prejuízos anuais. E sempre na ordem dos 30-40 milhões todos os anos (a contar com amortizações de atletas, sem contar com amortizações é sempre na ordem dos 5-10 milhões). O Benfica precisa de vender jogadores para no final do ano ter dinheiro para pagar o que falta pagar de salários aos seus jogadores e as restantes despesas. A receita das Champions League, as transmissões televisivas, os patrocinadores e a bilhética, em praticamente todos os anos na última década não deram para cobrir as despesas anuais do clube.

E podemos todos alegar que isto é má gestão. Que também é. Mas não podemos acreditar que todas as decisões vão ser sempre as melhores, porque todos os clubes tomam péssimas decisões todos os anos e mesmo nós se lá estivessemos também iríamos tomar. A meu ver, que não é uma ideia só minha mas que vejo várias vezes explicada por aqui, o Benfica tem que baixar muito significativamente a massa salarial, apostar nos jovens (que têm salários muito mais baixos) de forma a  baixar as suas despesas anuais a um ponto que o clube deixe de estar obrigado a vender, para estar obrigado a negociar.

Perante esta Champions League que permite clubes com massas salariais de 700 milhões possam competir com clubes com massas salariais de 100 milhões (como o Benfica) ou ainda menos (como outros clubes), o Benfica vai ser sempre um clube vendedor. Sempre. Vai sempre haver clubes dispostos a pagar mais aos nossos jogadores e os nossos jogadores vão sempre querer sair do Benfica por isso. A questão é que quando estamos obrigados a vender, aceitamos o que nos dão. Quando estamos obrigados a negociar, podemos explorar, vender por mais, vender menos vezes. Vender por mais e vender menos, vai sempre gerar pressão dos agentes para pagar melhores salários e deteriorar a nossa situação ecónomica. É uma pescadinha de rabo na boca.

É nesta situação que estamos. Logo, sim, o Passivo em oito anos não baixou muito. Mas esse argumento é bastante fraco, a meu ver. Nunca votei em Luís Filipe Vieira ou no Rui Costa. Apoiei, publicamente, o João Noronha Lopes.
Excelente contributo.
Parabéns pela analise.

lmoutad

Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 13:53
Vou publicar isto aqui, porque me parece relevante neste tópico.


Citação de: yerlow em 02 de Janeiro de 2023, 06:17
Citação de: _JonasThern_ em 02 de Janeiro de 2023, 01:12
O que é escabroso no meio disto tudo é o Benfica ter 2 das 5 transferências mais caras de sempre da história do futebol, sendo que foram feitas nos últimos 3 anos, e ainda assim não dominar como quer o futebol português.

E ainda ter 430M€ de passivo.

Este argumento do Passivo é um argumento que vejo repetido de forma recorrente e que acho que deve ser explicado, porque é enganador. Não vou dizer que não houve aproveitamento, pelo menos de Luís Filipe Vieira, porque é óbvio que houve. O Ministério Público confirmou as suspeitas que há muito tempo havia. Mas mesmo assim há uma ideia errada da forma como o Benfica tem sido gerido, nomeadamente sobre o Passivo e sobre as vendas milionárias do clube que mesmo assim não emagreceram (à primeira vista) o Passivo. Passo a explicar:

O Passivo desde logo é muito diferente do que era. Vou comparar o passivo actual com o pior passivo, dos últimos 10 anos, o passivo de 2013-14.

Nessa altura, o Benfica tinha um Passivo de 449 milhões. Desses 449 milhões, 317 milhões eram empréstimos, e à volta de 70-72 milhões eram dívidas relativas a passes de jogadores. E na altura, o Benfica tinha cerca de 47 milhões a receber de dividas de outros clubes pelos seus jogadores.

Hoje, o Passivo do Benfica é de 424 milhões, dos quais 171 milhões são empréstimos, 126 são dividas a outros clubes pelos seus jogadores, e há 115 milhões a receber de dívidas de outros clubes ao Benfica.

Qual é a grande diferença aqui? Em grande parte, o adiantamento da NOS. São 66 milhões de adiantamento da NOS que o Benfica tem registado no Passivo sobre o qual não terá qualquer encargo, apenas não vai receber metade do dinheiro.

Convém também dizer que devido ao reforço do plantel tanto no ano de 2020 como neste ano, a situação económica do Benfica piorou. O nosso passivo, nomedamente os valores em empréstimos, era signficativamente mais baixo em 2019 (cerca de 50-60 milhões).

Tudo isto vem relativamente bem resumido neste gráfico aqui. O gráfico da dívida líquida:



A dívida liquida do Benfica baixou em 100 milhões neste oito anos. E antes do all-in por causa do Jorge Jesus e das correções feitas este ano, até tinha baixado 160 milhões. Os valores do Passivo são mais ou menos os mesmos, mas o que está no passivo é bastante diferente do que estava em 2014. Ter passivo por si só não é uma coisa má, especialmente quando não se tem custos extras com o Passivo e quando o Activo evolui em sintonia. O impacto que estes 100 milhões tem no que pagamos juros é monumental. Estamos a falar na pior das hipóteses de uma poupança de 3-4 milhões por ano. O que num espaço de 10 anos, são 30-40 milhões (e reforço: na pior das hipóteses).

Há outro ponto que é constantemente ignorado. É que o Passivo não diminuiu (à primeira vista porque a estrutura do Passivo é bastante diferente), mas o Activo explodiu. O Activo do Benfica subiu 170 milhões nesse espaço de tempo. O clube saiu de uma situação de falência técnica (capital próprio negativo) para uma situação de um capital próprio 109 milhões (que em 2020, antes do all-in no Jorge Jessus, era de 161 milhões).

Agora, estabelecendo que o Passivo é hoje bastante mais baixo, pela sua estrutura, do que era em 2014, e que o Activo subiu muito significativamente neste período, é importante também notar a situação do Benfica.

A frase "os clubes portugueses estão obrigados a vender" não é uma frase feita. O Benfica, sem a venda dos jogadores, tem sistematicamente prejuízos anuais. E sempre na ordem dos 30-40 milhões todos os anos (a contar com amortizações de atletas, sem contar com amortizações é sempre na ordem dos 5-10 milhões). O Benfica precisa de vender jogadores para no final do ano ter dinheiro para pagar o que falta pagar de salários aos seus jogadores e as restantes despesas. A receita das Champions League, as transmissões televisivas, os patrocinadores e a bilhética, em praticamente todos os anos na última década não deram para cobrir as despesas anuais do clube.

E podemos todos alegar que isto é má gestão. Que também é. Mas não podemos acreditar que todas as decisões vão ser sempre as melhores, porque todos os clubes tomam péssimas decisões todos os anos e mesmo nós se lá estivessemos também iríamos tomar. A meu ver, que não é uma ideia só minha mas que vejo várias vezes explicada por aqui, o Benfica tem que baixar muito significativamente a massa salarial, apostar nos jovens (que têm salários muito mais baixos) de forma a  baixar as suas despesas anuais a um ponto que o clube deixe de estar obrigado a vender, para estar obrigado a negociar.

Perante esta Champions League que permite clubes com massas salariais de 700 milhões possam competir com clubes com massas salariais de 100 milhões (como o Benfica) ou ainda menos (como outros clubes), o Benfica vai ser sempre um clube vendedor. Sempre. Vai sempre haver clubes dispostos a pagar mais aos nossos jogadores e os nossos jogadores vão sempre querer sair do Benfica por isso. A questão é que quando estamos obrigados a vender, aceitamos o que nos dão. Quando estamos obrigados a negociar, podemos explorar, vender por mais, vender menos vezes. Vender por mais e vender menos, vai sempre gerar pressão dos agentes para pagar melhores salários e deteriorar a nossa situação ecónomica. É uma pescadinha de rabo na boca.

É nesta situação que estamos. Logo, sim, o Passivo em oito anos não baixou muito. Mas esse argumento é bastante fraco, a meu ver. Nunca votei em Luís Filipe Vieira ou no Rui Costa. Apoiei, publicamente, o João Noronha Lopes.

Parabéns pelo teu comentário, extremamente esclarecedor e objetivo.

Às vezes é o que nos falta (porque analisamos tudo com emoção e não objetividade).

Uma discussão interessante será a forma como o Benfica se poderá sentir algo penalizado por ser o "bom aluno", já que os nossos rivais têm tido uma gestão muito mais errática que por vezes é compensatória (perdões de dívida e cosmética contabilística).

kidd

Muito bem analisado...da que pensar...

R3nas

Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 13:53
Vou publicar isto aqui, porque me parece relevante neste tópico.


Citação de: yerlow em 02 de Janeiro de 2023, 06:17
Citação de: _JonasThern_ em 02 de Janeiro de 2023, 01:12
O que é escabroso no meio disto tudo é o Benfica ter 2 das 5 transferências mais caras de sempre da história do futebol, sendo que foram feitas nos últimos 3 anos, e ainda assim não dominar como quer o futebol português.

E ainda ter 430M€ de passivo.

Este argumento do Passivo é um argumento que vejo repetido de forma recorrente e que acho que deve ser explicado, porque é enganador. Não vou dizer que não houve aproveitamento, pelo menos de Luís Filipe Vieira, porque é óbvio que houve. O Ministério Público confirmou as suspeitas que há muito tempo havia. Mas mesmo assim há uma ideia errada da forma como o Benfica tem sido gerido, nomeadamente sobre o Passivo e sobre as vendas milionárias do clube que mesmo assim não emagreceram (à primeira vista) o Passivo. Passo a explicar:

O Passivo desde logo é muito diferente do que era. Vou comparar o passivo actual com o pior passivo, dos últimos 10 anos, o passivo de 2013-14.

Nessa altura, o Benfica tinha um Passivo de 449 milhões. Desses 449 milhões, 317 milhões eram empréstimos, e à volta de 70-72 milhões eram dívidas relativas a passes de jogadores. E na altura, o Benfica tinha cerca de 47 milhões a receber de dividas de outros clubes pelos seus jogadores.

Hoje, o Passivo do Benfica é de 424 milhões, dos quais 171 milhões são empréstimos, 126 são dividas a outros clubes pelos seus jogadores, e há 115 milhões a receber de dívidas de outros clubes ao Benfica.

Qual é a grande diferença aqui? Em grande parte, o adiantamento da NOS. São 66 milhões de adiantamento da NOS que o Benfica tem registado no Passivo sobre o qual não terá qualquer encargo, apenas não vai receber metade do dinheiro.

Convém também dizer que devido ao reforço do plantel tanto no ano de 2020 como neste ano, a situação económica do Benfica piorou. O nosso passivo, nomedamente os valores em empréstimos, era signficativamente mais baixo em 2019 (cerca de 50-60 milhões).

Tudo isto vem relativamente bem resumido neste gráfico aqui. O gráfico da dívida líquida:



A dívida liquida do Benfica baixou em 100 milhões neste oito anos. E antes do all-in por causa do Jorge Jesus e das correções feitas este ano, até tinha baixado 160 milhões. Os valores do Passivo são mais ou menos os mesmos, mas o que está no passivo é bastante diferente do que estava em 2014. Ter passivo por si só não é uma coisa má, especialmente quando não se tem custos extras com o Passivo e quando o Activo evolui em sintonia. O impacto que estes 100 milhões tem no que pagamos juros é monumental. Estamos a falar na pior das hipóteses de uma poupança de 3-4 milhões por ano. O que num espaço de 10 anos, são 30-40 milhões (e reforço: na pior das hipóteses).

Há outro ponto que é constantemente ignorado. É que o Passivo não diminuiu (à primeira vista porque a estrutura do Passivo é bastante diferente), mas o Activo explodiu. O Activo do Benfica subiu 170 milhões nesse espaço de tempo. O clube saiu de uma situação de falência técnica (capital próprio negativo) para uma situação de um capital próprio 109 milhões (que em 2020, antes do all-in no Jorge Jessus, era de 161 milhões).

Agora, estabelecendo que o Passivo é hoje bastante mais baixo, pela sua estrutura, do que era em 2014, e que o Activo subiu muito significativamente neste período, é importante também notar a situação do Benfica.

A frase "os clubes portugueses estão obrigados a vender" não é uma frase feita. O Benfica, sem a venda dos jogadores, tem sistematicamente prejuízos anuais. E sempre na ordem dos 30-40 milhões todos os anos (a contar com amortizações de atletas, sem contar com amortizações é sempre na ordem dos 5-10 milhões). O Benfica precisa de vender jogadores para no final do ano ter dinheiro para pagar o que falta pagar de salários aos seus jogadores e as restantes despesas. A receita das Champions League, as transmissões televisivas, os patrocinadores e a bilhética, em praticamente todos os anos na última década não deram para cobrir as despesas anuais do clube.

E podemos todos alegar que isto é má gestão. Que também é. Mas não podemos acreditar que todas as decisões vão ser sempre as melhores, porque todos os clubes tomam péssimas decisões todos os anos e mesmo nós se lá estivessemos também iríamos tomar. A meu ver, que não é uma ideia só minha mas que vejo várias vezes explicada por aqui, o Benfica tem que baixar muito significativamente a massa salarial, apostar nos jovens (que têm salários muito mais baixos) de forma a  baixar as suas despesas anuais a um ponto que o clube deixe de estar obrigado a vender, para estar obrigado a negociar.

Perante esta Champions League que permite clubes com massas salariais de 700 milhões possam competir com clubes com massas salariais de 100 milhões (como o Benfica) ou ainda menos (como outros clubes), o Benfica vai ser sempre um clube vendedor. Sempre. Vai sempre haver clubes dispostos a pagar mais aos nossos jogadores e os nossos jogadores vão sempre querer sair do Benfica por isso. A questão é que quando estamos obrigados a vender, aceitamos o que nos dão. Quando estamos obrigados a negociar, podemos explorar, vender por mais, vender menos vezes. Vender por mais e vender menos, vai sempre gerar pressão dos agentes para pagar melhores salários e deteriorar a nossa situação ecónomica. É uma pescadinha de rabo na boca.

É nesta situação que estamos. Logo, sim, o Passivo em oito anos não baixou muito. Mas esse argumento é bastante fraco, a meu ver. Nunca votei em Luís Filipe Vieira ou no Rui Costa. Apoiei, publicamente, o João Noronha Lopes.


Faltou dizer:

É imperativo incrementar e acrescentar receitas operacionais, pois é aí que se pode ver a dimensão de clube que ainda não conseguimos capitalizar.

Para isso é preciso gente competente e com visão, que também não temos.

DB4700

Citação de: R3nas em 02 de Janeiro de 2023, 16:35
Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 13:53
Vou publicar isto aqui, porque me parece relevante neste tópico.


Citação de: yerlow em 02 de Janeiro de 2023, 06:17
Citação de: _JonasThern_ em 02 de Janeiro de 2023, 01:12
O que é escabroso no meio disto tudo é o Benfica ter 2 das 5 transferências mais caras de sempre da história do futebol, sendo que foram feitas nos últimos 3 anos, e ainda assim não dominar como quer o futebol português.

E ainda ter 430M€ de passivo.

Este argumento do Passivo é um argumento que vejo repetido de forma recorrente e que acho que deve ser explicado, porque é enganador. Não vou dizer que não houve aproveitamento, pelo menos de Luís Filipe Vieira, porque é óbvio que houve. O Ministério Público confirmou as suspeitas que há muito tempo havia. Mas mesmo assim há uma ideia errada da forma como o Benfica tem sido gerido, nomeadamente sobre o Passivo e sobre as vendas milionárias do clube que mesmo assim não emagreceram (à primeira vista) o Passivo. Passo a explicar:

O Passivo desde logo é muito diferente do que era. Vou comparar o passivo actual com o pior passivo, dos últimos 10 anos, o passivo de 2013-14.

Nessa altura, o Benfica tinha um Passivo de 449 milhões. Desses 449 milhões, 317 milhões eram empréstimos, e à volta de 70-72 milhões eram dívidas relativas a passes de jogadores. E na altura, o Benfica tinha cerca de 47 milhões a receber de dividas de outros clubes pelos seus jogadores.

Hoje, o Passivo do Benfica é de 424 milhões, dos quais 171 milhões são empréstimos, 126 são dividas a outros clubes pelos seus jogadores, e há 115 milhões a receber de dívidas de outros clubes ao Benfica.

Qual é a grande diferença aqui? Em grande parte, o adiantamento da NOS. São 66 milhões de adiantamento da NOS que o Benfica tem registado no Passivo sobre o qual não terá qualquer encargo, apenas não vai receber metade do dinheiro.

Convém também dizer que devido ao reforço do plantel tanto no ano de 2020 como neste ano, a situação económica do Benfica piorou. O nosso passivo, nomedamente os valores em empréstimos, era signficativamente mais baixo em 2019 (cerca de 50-60 milhões).

Tudo isto vem relativamente bem resumido neste gráfico aqui. O gráfico da dívida líquida:



A dívida liquida do Benfica baixou em 100 milhões neste oito anos. E antes do all-in por causa do Jorge Jesus e das correções feitas este ano, até tinha baixado 160 milhões. Os valores do Passivo são mais ou menos os mesmos, mas o que está no passivo é bastante diferente do que estava em 2014. Ter passivo por si só não é uma coisa má, especialmente quando não se tem custos extras com o Passivo e quando o Activo evolui em sintonia. O impacto que estes 100 milhões tem no que pagamos juros é monumental. Estamos a falar na pior das hipóteses de uma poupança de 3-4 milhões por ano. O que num espaço de 10 anos, são 30-40 milhões (e reforço: na pior das hipóteses).

Há outro ponto que é constantemente ignorado. É que o Passivo não diminuiu (à primeira vista porque a estrutura do Passivo é bastante diferente), mas o Activo explodiu. O Activo do Benfica subiu 170 milhões nesse espaço de tempo. O clube saiu de uma situação de falência técnica (capital próprio negativo) para uma situação de um capital próprio 109 milhões (que em 2020, antes do all-in no Jorge Jessus, era de 161 milhões).

Agora, estabelecendo que o Passivo é hoje bastante mais baixo, pela sua estrutura, do que era em 2014, e que o Activo subiu muito significativamente neste período, é importante também notar a situação do Benfica.

A frase "os clubes portugueses estão obrigados a vender" não é uma frase feita. O Benfica, sem a venda dos jogadores, tem sistematicamente prejuízos anuais. E sempre na ordem dos 30-40 milhões todos os anos (a contar com amortizações de atletas, sem contar com amortizações é sempre na ordem dos 5-10 milhões). O Benfica precisa de vender jogadores para no final do ano ter dinheiro para pagar o que falta pagar de salários aos seus jogadores e as restantes despesas. A receita das Champions League, as transmissões televisivas, os patrocinadores e a bilhética, em praticamente todos os anos na última década não deram para cobrir as despesas anuais do clube.

E podemos todos alegar que isto é má gestão. Que também é. Mas não podemos acreditar que todas as decisões vão ser sempre as melhores, porque todos os clubes tomam péssimas decisões todos os anos e mesmo nós se lá estivessemos também iríamos tomar. A meu ver, que não é uma ideia só minha mas que vejo várias vezes explicada por aqui, o Benfica tem que baixar muito significativamente a massa salarial, apostar nos jovens (que têm salários muito mais baixos) de forma a  baixar as suas despesas anuais a um ponto que o clube deixe de estar obrigado a vender, para estar obrigado a negociar.

Perante esta Champions League que permite clubes com massas salariais de 700 milhões possam competir com clubes com massas salariais de 100 milhões (como o Benfica) ou ainda menos (como outros clubes), o Benfica vai ser sempre um clube vendedor. Sempre. Vai sempre haver clubes dispostos a pagar mais aos nossos jogadores e os nossos jogadores vão sempre querer sair do Benfica por isso. A questão é que quando estamos obrigados a vender, aceitamos o que nos dão. Quando estamos obrigados a negociar, podemos explorar, vender por mais, vender menos vezes. Vender por mais e vender menos, vai sempre gerar pressão dos agentes para pagar melhores salários e deteriorar a nossa situação ecónomica. É uma pescadinha de rabo na boca.

É nesta situação que estamos. Logo, sim, o Passivo em oito anos não baixou muito. Mas esse argumento é bastante fraco, a meu ver. Nunca votei em Luís Filipe Vieira ou no Rui Costa. Apoiei, publicamente, o João Noronha Lopes.


Faltou dizer:

É imperativo incrementar e acrescentar receitas operacionais, pois é aí que se pode ver a dimensão de clube que ainda não conseguimos capitalizar.

Para isso é preciso gente competente e com visão, que também não temos.

Pois, eu aí acho que o Benfica está espremido ao máximo. Não me parece que haja muita margem para aumentar as receitas televisivas, visto que o benfiquista já paga 50€/mês para ver os jogos das transmissões. A nível de bilhética todos os anos os preços sobem e a malta já se queixa o suficiente. Podemos falar de patrocinios, que é onde de facto podemos aumentar um pouco mais, mas a verdade é que isso é uma percentagem residual do bolo que fazemos. Logo, aumentar as receitas operacionais é algo fácil de dizer, mas não muito fácil de concretizar.

paulomaia1972

Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 16:40
Citação de: R3nas em 02 de Janeiro de 2023, 16:35
Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 13:53
Vou publicar isto aqui, porque me parece relevante neste tópico.


Citação de: yerlow em 02 de Janeiro de 2023, 06:17
Citação de: _JonasThern_ em 02 de Janeiro de 2023, 01:12
O que é escabroso no meio disto tudo é o Benfica ter 2 das 5 transferências mais caras de sempre da história do futebol, sendo que foram feitas nos últimos 3 anos, e ainda assim não dominar como quer o futebol português.

E ainda ter 430M€ de passivo.

Este argumento do Passivo é um argumento que vejo repetido de forma recorrente e que acho que deve ser explicado, porque é enganador. Não vou dizer que não houve aproveitamento, pelo menos de Luís Filipe Vieira, porque é óbvio que houve. O Ministério Público confirmou as suspeitas que há muito tempo havia. Mas mesmo assim há uma ideia errada da forma como o Benfica tem sido gerido, nomeadamente sobre o Passivo e sobre as vendas milionárias do clube que mesmo assim não emagreceram (à primeira vista) o Passivo. Passo a explicar:

O Passivo desde logo é muito diferente do que era. Vou comparar o passivo actual com o pior passivo, dos últimos 10 anos, o passivo de 2013-14.

Nessa altura, o Benfica tinha um Passivo de 449 milhões. Desses 449 milhões, 317 milhões eram empréstimos, e à volta de 70-72 milhões eram dívidas relativas a passes de jogadores. E na altura, o Benfica tinha cerca de 47 milhões a receber de dividas de outros clubes pelos seus jogadores.

Hoje, o Passivo do Benfica é de 424 milhões, dos quais 171 milhões são empréstimos, 126 são dividas a outros clubes pelos seus jogadores, e há 115 milhões a receber de dívidas de outros clubes ao Benfica.

Qual é a grande diferença aqui? Em grande parte, o adiantamento da NOS. São 66 milhões de adiantamento da NOS que o Benfica tem registado no Passivo sobre o qual não terá qualquer encargo, apenas não vai receber metade do dinheiro.

Convém também dizer que devido ao reforço do plantel tanto no ano de 2020 como neste ano, a situação económica do Benfica piorou. O nosso passivo, nomedamente os valores em empréstimos, era signficativamente mais baixo em 2019 (cerca de 50-60 milhões).

Tudo isto vem relativamente bem resumido neste gráfico aqui. O gráfico da dívida líquida:



A dívida liquida do Benfica baixou em 100 milhões neste oito anos. E antes do all-in por causa do Jorge Jesus e das correções feitas este ano, até tinha baixado 160 milhões. Os valores do Passivo são mais ou menos os mesmos, mas o que está no passivo é bastante diferente do que estava em 2014. Ter passivo por si só não é uma coisa má, especialmente quando não se tem custos extras com o Passivo e quando o Activo evolui em sintonia. O impacto que estes 100 milhões tem no que pagamos juros é monumental. Estamos a falar na pior das hipóteses de uma poupança de 3-4 milhões por ano. O que num espaço de 10 anos, são 30-40 milhões (e reforço: na pior das hipóteses).

Há outro ponto que é constantemente ignorado. É que o Passivo não diminuiu (à primeira vista porque a estrutura do Passivo é bastante diferente), mas o Activo explodiu. O Activo do Benfica subiu 170 milhões nesse espaço de tempo. O clube saiu de uma situação de falência técnica (capital próprio negativo) para uma situação de um capital próprio 109 milhões (que em 2020, antes do all-in no Jorge Jessus, era de 161 milhões).

Agora, estabelecendo que o Passivo é hoje bastante mais baixo, pela sua estrutura, do que era em 2014, e que o Activo subiu muito significativamente neste período, é importante também notar a situação do Benfica.

A frase "os clubes portugueses estão obrigados a vender" não é uma frase feita. O Benfica, sem a venda dos jogadores, tem sistematicamente prejuízos anuais. E sempre na ordem dos 30-40 milhões todos os anos (a contar com amortizações de atletas, sem contar com amortizações é sempre na ordem dos 5-10 milhões). O Benfica precisa de vender jogadores para no final do ano ter dinheiro para pagar o que falta pagar de salários aos seus jogadores e as restantes despesas. A receita das Champions League, as transmissões televisivas, os patrocinadores e a bilhética, em praticamente todos os anos na última década não deram para cobrir as despesas anuais do clube.

E podemos todos alegar que isto é má gestão. Que também é. Mas não podemos acreditar que todas as decisões vão ser sempre as melhores, porque todos os clubes tomam péssimas decisões todos os anos e mesmo nós se lá estivessemos também iríamos tomar. A meu ver, que não é uma ideia só minha mas que vejo várias vezes explicada por aqui, o Benfica tem que baixar muito significativamente a massa salarial, apostar nos jovens (que têm salários muito mais baixos) de forma a  baixar as suas despesas anuais a um ponto que o clube deixe de estar obrigado a vender, para estar obrigado a negociar.

Perante esta Champions League que permite clubes com massas salariais de 700 milhões possam competir com clubes com massas salariais de 100 milhões (como o Benfica) ou ainda menos (como outros clubes), o Benfica vai ser sempre um clube vendedor. Sempre. Vai sempre haver clubes dispostos a pagar mais aos nossos jogadores e os nossos jogadores vão sempre querer sair do Benfica por isso. A questão é que quando estamos obrigados a vender, aceitamos o que nos dão. Quando estamos obrigados a negociar, podemos explorar, vender por mais, vender menos vezes. Vender por mais e vender menos, vai sempre gerar pressão dos agentes para pagar melhores salários e deteriorar a nossa situação ecónomica. É uma pescadinha de rabo na boca.

É nesta situação que estamos. Logo, sim, o Passivo em oito anos não baixou muito. Mas esse argumento é bastante fraco, a meu ver. Nunca votei em Luís Filipe Vieira ou no Rui Costa. Apoiei, publicamente, o João Noronha Lopes.


Faltou dizer:

É imperativo incrementar e acrescentar receitas operacionais, pois é aí que se pode ver a dimensão de clube que ainda não conseguimos capitalizar.

Para isso é preciso gente competente e com visão, que também não temos.

Pois, eu aí acho que o Benfica está espremido ao máximo. Não me parece que haja muita margem para aumentar as receitas televisivas, visto que o benfiquista já paga 50€/mês para ver os jogos das transmissões. A nível de bilhética todos os anos os preços sobem e a malta já se queixa o suficiente. Podemos falar de patrocinios, que é onde de facto podemos aumentar um pouco mais, mas a verdade é que isso é uma percentagem residual do bolo que fazemos. Logo, aumentar as receitas operacionais é algo fácil de dizer, mas não muito fácil de concretizar.

as receitas operacionais só têm margem para subir se obtivermos melhores prestações na Europa.

DB4700

Citação de: paulomaia1972 em 02 de Janeiro de 2023, 16:43
Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 16:40
Citação de: R3nas em 02 de Janeiro de 2023, 16:35
Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 13:53
Vou publicar isto aqui, porque me parece relevante neste tópico.


Citação de: yerlow em 02 de Janeiro de 2023, 06:17
Citação de: _JonasThern_ em 02 de Janeiro de 2023, 01:12
O que é escabroso no meio disto tudo é o Benfica ter 2 das 5 transferências mais caras de sempre da história do futebol, sendo que foram feitas nos últimos 3 anos, e ainda assim não dominar como quer o futebol português.

E ainda ter 430M€ de passivo.

Este argumento do Passivo é um argumento que vejo repetido de forma recorrente e que acho que deve ser explicado, porque é enganador. Não vou dizer que não houve aproveitamento, pelo menos de Luís Filipe Vieira, porque é óbvio que houve. O Ministério Público confirmou as suspeitas que há muito tempo havia. Mas mesmo assim há uma ideia errada da forma como o Benfica tem sido gerido, nomeadamente sobre o Passivo e sobre as vendas milionárias do clube que mesmo assim não emagreceram (à primeira vista) o Passivo. Passo a explicar:

O Passivo desde logo é muito diferente do que era. Vou comparar o passivo actual com o pior passivo, dos últimos 10 anos, o passivo de 2013-14.

Nessa altura, o Benfica tinha um Passivo de 449 milhões. Desses 449 milhões, 317 milhões eram empréstimos, e à volta de 70-72 milhões eram dívidas relativas a passes de jogadores. E na altura, o Benfica tinha cerca de 47 milhões a receber de dividas de outros clubes pelos seus jogadores.

Hoje, o Passivo do Benfica é de 424 milhões, dos quais 171 milhões são empréstimos, 126 são dividas a outros clubes pelos seus jogadores, e há 115 milhões a receber de dívidas de outros clubes ao Benfica.

Qual é a grande diferença aqui? Em grande parte, o adiantamento da NOS. São 66 milhões de adiantamento da NOS que o Benfica tem registado no Passivo sobre o qual não terá qualquer encargo, apenas não vai receber metade do dinheiro.

Convém também dizer que devido ao reforço do plantel tanto no ano de 2020 como neste ano, a situação económica do Benfica piorou. O nosso passivo, nomedamente os valores em empréstimos, era signficativamente mais baixo em 2019 (cerca de 50-60 milhões).

Tudo isto vem relativamente bem resumido neste gráfico aqui. O gráfico da dívida líquida:



A dívida liquida do Benfica baixou em 100 milhões neste oito anos. E antes do all-in por causa do Jorge Jesus e das correções feitas este ano, até tinha baixado 160 milhões. Os valores do Passivo são mais ou menos os mesmos, mas o que está no passivo é bastante diferente do que estava em 2014. Ter passivo por si só não é uma coisa má, especialmente quando não se tem custos extras com o Passivo e quando o Activo evolui em sintonia. O impacto que estes 100 milhões tem no que pagamos juros é monumental. Estamos a falar na pior das hipóteses de uma poupança de 3-4 milhões por ano. O que num espaço de 10 anos, são 30-40 milhões (e reforço: na pior das hipóteses).

Há outro ponto que é constantemente ignorado. É que o Passivo não diminuiu (à primeira vista porque a estrutura do Passivo é bastante diferente), mas o Activo explodiu. O Activo do Benfica subiu 170 milhões nesse espaço de tempo. O clube saiu de uma situação de falência técnica (capital próprio negativo) para uma situação de um capital próprio 109 milhões (que em 2020, antes do all-in no Jorge Jessus, era de 161 milhões).

Agora, estabelecendo que o Passivo é hoje bastante mais baixo, pela sua estrutura, do que era em 2014, e que o Activo subiu muito significativamente neste período, é importante também notar a situação do Benfica.

A frase "os clubes portugueses estão obrigados a vender" não é uma frase feita. O Benfica, sem a venda dos jogadores, tem sistematicamente prejuízos anuais. E sempre na ordem dos 30-40 milhões todos os anos (a contar com amortizações de atletas, sem contar com amortizações é sempre na ordem dos 5-10 milhões). O Benfica precisa de vender jogadores para no final do ano ter dinheiro para pagar o que falta pagar de salários aos seus jogadores e as restantes despesas. A receita das Champions League, as transmissões televisivas, os patrocinadores e a bilhética, em praticamente todos os anos na última década não deram para cobrir as despesas anuais do clube.

E podemos todos alegar que isto é má gestão. Que também é. Mas não podemos acreditar que todas as decisões vão ser sempre as melhores, porque todos os clubes tomam péssimas decisões todos os anos e mesmo nós se lá estivessemos também iríamos tomar. A meu ver, que não é uma ideia só minha mas que vejo várias vezes explicada por aqui, o Benfica tem que baixar muito significativamente a massa salarial, apostar nos jovens (que têm salários muito mais baixos) de forma a  baixar as suas despesas anuais a um ponto que o clube deixe de estar obrigado a vender, para estar obrigado a negociar.

Perante esta Champions League que permite clubes com massas salariais de 700 milhões possam competir com clubes com massas salariais de 100 milhões (como o Benfica) ou ainda menos (como outros clubes), o Benfica vai ser sempre um clube vendedor. Sempre. Vai sempre haver clubes dispostos a pagar mais aos nossos jogadores e os nossos jogadores vão sempre querer sair do Benfica por isso. A questão é que quando estamos obrigados a vender, aceitamos o que nos dão. Quando estamos obrigados a negociar, podemos explorar, vender por mais, vender menos vezes. Vender por mais e vender menos, vai sempre gerar pressão dos agentes para pagar melhores salários e deteriorar a nossa situação ecónomica. É uma pescadinha de rabo na boca.

É nesta situação que estamos. Logo, sim, o Passivo em oito anos não baixou muito. Mas esse argumento é bastante fraco, a meu ver. Nunca votei em Luís Filipe Vieira ou no Rui Costa. Apoiei, publicamente, o João Noronha Lopes.


Faltou dizer:

É imperativo incrementar e acrescentar receitas operacionais, pois é aí que se pode ver a dimensão de clube que ainda não conseguimos capitalizar.

Para isso é preciso gente competente e com visão, que também não temos.

Pois, eu aí acho que o Benfica está espremido ao máximo. Não me parece que haja muita margem para aumentar as receitas televisivas, visto que o benfiquista já paga 50€/mês para ver os jogos das transmissões. A nível de bilhética todos os anos os preços sobem e a malta já se queixa o suficiente. Podemos falar de patrocinios, que é onde de facto podemos aumentar um pouco mais, mas a verdade é que isso é uma percentagem residual do bolo que fazemos. Logo, aumentar as receitas operacionais é algo fácil de dizer, mas não muito fácil de concretizar.

as receitas operacionais só têm margem para subir se obtivermos melhores prestações na Europa.

ok é um argumento legitimo. mas repara: não se pode criar uma máquina à espera de receitas de prestações na Europa. basta haver um ano que coisa corre mal e ficas de imediato com um buraco financeiro na ordem das várias dezenas de milhões de euros. e aí estás de novo obrigado a vender. isto aconteceu connosco no 1º ano do JJ onde vendemos o Rúben Dias a desconto por termos falhado o acesso à Champions League.

Zetuga

Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 16:40
Citação de: R3nas em 02 de Janeiro de 2023, 16:35
Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 13:53
Vou publicar isto aqui, porque me parece relevante neste tópico.


Citação de: yerlow em 02 de Janeiro de 2023, 06:17
Citação de: _JonasThern_ em 02 de Janeiro de 2023, 01:12
O que é escabroso no meio disto tudo é o Benfica ter 2 das 5 transferências mais caras de sempre da história do futebol, sendo que foram feitas nos últimos 3 anos, e ainda assim não dominar como quer o futebol português.

E ainda ter 430M€ de passivo.

Este argumento do Passivo é um argumento que vejo repetido de forma recorrente e que acho que deve ser explicado, porque é enganador. Não vou dizer que não houve aproveitamento, pelo menos de Luís Filipe Vieira, porque é óbvio que houve. O Ministério Público confirmou as suspeitas que há muito tempo havia. Mas mesmo assim há uma ideia errada da forma como o Benfica tem sido gerido, nomeadamente sobre o Passivo e sobre as vendas milionárias do clube que mesmo assim não emagreceram (à primeira vista) o Passivo. Passo a explicar:

O Passivo desde logo é muito diferente do que era. Vou comparar o passivo actual com o pior passivo, dos últimos 10 anos, o passivo de 2013-14.

Nessa altura, o Benfica tinha um Passivo de 449 milhões. Desses 449 milhões, 317 milhões eram empréstimos, e à volta de 70-72 milhões eram dívidas relativas a passes de jogadores. E na altura, o Benfica tinha cerca de 47 milhões a receber de dividas de outros clubes pelos seus jogadores.

Hoje, o Passivo do Benfica é de 424 milhões, dos quais 171 milhões são empréstimos, 126 são dividas a outros clubes pelos seus jogadores, e há 115 milhões a receber de dívidas de outros clubes ao Benfica.

Qual é a grande diferença aqui? Em grande parte, o adiantamento da NOS. São 66 milhões de adiantamento da NOS que o Benfica tem registado no Passivo sobre o qual não terá qualquer encargo, apenas não vai receber metade do dinheiro.

Convém também dizer que devido ao reforço do plantel tanto no ano de 2020 como neste ano, a situação económica do Benfica piorou. O nosso passivo, nomedamente os valores em empréstimos, era signficativamente mais baixo em 2019 (cerca de 50-60 milhões).

Tudo isto vem relativamente bem resumido neste gráfico aqui. O gráfico da dívida líquida:



A dívida liquida do Benfica baixou em 100 milhões neste oito anos. E antes do all-in por causa do Jorge Jesus e das correções feitas este ano, até tinha baixado 160 milhões. Os valores do Passivo são mais ou menos os mesmos, mas o que está no passivo é bastante diferente do que estava em 2014. Ter passivo por si só não é uma coisa má, especialmente quando não se tem custos extras com o Passivo e quando o Activo evolui em sintonia. O impacto que estes 100 milhões tem no que pagamos juros é monumental. Estamos a falar na pior das hipóteses de uma poupança de 3-4 milhões por ano. O que num espaço de 10 anos, são 30-40 milhões (e reforço: na pior das hipóteses).

Há outro ponto que é constantemente ignorado. É que o Passivo não diminuiu (à primeira vista porque a estrutura do Passivo é bastante diferente), mas o Activo explodiu. O Activo do Benfica subiu 170 milhões nesse espaço de tempo. O clube saiu de uma situação de falência técnica (capital próprio negativo) para uma situação de um capital próprio 109 milhões (que em 2020, antes do all-in no Jorge Jessus, era de 161 milhões).

Agora, estabelecendo que o Passivo é hoje bastante mais baixo, pela sua estrutura, do que era em 2014, e que o Activo subiu muito significativamente neste período, é importante também notar a situação do Benfica.

A frase "os clubes portugueses estão obrigados a vender" não é uma frase feita. O Benfica, sem a venda dos jogadores, tem sistematicamente prejuízos anuais. E sempre na ordem dos 30-40 milhões todos os anos (a contar com amortizações de atletas, sem contar com amortizações é sempre na ordem dos 5-10 milhões). O Benfica precisa de vender jogadores para no final do ano ter dinheiro para pagar o que falta pagar de salários aos seus jogadores e as restantes despesas. A receita das Champions League, as transmissões televisivas, os patrocinadores e a bilhética, em praticamente todos os anos na última década não deram para cobrir as despesas anuais do clube.

E podemos todos alegar que isto é má gestão. Que também é. Mas não podemos acreditar que todas as decisões vão ser sempre as melhores, porque todos os clubes tomam péssimas decisões todos os anos e mesmo nós se lá estivessemos também iríamos tomar. A meu ver, que não é uma ideia só minha mas que vejo várias vezes explicada por aqui, o Benfica tem que baixar muito significativamente a massa salarial, apostar nos jovens (que têm salários muito mais baixos) de forma a  baixar as suas despesas anuais a um ponto que o clube deixe de estar obrigado a vender, para estar obrigado a negociar.

Perante esta Champions League que permite clubes com massas salariais de 700 milhões possam competir com clubes com massas salariais de 100 milhões (como o Benfica) ou ainda menos (como outros clubes), o Benfica vai ser sempre um clube vendedor. Sempre. Vai sempre haver clubes dispostos a pagar mais aos nossos jogadores e os nossos jogadores vão sempre querer sair do Benfica por isso. A questão é que quando estamos obrigados a vender, aceitamos o que nos dão. Quando estamos obrigados a negociar, podemos explorar, vender por mais, vender menos vezes. Vender por mais e vender menos, vai sempre gerar pressão dos agentes para pagar melhores salários e deteriorar a nossa situação ecónomica. É uma pescadinha de rabo na boca.

É nesta situação que estamos. Logo, sim, o Passivo em oito anos não baixou muito. Mas esse argumento é bastante fraco, a meu ver. Nunca votei em Luís Filipe Vieira ou no Rui Costa. Apoiei, publicamente, o João Noronha Lopes.


Faltou dizer:

É imperativo incrementar e acrescentar receitas operacionais, pois é aí que se pode ver a dimensão de clube que ainda não conseguimos capitalizar.

Para isso é preciso gente competente e com visão, que também não temos.

Pois, eu aí acho que o Benfica está espremido ao máximo. Não me parece que haja muita margem para aumentar as receitas televisivas, visto que o benfiquista já paga 50€/mês para ver os jogos das transmissões. A nível de bilhética todos os anos os preços sobem e a malta já se queixa o suficiente. Podemos falar de patrocinios, que é onde de facto podemos aumentar um pouco mais, mas a verdade é que isso é uma percentagem residual do bolo que fazemos. Logo, aumentar as receitas operacionais é algo fácil de dizer, mas não muito fácil de concretizar.

Concordo com tudo o que foi dito, menos num ponto: salarios. Nao acho que o Benfica deva reduzir os salarios. Acho que os deve gerir melhor, para poder fomentar dúvidas aos jogadores acerca do timing a sair. Sao os salarios a grande alavanca das vitórias.

DB4700

Citação de: Zetuga em 02 de Janeiro de 2023, 16:49
Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 16:40
Citação de: R3nas em 02 de Janeiro de 2023, 16:35
Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 13:53
Vou publicar isto aqui, porque me parece relevante neste tópico.


Citação de: yerlow em 02 de Janeiro de 2023, 06:17
Citação de: _JonasThern_ em 02 de Janeiro de 2023, 01:12
O que é escabroso no meio disto tudo é o Benfica ter 2 das 5 transferências mais caras de sempre da história do futebol, sendo que foram feitas nos últimos 3 anos, e ainda assim não dominar como quer o futebol português.

E ainda ter 430M€ de passivo.

Este argumento do Passivo é um argumento que vejo repetido de forma recorrente e que acho que deve ser explicado, porque é enganador. Não vou dizer que não houve aproveitamento, pelo menos de Luís Filipe Vieira, porque é óbvio que houve. O Ministério Público confirmou as suspeitas que há muito tempo havia. Mas mesmo assim há uma ideia errada da forma como o Benfica tem sido gerido, nomeadamente sobre o Passivo e sobre as vendas milionárias do clube que mesmo assim não emagreceram (à primeira vista) o Passivo. Passo a explicar:

O Passivo desde logo é muito diferente do que era. Vou comparar o passivo actual com o pior passivo, dos últimos 10 anos, o passivo de 2013-14.

Nessa altura, o Benfica tinha um Passivo de 449 milhões. Desses 449 milhões, 317 milhões eram empréstimos, e à volta de 70-72 milhões eram dívidas relativas a passes de jogadores. E na altura, o Benfica tinha cerca de 47 milhões a receber de dividas de outros clubes pelos seus jogadores.

Hoje, o Passivo do Benfica é de 424 milhões, dos quais 171 milhões são empréstimos, 126 são dividas a outros clubes pelos seus jogadores, e há 115 milhões a receber de dívidas de outros clubes ao Benfica.

Qual é a grande diferença aqui? Em grande parte, o adiantamento da NOS. São 66 milhões de adiantamento da NOS que o Benfica tem registado no Passivo sobre o qual não terá qualquer encargo, apenas não vai receber metade do dinheiro.

Convém também dizer que devido ao reforço do plantel tanto no ano de 2020 como neste ano, a situação económica do Benfica piorou. O nosso passivo, nomedamente os valores em empréstimos, era signficativamente mais baixo em 2019 (cerca de 50-60 milhões).

Tudo isto vem relativamente bem resumido neste gráfico aqui. O gráfico da dívida líquida:



A dívida liquida do Benfica baixou em 100 milhões neste oito anos. E antes do all-in por causa do Jorge Jesus e das correções feitas este ano, até tinha baixado 160 milhões. Os valores do Passivo são mais ou menos os mesmos, mas o que está no passivo é bastante diferente do que estava em 2014. Ter passivo por si só não é uma coisa má, especialmente quando não se tem custos extras com o Passivo e quando o Activo evolui em sintonia. O impacto que estes 100 milhões tem no que pagamos juros é monumental. Estamos a falar na pior das hipóteses de uma poupança de 3-4 milhões por ano. O que num espaço de 10 anos, são 30-40 milhões (e reforço: na pior das hipóteses).

Há outro ponto que é constantemente ignorado. É que o Passivo não diminuiu (à primeira vista porque a estrutura do Passivo é bastante diferente), mas o Activo explodiu. O Activo do Benfica subiu 170 milhões nesse espaço de tempo. O clube saiu de uma situação de falência técnica (capital próprio negativo) para uma situação de um capital próprio 109 milhões (que em 2020, antes do all-in no Jorge Jessus, era de 161 milhões).

Agora, estabelecendo que o Passivo é hoje bastante mais baixo, pela sua estrutura, do que era em 2014, e que o Activo subiu muito significativamente neste período, é importante também notar a situação do Benfica.

A frase "os clubes portugueses estão obrigados a vender" não é uma frase feita. O Benfica, sem a venda dos jogadores, tem sistematicamente prejuízos anuais. E sempre na ordem dos 30-40 milhões todos os anos (a contar com amortizações de atletas, sem contar com amortizações é sempre na ordem dos 5-10 milhões). O Benfica precisa de vender jogadores para no final do ano ter dinheiro para pagar o que falta pagar de salários aos seus jogadores e as restantes despesas. A receita das Champions League, as transmissões televisivas, os patrocinadores e a bilhética, em praticamente todos os anos na última década não deram para cobrir as despesas anuais do clube.

E podemos todos alegar que isto é má gestão. Que também é. Mas não podemos acreditar que todas as decisões vão ser sempre as melhores, porque todos os clubes tomam péssimas decisões todos os anos e mesmo nós se lá estivessemos também iríamos tomar. A meu ver, que não é uma ideia só minha mas que vejo várias vezes explicada por aqui, o Benfica tem que baixar muito significativamente a massa salarial, apostar nos jovens (que têm salários muito mais baixos) de forma a  baixar as suas despesas anuais a um ponto que o clube deixe de estar obrigado a vender, para estar obrigado a negociar.

Perante esta Champions League que permite clubes com massas salariais de 700 milhões possam competir com clubes com massas salariais de 100 milhões (como o Benfica) ou ainda menos (como outros clubes), o Benfica vai ser sempre um clube vendedor. Sempre. Vai sempre haver clubes dispostos a pagar mais aos nossos jogadores e os nossos jogadores vão sempre querer sair do Benfica por isso. A questão é que quando estamos obrigados a vender, aceitamos o que nos dão. Quando estamos obrigados a negociar, podemos explorar, vender por mais, vender menos vezes. Vender por mais e vender menos, vai sempre gerar pressão dos agentes para pagar melhores salários e deteriorar a nossa situação ecónomica. É uma pescadinha de rabo na boca.

É nesta situação que estamos. Logo, sim, o Passivo em oito anos não baixou muito. Mas esse argumento é bastante fraco, a meu ver. Nunca votei em Luís Filipe Vieira ou no Rui Costa. Apoiei, publicamente, o João Noronha Lopes.


Faltou dizer:

É imperativo incrementar e acrescentar receitas operacionais, pois é aí que se pode ver a dimensão de clube que ainda não conseguimos capitalizar.

Para isso é preciso gente competente e com visão, que também não temos.

Pois, eu aí acho que o Benfica está espremido ao máximo. Não me parece que haja muita margem para aumentar as receitas televisivas, visto que o benfiquista já paga 50€/mês para ver os jogos das transmissões. A nível de bilhética todos os anos os preços sobem e a malta já se queixa o suficiente. Podemos falar de patrocinios, que é onde de facto podemos aumentar um pouco mais, mas a verdade é que isso é uma percentagem residual do bolo que fazemos. Logo, aumentar as receitas operacionais é algo fácil de dizer, mas não muito fácil de concretizar.

Concordo com tudo o que foi dito, menos num ponto: salarios. Nao acho que o Benfica deva reduzir os salarios. Acho que os deve gerir melhor, para poder fomentar dúvidas aos jogadores acerca do timing a sair. Sao os salarios a grande alavanca das vitórias.

eu acho que o Benfica deve pagar muito bem a 15-16 jogadores, e preencher o resto do plantel com jovens. e acho que o Benfica deve minimizar Otamendis e Vertonghens (jogadores de carreira feita em claro declinio). apesar do Otamendi estar a correr bastante bem agora.

de qualquer maneira, a nossa massa salarial é quase metade das nossas receitas. enquanto assim for, ainda para mais com os níveis de dívida que ainda temos, vamos continuar a ter resultados operacionais negativos e com resultados operacionais negativos estamos obrigados a vender todos os anos.

paulomaia1972

Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 16:48
Citação de: paulomaia1972 em 02 de Janeiro de 2023, 16:43
Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 16:40
Citação de: R3nas em 02 de Janeiro de 2023, 16:35
Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 13:53
Vou publicar isto aqui, porque me parece relevante neste tópico.


Citação de: yerlow em 02 de Janeiro de 2023, 06:17
Citação de: _JonasThern_ em 02 de Janeiro de 2023, 01:12
O que é escabroso no meio disto tudo é o Benfica ter 2 das 5 transferências mais caras de sempre da história do futebol, sendo que foram feitas nos últimos 3 anos, e ainda assim não dominar como quer o futebol português.

E ainda ter 430M€ de passivo.

Este argumento do Passivo é um argumento que vejo repetido de forma recorrente e que acho que deve ser explicado, porque é enganador. Não vou dizer que não houve aproveitamento, pelo menos de Luís Filipe Vieira, porque é óbvio que houve. O Ministério Público confirmou as suspeitas que há muito tempo havia. Mas mesmo assim há uma ideia errada da forma como o Benfica tem sido gerido, nomeadamente sobre o Passivo e sobre as vendas milionárias do clube que mesmo assim não emagreceram (à primeira vista) o Passivo. Passo a explicar:

O Passivo desde logo é muito diferente do que era. Vou comparar o passivo actual com o pior passivo, dos últimos 10 anos, o passivo de 2013-14.

Nessa altura, o Benfica tinha um Passivo de 449 milhões. Desses 449 milhões, 317 milhões eram empréstimos, e à volta de 70-72 milhões eram dívidas relativas a passes de jogadores. E na altura, o Benfica tinha cerca de 47 milhões a receber de dividas de outros clubes pelos seus jogadores.

Hoje, o Passivo do Benfica é de 424 milhões, dos quais 171 milhões são empréstimos, 126 são dividas a outros clubes pelos seus jogadores, e há 115 milhões a receber de dívidas de outros clubes ao Benfica.

Qual é a grande diferença aqui? Em grande parte, o adiantamento da NOS. São 66 milhões de adiantamento da NOS que o Benfica tem registado no Passivo sobre o qual não terá qualquer encargo, apenas não vai receber metade do dinheiro.

Convém também dizer que devido ao reforço do plantel tanto no ano de 2020 como neste ano, a situação económica do Benfica piorou. O nosso passivo, nomedamente os valores em empréstimos, era signficativamente mais baixo em 2019 (cerca de 50-60 milhões).

Tudo isto vem relativamente bem resumido neste gráfico aqui. O gráfico da dívida líquida:



A dívida liquida do Benfica baixou em 100 milhões neste oito anos. E antes do all-in por causa do Jorge Jesus e das correções feitas este ano, até tinha baixado 160 milhões. Os valores do Passivo são mais ou menos os mesmos, mas o que está no passivo é bastante diferente do que estava em 2014. Ter passivo por si só não é uma coisa má, especialmente quando não se tem custos extras com o Passivo e quando o Activo evolui em sintonia. O impacto que estes 100 milhões tem no que pagamos juros é monumental. Estamos a falar na pior das hipóteses de uma poupança de 3-4 milhões por ano. O que num espaço de 10 anos, são 30-40 milhões (e reforço: na pior das hipóteses).

Há outro ponto que é constantemente ignorado. É que o Passivo não diminuiu (à primeira vista porque a estrutura do Passivo é bastante diferente), mas o Activo explodiu. O Activo do Benfica subiu 170 milhões nesse espaço de tempo. O clube saiu de uma situação de falência técnica (capital próprio negativo) para uma situação de um capital próprio 109 milhões (que em 2020, antes do all-in no Jorge Jessus, era de 161 milhões).

Agora, estabelecendo que o Passivo é hoje bastante mais baixo, pela sua estrutura, do que era em 2014, e que o Activo subiu muito significativamente neste período, é importante também notar a situação do Benfica.

A frase "os clubes portugueses estão obrigados a vender" não é uma frase feita. O Benfica, sem a venda dos jogadores, tem sistematicamente prejuízos anuais. E sempre na ordem dos 30-40 milhões todos os anos (a contar com amortizações de atletas, sem contar com amortizações é sempre na ordem dos 5-10 milhões). O Benfica precisa de vender jogadores para no final do ano ter dinheiro para pagar o que falta pagar de salários aos seus jogadores e as restantes despesas. A receita das Champions League, as transmissões televisivas, os patrocinadores e a bilhética, em praticamente todos os anos na última década não deram para cobrir as despesas anuais do clube.

E podemos todos alegar que isto é má gestão. Que também é. Mas não podemos acreditar que todas as decisões vão ser sempre as melhores, porque todos os clubes tomam péssimas decisões todos os anos e mesmo nós se lá estivessemos também iríamos tomar. A meu ver, que não é uma ideia só minha mas que vejo várias vezes explicada por aqui, o Benfica tem que baixar muito significativamente a massa salarial, apostar nos jovens (que têm salários muito mais baixos) de forma a  baixar as suas despesas anuais a um ponto que o clube deixe de estar obrigado a vender, para estar obrigado a negociar.

Perante esta Champions League que permite clubes com massas salariais de 700 milhões possam competir com clubes com massas salariais de 100 milhões (como o Benfica) ou ainda menos (como outros clubes), o Benfica vai ser sempre um clube vendedor. Sempre. Vai sempre haver clubes dispostos a pagar mais aos nossos jogadores e os nossos jogadores vão sempre querer sair do Benfica por isso. A questão é que quando estamos obrigados a vender, aceitamos o que nos dão. Quando estamos obrigados a negociar, podemos explorar, vender por mais, vender menos vezes. Vender por mais e vender menos, vai sempre gerar pressão dos agentes para pagar melhores salários e deteriorar a nossa situação ecónomica. É uma pescadinha de rabo na boca.

É nesta situação que estamos. Logo, sim, o Passivo em oito anos não baixou muito. Mas esse argumento é bastante fraco, a meu ver. Nunca votei em Luís Filipe Vieira ou no Rui Costa. Apoiei, publicamente, o João Noronha Lopes.


Faltou dizer:

É imperativo incrementar e acrescentar receitas operacionais, pois é aí que se pode ver a dimensão de clube que ainda não conseguimos capitalizar.

Para isso é preciso gente competente e com visão, que também não temos.

Pois, eu aí acho que o Benfica está espremido ao máximo. Não me parece que haja muita margem para aumentar as receitas televisivas, visto que o benfiquista já paga 50€/mês para ver os jogos das transmissões. A nível de bilhética todos os anos os preços sobem e a malta já se queixa o suficiente. Podemos falar de patrocinios, que é onde de facto podemos aumentar um pouco mais, mas a verdade é que isso é uma percentagem residual do bolo que fazemos. Logo, aumentar as receitas operacionais é algo fácil de dizer, mas não muito fácil de concretizar.

as receitas operacionais só têm margem para subir se obtivermos melhores prestações na Europa.

ok é um argumento legitimo. mas repara: não se pode criar uma máquina à espera de receitas de prestações na Europa. basta haver um ano que coisa corre mal e ficas de imediato com um buraco financeiro na ordem das várias dezenas de milhões de euros. e aí estás de novo obrigado a vender. isto aconteceu connosco no 1º ano do JJ onde vendemos o Rúben Dias a desconto por termos falhado o acesso à Champions League.
épocas desportivas falhadas vão sempre acontecer, mas se o Benfica conseguir estar em quartos de finais, meias finais ou ganhar competições europeias estará sempre mais próximo de obter melhores resultados operacionais.
Já sabemos que precisamos sempre de vender.
Se ganharmos metade dos títulos campeonatos internos, estivermos sempre na Champions, se passarmos 3 em 4 aos oitavos da champions, estaremos sempre mais próximos de obter melhores resultados financeiros.
O reconhecimento internacional iria permitir vender a marca, os jogos noutros mercados, nomeadamente asiático e americano.

R3nas

#83350
Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 16:40
Citação de: R3nas em 02 de Janeiro de 2023, 16:35
Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 13:53
Vou publicar isto aqui, porque me parece relevante neste tópico.


Citação de: yerlow em 02 de Janeiro de 2023, 06:17
Citação de: _JonasThern_ em 02 de Janeiro de 2023, 01:12
O que é escabroso no meio disto tudo é o Benfica ter 2 das 5 transferências mais caras de sempre da história do futebol, sendo que foram feitas nos últimos 3 anos, e ainda assim não dominar como quer o futebol português.

E ainda ter 430M€ de passivo.

Este argumento do Passivo é um argumento que vejo repetido de forma recorrente e que acho que deve ser explicado, porque é enganador. Não vou dizer que não houve aproveitamento, pelo menos de Luís Filipe Vieira, porque é óbvio que houve. O Ministério Público confirmou as suspeitas que há muito tempo havia. Mas mesmo assim há uma ideia errada da forma como o Benfica tem sido gerido, nomeadamente sobre o Passivo e sobre as vendas milionárias do clube que mesmo assim não emagreceram (à primeira vista) o Passivo. Passo a explicar:

O Passivo desde logo é muito diferente do que era. Vou comparar o passivo actual com o pior passivo, dos últimos 10 anos, o passivo de 2013-14.

Nessa altura, o Benfica tinha um Passivo de 449 milhões. Desses 449 milhões, 317 milhões eram empréstimos, e à volta de 70-72 milhões eram dívidas relativas a passes de jogadores. E na altura, o Benfica tinha cerca de 47 milhões a receber de dividas de outros clubes pelos seus jogadores.

Hoje, o Passivo do Benfica é de 424 milhões, dos quais 171 milhões são empréstimos, 126 são dividas a outros clubes pelos seus jogadores, e há 115 milhões a receber de dívidas de outros clubes ao Benfica.

Qual é a grande diferença aqui? Em grande parte, o adiantamento da NOS. São 66 milhões de adiantamento da NOS que o Benfica tem registado no Passivo sobre o qual não terá qualquer encargo, apenas não vai receber metade do dinheiro.

Convém também dizer que devido ao reforço do plantel tanto no ano de 2020 como neste ano, a situação económica do Benfica piorou. O nosso passivo, nomedamente os valores em empréstimos, era signficativamente mais baixo em 2019 (cerca de 50-60 milhões).

Tudo isto vem relativamente bem resumido neste gráfico aqui. O gráfico da dívida líquida:



A dívida liquida do Benfica baixou em 100 milhões neste oito anos. E antes do all-in por causa do Jorge Jesus e das correções feitas este ano, até tinha baixado 160 milhões. Os valores do Passivo são mais ou menos os mesmos, mas o que está no passivo é bastante diferente do que estava em 2014. Ter passivo por si só não é uma coisa má, especialmente quando não se tem custos extras com o Passivo e quando o Activo evolui em sintonia. O impacto que estes 100 milhões tem no que pagamos juros é monumental. Estamos a falar na pior das hipóteses de uma poupança de 3-4 milhões por ano. O que num espaço de 10 anos, são 30-40 milhões (e reforço: na pior das hipóteses).

Há outro ponto que é constantemente ignorado. É que o Passivo não diminuiu (à primeira vista porque a estrutura do Passivo é bastante diferente), mas o Activo explodiu. O Activo do Benfica subiu 170 milhões nesse espaço de tempo. O clube saiu de uma situação de falência técnica (capital próprio negativo) para uma situação de um capital próprio 109 milhões (que em 2020, antes do all-in no Jorge Jessus, era de 161 milhões).

Agora, estabelecendo que o Passivo é hoje bastante mais baixo, pela sua estrutura, do que era em 2014, e que o Activo subiu muito significativamente neste período, é importante também notar a situação do Benfica.

A frase "os clubes portugueses estão obrigados a vender" não é uma frase feita. O Benfica, sem a venda dos jogadores, tem sistematicamente prejuízos anuais. E sempre na ordem dos 30-40 milhões todos os anos (a contar com amortizações de atletas, sem contar com amortizações é sempre na ordem dos 5-10 milhões). O Benfica precisa de vender jogadores para no final do ano ter dinheiro para pagar o que falta pagar de salários aos seus jogadores e as restantes despesas. A receita das Champions League, as transmissões televisivas, os patrocinadores e a bilhética, em praticamente todos os anos na última década não deram para cobrir as despesas anuais do clube.

E podemos todos alegar que isto é má gestão. Que também é. Mas não podemos acreditar que todas as decisões vão ser sempre as melhores, porque todos os clubes tomam péssimas decisões todos os anos e mesmo nós se lá estivessemos também iríamos tomar. A meu ver, que não é uma ideia só minha mas que vejo várias vezes explicada por aqui, o Benfica tem que baixar muito significativamente a massa salarial, apostar nos jovens (que têm salários muito mais baixos) de forma a  baixar as suas despesas anuais a um ponto que o clube deixe de estar obrigado a vender, para estar obrigado a negociar.

Perante esta Champions League que permite clubes com massas salariais de 700 milhões possam competir com clubes com massas salariais de 100 milhões (como o Benfica) ou ainda menos (como outros clubes), o Benfica vai ser sempre um clube vendedor. Sempre. Vai sempre haver clubes dispostos a pagar mais aos nossos jogadores e os nossos jogadores vão sempre querer sair do Benfica por isso. A questão é que quando estamos obrigados a vender, aceitamos o que nos dão. Quando estamos obrigados a negociar, podemos explorar, vender por mais, vender menos vezes. Vender por mais e vender menos, vai sempre gerar pressão dos agentes para pagar melhores salários e deteriorar a nossa situação ecónomica. É uma pescadinha de rabo na boca.

É nesta situação que estamos. Logo, sim, o Passivo em oito anos não baixou muito. Mas esse argumento é bastante fraco, a meu ver. Nunca votei em Luís Filipe Vieira ou no Rui Costa. Apoiei, publicamente, o João Noronha Lopes.


Faltou dizer:

É imperativo incrementar e acrescentar receitas operacionais, pois é aí que se pode ver a dimensão de clube que ainda não conseguimos capitalizar.

Para isso é preciso gente competente e com visão, que também não temos.

Pois, eu aí acho que o Benfica está espremido ao máximo. Não me parece que haja muita margem para aumentar as receitas televisivas, visto que o benfiquista já paga 50€/mês para ver os jogos das transmissões. A nível de bilhética todos os anos os preços sobem e a malta já se queixa o suficiente. Podemos falar de patrocinios, que é onde de facto podemos aumentar um pouco mais, mas a verdade é que isso é uma percentagem residual do bolo que fazemos. Logo, aumentar as receitas operacionais é algo fácil de dizer, mas não muito fácil de concretizar.

Discordo em absoluto. Com o manancial de tecnologia ao dispor e com os muitos milhões de Benfiquistas espalhados pelo mundo, mais aqueles que não o são e poderiam ser, só se fica contente com o que temos porque quem nos dirige e tem dirigido não vê para além do próprio nariz.

Redes sociais patéticas, utilização de stream e conteúdos exclusivos praticamente ou mesmo inexistente, merchandising do mais básico que pode haver e, no geral, métodos dos anos 2000 quando já vamos nos 20's.

Só para dar alguns exemplos.

Edit: Não será coincidência estarmos em 2023 como em 2000 quando o director do marketing é o mesmo.

DB4700

Citação de: R3nas em 02 de Janeiro de 2023, 16:55
Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 16:40
Citação de: R3nas em 02 de Janeiro de 2023, 16:35
Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 13:53
Vou publicar isto aqui, porque me parece relevante neste tópico.


Citação de: yerlow em 02 de Janeiro de 2023, 06:17
Citação de: _JonasThern_ em 02 de Janeiro de 2023, 01:12
O que é escabroso no meio disto tudo é o Benfica ter 2 das 5 transferências mais caras de sempre da história do futebol, sendo que foram feitas nos últimos 3 anos, e ainda assim não dominar como quer o futebol português.

E ainda ter 430M€ de passivo.

Este argumento do Passivo é um argumento que vejo repetido de forma recorrente e que acho que deve ser explicado, porque é enganador. Não vou dizer que não houve aproveitamento, pelo menos de Luís Filipe Vieira, porque é óbvio que houve. O Ministério Público confirmou as suspeitas que há muito tempo havia. Mas mesmo assim há uma ideia errada da forma como o Benfica tem sido gerido, nomeadamente sobre o Passivo e sobre as vendas milionárias do clube que mesmo assim não emagreceram (à primeira vista) o Passivo. Passo a explicar:

O Passivo desde logo é muito diferente do que era. Vou comparar o passivo actual com o pior passivo, dos últimos 10 anos, o passivo de 2013-14.

Nessa altura, o Benfica tinha um Passivo de 449 milhões. Desses 449 milhões, 317 milhões eram empréstimos, e à volta de 70-72 milhões eram dívidas relativas a passes de jogadores. E na altura, o Benfica tinha cerca de 47 milhões a receber de dividas de outros clubes pelos seus jogadores.

Hoje, o Passivo do Benfica é de 424 milhões, dos quais 171 milhões são empréstimos, 126 são dividas a outros clubes pelos seus jogadores, e há 115 milhões a receber de dívidas de outros clubes ao Benfica.

Qual é a grande diferença aqui? Em grande parte, o adiantamento da NOS. São 66 milhões de adiantamento da NOS que o Benfica tem registado no Passivo sobre o qual não terá qualquer encargo, apenas não vai receber metade do dinheiro.

Convém também dizer que devido ao reforço do plantel tanto no ano de 2020 como neste ano, a situação económica do Benfica piorou. O nosso passivo, nomedamente os valores em empréstimos, era signficativamente mais baixo em 2019 (cerca de 50-60 milhões).

Tudo isto vem relativamente bem resumido neste gráfico aqui. O gráfico da dívida líquida:



A dívida liquida do Benfica baixou em 100 milhões neste oito anos. E antes do all-in por causa do Jorge Jesus e das correções feitas este ano, até tinha baixado 160 milhões. Os valores do Passivo são mais ou menos os mesmos, mas o que está no passivo é bastante diferente do que estava em 2014. Ter passivo por si só não é uma coisa má, especialmente quando não se tem custos extras com o Passivo e quando o Activo evolui em sintonia. O impacto que estes 100 milhões tem no que pagamos juros é monumental. Estamos a falar na pior das hipóteses de uma poupança de 3-4 milhões por ano. O que num espaço de 10 anos, são 30-40 milhões (e reforço: na pior das hipóteses).

Há outro ponto que é constantemente ignorado. É que o Passivo não diminuiu (à primeira vista porque a estrutura do Passivo é bastante diferente), mas o Activo explodiu. O Activo do Benfica subiu 170 milhões nesse espaço de tempo. O clube saiu de uma situação de falência técnica (capital próprio negativo) para uma situação de um capital próprio 109 milhões (que em 2020, antes do all-in no Jorge Jessus, era de 161 milhões).

Agora, estabelecendo que o Passivo é hoje bastante mais baixo, pela sua estrutura, do que era em 2014, e que o Activo subiu muito significativamente neste período, é importante também notar a situação do Benfica.

A frase "os clubes portugueses estão obrigados a vender" não é uma frase feita. O Benfica, sem a venda dos jogadores, tem sistematicamente prejuízos anuais. E sempre na ordem dos 30-40 milhões todos os anos (a contar com amortizações de atletas, sem contar com amortizações é sempre na ordem dos 5-10 milhões). O Benfica precisa de vender jogadores para no final do ano ter dinheiro para pagar o que falta pagar de salários aos seus jogadores e as restantes despesas. A receita das Champions League, as transmissões televisivas, os patrocinadores e a bilhética, em praticamente todos os anos na última década não deram para cobrir as despesas anuais do clube.

E podemos todos alegar que isto é má gestão. Que também é. Mas não podemos acreditar que todas as decisões vão ser sempre as melhores, porque todos os clubes tomam péssimas decisões todos os anos e mesmo nós se lá estivessemos também iríamos tomar. A meu ver, que não é uma ideia só minha mas que vejo várias vezes explicada por aqui, o Benfica tem que baixar muito significativamente a massa salarial, apostar nos jovens (que têm salários muito mais baixos) de forma a  baixar as suas despesas anuais a um ponto que o clube deixe de estar obrigado a vender, para estar obrigado a negociar.

Perante esta Champions League que permite clubes com massas salariais de 700 milhões possam competir com clubes com massas salariais de 100 milhões (como o Benfica) ou ainda menos (como outros clubes), o Benfica vai ser sempre um clube vendedor. Sempre. Vai sempre haver clubes dispostos a pagar mais aos nossos jogadores e os nossos jogadores vão sempre querer sair do Benfica por isso. A questão é que quando estamos obrigados a vender, aceitamos o que nos dão. Quando estamos obrigados a negociar, podemos explorar, vender por mais, vender menos vezes. Vender por mais e vender menos, vai sempre gerar pressão dos agentes para pagar melhores salários e deteriorar a nossa situação ecónomica. É uma pescadinha de rabo na boca.

É nesta situação que estamos. Logo, sim, o Passivo em oito anos não baixou muito. Mas esse argumento é bastante fraco, a meu ver. Nunca votei em Luís Filipe Vieira ou no Rui Costa. Apoiei, publicamente, o João Noronha Lopes.


Faltou dizer:

É imperativo incrementar e acrescentar receitas operacionais, pois é aí que se pode ver a dimensão de clube que ainda não conseguimos capitalizar.

Para isso é preciso gente competente e com visão, que também não temos.

Pois, eu aí acho que o Benfica está espremido ao máximo. Não me parece que haja muita margem para aumentar as receitas televisivas, visto que o benfiquista já paga 50€/mês para ver os jogos das transmissões. A nível de bilhética todos os anos os preços sobem e a malta já se queixa o suficiente. Podemos falar de patrocinios, que é onde de facto podemos aumentar um pouco mais, mas a verdade é que isso é uma percentagem residual do bolo que fazemos. Logo, aumentar as receitas operacionais é algo fácil de dizer, mas não muito fácil de concretizar.

Discordo em absoluto. Com o manancial de tecnologia ao dispor e com os muitos milhões de Benfiquistas espalhados pelo mundo, mais aqueles que não o são e poderiam ser, só se fica contente com o que temos porque quem nos dirige e tem dirigido não vê para além do próprio nariz.

Redes sociais patéticas, utilização de stream e conteúdos exclusivos praticamente ou mesmo inexistente, merchandising do mais básico que pode haver e, no geral, métodos dos anos 2000 quando já vamos nos 20's.

Só para dar alguns exemplos.

se likes e follows pagassem contas, o Barcelona estava a bombar. mas repara: vai à AG, elenca as tuas ideias e eu estarei na plateia a aplaudir se achar que são boas.

R3nas

#83352
Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 16:58
Citação de: R3nas em 02 de Janeiro de 2023, 16:55
Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 16:40
Citação de: R3nas em 02 de Janeiro de 2023, 16:35
Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 13:53
Vou publicar isto aqui, porque me parece relevante neste tópico.


Citação de: yerlow em 02 de Janeiro de 2023, 06:17
Citação de: _JonasThern_ em 02 de Janeiro de 2023, 01:12
O que é escabroso no meio disto tudo é o Benfica ter 2 das 5 transferências mais caras de sempre da história do futebol, sendo que foram feitas nos últimos 3 anos, e ainda assim não dominar como quer o futebol português.

E ainda ter 430M€ de passivo.

Este argumento do Passivo é um argumento que vejo repetido de forma recorrente e que acho que deve ser explicado, porque é enganador. Não vou dizer que não houve aproveitamento, pelo menos de Luís Filipe Vieira, porque é óbvio que houve. O Ministério Público confirmou as suspeitas que há muito tempo havia. Mas mesmo assim há uma ideia errada da forma como o Benfica tem sido gerido, nomeadamente sobre o Passivo e sobre as vendas milionárias do clube que mesmo assim não emagreceram (à primeira vista) o Passivo. Passo a explicar:

O Passivo desde logo é muito diferente do que era. Vou comparar o passivo actual com o pior passivo, dos últimos 10 anos, o passivo de 2013-14.

Nessa altura, o Benfica tinha um Passivo de 449 milhões. Desses 449 milhões, 317 milhões eram empréstimos, e à volta de 70-72 milhões eram dívidas relativas a passes de jogadores. E na altura, o Benfica tinha cerca de 47 milhões a receber de dividas de outros clubes pelos seus jogadores.

Hoje, o Passivo do Benfica é de 424 milhões, dos quais 171 milhões são empréstimos, 126 são dividas a outros clubes pelos seus jogadores, e há 115 milhões a receber de dívidas de outros clubes ao Benfica.

Qual é a grande diferença aqui? Em grande parte, o adiantamento da NOS. São 66 milhões de adiantamento da NOS que o Benfica tem registado no Passivo sobre o qual não terá qualquer encargo, apenas não vai receber metade do dinheiro.

Convém também dizer que devido ao reforço do plantel tanto no ano de 2020 como neste ano, a situação económica do Benfica piorou. O nosso passivo, nomedamente os valores em empréstimos, era signficativamente mais baixo em 2019 (cerca de 50-60 milhões).

Tudo isto vem relativamente bem resumido neste gráfico aqui. O gráfico da dívida líquida:



A dívida liquida do Benfica baixou em 100 milhões neste oito anos. E antes do all-in por causa do Jorge Jesus e das correções feitas este ano, até tinha baixado 160 milhões. Os valores do Passivo são mais ou menos os mesmos, mas o que está no passivo é bastante diferente do que estava em 2014. Ter passivo por si só não é uma coisa má, especialmente quando não se tem custos extras com o Passivo e quando o Activo evolui em sintonia. O impacto que estes 100 milhões tem no que pagamos juros é monumental. Estamos a falar na pior das hipóteses de uma poupança de 3-4 milhões por ano. O que num espaço de 10 anos, são 30-40 milhões (e reforço: na pior das hipóteses).

Há outro ponto que é constantemente ignorado. É que o Passivo não diminuiu (à primeira vista porque a estrutura do Passivo é bastante diferente), mas o Activo explodiu. O Activo do Benfica subiu 170 milhões nesse espaço de tempo. O clube saiu de uma situação de falência técnica (capital próprio negativo) para uma situação de um capital próprio 109 milhões (que em 2020, antes do all-in no Jorge Jessus, era de 161 milhões).

Agora, estabelecendo que o Passivo é hoje bastante mais baixo, pela sua estrutura, do que era em 2014, e que o Activo subiu muito significativamente neste período, é importante também notar a situação do Benfica.

A frase "os clubes portugueses estão obrigados a vender" não é uma frase feita. O Benfica, sem a venda dos jogadores, tem sistematicamente prejuízos anuais. E sempre na ordem dos 30-40 milhões todos os anos (a contar com amortizações de atletas, sem contar com amortizações é sempre na ordem dos 5-10 milhões). O Benfica precisa de vender jogadores para no final do ano ter dinheiro para pagar o que falta pagar de salários aos seus jogadores e as restantes despesas. A receita das Champions League, as transmissões televisivas, os patrocinadores e a bilhética, em praticamente todos os anos na última década não deram para cobrir as despesas anuais do clube.

E podemos todos alegar que isto é má gestão. Que também é. Mas não podemos acreditar que todas as decisões vão ser sempre as melhores, porque todos os clubes tomam péssimas decisões todos os anos e mesmo nós se lá estivessemos também iríamos tomar. A meu ver, que não é uma ideia só minha mas que vejo várias vezes explicada por aqui, o Benfica tem que baixar muito significativamente a massa salarial, apostar nos jovens (que têm salários muito mais baixos) de forma a  baixar as suas despesas anuais a um ponto que o clube deixe de estar obrigado a vender, para estar obrigado a negociar.

Perante esta Champions League que permite clubes com massas salariais de 700 milhões possam competir com clubes com massas salariais de 100 milhões (como o Benfica) ou ainda menos (como outros clubes), o Benfica vai ser sempre um clube vendedor. Sempre. Vai sempre haver clubes dispostos a pagar mais aos nossos jogadores e os nossos jogadores vão sempre querer sair do Benfica por isso. A questão é que quando estamos obrigados a vender, aceitamos o que nos dão. Quando estamos obrigados a negociar, podemos explorar, vender por mais, vender menos vezes. Vender por mais e vender menos, vai sempre gerar pressão dos agentes para pagar melhores salários e deteriorar a nossa situação ecónomica. É uma pescadinha de rabo na boca.

É nesta situação que estamos. Logo, sim, o Passivo em oito anos não baixou muito. Mas esse argumento é bastante fraco, a meu ver. Nunca votei em Luís Filipe Vieira ou no Rui Costa. Apoiei, publicamente, o João Noronha Lopes.


Faltou dizer:

É imperativo incrementar e acrescentar receitas operacionais, pois é aí que se pode ver a dimensão de clube que ainda não conseguimos capitalizar.

Para isso é preciso gente competente e com visão, que também não temos.

Pois, eu aí acho que o Benfica está espremido ao máximo. Não me parece que haja muita margem para aumentar as receitas televisivas, visto que o benfiquista já paga 50€/mês para ver os jogos das transmissões. A nível de bilhética todos os anos os preços sobem e a malta já se queixa o suficiente. Podemos falar de patrocinios, que é onde de facto podemos aumentar um pouco mais, mas a verdade é que isso é uma percentagem residual do bolo que fazemos. Logo, aumentar as receitas operacionais é algo fácil de dizer, mas não muito fácil de concretizar.

Discordo em absoluto. Com o manancial de tecnologia ao dispor e com os muitos milhões de Benfiquistas espalhados pelo mundo, mais aqueles que não o são e poderiam ser, só se fica contente com o que temos porque quem nos dirige e tem dirigido não vê para além do próprio nariz.

Redes sociais patéticas, utilização de stream e conteúdos exclusivos praticamente ou mesmo inexistente, merchandising do mais básico que pode haver e, no geral, métodos dos anos 2000 quando já vamos nos 20's.

Só para dar alguns exemplos.

se likes e follows pagassem contas, o Barcelona estava a bombar. mas repara: vai à AG, elenca as tuas ideias e eu estarei na plateia a aplaudir se achar que são boas.

Sabes bem que as repercussões de ter redes sociais bem geridas e capitalizadas não se limita a pagar contas e podem ser uma grande forma de alavancar outras circunstâncias da vida do clube. Além do mais, dizer em 2023 que likes e follows não pagam contas é um tanto ou quanto descabido. É o mesmo que dizer tanto faz ter um avançado a marcar 20 golos por época ou ter um que marque 40, não é. Mas esse é apenas um pequeno percentual do problema maior.

Quanto às AGs, tenho ido a praticamente todas nos últimos anos e vendo que tem havido boas intervenções e sugestões durante as mesmas, apraz-me dizer que 90% delas cai em saco roto e num "Tá-se!".

Enquanto o quadro directivo for composto por múmias, bananas e interesseiros vale de muito...

DB4700

Citação de: R3nas em 02 de Janeiro de 2023, 17:03
Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 16:58
Citação de: R3nas em 02 de Janeiro de 2023, 16:55
Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 16:40
Citação de: R3nas em 02 de Janeiro de 2023, 16:35
Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 13:53
Vou publicar isto aqui, porque me parece relevante neste tópico.


Citação de: yerlow em 02 de Janeiro de 2023, 06:17
Citação de: _JonasThern_ em 02 de Janeiro de 2023, 01:12
O que é escabroso no meio disto tudo é o Benfica ter 2 das 5 transferências mais caras de sempre da história do futebol, sendo que foram feitas nos últimos 3 anos, e ainda assim não dominar como quer o futebol português.

E ainda ter 430M€ de passivo.

Este argumento do Passivo é um argumento que vejo repetido de forma recorrente e que acho que deve ser explicado, porque é enganador. Não vou dizer que não houve aproveitamento, pelo menos de Luís Filipe Vieira, porque é óbvio que houve. O Ministério Público confirmou as suspeitas que há muito tempo havia. Mas mesmo assim há uma ideia errada da forma como o Benfica tem sido gerido, nomeadamente sobre o Passivo e sobre as vendas milionárias do clube que mesmo assim não emagreceram (à primeira vista) o Passivo. Passo a explicar:

O Passivo desde logo é muito diferente do que era. Vou comparar o passivo actual com o pior passivo, dos últimos 10 anos, o passivo de 2013-14.

Nessa altura, o Benfica tinha um Passivo de 449 milhões. Desses 449 milhões, 317 milhões eram empréstimos, e à volta de 70-72 milhões eram dívidas relativas a passes de jogadores. E na altura, o Benfica tinha cerca de 47 milhões a receber de dividas de outros clubes pelos seus jogadores.

Hoje, o Passivo do Benfica é de 424 milhões, dos quais 171 milhões são empréstimos, 126 são dividas a outros clubes pelos seus jogadores, e há 115 milhões a receber de dívidas de outros clubes ao Benfica.

Qual é a grande diferença aqui? Em grande parte, o adiantamento da NOS. São 66 milhões de adiantamento da NOS que o Benfica tem registado no Passivo sobre o qual não terá qualquer encargo, apenas não vai receber metade do dinheiro.

Convém também dizer que devido ao reforço do plantel tanto no ano de 2020 como neste ano, a situação económica do Benfica piorou. O nosso passivo, nomedamente os valores em empréstimos, era signficativamente mais baixo em 2019 (cerca de 50-60 milhões).

Tudo isto vem relativamente bem resumido neste gráfico aqui. O gráfico da dívida líquida:



A dívida liquida do Benfica baixou em 100 milhões neste oito anos. E antes do all-in por causa do Jorge Jesus e das correções feitas este ano, até tinha baixado 160 milhões. Os valores do Passivo são mais ou menos os mesmos, mas o que está no passivo é bastante diferente do que estava em 2014. Ter passivo por si só não é uma coisa má, especialmente quando não se tem custos extras com o Passivo e quando o Activo evolui em sintonia. O impacto que estes 100 milhões tem no que pagamos juros é monumental. Estamos a falar na pior das hipóteses de uma poupança de 3-4 milhões por ano. O que num espaço de 10 anos, são 30-40 milhões (e reforço: na pior das hipóteses).

Há outro ponto que é constantemente ignorado. É que o Passivo não diminuiu (à primeira vista porque a estrutura do Passivo é bastante diferente), mas o Activo explodiu. O Activo do Benfica subiu 170 milhões nesse espaço de tempo. O clube saiu de uma situação de falência técnica (capital próprio negativo) para uma situação de um capital próprio 109 milhões (que em 2020, antes do all-in no Jorge Jessus, era de 161 milhões).

Agora, estabelecendo que o Passivo é hoje bastante mais baixo, pela sua estrutura, do que era em 2014, e que o Activo subiu muito significativamente neste período, é importante também notar a situação do Benfica.

A frase "os clubes portugueses estão obrigados a vender" não é uma frase feita. O Benfica, sem a venda dos jogadores, tem sistematicamente prejuízos anuais. E sempre na ordem dos 30-40 milhões todos os anos (a contar com amortizações de atletas, sem contar com amortizações é sempre na ordem dos 5-10 milhões). O Benfica precisa de vender jogadores para no final do ano ter dinheiro para pagar o que falta pagar de salários aos seus jogadores e as restantes despesas. A receita das Champions League, as transmissões televisivas, os patrocinadores e a bilhética, em praticamente todos os anos na última década não deram para cobrir as despesas anuais do clube.

E podemos todos alegar que isto é má gestão. Que também é. Mas não podemos acreditar que todas as decisões vão ser sempre as melhores, porque todos os clubes tomam péssimas decisões todos os anos e mesmo nós se lá estivessemos também iríamos tomar. A meu ver, que não é uma ideia só minha mas que vejo várias vezes explicada por aqui, o Benfica tem que baixar muito significativamente a massa salarial, apostar nos jovens (que têm salários muito mais baixos) de forma a  baixar as suas despesas anuais a um ponto que o clube deixe de estar obrigado a vender, para estar obrigado a negociar.

Perante esta Champions League que permite clubes com massas salariais de 700 milhões possam competir com clubes com massas salariais de 100 milhões (como o Benfica) ou ainda menos (como outros clubes), o Benfica vai ser sempre um clube vendedor. Sempre. Vai sempre haver clubes dispostos a pagar mais aos nossos jogadores e os nossos jogadores vão sempre querer sair do Benfica por isso. A questão é que quando estamos obrigados a vender, aceitamos o que nos dão. Quando estamos obrigados a negociar, podemos explorar, vender por mais, vender menos vezes. Vender por mais e vender menos, vai sempre gerar pressão dos agentes para pagar melhores salários e deteriorar a nossa situação ecónomica. É uma pescadinha de rabo na boca.

É nesta situação que estamos. Logo, sim, o Passivo em oito anos não baixou muito. Mas esse argumento é bastante fraco, a meu ver. Nunca votei em Luís Filipe Vieira ou no Rui Costa. Apoiei, publicamente, o João Noronha Lopes.


Faltou dizer:

É imperativo incrementar e acrescentar receitas operacionais, pois é aí que se pode ver a dimensão de clube que ainda não conseguimos capitalizar.

Para isso é preciso gente competente e com visão, que também não temos.

Pois, eu aí acho que o Benfica está espremido ao máximo. Não me parece que haja muita margem para aumentar as receitas televisivas, visto que o benfiquista já paga 50€/mês para ver os jogos das transmissões. A nível de bilhética todos os anos os preços sobem e a malta já se queixa o suficiente. Podemos falar de patrocinios, que é onde de facto podemos aumentar um pouco mais, mas a verdade é que isso é uma percentagem residual do bolo que fazemos. Logo, aumentar as receitas operacionais é algo fácil de dizer, mas não muito fácil de concretizar.

Discordo em absoluto. Com o manancial de tecnologia ao dispor e com os muitos milhões de Benfiquistas espalhados pelo mundo, mais aqueles que não o são e poderiam ser, só se fica contente com o que temos porque quem nos dirige e tem dirigido não vê para além do próprio nariz.

Redes sociais patéticas, utilização de stream e conteúdos exclusivos praticamente ou mesmo inexistente, merchandising do mais básico que pode haver e, no geral, métodos dos anos 2000 quando já vamos nos 20's.

Só para dar alguns exemplos.

se likes e follows pagassem contas, o Barcelona estava a bombar. mas repara: vai à AG, elenca as tuas ideias e eu estarei na plateia a aplaudir se achar que são boas.

Sabes bem que as repercussões de ter redes sociais bem geridas e capitalizadas não se limita a pagar contas e podem ser uma grande forma de alavancar outras circunstâncias da vida do clube. Além do mais, dizer em 2023 que likes e follows não pagam contas é um tanto ou quanto descabido. É o mesmo que dizer tanto faz ter um avançado a marcar 20 golos por época ou ter um que marque 40, não é. Mas esse é apenas um pequeno percentual do problema maior.

Quanto às AGs, tenho ido a praticamente todas nos últimos anos e vendo que tem havido boas intervenções e sugestões durante as mesmas, apraz-me dizer que 90% delas cai em saco roto e num "Tá-se!".

Enquanto o quadro directivo for composto por múmias, bananas e interesseiros vale de muito...

não sou um crente das mais valias de redes sociais de clubes/empresas que não têm um produto específico à venda. mas mais uma vez: vai à AG e traz as tuas ideias. eu por acaso vou com grande frequência e raramente oiço boas ideias que podem ser colocadas em prática. tens razão quando dizes que com a direcção anterior as ideias caiam em saco roto. nesta pode ser que não. mas uma boa ideia passará sempre para outras pessoas.

por falar em redes sociais e meios digitais, já reparaste que a venda de tokens do Benfica na Socios está pausada há quase meio ano?

R3nas

Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 17:11
Citação de: R3nas em 02 de Janeiro de 2023, 17:03
Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 16:58
Citação de: R3nas em 02 de Janeiro de 2023, 16:55
Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 16:40
Citação de: R3nas em 02 de Janeiro de 2023, 16:35
Citação de: DB4700 em 02 de Janeiro de 2023, 13:53
Vou publicar isto aqui, porque me parece relevante neste tópico.


Citação de: yerlow em 02 de Janeiro de 2023, 06:17
Citação de: _JonasThern_ em 02 de Janeiro de 2023, 01:12
O que é escabroso no meio disto tudo é o Benfica ter 2 das 5 transferências mais caras de sempre da história do futebol, sendo que foram feitas nos últimos 3 anos, e ainda assim não dominar como quer o futebol português.

E ainda ter 430M€ de passivo.

Este argumento do Passivo é um argumento que vejo repetido de forma recorrente e que acho que deve ser explicado, porque é enganador. Não vou dizer que não houve aproveitamento, pelo menos de Luís Filipe Vieira, porque é óbvio que houve. O Ministério Público confirmou as suspeitas que há muito tempo havia. Mas mesmo assim há uma ideia errada da forma como o Benfica tem sido gerido, nomeadamente sobre o Passivo e sobre as vendas milionárias do clube que mesmo assim não emagreceram (à primeira vista) o Passivo. Passo a explicar:

O Passivo desde logo é muito diferente do que era. Vou comparar o passivo actual com o pior passivo, dos últimos 10 anos, o passivo de 2013-14.

Nessa altura, o Benfica tinha um Passivo de 449 milhões. Desses 449 milhões, 317 milhões eram empréstimos, e à volta de 70-72 milhões eram dívidas relativas a passes de jogadores. E na altura, o Benfica tinha cerca de 47 milhões a receber de dividas de outros clubes pelos seus jogadores.

Hoje, o Passivo do Benfica é de 424 milhões, dos quais 171 milhões são empréstimos, 126 são dividas a outros clubes pelos seus jogadores, e há 115 milhões a receber de dívidas de outros clubes ao Benfica.

Qual é a grande diferença aqui? Em grande parte, o adiantamento da NOS. São 66 milhões de adiantamento da NOS que o Benfica tem registado no Passivo sobre o qual não terá qualquer encargo, apenas não vai receber metade do dinheiro.

Convém também dizer que devido ao reforço do plantel tanto no ano de 2020 como neste ano, a situação económica do Benfica piorou. O nosso passivo, nomedamente os valores em empréstimos, era signficativamente mais baixo em 2019 (cerca de 50-60 milhões).

Tudo isto vem relativamente bem resumido neste gráfico aqui. O gráfico da dívida líquida:



A dívida liquida do Benfica baixou em 100 milhões neste oito anos. E antes do all-in por causa do Jorge Jesus e das correções feitas este ano, até tinha baixado 160 milhões. Os valores do Passivo são mais ou menos os mesmos, mas o que está no passivo é bastante diferente do que estava em 2014. Ter passivo por si só não é uma coisa má, especialmente quando não se tem custos extras com o Passivo e quando o Activo evolui em sintonia. O impacto que estes 100 milhões tem no que pagamos juros é monumental. Estamos a falar na pior das hipóteses de uma poupança de 3-4 milhões por ano. O que num espaço de 10 anos, são 30-40 milhões (e reforço: na pior das hipóteses).

Há outro ponto que é constantemente ignorado. É que o Passivo não diminuiu (à primeira vista porque a estrutura do Passivo é bastante diferente), mas o Activo explodiu. O Activo do Benfica subiu 170 milhões nesse espaço de tempo. O clube saiu de uma situação de falência técnica (capital próprio negativo) para uma situação de um capital próprio 109 milhões (que em 2020, antes do all-in no Jorge Jessus, era de 161 milhões).

Agora, estabelecendo que o Passivo é hoje bastante mais baixo, pela sua estrutura, do que era em 2014, e que o Activo subiu muito significativamente neste período, é importante também notar a situação do Benfica.

A frase "os clubes portugueses estão obrigados a vender" não é uma frase feita. O Benfica, sem a venda dos jogadores, tem sistematicamente prejuízos anuais. E sempre na ordem dos 30-40 milhões todos os anos (a contar com amortizações de atletas, sem contar com amortizações é sempre na ordem dos 5-10 milhões). O Benfica precisa de vender jogadores para no final do ano ter dinheiro para pagar o que falta pagar de salários aos seus jogadores e as restantes despesas. A receita das Champions League, as transmissões televisivas, os patrocinadores e a bilhética, em praticamente todos os anos na última década não deram para cobrir as despesas anuais do clube.

E podemos todos alegar que isto é má gestão. Que também é. Mas não podemos acreditar que todas as decisões vão ser sempre as melhores, porque todos os clubes tomam péssimas decisões todos os anos e mesmo nós se lá estivessemos também iríamos tomar. A meu ver, que não é uma ideia só minha mas que vejo várias vezes explicada por aqui, o Benfica tem que baixar muito significativamente a massa salarial, apostar nos jovens (que têm salários muito mais baixos) de forma a  baixar as suas despesas anuais a um ponto que o clube deixe de estar obrigado a vender, para estar obrigado a negociar.

Perante esta Champions League que permite clubes com massas salariais de 700 milhões possam competir com clubes com massas salariais de 100 milhões (como o Benfica) ou ainda menos (como outros clubes), o Benfica vai ser sempre um clube vendedor. Sempre. Vai sempre haver clubes dispostos a pagar mais aos nossos jogadores e os nossos jogadores vão sempre querer sair do Benfica por isso. A questão é que quando estamos obrigados a vender, aceitamos o que nos dão. Quando estamos obrigados a negociar, podemos explorar, vender por mais, vender menos vezes. Vender por mais e vender menos, vai sempre gerar pressão dos agentes para pagar melhores salários e deteriorar a nossa situação ecónomica. É uma pescadinha de rabo na boca.

É nesta situação que estamos. Logo, sim, o Passivo em oito anos não baixou muito. Mas esse argumento é bastante fraco, a meu ver. Nunca votei em Luís Filipe Vieira ou no Rui Costa. Apoiei, publicamente, o João Noronha Lopes.


Faltou dizer:

É imperativo incrementar e acrescentar receitas operacionais, pois é aí que se pode ver a dimensão de clube que ainda não conseguimos capitalizar.

Para isso é preciso gente competente e com visão, que também não temos.

Pois, eu aí acho que o Benfica está espremido ao máximo. Não me parece que haja muita margem para aumentar as receitas televisivas, visto que o benfiquista já paga 50€/mês para ver os jogos das transmissões. A nível de bilhética todos os anos os preços sobem e a malta já se queixa o suficiente. Podemos falar de patrocinios, que é onde de facto podemos aumentar um pouco mais, mas a verdade é que isso é uma percentagem residual do bolo que fazemos. Logo, aumentar as receitas operacionais é algo fácil de dizer, mas não muito fácil de concretizar.

Discordo em absoluto. Com o manancial de tecnologia ao dispor e com os muitos milhões de Benfiquistas espalhados pelo mundo, mais aqueles que não o são e poderiam ser, só se fica contente com o que temos porque quem nos dirige e tem dirigido não vê para além do próprio nariz.

Redes sociais patéticas, utilização de stream e conteúdos exclusivos praticamente ou mesmo inexistente, merchandising do mais básico que pode haver e, no geral, métodos dos anos 2000 quando já vamos nos 20's.

Só para dar alguns exemplos.

se likes e follows pagassem contas, o Barcelona estava a bombar. mas repara: vai à AG, elenca as tuas ideias e eu estarei na plateia a aplaudir se achar que são boas.

Sabes bem que as repercussões de ter redes sociais bem geridas e capitalizadas não se limita a pagar contas e podem ser uma grande forma de alavancar outras circunstâncias da vida do clube. Além do mais, dizer em 2023 que likes e follows não pagam contas é um tanto ou quanto descabido. É o mesmo que dizer tanto faz ter um avançado a marcar 20 golos por época ou ter um que marque 40, não é. Mas esse é apenas um pequeno percentual do problema maior.

Quanto às AGs, tenho ido a praticamente todas nos últimos anos e vendo que tem havido boas intervenções e sugestões durante as mesmas, apraz-me dizer que 90% delas cai em saco roto e num "Tá-se!".

Enquanto o quadro directivo for composto por múmias, bananas e interesseiros vale de muito...

não sou um crente das mais valias de redes sociais de clubes/empresas que não têm um produto específico à venda. mas mais uma vez: vai à AG e traz as tuas ideias. eu por acaso vou com grande frequência e raramente oiço boas ideias que podem ser colocadas em prática. tens razão quando dizes que com a direcção anterior as ideias caiam em saco roto. nesta pode ser que não. mas uma boa ideia passará sempre para outras pessoas.

por falar em redes sociais e meios digitais, já reparaste que a venda de tokens do Benfica na Socios está pausada há quase meio ano?

https://eco.sapo.pt/2022/12/09/regulamentacao-atrasa-lancamento-da-criptomoeda-do-benfica/