José Águas, o Capitão dos Campeões

Avançado, (1930-11-09 - 2000-12-10),
Portugal
Equipa Principal: 13 épocas (1950-1963), 389 jogos (34830 minutos), 380 golos

Títulos: Campeonato Nacional (5), Taça de Portugal (7), Taça dos Campeões Europeus (2)

Jotenko

Citação de: piratas15 em 19 de Abril de 2011, 23:53
a SERENIDADE que levanta a taça ,é qual quer coisa de extraordinario!!!!!!!!!!curvo-me perante a memoria deste SENHOR!!!

É nivel, naturalidade, simplicidade, HUMILDADE, trabalho, HONRA, ORGULHO, RESPEITO.

Era o BENFICA.


Ribeirinho

Citação de: jotenko em 08 de Maio de 2011, 20:35
Citação de: piratas15 em 19 de Abril de 2011, 23:53
a SERENIDADE que levanta a taça ,é qual quer coisa de extraordinario!!!!!!!!!!curvo-me perante a memoria deste SENHOR!!!

É nivel, naturalidade, simplicidade, HUMILDADE, trabalho, HONRA, ORGULHO, RESPEITO.

Era o BENFICA.
aquele simplicidade ao levantar a taça é de uma superioridade suprema que muitos hoje em dia não têm.

Jotenko

Citação de: Ribeirinho em 13 de Maio de 2011, 00:42
Citação de: jotenko em 08 de Maio de 2011, 20:35
Citação de: piratas15 em 19 de Abril de 2011, 23:53
a SERENIDADE que levanta a taça ,é qual quer coisa de extraordinario!!!!!!!!!!curvo-me perante a memoria deste SENHOR!!!

É nivel, naturalidade, simplicidade, HUMILDADE, trabalho, HONRA, ORGULHO, RESPEITO.

Era o BENFICA.
aquele simplicidade ao levantar a taça é de uma superioridade suprema que muitos hoje em dia não têm.

Muitos? No Benfica, todos.

Este topico para miim é o meu refugio neste forum, e ainda bem que costuma estar sossegado, tipo lugar de culto.

Antes de desafios importantes gosto de passar por aqui para olhar a imagem dele. No fim passo novamente.

Jotenko



H

Oh tempo, volta atrás...

Porque nasci eu em 89?

Megaphone

"Por exemplo, antes da final com o Barcelona, quando ganhámos a primeira Taça dos Campeões, tive um descuído, a sonhar, depois de 11 dias em estágio sem relações sexuais.. Desabafei com o médico do Benfica, Sousa Pinho, que me disse que falasse com ele antes do jogo. Assim fiz. Levou-me ao bar e mandou vir um café e um brande. Foi o meu doping..."

isto e magnifico, aposto que hoje em dia até na noite antes dos jogos há....

VodkaBoy

Quando teremos oportunidade de ver com os nossos olhos o novo "Jose Aguas"?

Jotenko

Citação de: VodkaBoy em 19 de Maio de 2011, 10:03
Quando teremos oportunidade de ver com os nossos olhos o novo "Jose Aguas"?

LOOOOL

Vodka, nem um que levante uma UEFA tu tens quanto mais uma champions.

Zimmerman

Este senhor não merece este benfiquinha.

Partizan

Faz hoje 50 anos que levantou "a filha".

VIVA O BENFICA! E PLURIBUS UNUM 1904

Fake Blood

Helena Àguas escreve livro sobre o pai.
Penso que vai estar a venda no Estádio da Luz dia 29 ou 30.

iur27

#163
Na revista Visão qua saiu hoje, está uma crónica do Sr. António Lobo Antunes com o título:

" O Senhor Águas"


Aqui fica um pequeno excerto:

"... Nunca admirei tanto um atleta como admirei José Águas. Para quê, portanto, ir ao futebol se ele já não se encontra no estádio? Era a elegância, a inteligência, a integridade, o talento, e ao pensar em escrever o meu desejo era ser o Águas da literatura..."

capitao nemo

Crónica completa do Sr. António Lobo Antunes na Visão sobre o nosso Eterno Capitão.

http://clix.visao.pt/o-senhor-aguas=f609074

O senhor Águas

Nunca admirei tanto um atleta como admirei José Águas. Para quê, portanto, ir ao futebol se ele já não se encontra no estádio?

António Lobo Antunes

6:07 Quarta feira, 22 de Jun de 2011

Há mais de trinta anos que não assisto a um jogo de futebol. Não conheço os estádios novos, vejo, às vezes, um bocadinho na televisão. Mas entre os dez e os vinte anos não falhava um jogo do Benfica. E não falhei enquanto Águas jogou. Claro que não era apenas Águas: era Costa Pereira, Germano, Ângelo, Simões, Eusébio, Cavém, o grande Mário Esteves Coluna que Otto Glória considerava o melhor jogador português, outros mais artistas que jogadores, como José Augusto, por exemplo, a todos estou grato pela beleza e a alegria que me deram, porém nunca admirei tanto um atleta como admirei José Águas. Para quê, portanto, ir ao futebol se ele já não se encontra no estádio? Era a elegância, a inteligência, a integridade, o talento, e ao pensar em escrever o meu desejo era ser o Águas da literatura. Vi Pelé, Didi, Nilton Santos, Puskas, Di Stefano, Santamaria, tantos outros génios, no tempo em que o futebol não era ainda uma indústria nem os jogadores funcionários competentes, comandados por esse horror a que chamam técnicos: era pura criação, uma actividade eufórica, uma magia cinzelada, uma nascente de prazer, uma inspiração, um entusiasmo. Águas foi tudo isso e, muito novo, ganhou o respeito dos colegas, dos adversários, dos jornalistas da época, que os havia de grande qualidade, Carlos Pinhão, Carlos Miranda, Aurélio Márcio, Homero Serpa, tantos outros. Não jogava futebol: criava futebol, respirava futebol, inventava futebol, e teria sido um privilégio para mim conhecê-lo. Não para falar com ele, para o ouvir. A sua beleza física invulgar distinguia-o de todos os outros, a forma de se mover em campo era única, a autoridade sobre os companheiros natural e humilde.

Os miúdos que iam comigo à bola chamavam-lhe senhor Águas, sem sonharem que era desse modo que Simões e Eusébio o tratavam, como tratavam Coluna. Senhor Águas, senhor Coluna. Reconhecíamo-lo, do alto do terceiro anel, no estádio de então, onde, de tão longe, os jogadores minúsculos, pelo modo de correr, se deslocar no campo, passar, rematar, reconhecíamo-lo pelos seus golpes de cabeça, inimitáveis, pelo sentido da ocupação do espaço, pela simplificada geometria do seu futebol. Não tinha a garra de Ângelo ou Cavém, a força de Coluna, o gigantesco talento de Eusébio, o poder do drible de Simões, a velocidade de José Augusto: era uma espécie de rei sereno e eficaz, um aristocrata perfeito. Até a andar os olhos ficavam presos nele, na harmonia dos gestos, no modo de ajeitar bola, e eu, criança de dez anos ou adolescente de quinze, pensava tenho de trabalhar mais esta página, ainda não chego aos calcanhares de José Águas. Escrever como ele jogava, com a mesma subtileza e a mesma eficácia. Escrever como a equipa do Benfica, umas vezes à Ângelo, outras à Germano, outras à Coluna, e finalizar à Águas. Nunca deve ter ouvido falar em mim nem podia adivinhar que um garoto qualquer o tomava não apenas como mestre de futebol mas como mestre de escrita. Só, mais tarde, certos saxofonistas de jazz, Bird, Coltrane, Webster, Coleman, Hodges, alguns mais, tiveram, sobre o meu trabalho, influência semelhante. Mas Águas foi o meu primeiro e indisputado professor: escreve como ele joga, meu estúpido, aprende a escrever como ele jogava. Como morava em Benfica via-o, às vezes, no autocarro do clube e ficava, pasmado de admiração, a fitá-lo. Isto lembra-me o meu irmão Nuno chegando a casa de dedo no ar

- Toquei no Eusébio, toquei no Eusébio

como provavelmente, eu o faria, porque na infância e na adolescência o futebol era, para além de uma aprendizagem do mundo, um prazer infinito. A cor dos equipamentos

(o meu amigo Artur Semedo:

- Não sou um homem às riscas, sou homem de uma cor só)

a entrada em campo, o hino, tudo isto me exaltava e fazia feliz. E as vitórias, comemoradas em Benfica com bebedeiras eufóricas. Uma das minhas glórias secretas, confesso-o agora, consiste em ter visto a fotografia do meu pai no balneário do hóquei em patins do Benfica, de ele ter estado no Campeonato da Europa de 1936, em Estugarda, com vinte ou vinte e um anos, e de brincarmos com uma caixa de lata cheia de medalhas, a que o meu pai não dava importância alguma e eu considerava inestimáveis. Há pouco, a minha mãe

- O que faço eu a isto?

exibindo-me uma espécie de troféu ou de placas num estojo, que alguns anos antes de morrer a Federação de Patinagem lhe entregou, juntamente com outras antigas glórias, e que me recordo de o meu pai, que não saía, ir receber com satisfação secreta. Mas, claro, eu era só filho do Lobo Antunes, não era filho do Águas, e ainda sei medir as distâncias. Portanto, o que vou eu fazer a um campo de futebol se ele já não joga? Seguir os funcionários competentes de um negócio? Assistir ao bailado dos técnicos? Ver a fantasia substituída pela sofreguidão, a ambição pela avidez, o amor ao clube pela violência idiota? Claro que continuo a querer que o Benfica ganhe. Claro que sou, como em tudo o resto, parcial, sectário, por vezes sem bom senso algum. Mas há séculos que não sofro com as derrotas e, sobretudo, não choro lágrimas sinceras com elas: estou-me nas tintas. Contudo voltaria a trotar, radiante, para assistir à entrada em campo de Costa Pereira, Mário João, Germano, Ângelo, Cavém, Cruz, José Augusto, Eusébio, Águas, Coluna e Simões, a agradecer-lhes o facto de me terem, durante anos e anos, colorido a existência. E talvez no fim do jogo, postado junto ao autocarro, quando os jogadores saíssem do balneário, o senhor Águas me apertasse a mão.