José Águas

Nome completo
José Pinto Carvalho S. Águas
Número
9
País
Portugal
Naturalidade
Luanda
Data de nascimento
1930-09-09
Data de morte
2000-12-11
Periodo no Benfica

1950 - 1963

Estatísticas

Oficiais Não Oficiais
Jogos Minutos Golos Cartões (A./V.) Jogos Golos
Total 389 34830 380 90 33
Seniores > 1950/1951 > SL Benfica 26 2340 29 0 / 0 1 0
 
Campeonato Nacional 19 1710 23 0 / 0 0 0
Taça de Portugal 7 630 6 0 / 0 0 0
Amigáveis 0 0 0 0 / 0 1 0
Seniores > 1951/1952 > SL Benfica 29 2610 34 0 / 0 5 3
 
Campeonato Nacional 22 1980 28 0 / 0 0 0
Taça de Portugal 7 630 6 0 / 0 0 0
Amigáveis 0 0 0 0 / 0 5 3
Seniores > 1952/1953 > SL Benfica 32 2880 35 0 / 0 5 1
 
Campeonato Nacional 25 2250 25 0 / 0 0 0
Taça de Portugal 7 630 10 0 / 0 0 0
Amigáveis 0 0 0 0 / 0 5 1
Seniores > 1953/1954 > SL Benfica 20 1800 24 0 / 0 5 1
 
Campeonato Nacional 18 1620 24 0 / 0 0 0
Taça de Portugal 2 180 0 0 / 0 0 0
Amigáveis 0 0 0 0 / 0 5 1
Seniores > 1954/1955 > SL Benfica 32 2880 26 0 / 0 4 0
 
Campeonato Nacional 26 2340 20 0 / 0 0 0
Taça de Portugal 6 540 6 0 / 0 0 0
Amigáveis 0 0 0 0 / 0 4 0
Seniores > 1955/1956 > SL Benfica 30 2700 31 0 / 0 13 10
 
Campeonato Nacional 26 2340 28 0 / 0 0 0
Taça de Portugal 2 180 2 0 / 0 0 0
Taça Latina 2 180 1 0 / 0 0 0
Amigáveis 0 0 0 0 / 0 13 10
Seniores > 1956/1957 > SL Benfica 34 3060 33 0 / 0 0 0
 
Campeonato Nacional 25 2250 30 0 / 0 0 0
Taça de Portugal 7 630 3 0 / 0 0 0
Taça Latina 2 180 0 0 / 0 0 0
Amigáveis 0 0 0 0 / 0 0 0
Seniores > 1957/1958 > SL Benfica 32 2880 31 0 / 0 18 10
 
Campeonato Nacional 22 1980 22 0 / 0 0 0
Taça de Portugal 8 720 9 0 / 0 0 0
Taça dos Campeões Europeus 2 180 0 0 / 0 0 0
Amigáveis 0 0 0 0 / 0 18 10
Seniores > 1958/1959 > SL Benfica 33 2970 29 0 / 0 11 1
 
Campeonato Nacional 24 2160 26 0 / 0 0 0
Taça de Portugal 9 810 3 0 / 0 0 0
Amigáveis 0 0 0 0 / 0 11 1
Seniores > 1959/1960 > SL Benfica 35 3150 31 0 / 0 3 0
 
Campeonato Nacional 25 2250 18 0 / 0 0 0
Taça de Portugal 8 720 12 0 / 0 0 0
AF Lisboa Taça de Honra 1ª Divisão 2 180 1 0 / 0 0 0
Amigáveis 0 0 0 0 / 0 3 0
Seniores > 1960/1961 > SL Benfica 35 2970 43 0 / 0 4 1
 
Campeonato Nacional 23 2070 27 0 / 0 0 0
Taça de Portugal 1 90 5 0 / 0 0 0
Taça dos Campeões Europeus 9 810 11 0 / 0 0 0
AF Lisboa Taça de Honra 1ª Divisão 2 0 0 0 / 0 0 0
Amigáveis 0 0 0 0 / 0 4 1
Seniores > 1961/1962 > SL Benfica 38 3420 26 0 / 0 11 4
 
Campeonato Nacional 22 1980 18 0 / 0 0 0
Taça de Portugal 5 450 2 0 / 0 0 0
Taça Intercontinental 2 180 0 0 / 0 0 0
Taça dos Campeões Europeus 7 630 6 0 / 0 0 0
AF Lisboa Taça de Honra 1ª Divisão 2 180 0 0 / 0 0 0
Amigáveis 0 0 0 0 / 0 11 4
Seniores > 1962/1963 > SL Benfica 13 1170 8 0 / 0 10 2
 
Campeonato Nacional 4 360 2 0 / 0 0 0
Taça de Portugal 6 540 5 0 / 0 0 0
Taça dos Campeões Europeus 3 270 1 0 / 0 0 0
Amigáveis 0 0 0 0 / 0 10 2

Nasceu em Luanda, mas cedo chegou ao Lobito. O pai, de nome Raul, por África diligenciava conforto para o clã Águas. Mais tarde, pouco mais, já viúva, a mãe, desfeita em preces, aos filhos pediu privações. Logo, José Águas, com apenas 15 anos, dactilógrafo se fez na Robert Hudson, empresa concessionário da Ford, que os tempos, esses, de suave nada tinham. Tornou-se jogador da equipa da firma. Instintos revelados, passou a representar o Lusitano do Lobito.

Nasceu benfiquista por influência paterna. Da então metrópole chegavam noticias de uma equipa que a Taça Latina havia ganho. Um poster, já amarelo de gasto, devotadamente colocado no quarto, inspirava o jovem, numa altura em que até nem se (re)via no meio daquelas estrelas, sobretudo Rogério e Julinho, para ele as mais cintilantes. Menos ainda cogitaria José Águas a hipótese de alguma vez defrontar semelhante naipe de campeões. Enganou-se.

Ainda o júbilo pela arrebatante vitória sobre o Bordéus animava as hostes do Benfica, já a equipa peregrinava por África. No Lobito, uma selecção local constituía um dos cartazes. Quando soube que havia sido seleccionado, José Águas sentiu um frémito e tardou a recompor-se. Custa até imaginar como ficou depois do jogo, que venceu por 3-1, com dois tentos da sua lavra, quando os dirigentes benfiquistas lhe pediram para passar no hotel, depois daquele feito perene, intrigante para Ted Smith, treinador inglês do Benfica.



O FC Porto, por telefone, depressa convidou José Águas para férias fazer na Invicta e… treinar-se na Constituição. “Amanhã respondo”, terá dito e desligado de seguida. Só que o amanhã chamou-se mesmo Benfica e vezes sem conta olhou, sempre de soslaio, por timidez até na intimidade, a moldura que lhe dava vida ao quarto, onde só mais uma noite passou a sonhar com delicias garridas. Contrato rubricado e com os novos companheiros partiu à conquista de outras paragens africanas.

Chegou a Lisboa no dia 18 de Setembro de 1950. Na Tapadinha se estreou. Nunca tinha visto um campo relvado, botas de pitões também não. Com apenas um treino realizado, o debute nada teve de auspicioso. Empate a duas bolas com o Atlético, sem que os créditos de goleador fossem exibidos. Mas antes que as criticas subissem de tom, na ronda imediata, com o Sporting de Braga, no Campo Grande, quatro golos marcou, num invejável 8-2.

Pelo Benfica, José Águas viveu muitos anos em que a fábula e a realidade pareceram caminhar de mãos dadas. Cansou-se de vencer, de marcar, de contagiar. Foi ele, é ainda, a papoila mais saltitante do hino de Piçarra ou o melhor intérprete do jogo aéreo que o Benfica alguma vez teve. E Portugal também. É o segundo melhor marcador da história encarnada, depois de Eusébio. Só Eusébio, de resto, poderia relativizar José Águas. Mais ninguém!



Atravessou toda a década de 50 em sistemática laboração pelo golo. Fixou-se no topo dos marcadores em cinco ocasiões. Levantou, triunfante, na qualidade de capitão, as duas Taças dos Campeões, sendo mesmo o artilheiro-mor da primeira. Nos Nacionais, apontou mais golos (290) do que jogos efectuou (282). Já não esteve presente na terceira final europeia, por opção do chileno Fernando Riera. “Algum tempo depois, pediu-me desculpas por não me ter colocado a jogar. Disse-lhe que até ficaria satisfeito com os golos de Torres. Era a verdade, era a voz do meu coração de benfiquista, mas Fernando Riera parece não ter ficado muito convencido”. Nem os adeptos com… Torres.

Pela equipa nacional, 11 golos marcou em 25 jogos. Apreciável registo, em tempos marcados ainda por um certo complexo de inferioridade, que não poucas vezes encolhia, amarfanhava mesmo, os nossos melhores atletas.

Ainda no apogeu, José Águas fez uma revelação surreal. Confessou que vestia o traje de futebolista com “o mesmo espírito com que o operário veste o fato-macaco”, porque era assim que ganhava a vida, já que até “não gostava de jogar à bola”. E se gostasse? Dele, sempre gostaram os benfiquistas, numa divida imorredoura de gratidão.

 

Épocas no Benfica: 13 (50/63)

Jogos: 379
Golos: 377

Títulos: 5 CN, 7 TP, 2 TCE

 

Texto: Memorial Benfica, 100 Glórias
Copiado de Ednilson

 

Títulos

Primeiro jogo

Atlético CP 2 - 2 SL Benfica

Dom, 24 Setembro, 1950, 01:00

Estádio da Tapadinha ,

SL Benfica: Mário da Rosa, Joaquim Fernandes, Félix, Jacinto, Rosário, Francisco Moreira, Corona, Francisco Ferreira, Melão, José Águas, Arsénio
Treinador: Ted Smith
Golos: Rosário (65), Rosário (85)

Último jogo

SL Benfica 0 - 2 Sporting CP

Dom, 23 Junho, 1963

Estádio da Luz ,

SL Benfica: Costa Pereira, Humberto Fernandes, Augusto Silva, Raúl Machado, Santana, Simões, Domingos Fernandes, Coluna, José Águas, José Augusto, Eusébio
Treinador: Fernando Riera
Sporting CP: Carvalho, Hilário, Pedro Gomes, Lúcio, José Pérides, Osvaldo Silva, David Júlio, João Morais, Mascarenhas, Géo Carvalho, Figueiredo
Treinador: Juca