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Quatro dias apenas depois da bem sucedida intentona de 28 de Maio de 1926, em Lisboa nascia Joaquim Fernandes, futuro jogador do Benfica, defesa-esquerdo, durante nove temporadas, figurante na história da Taça Latina, mas também na de outros acometimentos. Transição fez dos anos 40 e 50, com mais de duas centenas de participações em despiques de carácter oficial, circunstância que o coloca no primeiro pelotão (39º lugar) dos atletas mais utilizados em cem anos de vida do clube.

Chegou na temporada de 45/46, ano da morte do mítico Cosme Damião, timoneiro da nau benfiquista no começo da viagem, que também havia sido “médio-centro da equipa de honra, treinador, conselheiro e caixa de todos os jogadores que não tinham vintém”, segundo Cândido de Oliveira. Fernandes acabaria por fazer uma época sabática. O que lhe sobrava em vontade, faltava-lhe em experiência. Só realizou um jogo oficial, a contar para a Taça de Portugal, prova também do seu fetichismo, apesar da derrota (2-3) com o Atlético, na Tapadinha. No ano imediato, após começo letárgico do conjunto, garantiu a titularidade, esteve na série ininterrupta de 11 vitórias, mesmo assim insuficiente para chegar ao título, no início da era dos Violinos do Sporting. Participou também na inaudita marca de 13-1, com que o Benfica, por essa altura, assolou a Sanjoanense.

Até ao final da década, Fernandes transformou-se num dos irremovíveis, a mesma chancela de Félix, Jacinto, Francisco Ferreira, Moreira, Arsénio, Julinho e Rogério. Era essa a base do colectivo na pomposa empreitada que propiciou a conquista da Taça Latina. Mais Bastos, José da Costa, Corona, Rosário e Pascoal. Em ano formidável, com o Campeonato também na colecção dos despojos.

De resto, foi a única vez, ao longo do seu predomínio, que a orquestra rubra ousou, melodiosa e vibrantemente, silenciar a enleante homónima leonina. Se o Sporting arquitectou um inédito tetra no Campeonato, o tetra fez também o Benfica, mas na Taça, batendo em sucessivas finais o Atlético (2-1), a Académica (5-1), o Sporting (5-4) e o FC Porto (5-0). De permeio, em 49/50, anulada seria a edição da segunda prova mais importante do calendário da bola. Esfumou-se um possível penta, tanto mais que o cancelamento, ordenado pela FPF, ocorreu na bela temporada de 49/50. É que Portugal esteve a um passo de participar no Mundial do Brasil, face à desistência de alguma nações. O convite, esse, haveria, mais tarde, de ser declinado.

Joaquim Fernandes pendurou as botas em 53/54. De Moçambique, chegavam Costa Pereira, Mário Coluna e Naldo, este o seu presumível substituto. Por pouco tempo, já que Ângelo logo haveria de reclamar a posição, com os ditames que se conhecem. De Fernandes, no Benfica, vingou o preceito da regularidade.

 

Épocas no Benfica: 9 (45/54)

Jogos: 231

Títulos: 1CN, 4 TP, 1 Taça Latina

 

Texto: Memorial Benfica, 100 Glórias
Copiado de Ednilson

 

Títulos

Primeiro jogo

Atlético CP 3 - 2 SL Benfica

Dom, 9 Junho, 1946

Estádio da Tapadinha ,

SL Benfica: António Martins, Álvaro Gaspar Pinto, Jacinto, Joaquim Fernandes, Rogério Pipi, Francisco Moreira, Francisco Ferreira, Arsénio, Julinho, Joaquim Teixeira, Mário Rui
Treinador: János Biri
Golos: Arsénio (53), Julinho ()

Último jogo

Sporting CP 3 - 2 SL Benfica

Dom, 23 Maio, 1954

Nacional do Jamor ,

Sporting CP: Carlos Gomes, Caldeira, João Galaz, Mário Gonçalves, Armando Barros, Juca, José Travassos, Vasques, João Martins, Galileu, Fernando Mendonça
Treinador: Joseph Szabo
SL Benfica: José Bastos, Ângelo Martins, Artur Santos, Joaquim Fernandes, Francisco Moreira, Francisco Calado, Rogério Pipi, Fernando Caiado, José Águas, Arsénio, Francisco Palmeiro
Treinador: José Alberto Valdivieso
Golos: Francisco Calado (77), Arsénio (34)