ARGENTINO PODE DESEMPENHAR NOVAS FUNÇÕES, A TITULAR, JÁ NO JOGO COM O RIO AVE
O meio-campo do Benfica não tem correspondido às exigências e Jorge Jesus está a estudar uma reformulação da zona central do sector intermediário. De acordo com o que Record apurou, na sessão de trabalho de ontem realizada à porta fechada no Seixal, o técnico testou Enzo Pérez na posição 6 e entregou a Talisca as funções que habitualmente são desempenhadas pelo argentino. Quanto ao ataque ganha mais um elemento, podendo Lima fazer dupla com Jonas ou Derley, se este estiver nas melhores condições físicas. Neste figurino seria Samaris o sacrificado do onze.
Este novo figurino pode voltar a ser ensaiado nos próximos dias, como é habitual sempre que há uma mudança, e pode até ser colocado à prova já no próximo jogo, frente ao Rio Ave, na Luz. A possibilidade está em cima da mesa, mas dependerá muito do feedback dado por Enzo nos treinos. Até ao início desta época, o médio nunca tinha alinhado numa posição tão recuada.
Nos jogos frente a Arouca, Estoril e Sp. Braga, o camisola 35 acabou por funcionar como 6, mas sempre na 2.ª parte, quando a equipa procurava alcançar os três pontos. Desta vez a situação é diferente porque pressupõe outras preocupações defensivas e movimentos que, habitualmente, o argentino não executa.
Nova vida
Caso Jesus aposte mesmo neste novo meio-campo frente ao Rio Ave, Enzo enfrentará a terceira vida na Luz. É que o argentino começou por ser utilizado no lado direito do meio-campo, posição onde se notabilizou no Estudiantes, mas acabou adaptado, e com sucesso, à zona central do miolo.
Já Talisca poderá também enfrentar um novo desafio de águia ao peito, embora a posição 8 não lhe seja desconhecida. O melhor marcador das águias é, agora, peça importante no onze de Jesus.
Jorge Jesus chegou à Luz no início da temporada 2009/10 e desde logo colocou os encarnados a jogar de forma diferente, em 4x4x2 losango. O plantel tinha jogadores de enorme qualidade, mas cedo o treinador estabeleceu a posição 6 como fundamental para o equilíbrio de toda a estrutura. Por isso foi necessário ir ao mercado e o escolhido foi Javi García, que implicou um investimento de 7 milhões de euros. Sem espaço no Real Madrid e após um empréstimo ao Osasuna, o espanhol chegou à Luz e, de imediato, estabeleceu-se como titular indiscutível dos encarnados.
As boas exibições despertaram o interesse de vários emblemas e Jesus teve perfeita noção que mais tarde ou mais cedo teria de encontrar um substituto para o espanhol. Airton ainda foi contratado logo em janeiro de 2010 mas nunca se assumiu como uma solução à altura e a verdade é que Javi permaneceu na Luz até ao início da temporada 2012/13.
Mas aí já Jorge Jesus tinha um sucessor encontrado para o atual jogador do Manchester City. Matic tinha estado uma época a ser preparado para jogar na posição 6 e foi testado em vários jogos, dando sempre respostas positivas. No entanto a preparação do sérvio para jogar em novas funções requereu bastante tempo, já que o ex-Vitesse sempre atuou em lugares mais adiantados do meio-campo. “Sinto-me bem a jogar como 8 e como 10”, chegou a dizer em entrevista ao Record. A verdade é que as aulas de Jesus surtiram efeito e Matic rapidamente se afirmou como indiscutível no meio-campo dos encarnados, ao ponto de Jesus elegê-lo como o jogador modelo para desempenhar as funções de médio-defensivo: pela capacidade física mas também por ser forte na hora de construir e progredir com bola. Algo em que Javi García não era tão forte.
É óbvio que nos últimos cinco anos outros jogadores passaram pelo lugar mais recuado do miolo mas, sem dúvida, que Javi García e Matic foram os que mais saudades deixaram.