O presidente do Benfica ficou esta segunda-feira "impressionado" com a desolação provocada pela erupção vulcânica que assola a ilha cabo-verdiana do Fogo desde novembro, considerando que "não há palavras" que descrevam o que os habitantes locais estão a viver.
Luís Filipe Vieira, que efetuou uma visita de poucas horas a Cabo Verde, falava aos jornalistas em Chã das Caldeiras, o planalto que serve de base aos vários cones vulcânicos do Fogo e que estão em erupção desde 23 de novembro de 2014, lamentou a destruição, pela lava, de todas as habitações de Portela e Bangaeira, obrigando ao realojamento dos cerca de 1.500 habitantes locais.
"É profundamente desagradável, não há palavras. E agora, assistir a uma situação destas, ver o que vi do avião e ver ainda que todas as pessoas tiveram de ser deslocadas, pois as suas habitações foram completamente destruídas...por mais duros que sejamos, há sempre uma parte emocional que nos toca", afirmou.
Luís Filipe Vieira, que se deslocou a Cabo Verde para anunciar uma escola destinada à população de Chã das Caldeiras, realojada em três centros de acolhimento e à espera que o Governo decida onde reconstruir uma nova localidade, falava numa altura em que a erupção vulcânica aumentou significativamente de intensidade.
"Numa altura destas, e agora que estou a ouvi-lo (o barulho ensurdecedor do vulcão), começo a aperceber-me sobre o que foi a aflição desta gente toda. Imagine-se acordar com um barulho destes e com as lavas a avançar. Deve ser completamente terrível", acrescentou.
Recebido em festa por cerca de meia centena de adeptos benfiquistas no aeródromo de São Filipe, o presidente dos "encarnados", acompanhado pelo também muito saudado ex-jogador do Benfica Nuno Gomes, lembrou que, sendo líder de um "clube do povo", a desolação "toca muito".
"Quando existe uma tragédia destas temos de estar ao pé das pessoas. O Benfica é um clube do povo e isto toca-nos muito. Era bom que nada disto acontecesse. Foi uma maneira de as pessoas descarregarem também a sua carga emocional porque está aqui o Benfica. Mas não há festa nenhuma", referiu.
"Hoje, temos de ser solidários. O Benfica é a marca da Lusofonia. Tínhamos de estar aqui presentes e tínhamos de estar solidários não só com Cabo Verde mas, sobretudo, com a ilha do Fogo e a sua população. Queremos estar perto dela, deixar uma marca nossa, de maneira a que possamos estar muito perto da juventude e apoiá-la, nomeadamente na parte da escolaridade", salientou Luís Filipe Vieira.
Tendo as escolas de Chã das Caldeiras sido totalmente consumidas pela lava, acrescentou Luís Filipe Vieira, o Benfica, através da fundação homónima, entendeu que teria de oferecer um estabelecimento de ensino com capacidade para 600 crianças, para que possam seguir "normalmente o percurso escolar".
O local onde se situará a escola vai depender de uma decisão do Governo, que tem estado em concertação com as três autarquias foguenses - São Filipe, Mosteiros e Santa Catarina - e com a população de Chã das Caldeiras.
De manhã, Luís Filipe Vieira, salientando que veio a Cabo Verde numa missão social e não desportiva, foi recebido em audiências separadas pelo presidente e pelo primeiro-ministro de Cabo Verde, respetivamente Jorge Carlos Fonseca e José Maria Neves.