Paulo Almeida

Fonte
www.abola.pt
À excepção de Yannick, Manuel Dos Santos e Paulo Almeida, o onze inicial e, já agora, o esquema táctico apresentados por Giovanni Trapattoni frente ao Anderlecht, pouco ou nada mudaram em relação à época passada. Certo que faltaram elementos com preponderância na manobra da equipa, como Nuno Gomes e Geovanni, que se encontram lesionados, mas foi uma equipa sem grandes alterações, aquela que se viu sobre o terreno do jogo. Não obstante, a influência dos três estreantes na manobra da equipa está longe de ser equitativa e, nesse aspecto, perceber o papel de Paulo Almeida é fulcral no que se refere à comparação entre este e o Benfica de Camacho, até porque o brasileiro surge, para já , como o substituto natural de Tiago, parceiro de P e - t i t nas últimas duas épocas. Tiago chegou à Luz como trinco, mas rapidamente se afirmou como elemento fulcral na transposição do jogo da defesa para o ataque, missão que lhe permitiu apontar 19 golos, em duas épocas e meia de águia ao peito. Ora, Paulo Almeida é o oposto do português, sendo um cabeça de área puro, isto é, um jogador que actua muito recuado, sendo útil no apoio aos centrais, graças a uma colocação irrepreensível no terreno de jogo, que lhe permite estar sempre no caminho da bola. Indicado por José Antonio Camacho, que viu nele «um Petit mais tranquilo», o médio brasileiro conquistou rapidamente a admiração de Trapattoni, que o considera, igualmente, um elemento muito importante para a equipa e já o converteu no jogador mais utilizado na pré-época. Para apimentar ainda mais este debate, os encarnados sofreram uma pesada derrota frente ao Bétis de Sevilha (0-3)... na única vez em que Paulo Almeida ficou no banco de suplentes. Sokota é que sofre Mas se Paulo Almeida faz sentir a sua influência a nível defensivo, também não é menos verdade de que, com ele e Petit em campo, a equipa é bem menos ofensiva que a da época passada, o que equivale dizer que ainda está por provar se os dois se complementam ou um deles está a mais. Neste sistema, quem tem pago a factura é Sokota, quase sempre desapoiado e obrigado a desgastar-se nos lances aéreos, posto que a maioria dos passes vêm de Argel ou de outro qualquer elemento da defesa. Algo que só se explica pela ausência de alguém, no sector intermediário, capaz de fazer a transposição do jogo para o ataque. Com o Anderletcht, o croata até ganhou muitos lances de cabeça mas, sendo ele o único avançado, os amo ties efectuados deviam ser destinados, em condições normais... a ele próprio. Uma ironia que só a estratégia adoptada até agora por Giovanni Trapattoni ajuda a compreender. Perante isto, quem viu actuar esta equipa desde o primeiro jogo na Suíça, com o Étoile Carouge, já percebeu que a chave do sucesso dos encarnados para a nova época passará, em grande medida, pelo equilíbrio que o treinador conseguir implantar no sector intermediário. Falta ver Everson Em suma, a preponderância de Paulo Almeida, com o seu futebol pousado, feito à base de passes curtos e sem correr riscos, seria inquestionável se a equipa tivesse um verdadeiro nº 10, à volta de quem girasse toda a movimentação ofensiva da equipa. Zahovic pode ser essa pessoa, mas para isso, o esloveno terá de arrancar a sua melhor época de sempre, desde que trocou Valência por Lisboa. Sem esse nº 10, e sobretudo, quando a equipa tiver de actuar com dois pontas de lança, algo que terá de acontecer forçosamente no futuro, tendo em conta a qualidade do trio de avançados (Mantorras está momentaneamente descartado), é difícil imaginar como vai a equipa fazer chegar bolas ao ataque, tal como está elaborado o meio campo. Há que referir no entanto, que a discussão à volta deste tema poderá ser estéril, se Everson confirmar tudo aquilo que dele se tem dito. Esquerdino, por excelência, o ex-jogador do Nice é tido como um médio defensivo que tem muita facilidade em chegar à área adversária e temível nos lances de bola parada. Outro desafio para Paulo Almeida, que ocupa em campo a mesma posição, ao contrário de Petit, que actua mais pela direita. Isto, claro está, se a juventude de Manuel Fernandes e Bruno Aguiar ainda constituem um forte óbice para conceder-lhes a titularidade... Trapattoni é quem tem a palavra.