AZ Alkmaar: Análise detalhada por Nuno Travassos

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Ponto forte: pragmatismo do tridente ofensivo
O setor mais forte do AZ Alkmaar é, indiscutivelmente, o ofensivo. Beerens, Berghuis, Jóhannsson ou mesmo Gudmundsson combinam muito bem, e encaixam no mesmo estilo: velocidade e pragmatismo no ataque à baliza contrária. São unidades muito móveis, difíceis de encaixar na marcação, e que exploram muito bem os espaços, sobretudo quando o jogo está partido. Beerens e Berghuis saíram tocados do último jogo, mas devem recuperar.


Ponto fraco: transição defensiva
Mas é quando o jogo está partido que o AZ mostra a sua pior faceta. A equipa de Dick Advocaat é muito pouco competente a recuperar no terreno, a reagir à perda de bola. Tanto demora a reorganizar-se como é incapaz de pressionar assim que a bola cai nos pés do adversário. Falta claramente agressividade e equilíbrio neste momento importante do jogo. A goleada sofrida com o Heerenveen, em dezembro, é elucidativa das dificuldades defensivas do AZ, sobretudo em transição ( veja o resumo).


Principal ameaça: Aron Jóhannsson
Não atravessa um bom momento, e Dick Advocaat não só o deixou no banco, no passado fim de semana, como ainda o criticou publicamente, por falta de empenho. Em todo o caso é a grande figura da equipa holandesa, já com 25 golos apontados na presente temporada (nenhum colega chegou sequer à dezena de golos). Internacional americano de ascendência islandesa, é um avançado muito móvel, que responde muito bem a passes de rutura entre os centrais e os laterais. Finaliza com frieza e mostra também apurada capacidade técnica na forma como se desembaraça dos marcadores diretos na área, em situações de 1x1.


Onze base:

Esteban Alvarado: o guarda-redes da Costa Rica não tem sido sinónimo de segurança na baliza do AZ. Para além das dificuldades evidentes a jogar com os pés, mostra também muita tendência para largar as bolas em resposta a remates mais fortes, nomeadamente de fora da área, tanto junto à relva como mais altos. Uma mão cheia de erros desse tipo.

Mattias Johansson: o lateral direito sueco ataca bastante, e por isso tem quatro golos já marcados esta época, mas depois está quase sempre desposicionado, algo que não é notório apenas em transição defensiva. Mesmo quando está em zonas mais recuadas o antigo jogador do Kalmar tem tendência para perder as referências posicionais.

Gouweleeuw: contratado no início da época ao Heerenveen, acaba por ser muitas vezes chamado a «dobrar» Johansson no lado direito, e mostra dificuldades nos duelos de um contra um. Se jogar, Rodrigo pode explorar o espaço entre o central e o lateral, como tanto gosta.

Viergever: fez a primeira metade da época quase sempre como lateral esquerdo, mas após a contratação de Poulsen tem sido mais regular a sua utilização no eixo defensivo. Jogador perigoso nas bolas paradas ofensivas, já com cinco golos apontados esta época (e quatro assistências).

Poulsen: contratado à Sampdoria no mercado de inverno, parece ainda estar a adaptar-se aos colegas e ao futebol holandês. Tem estado inibido e algo inseguro.

Ortiz: elemento mais recuado do meio-campo, o paraguaio acaba, contudo, por deixar muitas vezes a zona à frente da defesa. É um jogador com qualidade técnica, que procura a bola, mas que não impõe a sua presença naquele terreno.

Elm: médio interior que habitualmente aparece ligeiramente descaído à esquerda, destaca-se pela estatura, mas raramente participa na construção de jogo.

Gudelj: estreou-se pela seleção sérvia no início do mês, pela mão de Drulovic, e é o elemento mais influente do meio-campo. Embora não seja um «playmaker», é ele que acaba quase sempre por pegar no jogo. Fez já oito passes para golo.

Berghuis: jovem esquerdino que atua habitualmente pelo flanco direito, com tendência para aparecer em posição central, à procura da bola, ou então para a conduzir para essa zona, na perspetiva de um remate ou de um passe de rutura para Jóhannsson. É o segundo melhor marcador da equipa, mas a larga distância do ponta de lança, com nove tentos.

Beerens: joga habitualmente pelo flanco esquerdo, embora o pé preferencial seja o direito. Tecnicamente evoluído, procura mais os duelos individuais e a velocidade. Cinco golos e cinco assistências esta época.


Outras opções:

Gudmundsson é a principal alternativa para os flancos do ataque, e no fundo é um resumo dos habituais titulares: um esquerdino que gosta de jogar pela direita, como Berghuis, mas rápido e com tendência para o 1x1, como Beerens.
Wuytens tem sido suplente nos últimos tempo, após a contratação de Poulsen (Viegever passou para central), mas durante a primeira metade da época foi presença regular no eixo defensivo. Está, contudo, castigado para a primeira mão. A outra alternativa defensiva é Reijnen, que tanto pode jogar a central como a lateral direito. Durante algum tempo roubou, de resto, a titularidade a Johansson.
Henriksen, jovem internacional norueguês, pode colmatar a ausência de qualquer um dos médios, embora o seu «concorrente direto» seja Ortiz. Gorter e Van Overeem são outras possibilidades, mas menos utilizadas por Dick Advocaat.
No ataque, para além de Gudmundsson, referência mais concreta a Avdic, internacional sueco contratato ao Werder Bremen, que está na «sombra» de Jóhannsson, apenas com dois golos marcados.


Análise detalhada:

A teoria conta pouco no futebol, mas esta diz-nos que o AZ Alkmaar é mesmo o melhor adversário que podia ter calhado ao Benfica nos quartos de final da Liga Europa. Até pelo mau momento que a equipa holandesa atravessa, com apenas uma vitória nos últimos cinco jogos, e problemas entre o melhor jogador e o treinador, que já anunciou que sai no final da época.

Com um «onze» que oscila pouco, a equipa de Dick Advocaat apresenta-se normalmente em 4x3x3, embora com recursos pontual a três centrais, como se verificou na visita ao Anzhi [imagem A]. Uma possibilidade para a Luz, caso alcance um bom resultado em casa.

Pertencente a um futebol que vive de desequílibrios, o AZ é uma equipa que tem na transição defensiva o seu maior problema, conforme já referido. A equipa reage com lentidão à perda de bola, quer a pressionar o adversário quer a regressar à posição defensiva.

Quando está recuado o AZ é bem mais competente a defender, mesmo longe de ser uma verdadeira muralha. O ponta de lança Jóhannsson trabalha pouco na primeira linha defensiva, na qual limita-se quase a cortar a ligação entre os centrais, e mesmo assim sem grande convicção. Logo a seguir forma-se uma linha de cinco elementos, mas sobretudo na zona central nota-se uma tendência para acompanhar mais os adversários do que para definir referências posicionais. Isso faz com que estejam sempre a aparecer espaços, e que muitas vezes o médio mais defensivo (normalmente Ortiz) abandone a zona à frente dos centrais, que assim ficam desprotegidos [imagem B].

Fiel ao estilo holandês, o AZ é uma equipa que procura sempre sair em ataque apoiado, mesmo que a qualidade técnica não seja, globalmente, nada exorbitante. Sente dificuldades, no entanto, frente a adversários defensivamente coesos, sobretudo pela falta de um elemento capaz de alimentar o tridente ofensivo. Basta ter em conta que Martens, transferido para o PAOK no mercado de inverno, continua a ser o «rei das assistências» (dez). Gudelj tem menos duas e procura colmatar esta lacuna, mas não é propriamente o seu perfil.

Merece destaque ainda o peso das bolas paradas nos golos do AZ. Nas bolas paradas é de 30 por cento (24 de 80 tentos assim), com destaque para os cantos (onze). A nível defensivo as bolas paradas têm um peso ligeiramente superior (32 por cento, correspondentes a 19 golos em 59), mas com a «tipologia» mais distribuída.

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