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CM
Correio da Manhã – O que sentiu e representa o primeiro título da sua carreira?
Ricardo Rocha – Foi a todos os níveis fantástico. Primeiro porque pudemos dedicar este triunfo a dois colegas e grandes e eternos amigos que infelizmente já nos deixaram. Falo naturalmente do Fehér e do Bruno Baião. Este título é para eles. Depois, esta é uma vitória muito importante para o Benfica, porque há muitos anos que nada ganhava. Todos sentimos muito este feito, como disse, não apenas pela vitória em si mas pelo facto de a podermos dedicar, por maior que seja o simbolismo.
Já falou de Fehér. Mas falaram dele nos dias que antecederam a final do Jamor?
... (pausa) na altura em que tudo aconteceu e o Fehér nos deixou nós sabíamos do grande desejo que ele tinha de ganhar algo pelo Benfica, Desde daí mentalizámo-nos que tínhamos de ganhar ou a Taça UEFA ou a Taça de Portugal, porque o campeonato era difícil. Lutámos muito e não tenho dúvidas em afirmar que o facto de pretendermos dedicar este feito ao ‘Miki’ foi o maior de todos os incentivos.
Sente esta conquista como o ressurgimento do Benfica
Espero sinceramente que sim. O que acho é que de alguns jogos para cá a equipa estava a progredir e a provar que podia ganhar. Só que há muitos anos que as coisas não estavam bem. Foi preciso ter calma e serenidade e, acima de tudo, nunca parar de lutar. Valeu a pena e hoje é gratificante para todos nós termos ganho, sentido esse prazer e o grande orgulho de vencer pelo Benfica.
Tem consciência da grande alegria que proporcionaram aos adeptos?
Claro. Aproveito para lhes enviar uma palavra de apreço. Queríamos oferecer-lhes um título por tudo quanto nos dão. Eles merecem esta alegria. Aliás, a festa que explodiu no País revela bem a grandeza deste clube.
E agora, na ressaca de uma conquista, com que perspectivas encara a próxima época?
No Benfica, as perspectivas são sempre as mesmas. Temos de encarar cada temporada com o forte desejo de sermos campeões. Nem podia ser de outra forma. O Benfica tem de ganhar, embora saibamos que não jogamos sozinhos e que nunca é fácil chegar ao fim na frente.
Com Camacho?
O ‘mister’ não gosta que se tome posição mas, como outros colegas referiram, era óptimo que ficasse no Benfica. Tudo o que foi feito nestes dois anos, tanto na equipa como a nível directivo e de organização, mostram bem o o seu valor. Quem está à frente do clube é que tem de decidir mas pelos jogadores ele continua. Estamos com ele.
Termina a época em grande estilo mas vai falhar a presença no Euro. Para quando o regresso à selecção?
Para mim, era para já. Infelizmente, o sacrifício que fiz pelo Benfica não foi recompensado em termos de selecção. Prejudiquei-me imenso por jogar parte da época a lateral. Não digo que seja o único motivo, mas estou certo que também ajudou. Resta-me esperar mas assumo que representar a selecção é um objectivo que mantenho.
Até onde pode ir Portugal no Europeu?
Portugal tem todas as possibilidades e probabilidades de vencer o Euro. Temos uma grande equipa, grandes jogadores e um técnico campeão do Mundo. Há qualidade e capacidade para se chegar à final.
Venceu o FC Porto numa final mas o campeão nacional tem ainda outra para jogar. Será portista na Liga dos Campeões?
Sinceramente, como jogador do Benfica e português, desejo as melhores felicidades ao FC Porto e espero que consigam trazer para Portugal aquela Taça.
SIMÃO DEFENDE TÉCNICO
Pouco menos de 24 horas depois da conquista da Taça de Portugal, Simão Sabrosa revelou que este foi o momento mais marcante da sua carreira e defendeu a continuidade de José Antonio Camacho no clube. “Há outros troféus muito importantes e marcantes, mas este é sem dúvida o mais marcante. Camacho? Sem dúvida que gostaria que continuasse. Fez um trabalho muito bom no Benfica, mas não serei eu a decidir”, disse. Recorde-se que ontem Pedro De Felipe, empresário do técnico espanhol, assegurou que chegou o momento de o Benfica falar com Camacho sobre uma eventual renovação.