Seria um orgulho jogar no Benfica

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Record
João Paulo: «Seria orgulho enorme ir para o Benfica» O internacional Sub-21 garante estar pronto para dar o salto após os ensinamentos obtidos no "estágio" de seis meses em Alvalade RECORD - O que sentiu quando leu que o Benfica pode estar interessado na sua contratação? JOÃO PAULO - É sempre bom ver essas notícias e saber que há clubes interessados. É sinal de que o meu trabalho está a ser valorizado. Se o Benfica me contratar, só tenho de dar o melhor, como tentei fazer no Sporting. Infelizmente, não consegui demonstrar o meu valor lá, mas se for para o Benfica espero bem que consiga vingar. Seria um orgulho enorme ir para o Benfica. RECORD - Quando chegou ao Sporting disse que queria ser campeão. Mantém, por certo, esse desejo caso vá para a Luz... JOÃO PAULO - Claro. Eu quero é ser campeão, seja pelo Sporting, pelo Benfica ou pelo FC Porto. Gostava, com a idade que tenho, de ser uma vez campeão. Para o ano já faço 23 anos e, se tiver de representar o Benfica, será um orgulho muito grande. RECORD - Por que razões não conseguiu impor-se no Sporting? JOÃO PAULO - Não sei. Cheguei lá e quis demonstrar o meu valor, mas o "mister" [Bölöni] disse que ainda tinha que aprender mais. Depois, como não tinha contrato definitivo e como joguei pouco, a SAD decidiu não comprar o meu passe. RECORD - Portanto, não o assusta poder ir para o Benfica depois do falhanço em Alvalade? JOÃO PAULO - Se calhar estava um bocado nervoso quando fui para o Sporting. Agora, já não é o mesmo. Há sempre aquela coisa de pensar se tudo vai correr bem ou mal, mas as circunstâncias também são diferentes. Nem me apercebi das coisas, enquanto agora já estou mais mentalizado. RECORD - Sente que é melhor jogador hoje do que em Janeiro de 2003 quando chegou ao Sporting? JOÃO PAULO - Sem dúvida. Sinto-me melhor porque tenho vindo a jogar e, para mim, o melhor é jogar e não estar no Benfica, Sporting ou FC Porto. Com a minha idade, quantos mais minutos jogar, melhor. RECORD - Na sua estreia na I Divisão, em Braga, o Record escreveu na sua apreciação individual que "cumpriu sem complicações, sendo prático e duro". É assim que o João Paulo se define como jogador? JOÃO PAULO - Sim, é essa a minha maneira de jogar. Vejo os meus jogos todos depois, em casa, e penso que é assim. Jogo sempre nos limites das regras do jogo e, às vezes, lá tenho de levar um cartão por uma falta daquelas cirúrgicas. RECORD - Caso se confirme a sua ida para o Benfica, esse chumbo em Alvalade vai-lhe dar mais força? JOÃO PAULO - Não, isso não me diz nada. Não tinha contrato definitivo com o Sporting, era jogador da U. Leiria e passei lá seis meses. Se tivesse lá estado dois ou três anos, se calhar ia ser diferente, mas isso vai-me passar ao lado. RECORD - Qual a sua opinião sobre José Antonio Camacho? JOÃO PAULO - Para mim era uma mina porque aposta muito nos jovens (risos). Por aquilo que os meus colegas de selecção dizem, é um excelente treinador. O que se confirma pelo modo como a equipa joga. RECORD - Caso a transferência para o Benfica se concretize, espera algumas dificuldades de adaptação? JOÃO PAULO - Tenho alguns amigos no Benfica como, por exemplo, o Moreira, o Tiago e o João Pereira, todos da Selecção Sub-21, e o Fernando Aguiar da época passada aqui em Leiria. Já quando estive no Sporting, consegui facilitar um pouco mais as coisas por conhecer o Cristiano Ronaldo e o Quaresma. Sei que não é fácil entrar num clube grande e nos primeiros dias é um bocado complicado. Não sentimos o mesmo à vontade, mas com o tempo iria passar porque também sou uma pessoa muito brincalhona. RECORD - A defesa do Benfica tem sido muito criticada. Como adversário, qual a sua opinião sobre o sector mais recuado da sua possível futura equipa? JOÃO PAULO - Como central, não vejo que a defesa seja a única culpada dos golos sofridos. Penso que para atacar e defender tem de ser o conjunto, têm de ser os onze jogadores. Se não, já teria sido culpado de muitas coisas aqui em Leiria. Para mim, atacam e defendem os onze. RECORD - O que lhe parece o Benfica actual? JOÃO PAULO - O Benfica, ultimamente, tem feito bons jogos como, por exemplo, com o Inter e agora com o Belenenses. Acho que tem excelentes jogadores e se continuar assim, a jogar como tem vindo a jogar, penso que vai conseguir coisas muito boas. Esta época já vai ser difícil, mas para o ano vai construir uma excelente equipa e ganhar títulos. RECORD - Já com o João Paulo de águia ao peito? JOÃO PAULO - Se tiver de lá estar, espero ganhar muitas coisas (risos). RECORD - Daqui para a frente vai ser um espectador mais atento dos jogos do Benfica? JOÃO PAULO - Sim, sim. Se falarem comigo sem dúvida que vou ter de torcer mais pelo Benfica. RECORD - O que gostaria de dizer aos adeptos benfiquistas? JOÃO PAULO - Podem esperar muito trabalho e empenho como tenho feito em Leiria e o ano passado no Sporting. Não é por ir para o Benfica que tenho de dizer que vou fazer isto ou aquilo. A única coisa que digo é que vou trabalhar e dar o máximo para ajudar o Benfica. «Levei muitas chapadinhas por causa do futebol» RECORD - A sua polivalência ficou bem patente quando esteve emprestado ao U. Tomar e foi o goleador... JOÃO PAULO - Sim, mas joguei muitas vezes a médio-centro. Hoje já não me sentia tão à vontade para jogar aí. Apontei 12 ou 13 golos nessa época. Marcar é o que me dá mais alegria (risos). R - Na infância sempre teve o sonho de ser futebolista? JP - Sempre! Baldava-me às aulas para jogar à bola. Comecei nos iniciados, com 11 anos, no Portomosense. Antes, jogava em qualquer lado. Na rua, na escola. Onde houvesse uma bola, lá estava eu a jogar. A minha cabeça era só futebol e nunca pensei fazer mais nada. Fui até ao 9º ano, mas com muitas ajudas (risos) R - Os pais apoiaram-no? JP - Bom, a minha mãe chateava-me por causa dos estudos. Levei muitas chapadinhas por causa disso (risos), mas agora pensam o contrário e dão a mão à palmatória. R - O Europeu sub-21 é um dos grandes objectivos? JP - Sim. Tenho vindo a ser chamado às selecções e espero ser convocado para o Europeu. Podemos chegar aos Jogos Olímpicos e é esse o nosso grande objectivo. R - Em termos sucintos, como é o João Paulo fora dos relvados? JP - Sou muito dado e fora do campo quero é brincadeira. Os tempos livres passo-os sobretudo com os meus filhos, o João Pedro de 3 anos e a Ana Maria que só tem oito meses. Jogo muito à bola com o meu filho porque ele está sempre a pedir-me. E ele já tem algum jeito, mas força é que tem muita (risos). Quanto a cinema, prefiro ficar em casa a ver futebol. «Quem mais me marcou? Talvez Mourinho» RECORD - Enquanto esteve emprestado ao Sporting falhou a final da Taça com a U. Leiria. Olhando para trás, sente alguma mágoa? JOÃO PAULO - Penso muito nisso e vários colegas já comentaram esse assunto comigo. Fiquei triste por ver o jogo na bancada, mas tinha a consciência de que estava num grande clube. Podia ficar no Sporting e estava naquela dúvida... o futebol é assim. R - Quando chegou a Alvalade disse que o Sporting era o clube com que sonhava desde pequeno. E agora, caso vá para a Luz? JP - Disse isso porque sempre simpatizei com o Sporting. Quando somos crianças temos sempre aquele clube preferido e, desde pequenino, gostava do Sporting. Mas, desde que passei a profissional, é claro que isso acabou. R - Qual o treinador que mais o marcou? JP - Não sei, talvez o "mister" Mourinho. Também não apanhei muitos treinadores na I Divisão, mas todos foram excelentes porque me ajudaram e sempre me disseram que era capaz de vingar no futebol. R - Dadas as relações próximas entre a U. Leiria e o FC Porto pensou imitar o percurso de Derlei, Nuno Valente e Maciel? JP - Já posso ter comentado com um colega "para o ano vou para lá eu" mas em tom de brincadeira. Sei que o FC Porto tem centrais de nível, como o Ricardo Carvalho e o Ricardo Costa, meu companheiro de Selecção. Sei que era difícil entrar naquele plantel, mas não digo que não pensei em ir para lá. «Não é difícil ser capitão» RECORD - Como tem sido a experiência de ser capitão de equipa após o "caso Bilro"? JOÃO PAULO - Parece difícil, mas não é. A melhor coisa é ter a ajuda do "mister" e dos jogadores mais experientes. Os grandes amigos têm-me ajudado e por isso não tem sido difícil. Há que dizer também que a SAD nos tem ajudado muito porque temos os ordenados e os prémios de jogo em dia. R - Mesmo assim a U. Leiria está a fazer uma época muito abaixo das expectativas... JP - Durante os jogos não sentimos isso, mas ao ver as imagens constato que o que nos tem faltado são só os golos. Temos feito grandes exibições, mas está a faltar aquela pontinha de sorte. E a minha tristeza é ainda maior por o meu treinador actual ser o Vítor Pontes. Desde os iniciados que o conheço e penso que as opiniões que ele deu a vários treinadores que passaram por aqui foram importantes para ter voltado. Se calhar, se não fosse ele não estaria aqui hoje. Se tivesse algum dia de sair daqui gostava de o fazer com consciência tranquila ao deixar o "mister" numa posição tranquila. Mas, se tiver de continuar aqui em Leiria, não fico nada chateado e darei sempre o meu máximo. Análise à possível futura concorrência HÉLDER - É um jogador experiente e toda a gente o conhece. Quando era pequeno, era um dos meus jogadores favoritos. Conhecia-o pelo que via na televisão. É um grande central e gostaria de algum dia ter a sua capacidade e experiência. Ele foi e é um grande jogador. RICARDO ROCHA - Conheço-o e penso que é um dos melhores centrais da SuperLiga. É um grande jogador. LUISÃO - Não o conhecia no Brasil. É um central muito alto, o que é sempre importante numa equipa, e joga bem de cabeça. Não tem jogado muito, mas vê-se que já tem muita experiência. ARGEL - Por acaso não me lembro bem dele no FC Porto porque era muito jovem. É um jogador com muita garra, como gosto porque também me acho assim. Luta muito e nunca desiste. RECORD - Com qual se acha mais parecido? JOÃO PAULO - Tenho coisas do Argel e outras do Ricardo Rocha. Não tenho a experiência do Hélder (risos). RECORD - Com este quadro de centrais pensa que há espaço para si? JOÃO PAULO - Sei que é difícil e tive o exemplo disso do ano passado no Sporting. Sou jovem, posso não ter aquela experiência que eles têm. Agora, vou trabalhar sempre para jogar e não quero ir para o Benfica só para dizer que vou. O que me interessa é jogar porque ainda sou novo e quanto mais ritmo competitivo tiver, melhor.