Toni: «Não quer

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“Se esperava sair nesta altura? Olhe, ontem [anteontem] saiu a minha cara em todas as primeiras páginas dos jornais. Hoje trazem todos a do Mourinho. Eu já saí de cena...” (...) “Fui mais contestado nas épocas de 1988/89 e 1993/94 quando fomos campeões” AS CIRCUNSTÂNCIAS que rodearam a saída de Toni do Benfica – a terceira que acontece, mas a primeira que ocorre a meio da época – abalaram--no. Era esse o seu estado de espírito quando o contactámos ontem de manhã. Ao fim da tarde, já revelou alguma abertura para falar sobre o “day after” à sua saída da Luz sem deixar de aflorar aqui e ali o “day before”. Questionado sobre se chegou ao fim o seu ciclo no Benfica, deu uma resposta curiosa: “No futebol é tudo tão volátil e as coisas mudam tão depressa... Diria que foi uma página que se fechou. É claro que não estou a pensar que a porta se abra amanhã, até porque a minha relação com os sócios não mudou, e se calhar, nunca mudará.” À pergunta se esperava sair nesta altura, Toni esquivou-se com habilidade: “Olhe, ontem [anteontem] a minha cara saiu em todas as primeiras páginas dos jornais. Hoje trazem todas o Mourinho. Eu já saí de cena...” Veio à baila na conversa o contexto em que tomou conta da equipa há um ano. Toni confessou que “não queria ter regressado ao Benfica nas circunstâncias em que o fiz. Desejo a quem me substituir e a quem já lá está, tranquilidade e que lhes seja dado tempo e paciência para desenvolverem o seu trabalho com êxito”. Em relação à sua relação de amor-ódio com os sócios, lembrou que “fui mais contestado em 88/89 e 93/94 quando fomos campeões. Diziam que era um treinador defensivo e, no entanto, tivemos a melhor defesa e o melhor ataque...”. Mas esclarece que não há da sua parte qualquer animosidade: “Tenho anos de Benfica suficientes para os entender. Mas há valores que o clube deve preservar, como a transparência, a unidade, a coerência e a memória.” Regresso à Luz para pagar a quota Toni viveu ontem um dia diferente do habitual. Logo de manhã foi levar o cão ao veterinário e à tarde deslocou-se à Luz para apanhar alguns objectos pessoais e pagar as quotas. “Estava a decorrer o treino e pude passar mais ou menos despercebido dos adeptos e dos jornalistas.” Depois disso regressou a casa, ficou à espera do filho que esteve a treinar na Luz pela equipa B e à noite seguiu atentamente as incidências do Alverca-Sporting da Taça. Pretende agora, sem precipitações, fazer um período de reflexão sobre o seu trabalho no Benfica e aproveitar para ir ao teatro, ao cinema e estar com a família. E, claro, aproveitar a disponibilidade para ver jogos e acompanhar o futebol sob outro ângulo de observação. Não enjeita a hipótese de voltar a trabalhar em breve: “Não é o meu objectivo imediato, mas pode acontecer.” Quanto à passagem de ano diz não ter nada agendado: “Ainda não sei onde irei, mas estão a desafiar-me para passar o fim de ano em Monfortinho com amigos de longa data como o dr. Silva Peneda e dr. Marques Mendes.” Autor: JOÃO CARTAXANA Data: Sabado, 29 de Dezembro de 2001 02:14:00