2ª Liga 3ª J: SC Beira-Mar 2 - 2 SL Benfica B, 21Ago. Qua. 17h00 *Sport TV 1*

andre_04_SLB

A minha opinião é só a minha opinião, independentemente de conhecer bastante bem estes jogadores e alguns desde os 9/10 anos não é por isso que deve ser priveligiada em relação a qualquer outra, mas fico perplexo com as expectativas criadas em relação a alguns casos. O jogador português, excepto raros casos, é cada vez mais fraco e menos preparado para o alto nível. Sobretudo o jogador português que aparece vindo dos grandes clubes, os chamados grandes. Pouco trabalhado, pouco adaptado à realidade, pouco potenciado, apenas enganado durante muito tempo num contexto de top com colegas de top que lhe permitiram ganhar quase sempre e trabalhar as suas dificuldades e colocá-lo perante reais adversidades simplesmente não aconteceu. Assim as respostas dele foram sempre positivas quando a formação, acima de qualquer outra coisa, é errar, perder, errar, inventar, experimentar, tentar... se não errarem em jovem errarão quando? Estes golos nos últimos minutos assim como na época passada aconteceram vários nas equipas B e nas selecções jovens são fruto do modelo errado que o nosso futebol está refém devido à guerra dos principais clubes entre si e que no fundo só prejudica e mata os jogadores.

Passando às individualidades, há jogadores que em certa idade se destacaram por motivos óbvios: maior maturidade; nível matrocional mais alto; capacidades físicas mais desenvolvidas; Chegam a este plano sentem dificuldade porque são MAUS enquanto jogadores e não têm nível para uma equipa B de Benfica que se pretende de antecâmara da equipa principal quanto mais da equipa A. E nomes são fáceis: Hélder Costa, Sancidino Silva, Rudinilson, Varela por exemplo.

Jogadores que o seu nível é interessante, mas longe de nível de Benfica, e principalmente longe de nível para clubes dos 6/7 primeiros de 1ª Liga: Fábio Cardoso, Ruben Pinto (as lesões), Gaspar e João Teixeira. Ivan Cavaleiro que ainda não se percebeu bem o que pode dar...

Com enorme talento mas capacidade psicológica longe do que se pretende e que o poderá afastar da 1ª Liga: Cancelo. Depende só dele. Jogadores que têm margem e potenciados podem ser interessantes: Lindelof, Semedo, Gianni, Wei Huang. E uma certeza mas cheia de incertezas, porque há muitos estigmas contra ele, mas que confio que acabará por vingar: Bernardo.

Por isso a apontar alguém é o Bernardo e mais ninguém, para a equipa A. E isto não é defender ninguém, é simplesmente constatar o nível fraco que a equipa tem este ano e tinha o ano passado.

pec


Slb23

André falas aí que apenas o Bernardo será jogador para o Benfica, mas quando dizes isto é para o 11 base? É que no modelo que acho que o Benfica vai ser forçado a implementar vamos deixar de ter planteis com 25 estrelas.

Jiujitsu

Disseste tudo o que penso e venho dizendo há muito tempo.
No meu entender existe pouca competitividade na formação, acredito mesmo que os quadros competitivos devem ser revistos pelo risco de estagnação de valores que vamos assistindo.
Quantos são os grandes craques que acabam por nunca se destacar ao mais alto nível e aqui lembro-me sempre do Carvalhas, que eu apostava que iria sair dali um jogadorzaço e nunca se concretizou.

Eu ao contrário da maioria (e atenção que gosto muito do Cancelo) vejo muito mais facilidade do Semedo atingir um nível de Benfica A do que o Cancelo, pelo menos sem uma mudança rápida de atitude.
Vejo um Lindelof crescido e estou expectante com o que possa sair dali.

Gostava de saber o que é que pensas que deve mudar.

Kvatch

Em Portugal não se faz formação de jogadores. Vai-se fazendo uma triagem dos jogadores mais bem preparados para um determinado escalão e num determinado momento. Apenas e só isto.

No Brasil e restantes países sul-americanos faz-se o mesmo, mas lá há mais por onde escolher e é natural que hajam sempre jogadores muito talentosos oriundos de Brasil, Argentina, Colômbia, etc.

Formação, no verdadeiro sentido da palavra, começou a ser feita em França, com o centro de Clairefontaine à cabeça. Mas antes disso, já a Holanda dava os primeiros passos nessa área.

Mais tarde, e seguindo o exemplo francês, seguiu-se a Espanha, actual baluarte do futebol mundial.

Hoje, o modelo alemão (baseado num estudo agregador entre os modelos de formação francês, holandês e espanhol) começa a dar os primeiros frutos, ainda que ténues.

Países como Suíça, Rússia, Ucrânia e Dinamarca têm modelos de formação muito mais competentes que Portugal, embora não tenham tanto talento natural. Pelo menos até ver.

Portugal e Itália (para a dimensão e importância que tem no futebol mundial) parecem-me ser países muito atrasados no que à formação de futebolistas diz respeito. Em relação a Portugal é mesmo uma certeza.

Em Portugal faz-se uma triagem simplista e fia-se na Virgem a esperança de que, eventualmente, um ou outro venham a mostrar-se grandes jogadores ao alto nível.



Shoky

Em Portugal gosto do que se faz com as crianças...que é:

"PASSA...OLHA O COLEGA DESMARCADO...PASSA...VAIS FINTAR PARA QUÊ? PASSA...VAIS REMATAR PARA QUÊ???? PASSA!!!!! Golo."

"Eh pá...tiveste sorte, estava sozinho o teu coleguinha Pés de Tábua. Vai para o banco. Entra Pés Quadrados."

Ruud

Liga2 Cabovisão 2013/2014 | Campeonato | 3ª Jornada

Beira-Mar 2 - 2 SL Benfica B

Luiz Phyllipe 31', Tiago Cintra 89';

Ivan Cavaleiro(pen.) 69', Harramiz 79'

Resumo do Jogo

Ficha de Jogo

andre_04_SLB

Citação de: pec em 21 de Agosto de 2013, 22:13
O estigma de que falas é a altura e a capacidade física?

Sim. Vai sempre sofrer isso. Falta de força, remate fraco, levou um encosto...

Citação de: Slb23 em 21 de Agosto de 2013, 22:17
André falas aí que apenas o Bernardo será jogador para o Benfica, mas quando dizes isto é para o 11 base? É que no modelo que acho que o Benfica vai ser forçado a implementar vamos deixar de ter planteis com 25 estrelas.

Eu quando falo para o Benfica, falo para o plantel, sobretudo. Entrar no 11 é uma tarefa ainda mais difícil e que é difícil perspectivar, ainda para mais quando falamos de um jovem vindo da formação. Mas repara: Se não sai o Witsel e o Javi, o André Almeida e o André Gomes algum dia jogariam na equipa A do Benfica? Tiveram sorte porque nem um nem outro se destacam em nada, são bons em alguns aspectos mas nada mais. Jogadores razoáveis e de plantel. E tiveram sorte.

Citação de: Jiujitsu em 21 de Agosto de 2013, 22:18
Disseste tudo o que penso e venho dizendo há muito tempo.
No meu entender existe pouca competitividade na formação, acredito mesmo que os quadros competitivos devem ser revistos pelo risco de estagnação de valores que vamos assistindo.
Quantos são os grandes craques que acabam por nunca se destacar ao mais alto nível e aqui lembro-me sempre do Carvalhas, que eu apostava que iria sair dali um jogadorzaço e nunca se concretizou.

Eu ao contrário da maioria (e atenção que gosto muito do Cancelo) vejo muito mais facilidade do Semedo atingir um nível de Benfica A do que o Cancelo, pelo menos sem uma mudança rápida de atitude.
Vejo um Lindelof crescido e estou expectante com o que possa sair dali.

Gostava de saber o que é que pensas que deve mudar.

Eu sou contra a alteração dos modelos competitivos. Acho que eles são mais do que adequados mas os principais culpados são o Benfica, o Sporting e o Porto. É inadmissível o Benfica e o Sporting no escalão de Infantis terem 80 atletas divididos por 2 anos de nascimento. 2. Ou seja, 40 jogadores de 12 anos e 40 de 13. Todos os melhores estão aqui, as outras equipas não têm valores de elevada qualidade, pelo menos que disputa de igual forma os jogos. E depois para desnivelar ainda mais vêm os guineenses e tudo parece tornar-se ainda mais diferencial.

E não percebo porque ao fim de cada época em 80 se dispensam 30, e vão-se buscar 30 a outros lados. O do outro lado, em que o treinador chega vindo da oficina, não tem planeamento de treino, ou se o tem e é uma pessoa competente não tem os mesmos recursos e condições do técnico do clube grande, é melhor que o do grande? Então porque o atleta evoluiu mais? O processo de treino está errado? Tudo começa por aqui. Mas o Benfica tem feito muito melhor que o Sporting neste aspecto, e é de louvar as melhorias sobretudo porque tem uma pessoa muito competente na iniciação que é o Rodrigo Magalhães.

Mas sem os atletas serem colocados em adversidades, as coisas não avançam. Eu pergunto por exemplo a história do "passa nas costas" ou o chamado overlap de que adianta... em que situação concreta do jogo a nível profissional assistimos a isso com sucesso? Numa situação de 2x1 acredito que faça sentido mas em escalões de escolas e infantis o 2x1 não deveria ser o "vai para cima dele e inventa um drible"? "Tens 2 à frente? Parte para cima e resolve sozinho". É assim que o jogador evoluiu e cresce, um meio termo entre o colectivo e o anarquismo. Formar ou formatar? Eis a questão.

andre_04_SLB

Citação de: Shoky em 21 de Agosto de 2013, 22:48
Em Portugal gosto do que se faz com as crianças...que é:

"PASSA...OLHA O COLEGA DESMARCADO...PASSA...VAIS FINTAR PARA QUÊ? PASSA...VAIS REMATAR PARA QUÊ???? PASSA!!!!! Golo."

"Eh pá...tiveste sorte, estava sozinho o teu coleguinha Pés de Tábua. Vai para o banco. Entra Pés Quadrados."

Gosto especialmente dos exercícios que têm como critério de êxito o chegar aos 3 corredores. Só depois disso é que podem atacar a baliza. É engraçado, que depois de perderem a bola, há um pontapé na frente e é golo. Os miúdos pensam: "Estou aqui a tentar criar espaços, circular a bola, fazer um jogo pausado e estes gajos chutam na frente e marcam em 5 segundos".

Desvirtua-se demasiado o objectivo e descontextualiza-se o futebol. Se eu tenho um miúdo que pega na bola na direita passa por 3 e faz golo porque vou insistir em exercícios que o inibem de o fazer, obrigam-no a passar para trás ou para o lado, lateralizar o jogo... porquê?

Shoky

Citação de: andre_04_SLB em 21 de Agosto de 2013, 23:14
Citação de: Shoky em 21 de Agosto de 2013, 22:48
Em Portugal gosto do que se faz com as crianças...que é:

"PASSA...OLHA O COLEGA DESMARCADO...PASSA...VAIS FINTAR PARA QUÊ? PASSA...VAIS REMATAR PARA QUÊ???? PASSA!!!!! Golo."

"Eh pá...tiveste sorte, estava sozinho o teu coleguinha Pés de Tábua. Vai para o banco. Entra Pés Quadrados."

Gosto especialmente dos exercícios que têm como critério de êxito o chegar aos 3 corredores. Só depois disso é que podem atacar a baliza. É engraçado, que depois de perderem a bola, há um pontapé na frente e é golo. Os miúdos pensam: "Estou aqui a tentar criar espaços, circular a bola, fazer um jogo pausado e estes gajos chutam na frente e marcam em 5 segundos".

Desvirtua-se demasiado o objectivo e descontextualiza-se o futebol. Se eu tenho um miúdo que pega na bola na direita passa por 3 e faz golo porque vou insistir em exercícios que o inibem de o fazer, obrigam-no a passar para trás ou para o lado, lateralizar o jogo... porquê?

Não percebo de futebol nem sequer de formação como tu...nem um décimo.
Mas no fundo acho que é isso que eu estou a querer dizer. Castra-se o talento todo na formação em Portugal.
Quando eu era puto...eu era o Pés de Tábua. Mas para passarem por mim tinham de ter talento, senão levavam patada. E os melhores, passavam...e deixavam-me no chão a olhar para  o ar.
Porquê? Porque arriscavam, procuravam o drible...estavam horas a treinar fintas novas.

Passes para o lado e para trás não ensinam nada às crianças. Há muitos anos para aprender táctica. O meu primo saiu da escolinha do Sporting da minha terra porque estava farto daquilo, era uma seca do caralho. Para a idadel dele era um fantástico jogador e canhoto. Com 6 anos já driblava e estoirava na gaveta. Metia guarda redes para um lado e chutava para o outro.

Estava sempre a ser corrigido. Tinha de passar a bola a toda a hora. Cheguei a assistir a jogos de 3 para 3 de 10 minutos em que ficavam 0-0. Isto faz algum sentido? Fdx...

Korczak

Citação de: andre_04_SLB em 21 de Agosto de 2013, 23:14
Citação de: Shoky em 21 de Agosto de 2013, 22:48
Em Portugal gosto do que se faz com as crianças...que é:

"PASSA...OLHA O COLEGA DESMARCADO...PASSA...VAIS FINTAR PARA QUÊ? PASSA...VAIS REMATAR PARA QUÊ???? PASSA!!!!! Golo."

"Eh pá...tiveste sorte, estava sozinho o teu coleguinha Pés de Tábua. Vai para o banco. Entra Pés Quadrados."

Gosto especialmente dos exercícios que têm como critério de êxito o chegar aos 3 corredores. Só depois disso é que podem atacar a baliza. É engraçado, que depois de perderem a bola, há um pontapé na frente e é golo. Os miúdos pensam: "Estou aqui a tentar criar espaços, circular a bola, fazer um jogo pausado e estes gajos chutam na frente e marcam em 5 segundos".

Desvirtua-se demasiado o objectivo e descontextualiza-se o futebol. Se eu tenho um miúdo que pega na bola na direita passa por 3 e faz golo porque vou insistir em exercícios que o inibem de o fazer, obrigam-no a passar para trás ou para o lado, lateralizar o jogo... porquê?

Porque é o modelo "passado" em formações... e é giro passar a bola e passar e passar... Quantos Pontas-de-Lança formámos em Portugal nos ultimos 20 anos?

andre_04_SLB

Shoky eu trabalhei numa situação dessas com directrizes dessas e é tão ridículo, acredita. Que sentido faz ter um miúdo desse nível, que falas, e ter de lhe ensinar os princípios todos, e só depois de ir passando etapas, é que pode fazer determinadas coisas? O futebol não é a escola primária em que se aprende as palavras antes de conjugar a frase.

Mas é o poder instalado e não vale a pena ir contra os pseudo sabedores que no fundo nunca provaram nada em contexto nenhum mas continuam a ditar leis.

Para te explicar basicamente o que pretendo dizer: o 3x3 é uma situação final já da aprendizagem do miúdo nessa idade. Antes disso passa 1 mês a aprender a recepção parte interna, depois a externa. Depois o passe curto e médio. Depois a condução parte externa, cabeça levantada. Introduz-se o drible. Começam os exercícios de relação com a bola. Começa o 1x1. Passas para o 2x1. Passas para o 3x2. Ficas 1/2 anos inteiros a passar por isto tudo.

Engraçado que os supra-sumos apareceram no tempo em que o treino era 11x11, uma bola, e joguem. Curiosidades.

Slb23

Sim tiveram sorte no momento e agarraram a oportunidade especialmente o André Almeida que era visto como um cepo por aqui e agora é um dos indiscutiveis do plantel.

E eu acho que isto vai ocorrer mais vezes e cada vez com maior frequencia. O expoente máximo disto é o Barcelona que tem um 11 inicial fortissimo e depois tem diversos jogadores das camadas jovens que sem serem estrelas são jogadores úteis em termos de plantel, e falo de jogadores como Pedro, Tello, Cuenca, Roberto...

O caminho é este, um 11 forte e depois jogadores de rendimento no banco e alguns putos. A megalomania vai terminar e da pior forma nos primeiros tempos sendo o impacto na nossa competitividade lá fora principalmente muito grande.