Estádio da Luz

Lux Rubra

#53700
Boa tarde a todos, benfiquistas.


Esta será a minha primeira e última mensagem aqui no fórum, que acompanho desde a meninice dos meus 13 anos, encontrando aqui um reduto devotado ao Benfica, que muita companhia me fez em horas de tristeza e langor. Hoje, ver um jogo do Glorioso sem acompanhar os comentários (que muito me divertem) dos membros desta assembleia.


Há dias, eu e os meus pais arrumámos a garagem do nosso apartamento de Lisboa, nos Olivais, onde o meu pai cresceu. Cresci em Viseu, mas guardo muitas raízes na capital. O meu pai foi fundador dos Diabos Vermelhos, o Sr. Rui Paixão, que criou o grupo com o meu Padrinho, o meu Tio (o seu irmão) , o Silvio (que trabalha na Pastelaria Suiça), João Matias, Irmãos Bulhosa, o Vilela  o Cambalhota (de Campo de Ourique) na antiga Quelimane, cuja ideia nasceu na Rua Via Catió, apesar de os Diabos terem sido fundados oficialmente por 11 membros na sede da antiga Rua Jardim do Regedor). A História é, muitas vezes, fria aos nomes.

A fundação é atribuída a Jorge França, que  privou e conheceu o meu pai, e que teve muitos méritos incontestáveis, mas, talvez por cansaço em explicar, assumiu esse título. O Jorge França entrou nos Diabos muito depois da fundação original, com 13 ou 14 anos de idade. O meu pai até pergunta, em jeito de desafio para quem duvida, quem era o chefe da delegação dos DV do Norte e em que cidade estava; qual era o chefe da delegação do centro e em que cidade; qual o nome do banco onde os DV tinham conta e movimentavam os seus dinheiros para pagamentos de bandeiras, camisolas, autocarros; qual o primeiro patrocinador dos DV e onde foi negociado; qual o nome da pessoa da direcção da Jerónimo Martins que servia de ponto de contacto entre o presidente Fernando Martins e a direcção dos Diabos e ainda onde é que esse senhor se reuniam regularmente para jantar. O meu pai diz que se alguém conseguir responder, assume a perda do título !


Na garagem, encontrámos estas fotos, que convosco partilho, numa forma de agradecimento pela companhia que o fórum me faz.


Partilho convosco algumas curiosidades, saídas da boca do meu pai:


- Um dos nomes estudados para a claque foi "Piretes com Varizes", proposta pelo meu Tio, que nunca renunciou ao humor.

- No começo das hostilidades nortenhas do Pinto da Costa e com a crescente violência feita contra equipas e adeptos do Benfica nas deslocações ao Porto, o meu pai estudou a hipótese de juntar seguranças, ex-membros de discotecas e gente problemática para uma ala, digamos, miliciana, que responderia aos Super Dragões: A Legião Condor. Se tivesse levado isso a cabo, talvez os SD nunca seriam o que são hoje.

- Num jogo nas Antas, membros dos Diabos roubaram a cabeça de um porco num restaurante e abriraram as portas da caravana onde viajavam, exibindo a cabeça aos andrades.

- Os Diabos foram convidados, nos anos 80, para participarem no Carnaval de Torres Vedras.


O meu pai não ficou milionário porque quis respeitar o seu legado e dos seus companheiros. Não faltaram propostas chorudas de portugueses da Suiça ou de França, que visavam o lucro que poderia advir de um grupo consideravelmente grande. O meu pai não quis mercantilizar a coisa. Os pobres dos meus avós, modestos agricultores do Douro que se mudaram para Lisboa, recebiam centenas de telefonemas, sem saber muito bem o que estava a acontecer. A minha avó, que se tornou costureira, corria pela casa fora a cada golo do Benfica, bracejando já com poucas forças e, poucos dias antes de partir para Deus e já acamada, perguntou pelo último resultado do Benfica. Isto em 2002.


Digo muitas vezes que a minha mãe deu-me à luz, mas o meu pai deu-me a Luz.Sou um homem de fé, católico fervoroso, e ainda assim, em contraste com a minha religião, mantenho uma só superstição: o peluche da águia do Benfica que comprei na antiga Luz. Serviu de amuleto da sorte para jogos, exames, entrevistas de emprego e tantas outras efemérides. Confortava-me. Acredito que nunca abandonamos o benfiquismo mais inocente, que é uma memória afectiva.


O Benfica é isto. Um conforto, um tesouro de lembranças, ecos de rostos familiares, experiências, gargalhadas, traumas. É o clube que jogando no nosso dia de casamento ou do nascimento de um filho, impele-nos a espreitar matreiramente o resultado. É um símbolo popular do nosso Portugal, omnipresente em qualquer tasca do interior, ladeado de Nossa Senhora ou de um calendário deslavado da selecção.


Perdoem-me a extensão do texto e a qualidade das imagens. Não tive ainda tempo de digitalizar.


Um abraço a todos. Viva o Glorioso Benfica!!


Jogos na Luz, jogo no Porto (Boavista), Coro do Benfica, a antiga águia e jantar de aniversário do clube, deslocação a Portimão












Survivor

Citação de: Lux Rubra em 26 de Fevereiro de 2024, 19:37Boa tarde a todos, benfiquistas.

Esta será a minha primeira e última mensagem aqui no fórum, que acompanho desde a meninice dos meus 13 anos, encontrando aqui um reduto devotado ao Benfica, que muita companhia me fez em horas de tristeza e langor. Hoje, ver um jogo do Glorioso sem acompanhar os comentários (que muito me divertem) dos membros desta assembleia.


Há dias, eu e os meus pais arrumámos a garagem do nosso apartamento de Lisboa, nos Olivais, onde o meu pai cresceu. Cresci em Viseu, mas guardo muitas raízes na capital. O meu pai foi fundador dos Diabos Vermelhos, o Sr. Rui Paixão, que criou o grupo com o meu Padrinho, o meu Tio (seu irmão) e um conjunto de amigos do bairro dos Olivais (no antigo Quelimane).A História é, muitas vezes, fria aos nomes. A fundação é atribuída a Jorge França, que  privou e conheceu o meu pai, e que teve muitos méritos incontestáveis, mas, talvez por vaidade ou simplesmente cansaço em explicar, assumiu esse título. O Jorge França entrou nos Diabos muito depois da fundação original. Na garagem, encontrámos estas fotos, que convosco partilho, numa forma de agradecimento pela companhia que o fórum me faz.

Partilho convosco algumas curiosidades, saídas da boca do meu pai:

- Um dos nomes estudados para a claque foi "Piretes com Varizes", proposta pelo meu Tio, que nunca renunciou ao humoor.

- No começo das hostilidades nortenhas do Pinto da Costa e com a crescente violência feita contra equipas e adeptos do Benfica nas deslocações ao Porto, o meu pai estudou a hipótese de juntar seguranças, ex-membros de discotecas e gente problemática para uma ala, digamos, miliciana, que responderia aos Super Dragões: A Brigada Condor. Se tivesse levado isso a cabo, talvez os SD nunca seriam o que são hoje.

- Num jogo nas Antas, membros dos Diabos roubaram a cabeça de um porco num restaurante e abriraram as portas da caravana onde viajavam, exibindo a cabeça aos andrades.

O meu pai não ficou milionário porque quis respeitar o seu legado e dos seus companheiros. Não faltaram propostas chorudas de portugueses da Suiça ou de França, que visavam o lucro que poderia advir de um grupo consideravelmente grande. O meu pai não quis mercantilizar a coisa. Os pobres dos meus avós, modestos agricultores do Douro que se mudaram para Lisboa, recebiam centenas de telefonas, sem saber muito bem o que estava a acontecer. A minha avó, que se tornou costureira corria pela casa fora a cada golo do Benfica, bracejando já com poucas forças e, poucos dias antes de partir para Deus e já acamada, perguntou pelo último resultado do Benfica. Isto em 2002.


Digo muitas vezes que a minha mãe deu-me à luz, mas o meu pai deu-me a Luz.Sou um homem de fé, católico fervoroso, e ainda assim, em contraste com a minha religião, mantenho uma só superstição: o peluche da águia do Benfica que comprei na antiga Luz. Serviu de amuleto da sorte para jogos, exames, entrevistas de emprego e tantas outras efemérides. Confortava-me. Acredito que nunca abandonamos o benfiquismo mais inocente, que é uma memória afectiva.

O Benfica é isto. Um conforto, um tesouro de lembranças, ecos de rostos familiares, experiências, gargalhadas, traumas. É o clube que jogando no nosso dia de casamento ou do nascimento de um filho, impele-nos a espreitar matreiramente o resultado. É um símbolo popular do nosso Portugal, omnipresente em qualquer tasca do interior, ladeado de Nossa Senhora ou de um calendário deslavado da selecção.

Perdoem-me a extensão do texto e a qualidade das imagens. Não tive ainda tempo de digitalizar.

Um abraço a todos. Viva o Glorioso Benfica!!


Jogos na Luz, jogo no Porto (Boavista), Coro do Benfica, a antiga águia e jantar de aniversário do clube, deslocação a Portimão











Qualidade do caraças.

Grande.

DBdennisDB

Citação de: Lux Rubra em 26 de Fevereiro de 2024, 19:37Boa tarde a todos, benfiquistas.

Esta será a minha primeira e última mensagem aqui no fórum, que acompanho desde a meninice dos meus 13 anos, encontrando aqui um reduto devotado ao Benfica, que muita companhia me fez em horas de tristeza e langor. Hoje, ver um jogo do Glorioso sem acompanhar os comentários (que muito me divertem) dos membros desta assembleia.


Há dias, eu e os meus pais arrumámos a garagem do nosso apartamento de Lisboa, nos Olivais, onde o meu pai cresceu. Cresci em Viseu, mas guardo muitas raízes na capital. O meu pai foi fundador dos Diabos Vermelhos, o Sr. Rui Paixão, que criou o grupo com o meu Padrinho, o meu Tio (seu irmão) e um conjunto de amigos do bairro dos Olivais (no antigo Quelimane).A História é, muitas vezes, fria aos nomes. A fundação é atribuída a Jorge França, que  privou e conheceu o meu pai, e que teve muitos méritos incontestáveis, mas, talvez por vaidade ou simplesmente cansaço em explicar, assumiu esse título. O Jorge França entrou nos Diabos muito depois da fundação original. Na garagem, encontrámos estas fotos, que convosco partilho, numa forma de agradecimento pela companhia que o fórum me faz.

Partilho convosco algumas curiosidades, saídas da boca do meu pai:

- Um dos nomes estudados para a claque foi "Piretes com Varizes", proposta pelo meu Tio, que nunca renunciou ao humoor.

- No começo das hostilidades nortenhas do Pinto da Costa e com a crescente violência feita contra equipas e adeptos do Benfica nas deslocações ao Porto, o meu pai estudou a hipótese de juntar seguranças, ex-membros de discotecas e gente problemática para uma ala, digamos, miliciana, que responderia aos Super Dragões: A Brigada Condor. Se tivesse levado isso a cabo, talvez os SD nunca seriam o que são hoje.

- Num jogo nas Antas, membros dos Diabos roubaram a cabeça de um porco num restaurante e abriraram as portas da caravana onde viajavam, exibindo a cabeça aos andrades.

O meu pai não ficou milionário porque quis respeitar o seu legado e dos seus companheiros. Não faltaram propostas chorudas de portugueses da Suiça ou de França, que visavam o lucro que poderia advir de um grupo consideravelmente grande. O meu pai não quis mercantilizar a coisa. Os pobres dos meus avós, modestos agricultores do Douro que se mudaram para Lisboa, recebiam centenas de telefonas, sem saber muito bem o que estava a acontecer. A minha avó, que se tornou costureira corria pela casa fora a cada golo do Benfica, bracejando já com poucas forças e, poucos dias antes de partir para Deus e já acamada, perguntou pelo último resultado do Benfica. Isto em 2002.


Digo muitas vezes que a minha mãe deu-me à luz, mas o meu pai deu-me a Luz.Sou um homem de fé, católico fervoroso, e ainda assim, em contraste com a minha religião, mantenho uma só superstição: o peluche da águia do Benfica que comprei na antiga Luz. Serviu de amuleto da sorte para jogos, exames, entrevistas de emprego e tantas outras efemérides. Confortava-me. Acredito que nunca abandonamos o benfiquismo mais inocente, que é uma memória afectiva.

O Benfica é isto. Um conforto, um tesouro de lembranças, ecos de rostos familiares, experiências, gargalhadas, traumas. É o clube que jogando no nosso dia de casamento ou do nascimento de um filho, impele-nos a espreitar matreiramente o resultado. É um símbolo popular do nosso Portugal, omnipresente em qualquer tasca do interior, ladeado de Nossa Senhora ou de um calendário deslavado da selecção.

Perdoem-me a extensão do texto e a qualidade das imagens. Não tive ainda tempo de digitalizar.

Um abraço a todos. Viva o Glorioso Benfica!!


Jogos na Luz, jogo no Porto (Boavista), Coro do Benfica, a antiga águia e jantar de aniversário do clube, deslocação a Portimão











Antes de mais, agradeço a tua contribuiçao.

Sentimento nostalgico do que outrora foi a maior e MELHOR CLAQUE deste universo. Muitas amizades e muita galhofice, que ultrapassava qualquer conceito de claque. Era um sentimento de PERTENÇA.

Com este post, e sem pieguices algum desconforto de lagrima corre.
Nostalgico.
Obrigado a ti e ao teu pai.

Benficaenadamais

Citação de: Lux Rubra em 26 de Fevereiro de 2024, 19:37Boa tarde a todos, benfiquistas.

Esta será a minha primeira e última mensagem aqui no fórum, que acompanho desde a meninice dos meus 13 anos, encontrando aqui um reduto devotado ao Benfica, que muita companhia me fez em horas de tristeza e langor. Hoje, ver um jogo do Glorioso sem acompanhar os comentários (que muito me divertem) dos membros desta assembleia.


Há dias, eu e os meus pais arrumámos a garagem do nosso apartamento de Lisboa, nos Olivais, onde o meu pai cresceu. Cresci em Viseu, mas guardo muitas raízes na capital. O meu pai foi fundador dos Diabos Vermelhos, o Sr. Rui Paixão, que criou o grupo com o meu Padrinho, o meu Tio (seu irmão) e um conjunto de amigos do bairro dos Olivais (no antigo Quelimane).A História é, muitas vezes, fria aos nomes. A fundação é atribuída a Jorge França, que  privou e conheceu o meu pai, e que teve muitos méritos incontestáveis, mas, talvez por vaidade ou simplesmente cansaço em explicar, assumiu esse título. O Jorge França entrou nos Diabos muito depois da fundação original. Na garagem, encontrámos estas fotos, que convosco partilho, numa forma de agradecimento pela companhia que o fórum me faz.

Partilho convosco algumas curiosidades, saídas da boca do meu pai:

- Um dos nomes estudados para a claque foi "Piretes com Varizes", proposta pelo meu Tio, que nunca renunciou ao humoor.

- No começo das hostilidades nortenhas do Pinto da Costa e com a crescente violência feita contra equipas e adeptos do Benfica nas deslocações ao Porto, o meu pai estudou a hipótese de juntar seguranças, ex-membros de discotecas e gente problemática para uma ala, digamos, miliciana, que responderia aos Super Dragões: A Brigada Condor. Se tivesse levado isso a cabo, talvez os SD nunca seriam o que são hoje.

- Num jogo nas Antas, membros dos Diabos roubaram a cabeça de um porco num restaurante e abriraram as portas da caravana onde viajavam, exibindo a cabeça aos andrades.

O meu pai não ficou milionário porque quis respeitar o seu legado e dos seus companheiros. Não faltaram propostas chorudas de portugueses da Suiça ou de França, que visavam o lucro que poderia advir de um grupo consideravelmente grande. O meu pai não quis mercantilizar a coisa. Os pobres dos meus avós, modestos agricultores do Douro que se mudaram para Lisboa, recebiam centenas de telefonas, sem saber muito bem o que estava a acontecer. A minha avó, que se tornou costureira corria pela casa fora a cada golo do Benfica, bracejando já com poucas forças e, poucos dias antes de partir para Deus e já acamada, perguntou pelo último resultado do Benfica. Isto em 2002.


Digo muitas vezes que a minha mãe deu-me à luz, mas o meu pai deu-me a Luz.Sou um homem de fé, católico fervoroso, e ainda assim, em contraste com a minha religião, mantenho uma só superstição: o peluche da águia do Benfica que comprei na antiga Luz. Serviu de amuleto da sorte para jogos, exames, entrevistas de emprego e tantas outras efemérides. Confortava-me. Acredito que nunca abandonamos o benfiquismo mais inocente, que é uma memória afectiva.

O Benfica é isto. Um conforto, um tesouro de lembranças, ecos de rostos familiares, experiências, gargalhadas, traumas. É o clube que jogando no nosso dia de casamento ou do nascimento de um filho, impele-nos a espreitar matreiramente o resultado. É um símbolo popular do nosso Portugal, omnipresente em qualquer tasca do interior, ladeado de Nossa Senhora ou de um calendário deslavado da selecção.

Perdoem-me a extensão do texto e a qualidade das imagens. Não tive ainda tempo de digitalizar.

Um abraço a todos. Viva o Glorioso Benfica!!


Jogos na Luz, jogo no Porto (Boavista), Coro do Benfica, a antiga águia e jantar de aniversário do clube, deslocação a Portimão











grande partilha, obrigado

PattyBrooks

Citação de: Lux Rubra em 26 de Fevereiro de 2024, 19:37Boa tarde a todos, benfiquistas.


Esta será a minha primeira e última mensagem aqui no fórum, que acompanho desde a meninice dos meus 13 anos, encontrando aqui um reduto devotado ao Benfica, que muita companhia me fez em horas de tristeza e langor. Hoje, ver um jogo do Glorioso sem acompanhar os comentários (que muito me divertem) dos membros desta assembleia.


Há dias, eu e os meus pais arrumámos a garagem do nosso apartamento de Lisboa, nos Olivais, onde o meu pai cresceu. Cresci em Viseu, mas guardo muitas raízes na capital. O meu pai foi fundador dos Diabos Vermelhos, o Sr. Rui Paixão, que criou o grupo com o meu Padrinho, o meu Tio (o seu irmão) , o Silvio (que trabalha na Pastelaria Suiça), João Matias, Irmãos Bulhosa, o Vilela  o Cambalhota (de Campo de Ourique) na antiga Quelimane, cuja ideia nasceu na Rua Via Catió, apesar de os Diabos terem sido fundados oficialmente por 11 membros na sede da antiga Rua Jardim do Regedor). A História é, muitas vezes, fria aos nomes.

A fundação é atribuída a Jorge França, que  privou e conheceu o meu pai, e que teve muitos méritos incontestáveis, mas, talvez por cansaço em explicar, assumiu esse título. O Jorge França entrou nos Diabos muito depois da fundação original, com 13 ou 14 anos de idade. O meu pai até pergunta, em jeito de desafio para quem duvida, quem era o chefe da delegação dos DV do Norte e em que cidade estava; qual era o chefe da delegação do centro e em que cidade; qual o nome do banco onde os DV tinham conta e movimentavam os seus dinheiros para pagamentos de bandeiras, camisolas, autocarros; qual o primeiro patrocinador dos DV e onde foi negociado; qual o nome da pessoa da direcção da Jerónimo Martins que servia de ponto de contacto entre o presidente Fernando Martins e a direcção dos Diabos e ainda onde é que esse senhor se reuniam regularmente para jantar. O meu pai diz que se alguém conseguir responder, assume a perda do título !


Na garagem, encontrámos estas fotos, que convosco partilho, numa forma de agradecimento pela companhia que o fórum me faz.


Partilho convosco algumas curiosidades, saídas da boca do meu pai:


- Um dos nomes estudados para a claque foi "Piretes com Varizes", proposta pelo meu Tio, que nunca renunciou ao humor.

- No começo das hostilidades nortenhas do Pinto da Costa e com a crescente violência feita contra equipas e adeptos do Benfica nas deslocações ao Porto, o meu pai estudou a hipótese de juntar seguranças, ex-membros de discotecas e gente problemática para uma ala, digamos, miliciana, que responderia aos Super Dragões: A Legião Condor. Se tivesse levado isso a cabo, talvez os SD nunca seriam o que são hoje.

- Num jogo nas Antas, membros dos Diabos roubaram a cabeça de um porco num restaurante e abriraram as portas da caravana onde viajavam, exibindo a cabeça aos andrades.

- Os Diabos foram convidados, nos anos 80, para participarem no Carnaval de Torres Vedras.


O meu pai não ficou milionário porque quis respeitar o seu legado e dos seus companheiros. Não faltaram propostas chorudas de portugueses da Suiça ou de França, que visavam o lucro que poderia advir de um grupo consideravelmente grande. O meu pai não quis mercantilizar a coisa. Os pobres dos meus avós, modestos agricultores do Douro que se mudaram para Lisboa, recebiam centenas de telefonemas, sem saber muito bem o que estava a acontecer. A minha avó, que se tornou costureira, corria pela casa fora a cada golo do Benfica, bracejando já com poucas forças e, poucos dias antes de partir para Deus e já acamada, perguntou pelo último resultado do Benfica. Isto em 2002.


Digo muitas vezes que a minha mãe deu-me à luz, mas o meu pai deu-me a Luz.Sou um homem de fé, católico fervoroso, e ainda assim, em contraste com a minha religião, mantenho uma só superstição: o peluche da águia do Benfica que comprei na antiga Luz. Serviu de amuleto da sorte para jogos, exames, entrevistas de emprego e tantas outras efemérides. Confortava-me. Acredito que nunca abandonamos o benfiquismo mais inocente, que é uma memória afectiva.


O Benfica é isto. Um conforto, um tesouro de lembranças, ecos de rostos familiares, experiências, gargalhadas, traumas. É o clube que jogando no nosso dia de casamento ou do nascimento de um filho, impele-nos a espreitar matreiramente o resultado. É um símbolo popular do nosso Portugal, omnipresente em qualquer tasca do interior, ladeado de Nossa Senhora ou de um calendário deslavado da selecção.


Perdoem-me a extensão do texto e a qualidade das imagens. Não tive ainda tempo de digitalizar.


Um abraço a todos. Viva o Glorioso Benfica!!


Jogos na Luz, jogo no Porto (Boavista), Coro do Benfica, a antiga águia e jantar de aniversário do clube, deslocação a Portimão












As fotos são pequenos tesouros, mas, talvez por ser uma pessoa de grande amor às letras, a tua partilha é o tesouro maior. Obrigada por abrires a alma e partilhares connosco, fiéis incógnitos, as tuas experiências e sentimentos.

Renato Ferreira

Citação de: Lux Rubra em 26 de Fevereiro de 2024, 19:37Boa tarde a todos, benfiquistas.


Esta será a minha primeira e última mensagem aqui no fórum, que acompanho desde a meninice dos meus 13 anos, encontrando aqui um reduto devotado ao Benfica, que muita companhia me fez em horas de tristeza e langor. Hoje, ver um jogo do Glorioso sem acompanhar os comentários (que muito me divertem) dos membros desta assembleia.


Há dias, eu e os meus pais arrumámos a garagem do nosso apartamento de Lisboa, nos Olivais, onde o meu pai cresceu. Cresci em Viseu, mas guardo muitas raízes na capital. O meu pai foi fundador dos Diabos Vermelhos, o Sr. Rui Paixão, que criou o grupo com o meu Padrinho, o meu Tio (o seu irmão) , o Silvio (que trabalha na Pastelaria Suiça), João Matias, Irmãos Bulhosa, o Vilela  o Cambalhota (de Campo de Ourique) na antiga Quelimane, cuja ideia nasceu na Rua Via Catió, apesar de os Diabos terem sido fundados oficialmente por 11 membros na sede da antiga Rua Jardim do Regedor). A História é, muitas vezes, fria aos nomes.

A fundação é atribuída a Jorge França, que  privou e conheceu o meu pai, e que teve muitos méritos incontestáveis, mas, talvez por cansaço em explicar, assumiu esse título. O Jorge França entrou nos Diabos muito depois da fundação original, com 13 ou 14 anos de idade. O meu pai até pergunta, em jeito de desafio para quem duvida, quem era o chefe da delegação dos DV do Norte e em que cidade estava; qual era o chefe da delegação do centro e em que cidade; qual o nome do banco onde os DV tinham conta e movimentavam os seus dinheiros para pagamentos de bandeiras, camisolas, autocarros; qual o primeiro patrocinador dos DV e onde foi negociado; qual o nome da pessoa da direcção da Jerónimo Martins que servia de ponto de contacto entre o presidente Fernando Martins e a direcção dos Diabos e ainda onde é que esse senhor se reuniam regularmente para jantar. O meu pai diz que se alguém conseguir responder, assume a perda do título !


Na garagem, encontrámos estas fotos, que convosco partilho, numa forma de agradecimento pela companhia que o fórum me faz.


Partilho convosco algumas curiosidades, saídas da boca do meu pai:


- Um dos nomes estudados para a claque foi "Piretes com Varizes", proposta pelo meu Tio, que nunca renunciou ao humor.

- No começo das hostilidades nortenhas do Pinto da Costa e com a crescente violência feita contra equipas e adeptos do Benfica nas deslocações ao Porto, o meu pai estudou a hipótese de juntar seguranças, ex-membros de discotecas e gente problemática para uma ala, digamos, miliciana, que responderia aos Super Dragões: A Legião Condor. Se tivesse levado isso a cabo, talvez os SD nunca seriam o que são hoje.

- Num jogo nas Antas, membros dos Diabos roubaram a cabeça de um porco num restaurante e abriraram as portas da caravana onde viajavam, exibindo a cabeça aos andrades.

- Os Diabos foram convidados, nos anos 80, para participarem no Carnaval de Torres Vedras.


O meu pai não ficou milionário porque quis respeitar o seu legado e dos seus companheiros. Não faltaram propostas chorudas de portugueses da Suiça ou de França, que visavam o lucro que poderia advir de um grupo consideravelmente grande. O meu pai não quis mercantilizar a coisa. Os pobres dos meus avós, modestos agricultores do Douro que se mudaram para Lisboa, recebiam centenas de telefonemas, sem saber muito bem o que estava a acontecer. A minha avó, que se tornou costureira, corria pela casa fora a cada golo do Benfica, bracejando já com poucas forças e, poucos dias antes de partir para Deus e já acamada, perguntou pelo último resultado do Benfica. Isto em 2002.


Digo muitas vezes que a minha mãe deu-me à luz, mas o meu pai deu-me a Luz.Sou um homem de fé, católico fervoroso, e ainda assim, em contraste com a minha religião, mantenho uma só superstição: o peluche da águia do Benfica que comprei na antiga Luz. Serviu de amuleto da sorte para jogos, exames, entrevistas de emprego e tantas outras efemérides. Confortava-me. Acredito que nunca abandonamos o benfiquismo mais inocente, que é uma memória afectiva.


O Benfica é isto. Um conforto, um tesouro de lembranças, ecos de rostos familiares, experiências, gargalhadas, traumas. É o clube que jogando no nosso dia de casamento ou do nascimento de um filho, impele-nos a espreitar matreiramente o resultado. É um símbolo popular do nosso Portugal, omnipresente em qualquer tasca do interior, ladeado de Nossa Senhora ou de um calendário deslavado da selecção.


Perdoem-me a extensão do texto e a qualidade das imagens. Não tive ainda tempo de digitalizar.


Um abraço a todos. Viva o Glorioso Benfica!!


Jogos na Luz, jogo no Porto (Boavista), Coro do Benfica, a antiga águia e jantar de aniversário do clube, deslocação a Portimão













Obrigado nós por essa partilha por mim lia uma destas todos os dias faz me lembrar os dias do antigo estádio da luz. Acho que deveria haver um tópico neste forum só para este tipo de partilhas

Eagle Heart

Citação de: Benficaenadamais em 25 de Fevereiro de 2024, 19:39Para festejar um golo neste estádio sem levar com uma musica de merda por cima só msm como visitante

 Mas isso é normal actualmente em qualquer estadio moderno de futebol e em qualquer liga/clube de topo.

Faroleiro

Citação de: Survivor em 26 de Fevereiro de 2024, 19:50
Citação de: Lux Rubra em 26 de Fevereiro de 2024, 19:37Boa tarde a todos, benfiquistas.

Esta será a minha primeira e última mensagem aqui no fórum, que acompanho desde a meninice dos meus 13 anos, encontrando aqui um reduto devotado ao Benfica, que muita companhia me fez em horas de tristeza e langor. Hoje, ver um jogo do Glorioso sem acompanhar os comentários (que muito me divertem) dos membros desta assembleia.


Há dias, eu e os meus pais arrumámos a garagem do nosso apartamento de Lisboa, nos Olivais, onde o meu pai cresceu. Cresci em Viseu, mas guardo muitas raízes na capital. O meu pai foi fundador dos Diabos Vermelhos, o Sr. Rui Paixão, que criou o grupo com o meu Padrinho, o meu Tio (seu irmão) e um conjunto de amigos do bairro dos Olivais (no antigo Quelimane).A História é, muitas vezes, fria aos nomes. A fundação é atribuída a Jorge França, que  privou e conheceu o meu pai, e que teve muitos méritos incontestáveis, mas, talvez por vaidade ou simplesmente cansaço em explicar, assumiu esse título. O Jorge França entrou nos Diabos muito depois da fundação original. Na garagem, encontrámos estas fotos, que convosco partilho, numa forma de agradecimento pela companhia que o fórum me faz.

Partilho convosco algumas curiosidades, saídas da boca do meu pai:

- Um dos nomes estudados para a claque foi "Piretes com Varizes", proposta pelo meu Tio, que nunca renunciou ao humoor.

- No começo das hostilidades nortenhas do Pinto da Costa e com a crescente violência feita contra equipas e adeptos do Benfica nas deslocações ao Porto, o meu pai estudou a hipótese de juntar seguranças, ex-membros de discotecas e gente problemática para uma ala, digamos, miliciana, que responderia aos Super Dragões: A Brigada Condor. Se tivesse levado isso a cabo, talvez os SD nunca seriam o que são hoje.

- Num jogo nas Antas, membros dos Diabos roubaram a cabeça de um porco num restaurante e abriraram as portas da caravana onde viajavam, exibindo a cabeça aos andrades.

O meu pai não ficou milionário porque quis respeitar o seu legado e dos seus companheiros. Não faltaram propostas chorudas de portugueses da Suiça ou de França, que visavam o lucro que poderia advir de um grupo consideravelmente grande. O meu pai não quis mercantilizar a coisa. Os pobres dos meus avós, modestos agricultores do Douro que se mudaram para Lisboa, recebiam centenas de telefonas, sem saber muito bem o que estava a acontecer. A minha avó, que se tornou costureira corria pela casa fora a cada golo do Benfica, bracejando já com poucas forças e, poucos dias antes de partir para Deus e já acamada, perguntou pelo último resultado do Benfica. Isto em 2002.


Digo muitas vezes que a minha mãe deu-me à luz, mas o meu pai deu-me a Luz.Sou um homem de fé, católico fervoroso, e ainda assim, em contraste com a minha religião, mantenho uma só superstição: o peluche da águia do Benfica que comprei na antiga Luz. Serviu de amuleto da sorte para jogos, exames, entrevistas de emprego e tantas outras efemérides. Confortava-me. Acredito que nunca abandonamos o benfiquismo mais inocente, que é uma memória afectiva.

O Benfica é isto. Um conforto, um tesouro de lembranças, ecos de rostos familiares, experiências, gargalhadas, traumas. É o clube que jogando no nosso dia de casamento ou do nascimento de um filho, impele-nos a espreitar matreiramente o resultado. É um símbolo popular do nosso Portugal, omnipresente em qualquer tasca do interior, ladeado de Nossa Senhora ou de um calendário deslavado da selecção.

Perdoem-me a extensão do texto e a qualidade das imagens. Não tive ainda tempo de digitalizar.

Um abraço a todos. Viva o Glorioso Benfica!!


Jogos na Luz, jogo no Porto (Boavista), Coro do Benfica, a antiga águia e jantar de aniversário do clube, deslocação a Portimão











Qualidade do caraças.

Grande.
Merece um tópico específico.

Faroleiro

Citação de: Eagle Heart em 27 de Fevereiro de 2024, 01:19
Citação de: Benficaenadamais em 25 de Fevereiro de 2024, 19:39Para festejar um golo neste estádio sem levar com uma musica de merda por cima só msm como visitante

 Mas isso é normal actualmente em qualquer estadio moderno de futebol e em qualquer liga/clube de topo.
É a comercialização do futebol para agradar aos adeptos que transformam o ambiente do estádio numa missa.

Soundwave

Que texto maravilhoso. Obrigado pela partilha!

Glori88

Citação de: Lux Rubra em 26 de Fevereiro de 2024, 19:37Boa tarde a todos, benfiquistas.


Esta será a minha primeira e última mensagem aqui no fórum, que acompanho desde a meninice dos meus 13 anos, encontrando aqui um reduto devotado ao Benfica, que muita companhia me fez em horas de tristeza e langor. Hoje, ver um jogo do Glorioso sem acompanhar os comentários (que muito me divertem) dos membros desta assembleia.


Há dias, eu e os meus pais arrumámos a garagem do nosso apartamento de Lisboa, nos Olivais, onde o meu pai cresceu. Cresci em Viseu, mas guardo muitas raízes na capital. O meu pai foi fundador dos Diabos Vermelhos, o Sr. Rui Paixão, que criou o grupo com o meu Padrinho, o meu Tio (o seu irmão) , o Silvio (que trabalha na Pastelaria Suiça), João Matias, Irmãos Bulhosa, o Vilela  o Cambalhota (de Campo de Ourique) na antiga Quelimane, cuja ideia nasceu na Rua Via Catió, apesar de os Diabos terem sido fundados oficialmente por 11 membros na sede da antiga Rua Jardim do Regedor). A História é, muitas vezes, fria aos nomes.

A fundação é atribuída a Jorge França, que  privou e conheceu o meu pai, e que teve muitos méritos incontestáveis, mas, talvez por cansaço em explicar, assumiu esse título. O Jorge França entrou nos Diabos muito depois da fundação original, com 13 ou 14 anos de idade. O meu pai até pergunta, em jeito de desafio para quem duvida, quem era o chefe da delegação dos DV do Norte e em que cidade estava; qual era o chefe da delegação do centro e em que cidade; qual o nome do banco onde os DV tinham conta e movimentavam os seus dinheiros para pagamentos de bandeiras, camisolas, autocarros; qual o primeiro patrocinador dos DV e onde foi negociado; qual o nome da pessoa da direcção da Jerónimo Martins que servia de ponto de contacto entre o presidente Fernando Martins e a direcção dos Diabos e ainda onde é que esse senhor se reuniam regularmente para jantar. O meu pai diz que se alguém conseguir responder, assume a perda do título !


Na garagem, encontrámos estas fotos, que convosco partilho, numa forma de agradecimento pela companhia que o fórum me faz.


Partilho convosco algumas curiosidades, saídas da boca do meu pai:


- Um dos nomes estudados para a claque foi "Piretes com Varizes", proposta pelo meu Tio, que nunca renunciou ao humor.

- No começo das hostilidades nortenhas do Pinto da Costa e com a crescente violência feita contra equipas e adeptos do Benfica nas deslocações ao Porto, o meu pai estudou a hipótese de juntar seguranças, ex-membros de discotecas e gente problemática para uma ala, digamos, miliciana, que responderia aos Super Dragões: A Legião Condor. Se tivesse levado isso a cabo, talvez os SD nunca seriam o que são hoje.

- Num jogo nas Antas, membros dos Diabos roubaram a cabeça de um porco num restaurante e abriraram as portas da caravana onde viajavam, exibindo a cabeça aos andrades.

- Os Diabos foram convidados, nos anos 80, para participarem no Carnaval de Torres Vedras.


O meu pai não ficou milionário porque quis respeitar o seu legado e dos seus companheiros. Não faltaram propostas chorudas de portugueses da Suiça ou de França, que visavam o lucro que poderia advir de um grupo consideravelmente grande. O meu pai não quis mercantilizar a coisa. Os pobres dos meus avós, modestos agricultores do Douro que se mudaram para Lisboa, recebiam centenas de telefonemas, sem saber muito bem o que estava a acontecer. A minha avó, que se tornou costureira, corria pela casa fora a cada golo do Benfica, bracejando já com poucas forças e, poucos dias antes de partir para Deus e já acamada, perguntou pelo último resultado do Benfica. Isto em 2002.


Digo muitas vezes que a minha mãe deu-me à luz, mas o meu pai deu-me a Luz.Sou um homem de fé, católico fervoroso, e ainda assim, em contraste com a minha religião, mantenho uma só superstição: o peluche da águia do Benfica que comprei na antiga Luz. Serviu de amuleto da sorte para jogos, exames, entrevistas de emprego e tantas outras efemérides. Confortava-me. Acredito que nunca abandonamos o benfiquismo mais inocente, que é uma memória afectiva.


O Benfica é isto. Um conforto, um tesouro de lembranças, ecos de rostos familiares, experiências, gargalhadas, traumas. É o clube que jogando no nosso dia de casamento ou do nascimento de um filho, impele-nos a espreitar matreiramente o resultado. É um símbolo popular do nosso Portugal, omnipresente em qualquer tasca do interior, ladeado de Nossa Senhora ou de um calendário deslavado da selecção.


Perdoem-me a extensão do texto e a qualidade das imagens. Não tive ainda tempo de digitalizar.


Um abraço a todos. Viva o Glorioso Benfica!!


Jogos na Luz, jogo no Porto (Boavista), Coro do Benfica, a antiga águia e jantar de aniversário do clube, deslocação a Portimão













FDX A MERDA DAS CEBOLAS

Ru10

Citação de: Faroleiro em 27 de Fevereiro de 2024, 02:22
Citação de: Eagle Heart em 27 de Fevereiro de 2024, 01:19
Citação de: Benficaenadamais em 25 de Fevereiro de 2024, 19:39Para festejar um golo neste estádio sem levar com uma musica de merda por cima só msm como visitante

 Mas isso é normal actualmente em qualquer estadio moderno de futebol e em qualquer liga/clube de topo.
É a comercialização do futebol para agradar aos adeptos que transformam o ambiente do estádio numa missa.
Mas isso já se fazia até em 2014 com o Avicii mas davam algum tempo para se ouvir o festejo dos adeptos...

Phils

Citação de: Lux Rubra em 26 de Fevereiro de 2024, 19:37Boa tarde a todos, benfiquistas.


Esta será a minha primeira e última mensagem aqui no fórum, que acompanho desde a meninice dos meus 13 anos, encontrando aqui um reduto devotado ao Benfica, que muita companhia me fez em horas de tristeza e langor. Hoje, ver um jogo do Glorioso sem acompanhar os comentários (que muito me divertem) dos membros desta assembleia.


Há dias, eu e os meus pais arrumámos a garagem do nosso apartamento de Lisboa, nos Olivais, onde o meu pai cresceu. Cresci em Viseu, mas guardo muitas raízes na capital. O meu pai foi fundador dos Diabos Vermelhos, o Sr. Rui Paixão, que criou o grupo com o meu Padrinho, o meu Tio (o seu irmão) , o Silvio (que trabalha na Pastelaria Suiça), João Matias, Irmãos Bulhosa, o Vilela  o Cambalhota (de Campo de Ourique) na antiga Quelimane, cuja ideia nasceu na Rua Via Catió, apesar de os Diabos terem sido fundados oficialmente por 11 membros na sede da antiga Rua Jardim do Regedor). A História é, muitas vezes, fria aos nomes.

A fundação é atribuída a Jorge França, que  privou e conheceu o meu pai, e que teve muitos méritos incontestáveis, mas, talvez por cansaço em explicar, assumiu esse título. O Jorge França entrou nos Diabos muito depois da fundação original, com 13 ou 14 anos de idade. O meu pai até pergunta, em jeito de desafio para quem duvida, quem era o chefe da delegação dos DV do Norte e em que cidade estava; qual era o chefe da delegação do centro e em que cidade; qual o nome do banco onde os DV tinham conta e movimentavam os seus dinheiros para pagamentos de bandeiras, camisolas, autocarros; qual o primeiro patrocinador dos DV e onde foi negociado; qual o nome da pessoa da direcção da Jerónimo Martins que servia de ponto de contacto entre o presidente Fernando Martins e a direcção dos Diabos e ainda onde é que esse senhor se reuniam regularmente para jantar. O meu pai diz que se alguém conseguir responder, assume a perda do título !


Na garagem, encontrámos estas fotos, que convosco partilho, numa forma de agradecimento pela companhia que o fórum me faz.


Partilho convosco algumas curiosidades, saídas da boca do meu pai:


- Um dos nomes estudados para a claque foi "Piretes com Varizes", proposta pelo meu Tio, que nunca renunciou ao humor.

- No começo das hostilidades nortenhas do Pinto da Costa e com a crescente violência feita contra equipas e adeptos do Benfica nas deslocações ao Porto, o meu pai estudou a hipótese de juntar seguranças, ex-membros de discotecas e gente problemática para uma ala, digamos, miliciana, que responderia aos Super Dragões: A Legião Condor. Se tivesse levado isso a cabo, talvez os SD nunca seriam o que são hoje.

- Num jogo nas Antas, membros dos Diabos roubaram a cabeça de um porco num restaurante e abriraram as portas da caravana onde viajavam, exibindo a cabeça aos andrades.

- Os Diabos foram convidados, nos anos 80, para participarem no Carnaval de Torres Vedras.


O meu pai não ficou milionário porque quis respeitar o seu legado e dos seus companheiros. Não faltaram propostas chorudas de portugueses da Suiça ou de França, que visavam o lucro que poderia advir de um grupo consideravelmente grande. O meu pai não quis mercantilizar a coisa. Os pobres dos meus avós, modestos agricultores do Douro que se mudaram para Lisboa, recebiam centenas de telefonemas, sem saber muito bem o que estava a acontecer. A minha avó, que se tornou costureira, corria pela casa fora a cada golo do Benfica, bracejando já com poucas forças e, poucos dias antes de partir para Deus e já acamada, perguntou pelo último resultado do Benfica. Isto em 2002.


Digo muitas vezes que a minha mãe deu-me à luz, mas o meu pai deu-me a Luz.Sou um homem de fé, católico fervoroso, e ainda assim, em contraste com a minha religião, mantenho uma só superstição: o peluche da águia do Benfica que comprei na antiga Luz. Serviu de amuleto da sorte para jogos, exames, entrevistas de emprego e tantas outras efemérides. Confortava-me. Acredito que nunca abandonamos o benfiquismo mais inocente, que é uma memória afectiva.


O Benfica é isto. Um conforto, um tesouro de lembranças, ecos de rostos familiares, experiências, gargalhadas, traumas. É o clube que jogando no nosso dia de casamento ou do nascimento de um filho, impele-nos a espreitar matreiramente o resultado. É um símbolo popular do nosso Portugal, omnipresente em qualquer tasca do interior, ladeado de Nossa Senhora ou de um calendário deslavado da selecção.


Perdoem-me a extensão do texto e a qualidade das imagens. Não tive ainda tempo de digitalizar.


Um abraço a todos. Viva o Glorioso Benfica!!


Jogos na Luz, jogo no Porto (Boavista), Coro do Benfica, a antiga águia e jantar de aniversário do clube, deslocação a Portimão













Demasiado Benfica para um só post.

Obrigado pela partilha e fica por aqui connosco, ainda há tanto para contar e escrever juntos.

Um abraço enorme.

joaoaria

Citação de: Lux Rubra em 26 de Fevereiro de 2024, 19:37Boa tarde a todos, benfiquistas.


Esta será a minha primeira e última mensagem aqui no fórum, que acompanho desde a meninice dos meus 13 anos, encontrando aqui um reduto devotado ao Benfica, que muita companhia me fez em horas de tristeza e langor. Hoje, ver um jogo do Glorioso sem acompanhar os comentários (que muito me divertem) dos membros desta assembleia.


Há dias, eu e os meus pais arrumámos a garagem do nosso apartamento de Lisboa, nos Olivais, onde o meu pai cresceu. Cresci em Viseu, mas guardo muitas raízes na capital. O meu pai foi fundador dos Diabos Vermelhos, o Sr. Rui Paixão, que criou o grupo com o meu Padrinho, o meu Tio (o seu irmão) , o Silvio (que trabalha na Pastelaria Suiça), João Matias, Irmãos Bulhosa, o Vilela  o Cambalhota (de Campo de Ourique) na antiga Quelimane, cuja ideia nasceu na Rua Via Catió, apesar de os Diabos terem sido fundados oficialmente por 11 membros na sede da antiga Rua Jardim do Regedor). A História é, muitas vezes, fria aos nomes.

A fundação é atribuída a Jorge França, que  privou e conheceu o meu pai, e que teve muitos méritos incontestáveis, mas, talvez por cansaço em explicar, assumiu esse título. O Jorge França entrou nos Diabos muito depois da fundação original, com 13 ou 14 anos de idade. O meu pai até pergunta, em jeito de desafio para quem duvida, quem era o chefe da delegação dos DV do Norte e em que cidade estava; qual era o chefe da delegação do centro e em que cidade; qual o nome do banco onde os DV tinham conta e movimentavam os seus dinheiros para pagamentos de bandeiras, camisolas, autocarros; qual o primeiro patrocinador dos DV e onde foi negociado; qual o nome da pessoa da direcção da Jerónimo Martins que servia de ponto de contacto entre o presidente Fernando Martins e a direcção dos Diabos e ainda onde é que esse senhor se reuniam regularmente para jantar. O meu pai diz que se alguém conseguir responder, assume a perda do título !


Na garagem, encontrámos estas fotos, que convosco partilho, numa forma de agradecimento pela companhia que o fórum me faz.


Partilho convosco algumas curiosidades, saídas da boca do meu pai:


- Um dos nomes estudados para a claque foi "Piretes com Varizes", proposta pelo meu Tio, que nunca renunciou ao humor.

- No começo das hostilidades nortenhas do Pinto da Costa e com a crescente violência feita contra equipas e adeptos do Benfica nas deslocações ao Porto, o meu pai estudou a hipótese de juntar seguranças, ex-membros de discotecas e gente problemática para uma ala, digamos, miliciana, que responderia aos Super Dragões: A Legião Condor. Se tivesse levado isso a cabo, talvez os SD nunca seriam o que são hoje.

- Num jogo nas Antas, membros dos Diabos roubaram a cabeça de um porco num restaurante e abriraram as portas da caravana onde viajavam, exibindo a cabeça aos andrades.

- Os Diabos foram convidados, nos anos 80, para participarem no Carnaval de Torres Vedras.


O meu pai não ficou milionário porque quis respeitar o seu legado e dos seus companheiros. Não faltaram propostas chorudas de portugueses da Suiça ou de França, que visavam o lucro que poderia advir de um grupo consideravelmente grande. O meu pai não quis mercantilizar a coisa. Os pobres dos meus avós, modestos agricultores do Douro que se mudaram para Lisboa, recebiam centenas de telefonemas, sem saber muito bem o que estava a acontecer. A minha avó, que se tornou costureira, corria pela casa fora a cada golo do Benfica, bracejando já com poucas forças e, poucos dias antes de partir para Deus e já acamada, perguntou pelo último resultado do Benfica. Isto em 2002.


Digo muitas vezes que a minha mãe deu-me à luz, mas o meu pai deu-me a Luz.Sou um homem de fé, católico fervoroso, e ainda assim, em contraste com a minha religião, mantenho uma só superstição: o peluche da águia do Benfica que comprei na antiga Luz. Serviu de amuleto da sorte para jogos, exames, entrevistas de emprego e tantas outras efemérides. Confortava-me. Acredito que nunca abandonamos o benfiquismo mais inocente, que é uma memória afectiva.


O Benfica é isto. Um conforto, um tesouro de lembranças, ecos de rostos familiares, experiências, gargalhadas, traumas. É o clube que jogando no nosso dia de casamento ou do nascimento de um filho, impele-nos a espreitar matreiramente o resultado. É um símbolo popular do nosso Portugal, omnipresente em qualquer tasca do interior, ladeado de Nossa Senhora ou de um calendário deslavado da selecção.


Perdoem-me a extensão do texto e a qualidade das imagens. Não tive ainda tempo de digitalizar.


Um abraço a todos. Viva o Glorioso Benfica!!


Jogos na Luz, jogo no Porto (Boavista), Coro do Benfica, a antiga águia e jantar de aniversário do clube, deslocação a Portimão













Fiquei todo arrepiado.
Nunca fui membro dos DV, mas assisti a muitos jogos na claque, no 1º anel ao centro, onde estava a claque.
Testemunho brutal. Obrigado pelo teu contributo.
 :bow2:

Santolas

Citação de: Lux Rubra em 26 de Fevereiro de 2024, 19:37Boa tarde a todos, benfiquistas.


Esta será a minha primeira e última mensagem aqui no fórum, que acompanho desde a meninice dos meus 13 anos, encontrando aqui um reduto devotado ao Benfica, que muita companhia me fez em horas de tristeza e langor. Hoje, ver um jogo do Glorioso sem acompanhar os comentários (que muito me divertem) dos membros desta assembleia.


Há dias, eu e os meus pais arrumámos a garagem do nosso apartamento de Lisboa, nos Olivais, onde o meu pai cresceu. Cresci em Viseu, mas guardo muitas raízes na capital. O meu pai foi fundador dos Diabos Vermelhos, o Sr. Rui Paixão, que criou o grupo com o meu Padrinho, o meu Tio (o seu irmão) , o Silvio (que trabalha na Pastelaria Suiça), João Matias, Irmãos Bulhosa, o Vilela  o Cambalhota (de Campo de Ourique) na antiga Quelimane, cuja ideia nasceu na Rua Via Catió, apesar de os Diabos terem sido fundados oficialmente por 11 membros na sede da antiga Rua Jardim do Regedor). A História é, muitas vezes, fria aos nomes.

A fundação é atribuída a Jorge França, que  privou e conheceu o meu pai, e que teve muitos méritos incontestáveis, mas, talvez por cansaço em explicar, assumiu esse título. O Jorge França entrou nos Diabos muito depois da fundação original, com 13 ou 14 anos de idade. O meu pai até pergunta, em jeito de desafio para quem duvida, quem era o chefe da delegação dos DV do Norte e em que cidade estava; qual era o chefe da delegação do centro e em que cidade; qual o nome do banco onde os DV tinham conta e movimentavam os seus dinheiros para pagamentos de bandeiras, camisolas, autocarros; qual o primeiro patrocinador dos DV e onde foi negociado; qual o nome da pessoa da direcção da Jerónimo Martins que servia de ponto de contacto entre o presidente Fernando Martins e a direcção dos Diabos e ainda onde é que esse senhor se reuniam regularmente para jantar. O meu pai diz que se alguém conseguir responder, assume a perda do título !


Na garagem, encontrámos estas fotos, que convosco partilho, numa forma de agradecimento pela companhia que o fórum me faz.


Partilho convosco algumas curiosidades, saídas da boca do meu pai:


- Um dos nomes estudados para a claque foi "Piretes com Varizes", proposta pelo meu Tio, que nunca renunciou ao humor.

- No começo das hostilidades nortenhas do Pinto da Costa e com a crescente violência feita contra equipas e adeptos do Benfica nas deslocações ao Porto, o meu pai estudou a hipótese de juntar seguranças, ex-membros de discotecas e gente problemática para uma ala, digamos, miliciana, que responderia aos Super Dragões: A Legião Condor. Se tivesse levado isso a cabo, talvez os SD nunca seriam o que são hoje.

- Num jogo nas Antas, membros dos Diabos roubaram a cabeça de um porco num restaurante e abriraram as portas da caravana onde viajavam, exibindo a cabeça aos andrades.

- Os Diabos foram convidados, nos anos 80, para participarem no Carnaval de Torres Vedras.


O meu pai não ficou milionário porque quis respeitar o seu legado e dos seus companheiros. Não faltaram propostas chorudas de portugueses da Suiça ou de França, que visavam o lucro que poderia advir de um grupo consideravelmente grande. O meu pai não quis mercantilizar a coisa. Os pobres dos meus avós, modestos agricultores do Douro que se mudaram para Lisboa, recebiam centenas de telefonemas, sem saber muito bem o que estava a acontecer. A minha avó, que se tornou costureira, corria pela casa fora a cada golo do Benfica, bracejando já com poucas forças e, poucos dias antes de partir para Deus e já acamada, perguntou pelo último resultado do Benfica. Isto em 2002.


Digo muitas vezes que a minha mãe deu-me à luz, mas o meu pai deu-me a Luz.Sou um homem de fé, católico fervoroso, e ainda assim, em contraste com a minha religião, mantenho uma só superstição: o peluche da águia do Benfica que comprei na antiga Luz. Serviu de amuleto da sorte para jogos, exames, entrevistas de emprego e tantas outras efemérides. Confortava-me. Acredito que nunca abandonamos o benfiquismo mais inocente, que é uma memória afectiva.


O Benfica é isto. Um conforto, um tesouro de lembranças, ecos de rostos familiares, experiências, gargalhadas, traumas. É o clube que jogando no nosso dia de casamento ou do nascimento de um filho, impele-nos a espreitar matreiramente o resultado. É um símbolo popular do nosso Portugal, omnipresente em qualquer tasca do interior, ladeado de Nossa Senhora ou de um calendário deslavado da selecção.


Perdoem-me a extensão do texto e a qualidade das imagens. Não tive ainda tempo de digitalizar.


Um abraço a todos. Viva o Glorioso Benfica!!


Jogos na Luz, jogo no Porto (Boavista), Coro do Benfica, a antiga águia e jantar de aniversário do clube, deslocação a Portimão












A cada palavra que li fui transportado para lá, para essa época e para os acontecimentos. Obrigado pela partilha. Este tipo de posts é que deveriam de ser guardados para a eternidade, serem postos como fixados ou algo do género.