Decifrando imagens do passado

Benfiquista_

Muito obrigado RedVC!

Excelente explicacão histórica!

És o Alberto Minguéns aqui do SB  :drunk: :slb2:

RedVC

Credo Benfiquista_...
Muito obrigado pelo elogio mas ainda me faltam muitos anos para chegar perto.
E ainda bem pois como se costuma dizer: "a recompensa é o caminho".

Lorne Malvo

Citação de: RedVC em 16 de Abril de 2015, 20:57
Citação de: Fake Blood em 16 de Abril de 2015, 20:29


Estádio?

Bonfim.

http://serbenfiquista.com/jogo/v-setubal-sl-benfica-16

V. Setúbal 0 x 2 SL Benfica, Campeonato Nacional, 13 Fev 1988

Sábado, Fevereiro 13, 1988
1   Silvino   
2   Dito   
3   Carlos Pereira   
4   Mozer   
5   Álvaro Magalhães   
6   Elzo   
7   Padinha   
8   Diamantino (C)   
9   Pacheco   
10   Magnusson   
11   Rui Águas

Suplentes:
?   Veloso   
?   Shéu

Eh pá, o Carlos Pereira e o Padinha! Há nomes que um gajo quase apaga da nossa memória, há anos que não me lembrava deles.

O Carlos Pereira ainda foi presidente do Farense e acho que teve uns cargos federativos. Do Padinha não sei rigorosamente nada.

Benfiquista_

Citação de: RedVC em 16 de Abril de 2015, 21:10
Credo Benfiquista_...
Muito obrigado pelo elogio mas ainda me faltam muitos anos para chegar perto.
E ainda bem pois como se costuma dizer: "a recompensa é o caminho".
Eheheh

Foi "apenas" para afirmar que sabes muito da nossa História ;)

Theroux


Benfiquista_

Não conheço muito bem jogadores antigos do sporting, muito menos antes dos anos 80, mas apostava no Inácio...

RedVC

De Sporting percebo pouco... Não sei também de que data é a fotografia. É um jogo na Luz.

O último Benfica Sporting para o campeonato nacional em que Eusébio jogou terá jogado penso ter sido em Dezembro 2, 1973. Ora Eusébio saiu do Benfica em 1974/1975. O último jogo de Eusébio foi contra o Oriental (4 X 0 ) em 29 Mar 1975. Eusébio não terá jogado o Benfica Sporting nessa época (Dezembro 22, 1974).

Ora em 1973/74 e 1974/75, Inácio terá feito apenas 1 jogo como sénior do SCP. Por isso parece-me pouco provável que tenha sido contra o Benfica na Luz. Mas quem sabe, talvez até seja... Outros defesas do SCP? Laranjeira (ainda tinha cabelo nessa altura), José Carlos, Bastos? Ou aparece uma legenda milagrosa ou terá de ser algum especialista em SCP...


Benfiquista_

Não sei também.

Só mesmo um lagarto que saiba da história deles eheh

Nós por aqui também conseguimos identificar muitos dos nossos, com poucos dados disponíveis.

RedVC

#173
-45-
Glória e tragédia. A vida do campeão Carlos Sobral.

Uma das mais belas fotografias dos primórdios da natação Portuguesa:

Fonte: Tiro e Sport nº 338; 15 Set 1906

Hoje é dia para falar de Carlos Burnay da Cruz Sobral, um campeão, um desportista ecléctico, notável nadador e talentoso futebolista. Um homem destemido que como veremos teve uma vida intensa até ao fim.


Fonte: Tiro e Sport

Nascido em 1891, Carlos Sobral é uma figura interessante dos primórdios do futebol e da natação Portuguesas e merece ser recordado. Praticou também boxe, esgrima e parecia talhado para ser campeão nos desportos que praticou. Falar dele é falar de um excelente desportista que talvez se tenha notabilizado mais na natação do que propriamente no futebol. Mas como veremos foi igualmente competente nas duas modalidades.

Futebol

Carlos Sobral foi geralmente um avançado, posição para a qual beneficiou da sua boa compleição física. No entanto o facto mais saliente da sua carreira futebolística foi o de ter jogado no CIF, no Sporting, no Benfica, e no Belenenses. É ainda possível que antes do CIF, clube grande dessa época, Sobral tenha também jogado noutros clubes de menor destaque. Foi por isso um dos primeiros globetrotters Portugueses. À frente dele, que me lembre, só mesmo Artur José Pereira (F. Cruz Negra, Ajudense F.C. (provável), S.U. Belenense, S.L. Benfica, Sporting C.P., e C.F. "os Belenenses").

Assim, no seu percurso de doze épocas futebolísticas, Carlos Sobral começou a "futebolar" com listas pretas e brancas e acabou de azul e negro com a Cruz de Cristo ao peito:



A saída do CIF deverá terá acontecido devido ao progressivo esvaziamento da competência futebolística deste clube. Este definhamento aconteceu não apenas por via da debandada dos Ingleses, mobilizados pela sua Pátria para a Grande Guerra mas também pelo perda de jogadores seduzidos pelo canto da sereia de viscondes verdes endinheirados. A passagem de Sobral pelo SCP foi no entanto fugaz, talvez porque não se tenha adaptado ao sistema elitista do clube verde. Regressaria ao CIF por mais três épocas antes de ingressar no Gloriosíssimo.

Entre 1909-1910, Sobral terá tido um hiato futebolístico. Curiosamente foi nessa época que o CIF ganhou o seu único título de Campeão Regional de Lisboa. Sobral ainda viria a ganhar 3 títulos de Campeão Regional de Lisboa mas já no Benfica... Interessa aqui dizer que nessa época os melhores jogadores estavam em Lisboa e por isso esses títulos regionais de Lisboa podem ser encarados como correspondendo à melhor equipa nacional dessa época.


Sobral à CIF, 1908 a 1911; na fotografia da esquerda é o 4º sentado a contar da esquerda e na fotografia da direita é o primeiro a contar da direita. Regressaria ao CIF para um período de 1913 a 1915.


Sobral no SCP apenas em 1911/1912. Está aqui com uma guarda de honra de respeito e com ligações ao Benfica, formada por dois Catataus (António à sua direita e Cândido à sua esquerda).


Sobral enfim de águia ao peito. Na fotografia da esquerda é o 4º sentado a contar da esquerda. Ficou com uma guarda de honra formada por Herculano Santos à sua direita e Alberto Rio à sua esquerda e na fotografia da direita é o primeiro de pé à direita ao lado de Alfredo Mengo.

16 de Janeiro de 1916, Benfica vs SCP, Sobral de águia ao peito pressionando o ex-Benfiquista Paiva Simões.


Sobral de cruz de Cristo ao peito. Está aqui ladeado à sua direita pelo guarda redes Mário Duarte e por Francisco Pereira (irmão de Artur José).
Fonte: Jornal "Os Sports"


Em 1918-19, Sobral foi um dos jogadores que entrou em litígio com a Direção do Benfica por via da polémica em torno de Alberto Rio. E é nesse contexto, que surge o desafio de Artur José Pereira para fundarem um novo clube em Belém. Assim, Sobral, Francisco Pereira, Aníbal dos Santos, Henrique Costa, Manuel Veloso, Alberto Rio, Joaquim Rio entre outros, saem do Benfica para fundar o CFB. Não sei ao certo quantos anos Sobral ficou no CFB. Já encontrei referências de que terá lá estado durante quatro anos mas que foi depois foi desmentida por outra a meu ver mais credível, indicando que em 1920 já por lá não andaria. Ainda assim sabemos que Sobral no tempo em que esteve no CFB assumiu o cargo de capitão-geral, um papel de grande relevo para a época. Sobral foi também um dos autores de uma das propostas para definir o equipamento do CFB. Sobral propôs calção negro e camisola branca mas acabou por ganhar a proposta de Henrique Costa (outra grande figura Benfiquista): calção negro e camisola azul. Curioso ou talvez não, digo eu, o SLB é o único que se manteve fiel às suas cores de origem. Passados 111 anos mantemos a nossa querida camisola vermelha, calção branco e meia vermelha. Simples e belo.

Mas voltando a Sobral, o seu mérito futebolístico foi plenamente reconhecido pelos seus pares. Isso é demonstrado pelo facto de ter sido seleccionado múltiplas vezes para jogar na seleção da AFL (Associação de Futebol de Lisboa). Como atrás dissemos, nesse tempo a AFL agrupava os melhores jogadores nacionais, podendo ser considerada uma verdadeira selecção nacional Portuguesa daqueles tempos. Sobral lá esteve quer em jogos realizados em Portugal quer na equipa que competiu durante a digressão de 1913 ao Brasil. E foi aliás um dos jogadores mais utilizados pelo Capitão Geral dessa digressão, Cosme Damião, pois claro.


Esquerda: 21 de maio 1911, Campo da Feiteira, Lisboa. Equipa da AFL que jogou contra o Stade Bordelais.
Sobral está sentado, 2º à direita, ladeado por dois sportinguistas, Francisco Stromp à sua direita e João Bentes à sua esquerda.  Fotografia de Joshua Benoliel.
Direita: Sobral integrando a equipa da AFL em 1913 durante a digressão ao Rio de Janeiro e a São Paulo. Está ladeado por António Stromp (SCP) à sua direita e José Domingos Fernandes (SLB) à sua esquerda.
Fonte: Em Defesa do Benfica.

Natação

Mas como atrás se disse Carlos Sobral foi participante em provas de natação. Naquele tempo não existiam piscinas e por isso as provas desenrolavam-se em estilos e condições muito diferentes dos dias de hoje.


Trafaria, Travessia do Tejo 1910
Fonte: Tiro e Sport, nº 455, 31 de Agosto 1910

Carlos Sobral foi um vencedor crónico nas provas que participou tendo por isso gozado de um grande prestígio nesse meio:


Sobral numa prova em Leixões.
Fonte: Tiro e Sport, nº 455, 31 de Agosto 1910

Enquanto nadador, Sobral representou quer o Clube Naval quer o CIF. Desconheço se também o fez na sua breve passagem pelo futebol do SCP. No nosso clube e segundo Alberto Miguéns, Carlos Sobral acumulou o futebol com a prática do polo aquático, pelo menos no ano de 1916. E como não podia deixar de ser era avançado centro. Fonte: http://em-defesa-do-benfica.blogspot.pt/2014/07/gloriosa-natacao-ha-precisamente-98-anos.html


Avancados Francisco Lima, Rosendo da Silva, Carlos Sobral e Aníbal de Almeida
Defesas e guarda-redes Vinhas, Gilberto Monteiro e Idelino Lima.
nota: é impressão minha ou nesta foto Sobral até se parece com... Luís Filipe Vieira?
Fonte: Em Defesa do Benfica.


O fim

Do que atrás se disse fica claro que falamos de um desportista multifacetado, talentoso e vitorioso. A este perfil deveria certamente corresponder uma personalidade forte e dinâmica. Findo o tempo do desporto de competição, Carlos Sobral foi em busca do seu destino.

Em 1920, Sobral foi para Moçambique para trabalhar como director na "Mozambique Industrial & Commercial Coy. Ltd". E por lá mostrou a sua fibra. Depois viria a tragédia.
O assunto é pouco abordado e compreensivelmente dado tratar-se de uma situação dramática. Sabe-se que Sobral, de carácter destemido, se dedicou apaixonadamente à caça grossa. Numa dessas caçadas, no dia 26 de Novembro de 1926, Sobral travou uma luta corpo a corpo com o décimo terceiro leão que tentou abater. Vítima de graves ferimentos, foi evacuado para o Hospital de Caia, na Zambézia onde acabaria por morrer.  Morreu com a idade de 35 anos. Na força da vida.

O escritor Joaquim Paço d'Arcos que o conheceu em África fez dele a personagem central do seu romance "Herói derradeiro". E a ele se referiu como: Carlos Burnay da Cruz Sobral, "grande caçador do mato", "herói lendário" e "símbolo alto do destemor, da força viril, da lealdade"

e acrescentou:

"É preciso conhecer certos territórios de África e a eterna dependência em que o português ali vive do Estado ou das grandes companhias, alheado por completo das qualidades de iniciativa que fazem dele no Brasil um elemento tão útil, é preciso conhecer aqueles meios de parasitagem e de covardia, para admirar em todo o seu valor a serena confiança com que Carlos Sobral, por ser português de "antes quebrar que torcer", trocava uma cómoda e rendosa situação pela tão mais humilde e ingrata profissão de pequeno agricultor", afirmava, na introdução, este jovem escritor que iria ser sempre assim, aristocrata pelo espírito e inconformado com o espectáculo da decadência do País e de certos valores.
Nota: a saliência a negrito é da minha responsabilidade


...

Paz e honra à sua memória.
Memória de um homem forte e de valores. Memória de um grande desportista e campeão que teve o privilégio de ter envergado a camisola rubra com a águia ao peito.



Caricatura de Carlos Sobral.
Fonte Sports ilustrados nº 33, 28 Janeiro 1911


Lorne Malvo

Mais um grande momento de cultura benfiquista, RedVC. Nunca é de mais agradecer-te por enriqueceres o benfiquismo de quem te lê.

Espectacular a imagem do jogo de pólo aquático, no meio do rio, com os barcos em pano de fundo. E os casacos dos jogadores na imagem da esquerda, uma maravilha!

RedVC

Citação de: Lorne Malvo em 19 de Abril de 2015, 20:17
Mais um grande momento de cultura benfiquista, RedVC. Nunca é de mais agradecer-te por enriqueceres o benfiquismo de quem te lê.

Espectacular a imagem do jogo de pólo aquático, no meio do rio, com os barcos em pano de fundo. E os casacos dos jogadores na imagem da esquerda, uma maravilha!

Obrigado Lorne! O0

Essas digitalizações foram colocadas por Alberto Miguéns no seu blogue. Penso que são da História do Sport Lisboa e Benfica 1904-1954.

Concordo contigo que essas fotografias são espetaculares. E seriam ainda mais se tivéssemos cópias de alta resolução. Se ainda existem nunca as encontrei. Há no entanto fotografias maravilhosas de competições dessa época na doca de Alcântara e na doca de Santos. Como competiam aqueles atletas... Tinha mesmo de ser por paixão ao clube e à modalidade.

Lorne Malvo

Citação de: RedVC em 19 de Abril de 2015, 20:23
Citação de: Lorne Malvo em 19 de Abril de 2015, 20:17
Mais um grande momento de cultura benfiquista, RedVC. Nunca é de mais agradecer-te por enriqueceres o benfiquismo de quem te lê.

Espectacular a imagem do jogo de pólo aquático, no meio do rio, com os barcos em pano de fundo. E os casacos dos jogadores na imagem da esquerda, uma maravilha!

Obrigado Lorne! O0

Essas digitalizações foram colocadas por Alberto Miguéns no seu blogue. Penso que são da História do Sport Lisboa e Benfica 1904-1954.

Concordo contigo que essas fotografias são espetaculares. E seriam ainda mais se tivéssemos cópias de alta resolução. Se ainda existem nunca as encontrei. Há no entanto fotografias maravilhosas de competições dessa época na doca de Alcântara e na doca de Santos. Como competiam aqueles atletas... Tinha mesmo de ser por paixão ao clube e à modalidade.

O cenário era praticamente igual em todas as modalidades: poucas condições, poucos recursos, muita vontade e muito brio.

Até no futebol, como se constata pelos célebres relatos dos duches frios e de trocarem de roupa a céu aberto, fizesse sol ou chuva, que, entre outras coisas, acabaram por servir de desculpa para a debandada de vários dos nossos jogadores para o Sporting.

"O Sporting tem dinheiro. Nós temos dedicação. No imediato o dinheiro vence a dedicação. No futuro, a dedicação goleia o dinheiro." Cosme Damião previu o futuro.  :bandeiraslb2:

RedVC

Nem mais.
Cosme era uma grande figura. Tinha uma personalidade forte e sabia pensar o futuro.
Tenho pena de só ter conseguido ler uma entrevista longa de Cosme já no fim da sua vida:

http://tudoportibenfica.blogspot.pt/p/artigo-de-bola-com-entrevista-cosme.html

Não sei quantas mais existem mas devem haver mais.
Seria excelente conhecer mais do seu pensamento.
É uma lacuna brutal que por exemplo o museu poderia colmatar localizando e divulgando.

Lorne Malvo

Citação de: RedVC em 19 de Abril de 2015, 23:02
Nem mais.
Cosme era uma grande figura. Tinha uma personalidade forte e sabia pensar o futuro.
Tenho pena de só ter conseguido ler uma entrevista longa de Cosme já no fim da sua vida:

http://tudoportibenfica.blogspot.pt/p/artigo-de-bola-com-entrevista-cosme.html

Não sei quantas mais existem mas devem haver mais.
Seria excelente conhecer mais do seu pensamento.
É uma lacuna brutal que por exemplo o museu poderia colmatar localizando e divulgando.

Sem dúvida!

RedVC

#179
-46-
A Missão Portugueza Intelectual e Sportiva no Brasil, 1913 (parte I)

Uma selecção de imagens da digressão de uma seleção da AFL, Associação de Futebol de Lisboa ao Rio de Janeiro e São Paulo entre Julho e Agosto de 1913.

As fotografias são de qualidade inferior pois são provenientes de jornais da época. Apesar da sua inferior qualidade, merecem aqui ser colocadas pois essa comitiva pode perfeitamente ser considerada a primeira selecção Portuguesa a jogar na América do Sul.

A comitiva Portuguesa deslocou-se por convite do Botafogo Foot-ball Clube, convite esse que penso ter sido feito cerca de 4 anos antes. Não deve ter sido fácil reunir condições para essa deslocação e pretendeu-se ser não apenas concretizar uma digressão desportiva mas também que assumisse uma vertente diplomático. Isso aliás fica patente pela presença frequente de Bernardino Machado, na altura embaixador de Portugal no Brasil e que viria a ser presidente da República pouco tempo depois.

Em termos sociais e "intelectuais" (citação de jornais da época) a comitiva era liderada por Duarte Rodrigues, jornalista do "Tiro e Sport". Em termos desportivos era capitaneada por Cosme Damião. Esse detalhe é notável pois mesmo com a presença do ilustre Eduardo Luís Pinto Basto, um dos pioneiros mais relevantes do futebol Português), ainda assim a Cosme já era reconhecido prestígio e carisma para lhe ser delegada essa responsabilidade. Eduardo Luis Pinto Basto tinha igualmente funções compatíves com o seu estatuto. Foi nomeado manager, chefe do protocolo e secretário da missão, tendo por isso recebido 150 escudos para despesas. Assim sendo, a gestão desportiva estava exclusivamente a cargo de Cosme Damião, que à época era claramente o homem que mais percebia de futebol no nosso país.


Eduardo Luís Pinto Basto ladeado por Cosme Damião.
Os líderes dos maiores clubes de Portugal em 1913: Clube Internacional de Futebol e Sport Lisboa e Benfica.
Eduardo Luís, guarda-redes e defesa, filho de Guilherme Pinto Basto um dos introdutores do futebol em Portugal.


A comitiva Portuguesa integrava não apenas 16 jogadores de futebol mas também jornalistas e figuras da sociedade Lisboeta com ligação ao "Sport". Eram como na época se dizia, verdadeiros "sportsmen". Homens tais como o já mencionado jornalista Duarte Rodrigues, Alberto Lima presidente do Benfica e Mário Duarte, desportista e representante do governo Português. Entre os jogadores tínhamos jogadores de perfil de salão tais como Eduardo Luís Pinto Basto (que abandonaria o futebol como praticante no último jogo dessa digressão), Cândido Rosa Rodrigues e também jogadores de perfil popular, aliás os preferidos das multidões tais como Artur José Pereira e Álvaro Gaspar, o "Chacha". Era uma selecção com grandes valores apesar de algumas ausências de vulto entre os 17 que constavam da primeira convocatória: Picão Caldeira (Império), Jaime Cadete (SCP/SLB), Augusto Sabbo (CIF), António Rosa Rodrigues (SCP) e Gama Lobo (CIF). Estes seriam substituídos por Augusto Paiva Simões (SLB), Amadeu Cruz (SCP), Boaventura Belo (CIF) e Álvaro Gaspar (SLB). A estes nomes eu acrescentaria ainda Leopoldo Mocho (SLB), Francisco Belas (SLB), Alberto Rio (SLB) e Fernando Pinto Basto (CIF), destacados jogadores da época que por motivos diversos não foram convocados.


Primeira convocatória de 17 jogadores para a digressão ao Brasil. Está assinada por Raúl Nunes, secretário daquela instituição. A sublinhado estão os jogadores que acabaram por ir na digressão. Documento do arquivo pessoal de Cândido Rosa Rodrigues.
Fonte: Em Defesa do Benfica (http://em-defesa-do-benfica.blogspot.pt/2014/05/o-brasil-de-alvaro-gaspar.html
)




Os 16 jogadores da comitiva Portuguesa. Metade eram jogadores gloriosos.
Cândido Rosa Rodrigues, jogador do SCP foi fundador do... Sport Lisboa.
Carlos Sobral viria a jogar no Glorioso 2 anos depois.


Em termos de resultados como se verá os resultados não foram famosos: 3 derrotas, 2 empates e 2 vitórias. A equipa Portuguesa ia precedida de grande fama mas quer pela competência dos Brasileiros quer pelo cansaço provocado pelo clima e pelo intenso programa social, o desempenho desportivo foi o que foi. Temos aliás uma demonstração recente disso quando nos lembramos da nossa selecção no mundial de 2014...

Ficam aqui algumas composições fotográficas relativas aos primeiros dias e jogos. Um período correspondente à primeira semana.








Interessa também perceber um pouco o que era o Rio de JAneiro naquele tempo. E existem boas fotografias para ilustrar a beleza, a tropicalidade com que a nossa comitiva se deparou.


Hotel Avenida, onde a comitiva Portuguesa ficou alojada durante a visita ao Rio de Janeiro


Em cima: dois aspectos da Avenida Beira-Mar no Rio de Janeiro por volta de 1913
Em baixo: dois aspectos de um dia de regatas na baía de Botafogo.


Em cima: dois aspectos da zona portuária e costeira do Rio de Janeiro por volta de 1913
Em baixo: dois aspectos da zona urbana do Rio de Janeiro.



Locais visitados pela comitiva Portuguesa:
pavilhão Mourisco; pavilhão de regatas do Botafogo Foot-ball Clube; estrada de ferro do Corcovado e
morro da Urca, Pão de Açucar, inaugurado em Janeiro de 1913 ou seja 18 anos antes do Corcovado.

Ao olhar para estas fotografias noto a beleza natural com que a comitiva Portuguesa se deparou. Terá sido a viagem da vida para muitos deles. Pergunto-me também se Manuel Mora, o segundo guarda-redes da nossa história, emigrante e morador lá perto, na ilha do Governador, também terá estado com esta comitiva? Manuel Mora tinha saído cinco anos antes e jogou com e contra a maior parte desses jogadores. É bem possível que tenha convivido com eles durante os dias cariocas dessa digressão. Manuel Mora nessa época ainda não tinha a fama que depois merecidamente veio a conquistar. Talvez um dia saibamos mais.


(continua)