José Torres

Nome completo
José Augusto Costa Sénica Torres
Posição
avançado
Número
9
Data de nascimento
8 Setembro 1938
Data de morte
3 Setembro 2010 (72 anos)
País
Portugal
Naturalidade
Torres Novas (Portugal)
Periodo na equipa principal

1959-1971

São muitos os que dizem que jamais se pode ser boa pessoa se de animais não se gostar. José Torres, o Bom Gigante, sempre gostou. Sempre, não. Um dia houve, já adolescente, acometido de raiva, em que matou todos os pombos voejantes da casa de família. Ao cair em si, chacina consumada, não susteve lágrimas de arrependimento. Deu-lhe o pai uma bola, para que o sorriso substituísse o desespero. Fez-se jogador de futebol e columbófilo. As duas paixões de uma vida.

Bem se pode falar de hereditariedade no gosto de José Torres pelo oficio do chuto. Francisco, o pai, havia jogado no Carcavelinhos; o tio, Carlos, no Benfica. No Desportivo de Torres Novas, o clube da terra, estrear-se-ia José Torres. Com uma fisionomia invulgar, começou a marcar golos ao ritmo de enxurrada. Como poderiam os adversários escondê-lo no jogo? Era de todos o maior, no alto do seu cerca de metro e noventa. Acima dele só céu…

As proezas de Torres começaram a ser badaladas. Logo se acoitou no Benfica, no início do ano de 1959. Três temporadas penosas passou, tão intenso era o brilho de José Águas e tão ingratos eram também os regulamentos da época. “Durante a minha carreira de jogador, tive momentos em que o azar me bateu à porta mais do que devia. Por exemplo, na final da Taça dos Campeões Europeus, contra o Real Madrid, quando o Benfica conquistou o segundo titulo europeu. Só não joguei e não me sagrei, de facto, campeão da Europa, porque os regulamentos ainda impediam, estupidamente, que se fizessem substituições. O Cavem lesionou-se, eu era o único avançado no banco, o Benfica continuou a jogar com dez só porque… substituir era proibido!”.



Atravessou o melhor bocado da saga europeia vermelha sem intervenção. Até que, em 62/63, já com Fernando Riera no posto de Bela Guttmann, em pleno se afirmou. Inclusive, foi o artilheiro-mor do Campeonato, com 26 golos (21 jogos), mais três que Eusébio. De resto, nesse ano, só o Sporting (71) e o FC Porto (61) marcaram mais que a nova dupla (49) da voluptuosidade benfiquista.

Faltou a Torres o ceptro europeu. Frente ao AC Milan, derrota por 2-1, apesar de Eusébio ter inaugurado a contagem, prenunciando uma superioridade que não veio a confirmar-se. O Bom Gigante, na tarefa ciclópica de fazer esquecer a boa pinta de José Águas das duas edições anteriores, não se saiu bem, em branco ficou. Distante, muito distante, do que havia rendido, no começo desse ano, no torneio Ramon Carranza, com a Fiorentina. A meia hora do fim, subsistia um empate a três bolas. Torres entrou e… quatro tentos fez, de rajada, naquela heróica vitória. Confirmava-se nova profecia de Guttmann, que meses antes havia dito: “Esse jovem gigante que não tem físico de futebolista chama-se Torres, é suplente de José Águas, mas um dia será avançado-centro do Benfica e a Europa ouvirá falar muito dele. Apesar de pouco jogar na equipa, se algum clube o quisesse contratar teria de dar dois mil contos ao Benfica, mas dentro de três anos nem pelo dobro…”.



José Torres continuou a caminhar em glória. E se epifenómeno foi, a responsabilidade é de Eusébio, que todos (quase) eclipsou. Durante uma dúzia de anos no clube, Torres fez 259 jogos oficiais e marcou 226 golos. Venceu nove Campeonatos e quatro Taças de Portugal. Um registo impressionante, valorado ainda com o titulo de melhor marcador do Nacional 62/63. Para já não referir as três presenças noutras tantas finais europeias. “Sinceramente, a minha maior tristeza foi não ter sido campeão da Europa”.

Na equipa nacional, José Torres está indissociavelmente ligado à campanha dos Magriços. Três golos marcou na Inglaterra, com destaque para o último, frente à União Soviética, que permitiu a Portugal subir ao pódio. Foi 31 vezes internacional, enquanto jogador do Benfica, logrando 14 golos.

Terminou a carreira no Estoril, na condição de treinador-jogador, após uma digna passagem pelo melhor Vitória de Setúbal de sempre, nos píncaros da Europa, circunstância que até o (re)conduziu à Selecção Nacional. Justamente na qual, já como responsável máximo, pouco depois de ter dado inicio à carreira de treinador, viria a garantir a qualificação para o México 86. Depois do monumental golo do benfiquista Carlos Manuel, em Estugarda, no tal jogo em que pediu que o deixassem sonhar.

Se mais sonhos teve, talvez nem às paredes confesse, como se ouve na popular canção. Uma coisa, porém, é certa, José Torres fez os adeptos sonharem mais alto. E, não poucas vezes, foi ele o arquitecto do sonho.

 

Épocas no Benfica: 12 (59/71)

Jogos: 259
Golos: 226

Títulos: 9CN, 4TP

 

Texto: Memorial Benfica, 100 Glórias
Copiado de Ednilson

 

 


Equipa Principal Jogos Minutos Cartões (A./V.) Golos
  1958/1959  
Amigáveis 0 0
  1959/1960 3 270 0 / 0 2  
Campeonato Nacional 2 180 0 / 0 2
Taça de Portugal 1 90 0 / 0 0
Amigáveis 0 0
  1960/1961 5 450 0 / 0 11  
Campeonato Nacional 2 180 0 / 0 2
Taça de Portugal 3 270 0 / 0 9
Amigáveis 0 2
  1961/1962 8 720 0 / 0 15  
Campeonato Nacional 2 180 0 / 0 2
Taça de Portugal 6 540 0 / 0 13
Amigáveis 0 0
  1962/1963 28 2520 0 / 0 37  
Campeonato Nacional 21 1890 0 / 0 26
AF Lisboa Taça de Honra 1ª Divisão 1 90 0 / 0 2
Taça de Portugal 2 180 0 / 0 9
Taça dos Campeões Europeus 4 360 0 / 0 0
Amigáveis 1 1
  1963/1964 23 1980 0 / 0 29  
Campeonato Nacional 15 1350 0 / 0 22
AF Lisboa Taça de Honra 1ª Divisão 1 0 0 / 0 1
Taça de Portugal 7 630 0 / 0 6
Amigáveis 5 10
  1964/1965 41 3510 0 / 0 39  
Campeonato Nacional 23 2070 0 / 0 23
AF Lisboa Taça de Honra 1ª Divisão 2 0 0 / 0 4
Taça de Portugal 7 630 0 / 0 3
Taça dos Campeões Europeus 9 810 0 / 0 9
Amigáveis 5 4
  1965/1966 30 2700 0 / 0 22  
Campeonato Nacional 23 2070 0 / 0 18
Taça de Portugal 2 180 0 / 0 1
Taça dos Campeões Europeus 5 450 0 / 0 3
Amigáveis 7 2
  1966/1967 18 1620 0 / 0 14  
Campeonato Nacional 13 1170 0 / 0 8
Taça de Portugal 3 270 0 / 0 5
Taça das Cidades com Feira 2 180 0 / 0 1
Amigáveis 9 1
  1967/1968 31 2610 0 / 0 23  
Campeonato Nacional 22 1980 0 / 0 17
AF Lisboa Taça de Honra 1ª Divisão 2 0 0 / 0 4
Taça dos Campeões Europeus 7 630 0 / 0 2
Amigáveis 7 3
  1968/1969 32 2674 0 / 0 23  
Campeonato Nacional 19 1689 0 / 0 16
Taça de Portugal 8 535 0 / 0 2
Taça dos Campeões Europeus 5 450 0 / 0 5
Amigáveis 12 5
  1969/1970 29 2127 0 / 0 19  
Campeonato Nacional 20 1388 0 / 0 13
Taça de Portugal 6 469 0 / 0 6
Taça dos Campeões Europeus 3 270 0 / 0 0
Amigáveis 7 6
  1970/1971 16 926 0 / 0 7  
Campeonato Nacional 10 588 0 / 0 2
Taça de Portugal 4 180 0 / 0 5
Taça das Taças 2 158 0 / 0 0
Amigáveis 8 5
Total Jogos Amigáveis 61 39
Total Jogos Oficiais 264 22107 0 / 0 241
Na equipa principal

Primeiro jogo

Último jogo


Por administrador a Terça, 9 Janeiro 2024