Óscar Cardozo

Avançado, 41 anos,
Paraguai
Equipa Principal: 7 épocas (2007-2014), 293 jogos (20678 minutos), 172 golos

Títulos: Campeonato Nacional (2), Taça de Portugal (1), Taça da Liga (5)

Semper_SLB

"Até amanhã, camarada
O José Cardoso Pires dizia que não era do Benfica, era do Nené - António Lobo Antunes

Eu devia estar a escrever sobre a terrível pré-época do Benfica, sobre a falta de um guarda-redes, de um central, de um trinco e até de um avançado. Aliás, quando disse à C. que ia escrever sobre o Cardozo, ela até soltou um "Outra vez?", talvez com razão. A verdade é que já escrevi duas vezes sobre Cardozo e nem sequer vos vou prometer que é a última. Se eu escrevesse um texto por cada vez que me sinto agradecido ao Tacuara, era provável que não fizesse mais nada na minha vida.

O futebol mudou e os nossos ídolos ficaram com a nossa inocência, algures lá atrás, perdida no tempo. O amor à camisola é uma expressão em desuso, é uma fantasia de uns totós que ainda vão ao estádio. Hoje, o futebol (e a vida) é uma combustão muito rápida: os jogadores chegam, metem o emblema no Instagram, dão uma conferência a dizer que sempre ouviram falar no Benfica, têm um estandarte ao segundo jogo, há quatro bandeiras do seu país na central ao terceiro, marcam um golo e são uns heróis e no próximo mercado estão a fazer o mesmo num clube qualquer, sem metade da história do Benfica, mas que lhe paga a quadruplicar. Eu chego a esquecer-me que jogadores fabulosos, como Nemanja Matic, estiveram na Luz: é tudo muito depressa. A culpa é nossa, que pactuámos com isto. Eu, por exemplo, fico logo fã de qualquer gajo que faça bem a transição defensiva (num dos meus dias mais desvairados sou capaz de por o Ramires no melhor onze do futebol do século XXI). Eu, sócio pagante, nem me apercebi que o meu clube já gastou cerca de vinte (!) milhões de euros em jogadores sem conseguir um reforço sem ser Derley. A máquina tritura-nos.

No meio disto, desta confusão toda, com uma pré-época tenebrosa a desenrolar-se, anuncia-se a saída de um ídolo da Luz: Oscar Cardozo. O nosso Tacuara, homem de golos e mais golos, nunca foi consensual. Talvez os maiores aplausos que tenha ouvido na Luz tenham sido na segunda volta de 2013/2014, quando fez os piores jogos vestido à Benfica. Um homem que tantas e tantas vezes nos salvou e foi assobiado, foi aplaudido e incentivado numa fase onde era mais empecilho que o matador ponta de lança que foi, só para que ninguém esqueça, na primeira metade de 2013/2014.
Uma das coisas mais fantásticas da relação de Cardozo com o Benfica é que sobreviveu ao tempo. Cardozo podia ter-se ido embora na primeira ou na segunda época que fez connosco. Mas não, ficou sete temporadas, número quase irreal nos dias que correm e na realidade do Benfica. Sete, como o número que levava nas costas. Cardozo teve tempo de ser o melhor marcador estrangeiro da história do Benfica, tornar-se o nono (?) melhor marcador do clube de todos os tempos e de inscrever, com letras de ouro e vermelho, o seu nome na história do derby. Com 13 golos aos verdes, Cardozo era já um símbolo de terror. Recordo-me que, o ano passado, naquele 2-0 de banho aos verdes, a Luz praticamente cair quando Tacuara entrou, a poucos minutos do fim. Eles já estavam de rastos, o jogo decidido e o Benfica muito por cima. Mas quando Cardozo se apresentou a arranjar a camisola, junto à linha, todo o estádio achou que íamos marcar mais três ou quatro. Repito, na segunda metade da época, Cardozo era pouco mais que inofensivo, mas sete anos e tantos, tantos golos depois, Cardozo conseguiu aquilo que o futebol moderno parecia fazer impossível: tornou-se um símbolo. E, a ganhar 2-0, com os verdes de rastos, a Luz cresceu porque vinha aí um símbolo de golos, de vitória no derby. Aquele calmeirão podia estar lento e desengonçado, mas aquele sete nas costas já era história.

Essa história vai-se embora. Não vai, sequer, para um Everton, para um Valência ou para qualquer outro clube desses, a milhares de anos da nossa história, mas ainda assim respeitáveis. Não, Cardozo, aquele homem que só de estar prestes a entrar contra o Sporting fazia com que a Luz se sentisse mais forte, vai sair, como se nada fosse. Um homem destes tinha que ter uma saída séria, com agradecimento público de presidente e treinador e com a possibilidade de ser aplaudido de pé pelos adeptos que lhe devem tanto. Um jogador que decidiu ir ao lado do caixão de Eusébio a pé e não no autocarro, com os restantes jogadores. Este homem não é para tratar como os outros, que se despedem no Facebook.
Eu sei, Cardozo hoje já só era isso mesmo - história. Mas a história é para ser respeitada e aplaudida. Cardozo devia sair com cumprimento e vénia de treinador e presidente. E devia ter tido uma saída suficientemente estudada para lhe darmos um último aplauso de pé no estádio da Luz. Eu sei - racionalmente - que tenho que estar mais preocupado com a compra dos 4 reforços que nos faltam urgentemente e com a possibilidade das saídas de Enzo e Gaitan (hoje infinitamente mais úteis que Cardozo), mas vai partir um dos poucos que já merecia mesmo que lhe pedissem a camisola, que merecia um bandeira.

Eu, ao contrário do José Cardoso Pires, nunca fui do Cardozo. Ele é que decidiu ser do Benfica.
"

Nenad25

Saudades Tacuara. 1 de nós.

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Lenda máxima.

Obrigado por tudo Tacuara.

diplomat

é oficial saiu o meu idolo Nº1!
custa muito! muito mesmo!
espeero ver um dia mais tarde algo para preservar a memoria do maior matador do sec XXI no Benfica

iKatz

Citação de: krak em 04 de Agosto de 2014, 22:32
Citação de: iKatz em 04 de Agosto de 2014, 22:29
OBRIGADO CARDOZO!!!!! ÉS GRANDE. NUNCA VOU ME ESQUECER DESTE SOM

https://www.youtube.com/watch?v=MULOWMx9BSA#t=36

Lembro me de estar de ferias e no hotel fui pesquisar o video dele e tinha os highlits com esta musica

https://www.youtube.com/watch?v=CbHERL_Bz18
obrigado krar  :drunk: :amigo:

KKK24

A comparação pode ser estúpida mas ver o Cardozo aqui é como ir a um cemitério e ver a última morada dos nossos entes queridos. :cry2:

Miguel Gouveia


Semper_SLB

Temos de cantar a música dele no estadio da luz no primeiro jogo esta época.

Seria a mínima despedida que lhe podíamos fazer mesmo que não estando presente.

EnzoFúria

Com a saída do Takuara quem ficará com o 7...?

Lost_88

Ainda vao chorar muito por este Tosco!

SigaPaVinho

Citação de: EnzoFúria em 04 de Agosto de 2014, 22:42
Com a saída do Takuara quem ficará com o 7...?

Vargas  :D

Lost_88


ppfinder

E agora Cardozo quem vai encostar ?????

L3GEND



A foto. A lenda.

O melhor elogio que lhe posso fazer é que o Cardozo é tão... Benfica!

Não deixa de ser irónico, a menor perda em termos desportivos esta época, é aquela que custa mais. De longe.

Oblaks vão e vêm. Cardozos não.

Até sempre, Lenda!

Angus M

Citação de: Semper_SLB em 04 de Agosto de 2014, 22:34
"Até amanhã, camarada
O José Cardoso Pires dizia que não era do Benfica, era do Nené - António Lobo Antunes

Eu devia estar a escrever sobre a terrível pré-época do Benfica, sobre a falta de um guarda-redes, de um central, de um trinco e até de um avançado. Aliás, quando disse à C. que ia escrever sobre o Cardozo, ela até soltou um "Outra vez?", talvez com razão. A verdade é que já escrevi duas vezes sobre Cardozo e nem sequer vos vou prometer que é a última. Se eu escrevesse um texto por cada vez que me sinto agradecido ao Tacuara, era provável que não fizesse mais nada na minha vida.

O futebol mudou e os nossos ídolos ficaram com a nossa inocência, algures lá atrás, perdida no tempo. O amor à camisola é uma expressão em desuso, é uma fantasia de uns totós que ainda vão ao estádio. Hoje, o futebol (e a vida) é uma combustão muito rápida: os jogadores chegam, metem o emblema no Instagram, dão uma conferência a dizer que sempre ouviram falar no Benfica, têm um estandarte ao segundo jogo, há quatro bandeiras do seu país na central ao terceiro, marcam um golo e são uns heróis e no próximo mercado estão a fazer o mesmo num clube qualquer, sem metade da história do Benfica, mas que lhe paga a quadruplicar. Eu chego a esquecer-me que jogadores fabulosos, como Nemanja Matic, estiveram na Luz: é tudo muito depressa. A culpa é nossa, que pactuámos com isto. Eu, por exemplo, fico logo fã de qualquer gajo que faça bem a transição defensiva (num dos meus dias mais desvairados sou capaz de por o Ramires no melhor onze do futebol do século XXI). Eu, sócio pagante, nem me apercebi que o meu clube já gastou cerca de vinte (!) milhões de euros em jogadores sem conseguir um reforço sem ser Derley. A máquina tritura-nos.

No meio disto, desta confusão toda, com uma pré-época tenebrosa a desenrolar-se, anuncia-se a saída de um ídolo da Luz: Oscar Cardozo. O nosso Tacuara, homem de golos e mais golos, nunca foi consensual. Talvez os maiores aplausos que tenha ouvido na Luz tenham sido na segunda volta de 2013/2014, quando fez os piores jogos vestido à Benfica. Um homem que tantas e tantas vezes nos salvou e foi assobiado, foi aplaudido e incentivado numa fase onde era mais empecilho que o matador ponta de lança que foi, só para que ninguém esqueça, na primeira metade de 2013/2014.
Uma das coisas mais fantásticas da relação de Cardozo com o Benfica é que sobreviveu ao tempo. Cardozo podia ter-se ido embora na primeira ou na segunda época que fez connosco. Mas não, ficou sete temporadas, número quase irreal nos dias que correm e na realidade do Benfica. Sete, como o número que levava nas costas. Cardozo teve tempo de ser o melhor marcador estrangeiro da história do Benfica, tornar-se o nono (?) melhor marcador do clube de todos os tempos e de inscrever, com letras de ouro e vermelho, o seu nome na história do derby. Com 13 golos aos verdes, Cardozo era já um símbolo de terror. Recordo-me que, o ano passado, naquele 2-0 de banho aos verdes, a Luz praticamente cair quando Tacuara entrou, a poucos minutos do fim. Eles já estavam de rastos, o jogo decidido e o Benfica muito por cima. Mas quando Cardozo se apresentou a arranjar a camisola, junto à linha, todo o estádio achou que íamos marcar mais três ou quatro. Repito, na segunda metade da época, Cardozo era pouco mais que inofensivo, mas sete anos e tantos, tantos golos depois, Cardozo conseguiu aquilo que o futebol moderno parecia fazer impossível: tornou-se um símbolo. E, a ganhar 2-0, com os verdes de rastos, a Luz cresceu porque vinha aí um símbolo de golos, de vitória no derby. Aquele calmeirão podia estar lento e desengonçado, mas aquele sete nas costas já era história.

Essa história vai-se embora. Não vai, sequer, para um Everton, para um Valência ou para qualquer outro clube desses, a milhares de anos da nossa história, mas ainda assim respeitáveis. Não, Cardozo, aquele homem que só de estar prestes a entrar contra o Sporting fazia com que a Luz se sentisse mais forte, vai sair, como se nada fosse. Um homem destes tinha que ter uma saída séria, com agradecimento público de presidente e treinador e com a possibilidade de ser aplaudido de pé pelos adeptos que lhe devem tanto. Um jogador que decidiu ir ao lado do caixão de Eusébio a pé e não no autocarro, com os restantes jogadores. Este homem não é para tratar como os outros, que se despedem no Facebook.
Eu sei, Cardozo hoje já só era isso mesmo - história. Mas a história é para ser respeitada e aplaudida. Cardozo devia sair com cumprimento e vénia de treinador e presidente. E devia ter tido uma saída suficientemente estudada para lhe darmos um último aplauso de pé no estádio da Luz. Eu sei - racionalmente - que tenho que estar mais preocupado com a compra dos 4 reforços que nos faltam urgentemente e com a possibilidade das saídas de Enzo e Gaitan (hoje infinitamente mais úteis que Cardozo), mas vai partir um dos poucos que já merecia mesmo que lhe pedissem a camisola, que merecia um bandeira.

Eu, ao contrário do José Cardoso Pires, nunca fui do Cardozo. Ele é que decidiu ser do Benfica.
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:bow2:  :cry2: