Decifrando imagens do passado

Theroux

#495
Grande trabalho RedVC (e muito trabalho deve ter dado).

RedVC

#496
-131-
O "caramujo" do futebol (parte II).

No Benfica



Mão de Pilão nos seus tempos do novíssimo Estádio da Luz. Abraçado por Bastos, vê-se também Ângelo Martins. Os jogadores sempre foram os melhores amigos do grande massagista Baiano. Fonte: Em Defesa do Benfica.


A contratação de Mão de Pilão pelo Benfica terá tido contornos interessantes uma vez que para além do Benfica falou-se também no interesse do FCP logo em Julho de 1955, ou seja pouco depois da vinda do Vasco da Gama a Portugal (onde jogou com o SCP, CFB, ACA e FCP).

Falou-se primeiro num eventual interesse do Benfica primeiro em Mário Américo mas (confirmado pelo próprio) acabou por indicar o seu pupilo aos Benfiquistas. E assim foi, o Benfica avançou para a contratação de Mão de Pilão. E em boa hora o fez dada a reconhecida competência do Baiano e a necessidade de modernizar o Departamento Médico, tornando-o compatível e ajustado às necessidades importas pela profissionalização no novo futebol Benfiquista. Otto tinha razão e Ferreira Bogalho não poupou nos esforços para dar essas condições ao Brasileiro.

A disputa com o FCP é fácil de compreender. Tanto o SL Benfica como o FC Porto eram treinados por Brasileiros, Otto Glória no SLB e Yustrich no FCP. Ambos conheciam o valor do massagista Baiano, ambos sentiam as carências internas do seu Clube nessa área e dessa forma quão valiosa seria contribuição que poderia trazer aos seus Clubes. Ao que parece Otto terá sido o primeiro a fazer um convite. A resposta terá demorado apesar de Mão de Pilão estar interessado na mudança. Durante a espera, em Setembro desse ano falou-se igualmente (aventado pelos jornais) no interesse do Benfica em Bento, massagista do Botafogo. Bluff ou real, o que se tornou certo foi apenas o interesses

Finalmente em Dezembro de 1955 seria o SL Benfica a garantir a contratação de Mão de Pilão. Não conheço os contornos exactos da contratação mas não custa imaginar que a amizade entre Otto e Mão de Pilão terá sido fundamental na transferência.


Fontes: Diário da Noite; Hemeroteca Brasileira.


As condições financeiras oferecidas pelo nosso Clube foram igualmente decisivas. Quando veio para Portugal Mão de Pilão passou a ser um profissional muito bem pago. Recebeu 200 mil cruzeiros (na época ao que parece seriam por volta de 30 contos) em luvas iniciais e no seu primeiro contrato auferiu um vencimento mensal de 12 mil cruzeiros acrescidos de renda de casa, comida e até passagens de ida e volta para matar saudades no Brasil. Tudo integralmente pago pelo Benfica. Como comentaria Mário Américo, enquanto Mão de Pilão conduzia um Cadillac, ele continuava a ser um simples proletário... No Brasil como ele próprio dizia, era um massagista de salário mínimo simplesmente conhecido por "Mão de Pilão". Em Portugal era bem pago e reconhecido. Mas na verdade Mário Américo era reconhecido e também tinha proventos interessantes.


Reencontro em Portugal

Os dois "caramujos" tiveram oportunidade de se rever e de voltar a trabalhar juntos. Talvez a última vez. A oportunidade surgiu logo em Abril de 1956 quando a Selecção Brasileira veio a Lisboa para disputar um desafio amigável com a Selecção Portuguesa. Esse Escrete Canarinho era novamente orientado pelo seu velho "patrão" Flávio Costa, o treinador do funesto Mundial de 1950.

Flávio Costa não ficaria muito tempo, pois também nessa época o Escrete Canarinho devorava treinadores. Flávio era o velho patrão dos dois caramujos, treinador dos velhos e gloriosos tempos do Vasco da Gama. O grande futebol Brasileiro num pequeno mundo...



Equipa Nacional do Brasil que disputou em 8-04-1956, um desafio particular no Estádio Nacional contra a Selecção Portuguesa (venceu o Brasil 1 - 0). Em pé: Djalma Santos, De Sordi, Nilton Santos, Gilmar, Zózimo e Roberto Balangero. Agachados: Mário Américo (Massagista), Sabará, Valter, Gino, Didi, Canhoteiro e Mão de Pilão (assistente de massagista). Fonte: www.museudosesportes.blogspot.com.br


https://www.youtube.com/watch?v=-5_3K33vkYc
Breve resumo do Portugal 0 – Brasil 1 de 8 de Abril de 1956, disputado no Estádio Nacional.

Ao falar de Mão de Pilão no SL Benfica, falamos de um grande profissional que veio do Brasil e que deixou conhecimentos, saudades e amizades. Em jeito de homenagem fica uma galeria de imagens da sua passagem pelo Glorioso. Reconhecido como um prodigioso profissional, era no dizer dos jogadores Benfiquistas que com ele lidaram, um profissional extraordinário e que fazia a diferença na recuperação de lesões.


Galeria de Mão de Pilão no SLB



A equipa do SL Benfica que venceu a Taça de Portugal 1956-1957. Em cima, da esquerda para a direita: Jacinto, Pegado, Zézinho, Serra, Otto Glória, José Ricardo Domingues Júnior, Ângelo. Em baixo: Mão de Pilão (massagista), Palmeiro, Coluna, Águas, Salvador, Cavém e Ramos (massagista).



No final da primeira era de Otto Glória no SL Benfica... O plantel do SL Benfica que venceu o campeonato nacional de 1958-1959. Em cima, da esquerda para a direita: Caiado, Naldo, Calado, Domingues Júnior, Otto Glória, Ramos (massagista), Pegado, Alfredo, Artur, Ângelo, Bastos e Mão de Pilão (massagista). Em baixo: Isidro, Palmeiro, Chipenda, Zézinho, Águas (e Helena Águas, sua filha), Salvador, Cavém, Santana e Jacinto. Fonte: Delcampe.



Equipa vencedora da Taça de Portugal de 1958/1959. Otto estava de saída e foi Valdiviezo a assegurar o comando técnico nesse dia. Em cima, da esquerda para a direita: Costa Pereira, Neto, Alfredo, Mário João, Serra, Valdiviezo, Artur Santos, Bastos. Em baixo: Ramos (massagista), Palmeiro, Coluna, Águas, Santan, Cavém e Mão de Pilão (massagista).


Outro ângulo. Era o final da primeira era de Otto Glória no SL Benfica. Otto Glória estava de saída cedendo o seu lugar a Bela Guttman. Valdiviezo assegurava a transição. Mão de Pilão, o amigo e sócio de Otto, ficaria mais uma época no nosso Clube.



O plantel do Sport Lisboa e Benfica que venceu o campeonato nacional em 1959-1960. Mão de Pilão (massagista), Barroca, Zézinho, Mário João, Alfredo, Cruz, ?, Guttman, Neto, Saraiva, Artur, Costa Pereira, Azevedo, Palmeiro, Ângelo, José Augusto, Mendes, Torres, Coluna, José Águas, Santana, Cavém. Mão de Pilão estava no final da sua aventura como massagista do Glorioso. Fonte: Em Defesa do Benfica.



Talvez a última fotografia de Mão de Pilão no Benfica. Já na era Guttman! A equipa do Sport Lisboa e Benfica que venceu o campeonato nacional de 1959-1960. Em cima: Barroca, Serra, Neto, Cruz, Guttman (treinador), Mário João, Artur, Costa Pereira. Em baixo: José Augusto, Santana, José Águas, Coluna, Cavém e Mão de Pilão (massagista). Já estava quase tudo pronto para conquistar a Glória Europeia!


Durante os anos que nos serviu, Mão de Pilão foi um elemento importante não apenas pela sua competência profissional mas também pela boa disposição que criava no seio da equipa. Como lembrava Francisco Palmeiro a propósito da estreia do SL Benfica nas competições Europeias em 1957 contra o Sevilha: "A viagem serviu para descontrair. Havia um massagista brasileiro, com alcunha de Mão de Pilão, que contava anedotas. «Além disso o Otto Glória preparava-nos muito bem psicologicamente. Estávamos preparados para tudo."



Mão de Pilão sentado ao lado de Zézinho, sorria ao apreciar os trepidantes "ritmos de africanos" de Costa Pereira e de um outro "folião". Quem seria? Talvez Calado, talvez Pegado, dois gloriosos conhecidos como bons folgazões. Fonte: Ídolos do Desporto.


Para além do Benfica

Ao mesmo tempo que trabalhava no Benfica, Mão de Pilão decidiu-se a abrir um ginásio ou uma academia em Lisboa. Esse estabelecimento contando com massagens, sauna, era considerado o mais moderno da península ibérica e estava situado na Avenida Duque de Ávila perto do Hotel Príncipe, que ainda hoje existe. Destinado quer a homens quer a mulheres, nesse salão onde era conhecido como Sr. Rodrigues, aplicou os seus conhecimentos e extraordinárias faculdades. Mais do que um massagista, Mão de Pilão foi um fisioterapeuta com apreciável intervenção na recuperação muscular de muitas pessoas. Ganhou bom dinheiro e esse reconhecimento acabou por o reter durante anos no nosso País.



Cruzamento da Avenida Duque de Ávila com a Avenida da Republica na década de 60. Fonte: AML.


Pelo menos nessa primeira fase Mão de Pilão tinha Otto Glória como sócio mostrando uma vez mais a ligação de amizade e confiança entre os dois homens. Certo é que o sucesso foi tanto que pouco depois os proventos ganhos nesse estabelecimento superavam largamente o que ganhava no SL Benfica. Com esse sucesso e com a progressiva falta de tempo, era chegada a oportunidade de novamente mudar de vida.
Medida do seu sucesso é que Mão de Pilão alguns anos depois declarava que a sua mulher em Portugal já tinha ganho cerca de 20 quilos. Mas ele próprio uns anos mais tarde foi descrito já como sendo um imponente homem de cerca de 100 quilos. "Que vida boa Seu Aurelino, heh!"

E assim ao fim de quatro Gloriosos anos, em 1960, Mão de Pilão decidiu abandonar o nosso Clube para se dedicar a tempo inteiro ao seu negócio. Decisão tomada num tempo curioso. Na época seguinte o SL Benfica sobre o comando de Bela Guttman viria a sagrar-se campeão Europeu em Berna. No ano seguinte seria bicampeão Europeu em Amsterdão.

É possível que ainda continuasse a dar algum apoio em casos pontuais ao Benfica mas o que é facto é que Mão de Pilão já não foi bicampeão. Deixou uma imagem de profissional competente e transmitiu conhecimentos técnicos que seguramente foram bem aproveitados no balneário do SL Benfica. No local onde se fabricaram os bicampeões Europeu!

RedVC

Citação de: Theroux em 05 de Outubro de 2016, 18:42
Grande trabalho RedVC (e muito trabalho deve ter dado).

Muito obrigado Theroux.  O0

Sim! Muito trabalho mas também muito prazer. Espero que mais e melhor ainda possa vir. O Benfica é um mundo de surpresas. Do prazer do Estádio para as surpresas dos arquivos, vou conseguindo ir desfrutando do melhor desses dois mundos.

Theroux

Citação de: RedVC em 05 de Outubro de 2016, 20:07
Citação de: Theroux em 05 de Outubro de 2016, 18:42
Grande trabalho RedVC (e muito trabalho deve ter dado).

Muito obrigado Theroux.  O0

Sim! Muito trabalho mas também muito prazer. Espero que mais e melhor ainda possa vir. O Benfica é um mundo de surpresas. Do prazer do Estádio para as surpresas dos arquivos, vou conseguindo ir desfrutando do melhor desses dois mundos.

Seria possível escrever um livro dedicado exclusivamente às viagens ao estrangeiro no século XX. Recentemente fiquei a saber que a equipa até já esteve nos Camarões, mais um destino bastante improvável.

Será que no blog Em Defesa do Benfica existe uma lista com todos os países visitados? Devem ser umas dezenas.

RedVC

Citação de: Theroux em 05 de Outubro de 2016, 20:23
Citação de: RedVC em 05 de Outubro de 2016, 20:07
Citação de: Theroux em 05 de Outubro de 2016, 18:42
Grande trabalho RedVC (e muito trabalho deve ter dado).

Muito obrigado Theroux.  O0

Sim! Muito trabalho mas também muito prazer. Espero que mais e melhor ainda possa vir. O Benfica é um mundo de surpresas. Do prazer do Estádio para as surpresas dos arquivos, vou conseguindo ir desfrutando do melhor desses dois mundos.

Seria possível escrever um livro dedicado exclusivamente às viagens ao estrangeiro no século XX. Recentemente fiquei a saber que a equipa até já esteve nos Camarões, mais um destino bastante improvável.

Será que no blog Em Defesa do Benfica existe uma lista com todos os países visitados? Devem ser umas dezenas.

É possível. Ainda recentemente Alberto Miguéns falou da fabulosa viagem a África em 1950. Custou-nos o campeonato seguinte mas trouxemos José Águas connosco...

Eu muitas vezes consulto o livro de Afonso de Melo


RedVC

#500
Ritmos latinos na Holanda de 1962



Senhoras e Senhores Benfiquistas, apresento-vos

Willy Schobben e a sua música Benfica





e para quem quiser ouvir  :cheerleaders:  :slb2:  :dance:  :D


http://www.kboing.com.br/willy-schobben/1-6324260/


ps: Coluna não aprova esta música.


Rodolfo Dias

Vou "usurpar" o tópico ao Red por um bocadinho apenas para ver se ele (ou outra pessoa, atenção) me consegue esclarecer - espero que ele me desculpe a audácia :)

Nas primeiras fotografias que se conhecem do Sport Lisboa, vê-se que os jogadores vestiam-se mais ou menos assim:


Todavia, sabe-se as máquinas fotográficas dessa altura não abundavam em qualidade - e fotografavam a preto e branco, o que faz com que as fotos a cores dessa era que se conhecem, logicamente, sejam manipulações. E custa-me a crer um bocadinho que o Sport Lisboa (e depois o Sport Lisboa e Benfica) tenham jogado sem o seu emblema na camisola. Por isso... será que aquela primeira camisola não terá sido antes algo assim?


(sim, isto está relacionado com algo que estou a cozinhar e que pode ser visto em "preview" no sub-fórum das Imagens  :metal: )

RedVC

Citação de: Rodolfo Dias em 08 de Outubro de 2016, 11:22
Vou "usurpar" o tópico ao Red por um bocadinho apenas para ver se ele (ou outra pessoa, atenção) me consegue esclarecer - espero que ele me desculpe a audácia :)

Nas primeiras fotografias que se conhecem do Sport Lisboa, vê-se que os jogadores vestiam-se mais ou menos assim:


Todavia, sabe-se as máquinas fotográficas dessa altura não abundavam em qualidade - e fotografavam a preto e branco, o que faz com que as fotos a cores dessa era que se conhecem, logicamente, sejam manipulações. E custa-me a crer um bocadinho que o Sport Lisboa (e depois o Sport Lisboa e Benfica) tenham jogado sem o seu emblema na camisola. Por isso... será que aquela primeira camisola não terá sido antes algo assim?


(sim, isto está relacionado com algo que estou a cozinhar e que pode ser visto em "preview" no sub-fórum das Imagens  :metal: )




Boa questão Rodolfo  O0

Primeira nota, apesar de ter iniciado o tópico e ser o maior contribuinte já o disse e reafirmo o tópico é de todos. Aliás é assim que funciona o SB. Não tenho um blogue meu por uma conjugação de manifesta preguiça e de falta de tempo para lhe dedicar. Prefiro investir nas pesquisas.

Em tempos falei aqui nas Gloriosas flanelas d'Alcântara (nº 101, http://serbenfiquista.com/forum/index.php?topic=53816.420) que de alguma forma explica (no meu entender) o contexto ligado aos equipamentos nesses tempos  pioneiros.


Há questões ligadas aos primeiros anos do Sport Lisboa que temos poucos detalhes. Não conheço nenhum emblema do Sport Lisboa original mas sabemos que foi definido com cuidado e como era hábito antigamente (coisa que em grande parte se perdeu nos dias de hoje) cada elemento era pensado com um propósito bem definido. É por isso que as re-invenções que vão para além de modernizações estética são um vergonhoso desrespeito pelos nossos Ases do passado.

O mais antigo que conheço está numa bandeira e não numa camisola


Restaurante Bacalhau em meados 1910. Percebe-se que o emblema já estava (e assim era desde 1908) plenamente definido embora a faixa fosse ainda azul e branca (cores da monarquia)

Por falar nisso esse emblema melhorado do Sport Lisboa fui eu que a "amanhei" a partir de outros dois tendo depois aprimorado com umas colorações de acordo com as sugestões de Alberto Miguéns. Mas bom, bom era que um designer gráfico fizesse uma coisa bem feita.

Em outros tempos falei também do "ovo estrelado" ou seja da evolução do emblema no manto sagrado


E como se pode ver na primeira década já alguns jogadores do SLB usavam os bolsos bordados geralmente com as letras do Clube. Emblema? As coisas não seria fáceis pois o dinheiro não abundava e por isso ficava dependente do cuidado feminino dedicado e isso só era assegurado pelas mães ou namoradas. Assim era frequente que alguns tivessem bolsos bordados outros não. Para além disso e pelas mesmas razões monetárias, acho que a norma era partilha de camisolas. Isso não apenas no nosso Clube mas em todos os outros. A excepção era os lagartos que com o dinheiro do Visconde de Alvalade podiam mandar vir as camisolas de Inglaterra e tinham o emblema padronizado.

Nesse estudo do "ovo" estrelado e olhando para o quadrado da primeira década vê-se da esquerda para a direira António Meireles, Francisco Belas e Leopoldo Mocho. Percebe-se que são diferentes.

Olhando para a fotografia mais antiga do SL (pelo menos assim penso). geralmente temos uma que já foi colorida e muito trabalhada. Ainda assim o original será algo com isto:



Nãop dá para perceber mas parece-me que não havia emblemas.


Há uma outra fotografia desses tempos (acho eu) tirada nas Salésias que eu aliás legendei pela primeira vez mas cujo ângulo de luz que facilita perceber o que estava ou não nos bolsos. Adiante.

No principio de 1907 num jogo contra o CIF seriam eventualmente as mesmas camisolas e parece que nenhum bolso tinha qualquer adorno. Alguns jogadores usavam o bolso de forma utilitária para lá colocar o seu lenço.





Depois e já com o segundo modelo, Em 1908 percebe-se que só Meireles tinha o bolso bordado. A namorada de António cuidava de lhe dar esses mimos   :coolsmiley:



Já com o segundo modelo e em 1911 (jogo contra o Carcavellos Club) percebia-se que todas as camisolas tinham emblemas mas esses eram heterogéneos.



Em resumo, temos apenas fotografias de alguns jogos mas ainda assim percebe-se que só na segunda década é que houve possibilidade de colocar o emblema em todas as camisolas e ir caminhando para a uniformização.

Enfim, esta são as minhas ideias baseado nos elementos que tenho.


Rodolfo Dias

Bom, e parece-me que, com as tuas ideias e as fotos que incluis (e os originais, não as reedições posteriores) acabas por responder à minha pergunta.  O0
E agora eis que me surgiu mais uma dúvida: quando é que surgiu o primeiro alternativo? A primeira foto que encontrei do Benfica em trajes alternativos foi em 1948, no livro "Equipamentos com História" (onde também se fala que "jogou, por vezes, com camisola branca debruada a vermelho e calções vermelhos"), mas custa-me a crer que tenha sido só nessa altura...

RedVC

O primeiro equipamento alternativo do SL Benfica foi...




o que está à esquerda!

Os detalhes foram contados por Alberto Miguéns e envolveram um jogo na década de 30 (talvez 1934) penso que contra o Sparta de Praga. Como os Checos jogavam com as nossas cores teve que se improvisar.  O que havia disponível era o equipamento do SC Império. Amarelo e negro. Às riscas!!!

Vou ver se encontro o artigo de A. Miguéns.

RedVC

Está aqui uma mensagem deixada por o nosso companheiro Eagle Heart:


Citação de: Eagle Heart em 26 de Junho de 2016, 23:46
Citação de: SLB-Marco em 26 de Junho de 2016, 19:09
Citação de: Mjolnir em 26 de Junho de 2016, 19:07
O primeiro alternativo do Benfica tinha meias vermelhas... No principal elas eram pretas. Portanto aceito e gosto de alternativos brancos (como o deste ano) e pretos, outras cores já nem por isso.
O0

Exato, era isso que estava a dizer.

Claro que, como a maioria, prefiro o alternativo branquinho, mas o preto também não me incomoda, já que não é alheio à longa história do Benfica.

A meu ver acho que o equipamento preto, talvez seja parvoíce minha, mas se repararem na bancada da maior e mais numerosa claque do Benfica, a cor preta esta em maior numero.
E quando o Benfica lança uma peça de roupa em que o preto está presente, porque acaba se ser a cor que eles mais gostam de usar. Inclusive em lugar de terem bandeiras ou estandartes só com vermelho e branco, existem alguns com preto e a meu ver a Adidas então cria os preto por isso.

Em relação ao 1º equipamento de sempre fica aqui uma historia engraçada que demonstra que o 1º não foi branco:

" O velho equipamento amarelo e preto do Sport Clube Império acabaria por ser o primeiro equipamento alternativo do... Sport Lisboa e Benfica.

De facto como nos conta Alberto Miguéns: "É bom recordar que o SC Império inaugurou depois, em 29 de Outubro de 1911, um bom campo em Palhavã. Foi neste campo que o Benfica, em 12 de Janeiro de 1924 se deparou com o insólito. O adversário dessa tarde, AC Sparta de Praga equipava "À Benfica"! Sem equipamentos alternativos houve que puxar os que estavam "mais à mão". Os do clube da casa. E assim os "vermelhos" jogaram às riscas verticais, pretas e amarelas. Ao que consta, houve "lágrimas no canto do olho" em quem presenciava de fora esse jogo "esquisito"!". Fonte: http://em-defesa-do-benfica.blogspot.pt/2014/04/o-triunfo-de-alvaro-gaspar.html.  Um jogo infeliz para as nossas cores mas de factos os Checos eram uma equipa demasiado poderosa para as nossas capacidades de então.


Ecos do SL Benfica 0 - AC Sparta 6. Repare-se no detalhe sobre os equipamentos das duas equipas. Fonte: Diário de Lisboa, 12 Janeiro 1924, página 1.

Única fotografia que conheço do jogo do SLB com o AC Sparta em 12 de Janeiro de 1924. O guarda-redes Chiquinho atira-se aos pés de um Checoslovaco. Não se percebe mas o Benfica alinhou vestido à Império. Fonte: Em Defesa do Benfica."





«Os "vermelhos" como eram conhecidos até aos anos 30 não estavam (pela primeira vez de vermelho!) em campo. É que enquanto estavam a "equipar-se" os benfiquistas aperceberam-se que ia haver confusão porque o adversário vinha todo de vermelho. Só o branco dos calções não chegava para diferenciarem-se duas equipas de onze jogadores. Como não havia "alternativos" a "alternativa" foi pedir as camisolas que os futebolistas do clube proprietário do campo (SC Império) utilizavam. E assim foi. O resultado foi o "menos interessante", pois o "Glorioso" perdeu por... 0-6! Interessante foi o que um repórter da época escreveu num jornal num dos dias seguintes ao encontro (cito de memória): «Um espectador benfiquista da velha guarda quando viu os "seus" vestidos sem ser de vermelho não conseguiu deixar escapar umas lágrimas pelo rosto abaixo!»

RedVC

Citação de: Rodolfo Dias em 08 de Outubro de 2016, 14:36
Bom, e parece-me que, com as tuas ideias e as fotos que incluis (e os originais, não as reedições posteriores) acabas por responder à minha pergunta.  O0
E agora eis que me surgiu mais uma dúvida: quando é que surgiu o primeiro alternativo? A primeira foto que encontrei do Benfica em trajes alternativos foi em 1948, no livro "Equipamentos com História" (onde também se fala que "jogou, por vezes, com camisola branca debruada a vermelho e calções vermelhos"), mas custa-me a crer que tenha sido só nessa altura...

Miguéns fala também desse jogo aqui


http://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2013/07/30-thls-antes-pelo-contrario.html


Citando:

Em 12 de Janeiro de 1924 ocorreu o "impensável"! No campo de Palhavã (inaugurado em 29 de Outubro de 1911 com um SLB vs SC Império, com vitória "vermelha" por 2-1) o Benfica foi convidado para defrontar a "fabulosa equipa" do AC Sparta de Praga, da capital da Checoslováquia em digressão por Portugal. Para espanto dos muitos espectadores presentes enquanto o AC Sparta entrava equipado de... vermelho o seu adversário (SL Benfica) equipava de calções brancos mas camisola às riscas verticais amarelo-dourado e pretas.


Os "vermelhos" como eram conhecidos até aos anos 30 não estavam (pela primeira vez de vermelho!) em campo. É que enquanto estavam a "equipar-se" os benfiquistas aperceberam-se que ia haver confusão porque o adversário vinha todo de vermelho. Só o branco dos calções não chegava para diferenciarem-se duas equipas de onze jogadores. Como não havia "alternativos" a "alternativa" foi pedir as camisolas que os futebolistas do clube proprietário do campo (SC Império) utilizavam. E assim foi. O resultado foi o "menos interessante", pois o "Glorioso" perdeu por... 0-6! Interessante foi o que um repórter da época escreveu num jornal num dos dias seguintes ao encontro (cito de memória): «Um espectador benfiquista da velha guarda quando viu os "seus" vestidos sem ser de vermelho não conseguiu deixar escapar umas lágrimas pelo rosto abaixo!» NOTA DO EDB: Ainda hoje quanto se trata de alternativo que não seja "o branco" há sempre "mosquitos por cordas"!





Uma imagem (a única que conheço), da autoria do fotógrafo Norberto Dinis, no "célebre" jogo do "Glorioso" frente ao AC Sparta (a equipa de vermelho), em 12 de Janeiro de 1924 no campo do SC mpério, em Palhavã. Na imagem, perante a acção de um checo, o guarda-redes Francisco Vieira (Chiquinho) na "especialidade" (o mergulho) que o tornou famoso, o melhor do seu tempo e internacional por Portugal, em três jogos consecutivos, entre 1923 e 1925, no tempo em que a selecção nacional fazia um jogo por ano! Ao longe, sem possibilidade de identificação está um futebolista Benfiquista "à Império": calção branco e camisola às riscas verticais (ao centro uma preta ladeada de duas amareladas-torradas-douradas). Mal se percebem! Ainda bem! Acrescento eu! Fotografia digitalizada da página 484 da colossal obra de dois Benfiquistas, Mário de Oliveira e Rebelo da Silva "História do Sport Lisboa e Benfica 1904-1954

RedVC

Que eu saiba foi a única vez que jogamos com riscas. Livra!

Rodolfo Dias

Bom, comecemos por partes:
Citação de: RedVC em 08 de Outubro de 2016, 12:44
Por falar nisso esse emblema melhorado do Sport Lisboa fui eu que a "amanhei" a partir de outros dois tendo depois aprimorado com umas colorações de acordo com as sugestões de Alberto Miguéns. Mas bom, bom era que um designer gráfico fizesse uma coisa bem feita.
Descobri hoje este tópico, que parece ter aquilo que referes - só falta mesmo as cores como as que colocaste naquela versão (kudos, btw!)

Citação de: RedVC em 08 de Outubro de 2016, 14:48
O primeiro equipamento alternativo do SL Benfica foi...




o que está à esquerda!

Os detalhes foram contados por Alberto Miguéns e envolveram um jogo na década de 30 (talvez 1934) penso que contra o Sparta de Praga. Como os Checos jogavam com as nossas cores teve que se improvisar.  O que havia disponível era o equipamento do SC Império. Amarelo e negro. Às riscas!!!

Vou ver se encontro o artigo de A. Miguéns.
De facto sempre que cá venho aprendo mais qualquer coisa, e hoje não foi excepção. A história de como o Benfica, o anfitrião, teve de jogar com os equipamentos do dono do campo é só mais um reflexo de como se desenrolava o futebol nessa longínqua era, amador e cheio de "fair-play".  O0

Rodolfo Dias

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